28 de out. de 2018

Texto Violência nos estádios

Estádios: coliseus modernos
Desde a Idade Média, os atos de violência eram associados a manifestações de imposição e poder. Nesse período, os jogos entre os gladiadores que lutavam nos coliseus, em Roma, despertavam no público a afeição à brutalidade e a justificativa baseada nos valores culturais.  No âmbito nacional contemporâneo, a desregrada paixão do brasileiro pelo futebol, quando em contato com a violência e ausência de espírito esportivo, pode gerar situações de hostilidade que relembram a história romana. Devido a isso, barrar o avanço da violência nos estádios, fomentada pelas torcidas organizadas, é tarefa do torcedor consciente e de leis mais rígidas de combate e punição a comportamentos que firam o espírito esportivo.
Em primeiro lugar, é típico do brasileiro o extremo amor aos times esportivos. Sem o devido senso crítico, esse sentimento, entretanto, pode ajudar a converter o gosto e a admiração em rivalidades que comprometem a vivência social. Quando isso ocorre, os torcedores adotam erroneamente a metáfora conceitual “futebol é guerra” e encaram as partidas como um combate. Assim, vê-se o time e a torcida adversária como inimigos a serem violetamente vencidos, como é comum às torcidas organizadas. Muitas vezes protagonistas dos problemas nos estádios, estas buscam afirmar a supremacia de um time sobre o outro, recorrendo à combates físícos e matanças.
Ademais, a impunidade das ações hostis favorece o continuísmo dessa realidade nas arenas esportivas. Exemplo disso é que o Brasil lidera o ranking dos países que contêm mais mortes em estádios de futebol, o que comprova que a segurança nesses lugares é ineficaz, visto que, muitas vezes, os agressores não são identificados ou recebem leves advertências, enquanto que para as vítimas que sofrem violência física ou moral os danos podem ser irreversíveis. Assim, em vez de ser visto como fator de inclusão e diversão para a família brasileira, como defendido pelos próprios clubes, assistir aos jogos em espaços coletivos torna-se preocupação policial.
É imprescindível, portanto, a mudança no panorama e na conduta daqueles que usam a ferocidade para coagir outros torcedores. Para isso, o Brasil poderia se basear em países com referência em segurança nos estádios, como a Inglaterra, que sofreu ataques segregacionistas e repressivos de grupos chamados “Hooligans” e, para combatê-los, fez o cadastramento de torcedores, o uso de reforço policial e a expulsão temporária dos que se desviarem da pacificidade nos jogos. A mídia e os clubes também podem promover campanhas de conscientização ao público. Ações assim darão fim ao reflexo arcaico dos gladiadores, preservando ao esporte seu caráter de  coletivismo ético e fonte de alegria para os torcedores e suas famílias.

21 de out. de 2018

Texto tema: Combate à pedofilia


Uma menina de doze anos sendo alvo do interesse carnal de um homem de meia idade. Eis o enredo de “Lolita”, polêmica obra literária de Nabokov, autor russo, publicada em 1955. Apesar do lapso temporal, ainda hoje relações sexuais envolvendo crianças e adolescentes são comuns, embora sejam, por lei, crime de pedofilia. A permanência dessas ações no corpo social fragiliza a infância, impõe traumas e repercute por toda a vida do infante. No entanto, mesmo havendo leis, combater a pedofilia é um desafio, sobretudo, devido ao silêncio que envolve o ato, o qual se deve ora pela ausência de discernimento do quão grave é essa ação ora pela intimidação imposta pelos adultos agressores.  
De início, é importante ressaltar como a atual sociedade viola a inocência infantil. Especialmente a mídia, ao divulgar comportamentos que adultizam as crianças  – as roupas, as danças e músicas sugerem ações de “miniadultos” para os infantes – não as prepara para responder e discernir abordagens abusivas.  Assim, diante da exposição a conteúdos sexuais ou perante a incitação a atos inadequados, meninos e meninas, por vezes, não percebem que estão fragilizados frente a adultos que não respeitam a inocência pueril e, portanto, os pequenos não denunciam molestamentos e abusos, o que colabora para a permanência do problema.
Além disso, outro tipo de silêncio se dá. Algumas vítimas se calam por temerem retaliações de seus algozes. Exemplo disso são os casos em que estupradores e molestadores são entes do próprio eixo familiar. Nessas circunstâncias, as crianças, em parte das vezes, não conseguem denunciar o abusador por ser ele alguém da âmbito doméstico – pais, irmãos, primos ou mesmo um amigo próximo –, pois receiam atos de vingança ou, em outras situações, são induzidas a manterem o fato encoberto pela própria família, em vista da vergonha do enfrentamento social diante do acontecimento, além de não serem raras as conjunturas em que vítima e família dependem financeiramente do agressor.
No passado, os contos infantis, em suas vertentes primitivas e macabras, mostravam o abuso infantojuvenil como faceta de uma sociedade que não respeitava a infância como fase de purezas – basta ver as versões remotas de Chapeuzinho Vermelho e A Bela Adormecida. No entanto, atualmente, proteger a integridade física e emocional dos menores deve ser compromisso do governo e da sociedade. Para tal, ao poder público compete desenvolver propagandas constantes de combate a essa chaga social, usando para isso a tv aberta e as mídias sociais, a fim de haver conscientização e consequente aumento das denúncias. Ademais, o terceiro setor pode promover debates públicos, em parcerias com escolas e igrejas, sob a orientação de psicólogos, sobre os desdobramentos que um ato de abuso traz à vida infantil, com o intuito de elucidar as famílias quanto a não acobertarem o crime e também a perceberem sinais de alerta quanto ao fato no interior dos lares. Com tais medidas, o problema tenderá a diminuir e a infância permanecerá sendo uma fase de pureza, distante dos abusos que marcaram a vida da Lolita, de Nabokov, e de tantos personagens da vida real até hoje. 

Para o sucesso na redação


- Não deixe de apresentar uma tese que seja desdobrável em dois pontos de observação a serem analisados, posteriormente, no desenvolvimento;
- Elimine do texto expressões como “É notório que...”, “É indubitável que...”, “É indiscutível que...” para abrir parágrafos. São fórmulas prontas utilizadas por muitos candidatos, o que retira a originalidade total da sua produção;
- Após um tópico frasal curto não use expressões de soma de argumentos, pois é o momento de explicar o que foi mencionado na frase de introdução do parágrafo e não de acrescentar informações;
- Cada parágrafo é um microtexto sendo, portanto, indispensável que haja introdução, desenvolvimento e conclusão da ideia desenvolvida nele;
- Não faça parágrafos apenas contextualizadores ou somente de contexto histórico, por exemplo. Cada parágrafo deve apresentar o problema e discuti-lo, endossando os problemas à vida hoje;
- Faça, no mínimo, dois diálogos relevantes com outras áreas e entrelace-os bem à discussão;
- As propostas de intervenção devem responder ao problema do texto e serem detalhadas sempre endossando medidas que podem ser aplicadas e ter resultados colhidos a curto ou médio prazo, preferencialmente;
- Não copie os textos motivadores e nem mesmo produções modelo;
- Evite repetições vocabulares;
- Elimine o excesso de espaço entre as palavras e respeite as margens da produção;
- Prefira não usar a primeira pessoa do plural em textos modelo Enem;
- Sigla deve vir acompanhada, na primeira ocorrência, de explicitação do significado dela.
- Números, até dez, é melhor apresentá-los por extenso.
- Troque o “cada vez mais” por progressivamente, paulatinamente ou expressão correlata.
- Não use “deixar de lado”, deixar a desejar”, “uma luz no fim do túnel”, “fechar com chave de ouro”... Nesses casos, o correto será: negligenciar, não satisfazer ao almejado, possibilidade última, concluir com primazia.
- Nome de ministérios, leis e marcos históricos devem ser grafados com letra maiúscula. Exemplo: Ministério da Educação, Estatuto do Idoso, Revolução Industrial...
- Os termos “governo”, “poder público”, “igreja” e outros semelhantes dispensam o uso das iniciais maiúsculas.
- Crie parágrafos de tamanhos proporcionais.
- Invista em frases de fechamento que demonstrem ao leitor a força discursiva do texto.

Texto Desafios para garantir a qualidade de vida no interior do sistema prisional


Na obra “Memórias do Cárcere”, o autor Graciliano Ramos – preso durante o regime do Estado Novo – relata os maus-tratos, as péssimas condições de higiene e a falta de humanidade vivenciadas na rotina carcerária. Hoje, ainda que distante historicamente do citado período opressor, o sistema prisional brasileiro continua sendo visto como um símbolo de tortura. Desse modo, rever a situação social a qual o penitenciário está submetido é indispensável para avaliar seus efeitos na contemporaneidade.
Primeiramente, a má infraestrutura na maioria das cadeias faz com que os presos firmem uma luta diária pela sobrevivência. Mesmo que estes vivam em um regime fechado, a superlotação e deterioração das celas e, até mesmo, a falta de água potável provam a falta de subsídio à integridade humana, visto que os indivíduos são postos à margem do descaso. Ademais, tal condição se alinha à visão determinista do século XIX, que afirma que o homem é fruto do meio no qual se encontra inserido, o que aponta para a maior corrupção do caráter de quem está recluso. Porém, se esse olhar não for combatido, ao final da pena, o indivíduo terá dificuldades para se reintegrar na sociedade e tende voltar ao crime.
Outro problema vigente é a negligência às condições higiênicas do público feminino nos redutos prisionais. A jornalista Nana Queiroz, autora do livro “Presos que menstruam”, retratou a realidade de detentas que sofreram com o tratamento idêntico entre os gêneros, sendo excluídos os cuidados íntimos da mulher, vide a falta de absorventes, em algumas prisões, e ausência de acompanhamento ginecológico. Esses aspectos revelam as parcas políticas públicas que prezem pela saúde feminina e escondem, ainda, a situação das gestantes, que não possuem um zelo diferenciado na gravidez e tampouco o auxílio médico na maioria dos sistemas carcerários.
Portanto, a maneira que os indivíduos são tratados no cárcere fere os direitos humanos, por isso, mudanças são imperativas. O governo deve investir na extensão de cadeias para evitar a lotação e, como solução paliativa, usar caminhões pipa para suprir a carência de água potável. Além disso, atividades pedagógicas ou esportivas, intermediadas por ONGs, darão aos detentos a oportunidade de reinserção social. O acesso à saúde pública é um direito universal, logo, são imprescindíveis equipes médicas e a fiscalização desses cuidados, principalmente em relação à saúde da mulher. Assim, garante-se que as condições dos detentos não sejam enfrentadas de forma desumana.

Texto recolhido da web. com leves adaptações minhas. Não sei a real autoria.

Texto: Violência escolar


              Entendido como lugar de conhecimento e aprendizagem, os recintos de educação têm sofrido com a violência escolar. As antigas palmatórias e os castigos nos cantos das paredes, usados como forma de disciplina, foram substituídos por graves agressões físicas e psicológicas advindas, especialmente, dos alunos. Nesse contexto, a agressividade da vida em sociedade e a falta de interação escola e comunidade surgem como fatores que promovem o problema.
         A obra literária “O ateneu”, de Raul Pompeia, retrata a situação de animosidade vivida por alunos em uma escola, no século XIX. Contudo, as constantes agressões entre alunos e demais agentes do processo educacional demonstram que, ainda hoje e além do panorama ficcional, a escola tem sido caracterizada pela violência. Os discentes perpetuam nos educandários a violência que presenciam no cotidiano, o desrespeito às autoridades, além do enfrentamento físico e agressivo quando qualquer impasse surge. Com o advento das tecnologias e o uso do celular em sala de aula, rapidamente os episódios de brigas são divulgados na internet, dando visibilidade ao caos que o espaço de melhoria humana, lamentavelmente, tem enfrentado.
Amor, respeito às diferenças, diálogo pacífico e compartilhamento de saberes e experiências deveriam definir a vida escolar. “Onde acaba o amor tem início o poder, a violência e o terror”. É nesse contexto mencionado por Carl Jung, pai da psicologia, que se instaura o problema. O descaso familiar e a falta de interação com a comunidade, fomentos do individualismo moderno, faz da escola um lugar que não conhece e não reflete as reais vivências dos alunos, o que a impede de conhecer as necessidades urgentes do corpo discente e faz com que as ações para barrar o avanço de fatos, como o bullying, real ou virtual, o uso de drogas e a depredação do patrimônio sejam ineficientes. Assim, é preciso que haja uma abertura para a discussão dentro do próprio ambiente educacional para que a ética e o respeito existam de verdade.
Combater a violência na escola brasileira é uma tarefa que exige agentes múltiplos. Ações governamentais, mediadas pelo Ministério da Educação, executadas por meio de projetos de despertamento artístico e de iniciação profissional realizados no interior dos redutos de ensino, como teatro, musicalização e ensino profissionalizante, seriam relevantes por inserir os alunos em outras vivências, diminuindo a absorção da agressividade cotidiana.  Palestras, grupos de discussões e eventos que aproximem família e comunidade escolar propiciariam um ambiente mais harmônico, como feiras educativas a serem apreciadas por familiares, além de cinema aberto ao público expondo peças fílmicas que sensibilizem e suscitem debates que versem sobre os impasse locais. A presença das forças policiais, com intuito educativo, por intermédio de projetos, à semelhança do Proerd – Programa de Erradicação das Drogas – poderia coibir ações violentas nos educandários. Enfim, medidas que se pautem na ética e no respeito mútuo, promovendo uma escola de compartilhamento e boas vivências afetivas, são as saídas para desassociar violência e educação.

Violência nas escolas (Texto para o pré-concurso)


A escola é, sobretudo, um local dedicado completamente à educação dos jovens. Porém, a cada dia tem se tornado, também, um palco de intolerância e violência. Esse não é um problema novo. Há muito tempo essas instituições deixaram de ser portos seguros. O que era tratado, antes, como uma questão disciplinar, hoje é visto como delinquência juvenil, chegando próximo à criminalidade. Por isso, é fundamental entender que fatores têm propiciado o cenário de animosidade nos espaços escolares.
Em primeiro lugar, é importante destacar que a violência cotidiana apenas se revela no espaço escolar, o qual recebe estudantes de diversas origens e que vivenciam todo tipo de dificuldade e adversidade. A imaturidade infantojuvenil para lidar com revoltas, com as crises econômicas e sociais que perpassam sua vivência e a ausência do processo de escuta e acolhimento emocional pela escola eclodem em atos agressivos. Assim, a escola amarga o contexto de violência que se propaga, apesar de ser tão estranho ao ideário escolar. Convém destacar que hoje a questão do celular é umas das mais polêmicas em relação a esse panorama. Talvez o aparelho seja um dos maiores disseminadores de atos violentos ao gravar e propagar brigas, além de incentivar intrigas e dissensões dentro dos redutos de ensino, inclusive por meio do cyberbullying. Apesar da proibição, por lei, do uso dessa tecnologia em sala de aula, a presença exagerada desses meios nos colégios pode ser um agravador dos atos violentos.
Outro fator determinante para a violência nas escolas é a insegurança que aluno sente nesse ambiente. Identificar-se com os professores, sentir-se amparado e manter boas relações com os colegas é primordial para que os discentes se sintam seguros. Muitas vezes, o distanciamento criado na relação professor-aluno pode alimentar a agressividade, além da ideia de concorrência entre os educandos, investimento de muitos colégios particulares, por exemplo. São inúmeros os casos, hoje, de estudantes violentando seus mestres, seus próprios colegas e até destruindo o ambiente escolar, o que pode ser reflexo direto da falta de proximidade entre o aluno e o ambiente em que está – ou deveria estar – inserido, além de refletir também a crise de autoridade na qual a sociedade está imersa.
Torna-se evidente, portanto, que a violência escolar, no Brasil, tem causas e consequências graves, sendo necessário que medidas sejam pensadas a fim de minimizar o problema. Dessa maneira, para a retração desse cenário, pode-se pensar em uma redefinição das regras do uso de aparelhos celulares em sala, por parte da escola e também por meio do diálogo com os próprios pais. Além disso, é fundamental a orientação da família, das instituições e dos próprios alunos, por especialistas em psicologia escolar. A psicopedagogia pode ser utilizada para que os estudantes se sintam à vontade para dialogar, construir relações de empatia para com seus colegas e com o ambiente em que passam a maior parte da sua semana. Assim, revendo regras e debatendo ideias, será possível fazer do espaço escolar um verdadeiro aprendizado para a vida em sociedade e não um propagador de atitudes violentas.

TEXTO MODELO: ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E SEUS DESAFIOS


Outrora, a velhice era uma dignidade; hoje ela é um peso”. A constatação de Francois Chateabriand revela um cenário de descaso e persistente desrespeito aos idosos, vistos como fardo na sociedade atual. Cotidianamente, não são raros os casos em que o público senil sofre com a intolerância quanto às necessidades específicas dessa fase da vida. Tal sofrimento decorre, em grande parte das vezes, dos descuidos familiares quanto aos mais velhos e da ausência de uma consciência legal e social que zele pelos direitos da terceira idade.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que é no âmbito doméstico que o desrespeito a quem está envelhecendo se torna mais expressivo. Devido ao choque de gerações é comum haver incompreensão e isolamento, uma vez que os mais novos não entendem os anseios de quem já passou dos sessenta anos. Essa desarmonia é traduzida em maus-tratos, agressões físicas e falta de atenção e carinho, fatores que agravam uma realidade de solidão, a qual, em muitos casos, culmina em doenças psicológicas, como a depressão. Além disso, em alguns lares os idosos são explorados financeiramente, tendo seus – já escassos – recursos subtraídos para o sustento da prole. Assim, esse público se vê constantemente desprezado e a alegria de existir se desfaz.
Ademais, na esfera social a persistência do descaso é também visível. O Estatuto do Idoso é um conjunto de leis destinado a garantir o bem-estar social daqueles que têm mais de sessenta anos. No entanto, esse aparato legal não é facilmente acatado, fato perceptível em situações simples do cotidiano: as vagas privativas são poucas e, comumente, são ocupadas pelo público jovem; as filas preferenciais são insuficientes para garantir atendimento rápido e a assistência médica é parca em relação à demanda do público mais velho. Outro fator importante é que não há um investimento público permanente com o intuito de garantir lazer e atividades esportivas aos idosos. A obra fílmica “Up: altas aventuras” apresenta o cotidiano de um velhinho que amarga a solidão e vive imerso na saudade, o que o torna mal humorado e infeliz. Para além do universo ficcional, a velhice, no contexto brasileiro, também se faz sinônimo de tristezas e reflexo de invisibilidade familiar e social.
Portanto, para amenizar os impasses relacionados ao persistente desrespeito ao idoso na sociedade brasileira, medidas são necessárias e urgentes. Diante disso, a família deve ser conscientizada, por meio da divulgação nas mídias sociais, sobre a valorização do cidadão senil e de sua experiência de vida. Além disso, é dever do Estado promover maior fiscalização quanto ao cumprimento do Estatuto do Idoso, estabelecendo punições severas àqueles que violarem as leis. Para isso, uma ouvidoria específica ou um canal telefônico para registrar denúncias de ações contra os anciãos da sociedade é relevante, a fim de evitar a omissão quanto ao problema. Atendimento público de qualidade, nos serviços básicos e na realidade hospitalar, contribuirá também para atenuar o impasse. Ações assim auxiliarão para que o corpo social se porte com alteridade e o respeito à terceira idade seja uma marca do envelhecimento no contexto contemporâneo.

17 de nov. de 2017

Doce Novembro

Chegue com doçura, Novembro
e anuncie algo vindo do futuro.
Novo tempos, felicidade em garrafadas.

Abomina este teu cheiro pagão de morte.
Jogue perfume e descanso neste cansaço íntimo de mim. 

Venha, Novembro!
Encha-me de lirismo
Mostra-me a face nova do amor.

Diga-me que Dezembro fará da
nova vida doce de ser feliz,
sol de dormir tarde, canção para
bailar, música de esquecer o medo.

Que em ti, Novembro, os sonhos amanheçam
reais e a tristeza seja deixada na solidão
de um qualquer cais.

4 de nov. de 2017

Tema: Desafios na doação de órgão no Brasil


Descanso ao “operário das ruínas
Por Daniele Ribeiro
O momento da morte é marcado pela dor. Em face do fim, os homens, comumente, refletem quanto ao sentido do ser e sobre como fazer da continuidade da existência um tempo valoroso. É por esse motivo que a doação de órgãos poderia ser o instante de oferecer vida àqueles que estão nas longas filas de espera por transplantes. A irreversibilidade da morte encefálica, tão comum, dado os elevados índices de óbitos no cotidiano do Brasil, não se converte em doações devido, especialmente, à negativa familiar e à, ainda, ineficiente gestão de saúde para que o processo seja rápido e de sucesso.
Verme – “operário das ruínas”. É com essa definição que o poeta incluso no rol dos pré-modernistas, Augusto dos Anjos, define o que estará em ação após a morte. No entanto, essa realidade pode ser amenizada já que alguns órgãos podem continuar a viver em outras pessoas. Contudo, o luto associado à falta de informação e mitos – quanto ao tráfico de órgãos e também a fé religiosa – impedem que as famílias façam a opção por doar. A ausência de altruísmo e a postura individualista da sociedade atual, características preditas por Bauman, definem, muitas vezes, a negativa, uma vez que a dor do momento, potencializada pela parca informação sobre a realidade das tristes filas de espera por uma esperança de vida, não dão espaço para que os corpos daqueles que faleceram cerebralmente  tenham um destino diferente da ação do “operário” descrito pelo “poeta do mau gosto”.
Além disso, mesmo sendo o Brasil reconhecido pelo sucesso nos transplantes que realiza, o país desperdiça parte dos órgãos que poderiam ser transplantados. Uma vez diagnosticada a morte encefálica, o que deve ser feito por um médico neurologista – profissional nem sempre presente, pelo menos de modo constante, nos hospitais públicos brasileiros -, o processo deve ser rápido e atendendo à vasta extensão territorial do país. Assim, as unidades hospitalares precisam ser ágeis na comunicação à Central de Captação de Órgãos, o que nem sempre acontece. Além disso, o corpo morto deve ser mantido em leitos, sob condições adequadas para que o transplante ocorra, atenção que, em um sistema público superlotado, nem sempre é prioridade, uma vez que esses leitos acabam sendo destinados a quem clinicamente tem condições de viver. Todos esses fatores frustram a esperança de que o corpo morto seja mais que “carne dada aos vermes” e formam um embaraço à vida de quem almeja um órgão.
“Não é da morte que temos medo, mas de pensar nela.” A constatação de Sêneca, filósofo romano, ajuda a ilustrar o quanto a falta de diálogo – social e familiar – colabora para a perpetuação do não aproveitamento dos órgãos no Brasil. Essa realidade pode ser atenuada por meio de propagandas constantes nos grandes canais de mídia sobre o assunto. Ademais, quanto ao aspecto técnico e estrutural, cabe ao Ministério da Saúde destinar verbas para a contratação de mais profissionais neurologistas para realizar, sem adiamentos ou demoras, a constatação precisa da “causa-mortis”. À tal Ministério, associado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, compete desenvolver um sistema integrado e ágil de modo a possibilitar comunicação e procedimentos mais velozes. As informações quanto a isso devem ser de conhecimento público, acessíveis em portais eletrônicos, a fim de que a população acompanhe o comprometimento das equipes de saúde, denuncie negligências e possa conhecer o destino dos órgãos doados, já que a aproximação entre as famílias também é um fator relevante para suscitar maior solidariedade entre os brasileiros.

Redação: "O problema do feminicídio na sociedade"

   A violência contra a mulher tem atingido índices alarmantes. O ápice das situações ocorre com a morte das vítimas, fato que acontece, na maior parte das vezes, após uma série de outras atitudes de amedrontamentos, humilhações e agressões. A permanência da cultura machista e a baixa eficácia dos aparatos legais têm feito do feminicídio um problema que ameaça não somente o público feminino, mas a harmonia geral da sociedade.
             A herança patriarcal de domínio e submissão do feminino à supremacia do homem tem sido fator motivador da violência física e psicológica contra mulheres. Muitas são aquelas que, no âmbito doméstico, são alcançadas pela morte como o último grau de uma escala de violências contínuas praticadas por parceiros. Na maior parte das vezes, o fim de um enlace de afeto impulsiona o feminicídio. O sentimento de perda, a não aceitação de um rompimento amoroso e o ciúme são fatores que impulsionam a violência extremada na morte. O homem, tendo a mulher como objeto de domínio, feito para o seu prazer, conforme alimentado pela cultura machista, não reconhece que as companheiras tenham a liberdade de escolha e de direito a rechaçá-lo. A desproporção de forças, o silenciamento diante de agressões frequentes e a sensação de desproteção levam ao trágico, mas não raro, fim de cessamento da vida.
                Além disso, há falhas por parte do Estado em proteger o feminino. A Lei Maria da Penha, de 2006, existe com a intenção de coibir e penalizar qualquer tipo de ato que vitimize as mulheres. No entanto, a aplicação da lei se mostra ainda falha. Inúmeras são as vítimas que, após acionarem a proteção policial, não contam com a vigilância e proteção constante. Diversos são os casos em que elas morrem sob a tutela de uma “medida protetiva”, que, paradoxalmente, não as livra do assassinato. Ademais, a ausência de denúncias, o medo, a dependência financeira e ou sentimental fazem com que as notificações ainda sejam poucas frente à realidade escondida no interior dos lares. Assim, os percentuais de violência permanecem elevados e leis, como a do feminicídio, de 2015, buscam minimizar brechas e  garantir punição aos que maltratam e matam as mulheres brasileiras, mas esbarram em questões culturais e comportamentais que precisam ser mudadas.
           Diante desse cenário, é importante que medidas sejam tomadas a fim de atenuar o problema na sociedade. A educação que, conforme Immanuel Kant, é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo, é a principal via para conscientizar quanto aos perigos da ideia de dominação de um gênero sobre outro. O incentivo à denúncia e a proteção efetiva às vítimas deve ser uma das prioridades das Defensorias de Atendimento à Mulher. Acompanhamento psicológico e amparo social também são necessários para as vítimas de violência e seus filhos. Ações como essas e o enfrentamento do patriarcalismo destrutivo podem ajudar a tornar a sociedade mais harmônica, democrática e menos amedrontadora às mulheres de hoje e de amanhã.

Redação “O combate ao consumo de entorpecentes no Brasil”

REDAÇÃO DISSERTATIVA (NÃO NECESSARIAMENTE MODELO ENEM, POIS PARA TAL SERIA NECESSÁRIO INCLUIR CITAÇÕES E UM DETALHAMENTO ÚNICO DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO).

                   O uso de entorpecentes no Brasil é um problema que, apesar de antigo, tem repercussões no agora e compromete o futuro, especialmente, dos jovens do país. O aumento no número de usuários revela que as estratégias de traficantes têm sido mais eficazes que a ação policial de repressão violenta à comercialização das drogas. Diante disso, a busca por programas de prevenção ao consumo, com o forte envolvimento da família e da sociedade, e  práticas políticas e policiais que busquem a real recuperação daquele que fez uso de entorpecentes e a reinserção social dele são essenciais para enfraquecer as teias da dependência.
                     Quando se trata de vícios, o melhor é evitá-los. A problemática relacionada ao uso de entorpecentes também passa por esse pressuposto, uma vez que manter jovens e adultos distantes do forte domínio das drogas, especialmente as ilícitas, por meio do diálogo familiar, da assistência da comunidade e de programas sociais que promovam melhores oportunidades podem ser os caminhos mais eficientes. As notícias rotineiramente difundidas sobre a guerra entre traficantes e forças policiais seriam desarticuladas se menos pessoas buscarem refúgio, psicológico ou social, no consumo das drogas, abalando o mercado do tráfico.
                     Ademais, a ideia difundida pela mídia quanto ao pobre ser o pivô e o maior consumidor de substâncias tóxicas acoberta os cartéis e organizações criminosas que espalham o vício. O governo e a polícia ainda falham por permiter que esta trabalhe sem os recursos necessários para enfrentar a articulação dos aliciadores, já que o investimento em armamento e preparo policial é parco por parte do Estado. Tal cenário é propício para que os megatraficantes expandam seu mercado consumidor. Pensando nisso, não só combater o tráfico, mas também dar oportunidades para que os viciados se recuperem e sejam reinseridos, diminuindo os índices de reincidência, é uma importante ação para atenuar o problema.
                     Portanto, para que o combate ao uso de entorpecentes alcance êxito família, sociedade e governo devem se comprometer. Programas comunitários que promovam encontros envolvendo familiares, profissionais de saúde e policiais podem auxiliar para que os mais jovens conheçam os riscos das drogas. Políticas públicas que disseminem propagandas de desestímulo às drogas lícitas, como álcool e cigarro, também podem ser úteis, já que estas, em muitos casos, funcionam como via de encorajamento a outros usos ilícitos. Garantir trabalho, educação e chances reais aos mais pobres, inclusive àqueles que estão em fase de reinserção social, mantêm-nos distantes do problema. Além disso, é muito importante investimento governamental em preparo policial para barrar não só a ação do traficante da “boca de fumo”, mas também da apreensão dos verdadeiros mandantes dos crimes. Medidas como essas poderão ajudar a dirimir o efeito devastador que os tóxicos produzem, especialmente nos mais jovens.

19 de out. de 2017

NOVOS FORMATOS DE FAMÍLIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Texto modelo Enem
(Conclusão ainda no modelo antigo)

A história das civilizações trouxe consigo mudanças comportamentais que têm redefinido a sociedade. Os novos formatos de família, por exemplo, demonstram como os conceitos de outrora se tornaram redutores para acompanhar a multiplicidade dos arranjos familiares do momento atual. O desafio, no entanto, é antigo: amenizar preconceitos e promover a equidade de direitos aos padrões que fogem ao meramente tradicional.
A revolução comportamental das últimas décadas revelou a discrepância de postura dos indivíduos. De um lado, o desejo de liberdade e de rompimento de normas – características típicas de movimentos da década de 60, como o hippie e as manifestações feministas – abriram espaço para novos comportamentos e arquétipos, diferentes dos tradicionais. Por outro lado, os grupos alicerçados na tradição se sentiram impelidos a manifestar aversão e não aceitar os laços familiares modernos: recasamentos, uniões homoafetivas, paternidade socioafetivas e monoparental, por exemplo. Conforme Voltaire, “O preconceito é uma opinião não submetida à razão”. Nessa perspectiva, o recrudescimento da ignorância só pode ser atenuado por meio de ações de conscientização e debates constantes nos canais de comunicação social, como as redes sociais e as emissoras de tv aberta.
Outro fator que impede a aceitação desses modelos diversificados de famílias é a questão constitucional. Ainda que existam resoluções que assegurem, por exemplo, no caso dos homossexuais, direito ao casamento, o Código Civil ainda não reconhece oficialmente outro formato de casal diferente do padronizado homem-mulher. Além deles, famílias monoparentais sofrem também com o preconceito no âmbito social e o estigma por não estarem em relações regidas pelo matrimônio. Assim, ações legais que reconheçam a modernidade do conceito de família e suas multiplicidades garantiriam equidade no tratamento social.
                Por conseguinte, percebe-se que reconhecer as mudanças oriundas do momento histórico e cultural da atual sociedade é fator propulsor para dirimir preconceitos e alcançar a imparcialidade legal. Para isso, cabe ao Governo Federal, em associação com as entidades educacionais e com a mídia, investir em educação para o respeito à alteridade, por meio de discussões constantes nos espaços escolares e lugares públicos. Além disso, a revisão de leis, como o Estatuto da Família – o qual apregoa que família é a união entre pai, mãe e filhos, exclusivamente – é primordial para promover o amparo jurídico necessário a quem sofrer discriminação por pertencer a um laço não-tradicional. À gestão dos municípios importa fornecer apoio psicológico para que os indivíduos possam lidar com a diversidade. Medidas como essas contribuirão para uma sociedade em que a pluralidade seja aceita no recôndito dos lares e na liberdade pública.  







Crimes virtuais

Texto modelo Enem

O advento da globalização e das novas tecnologias legou ao mundo real preocupações quanto aos iminentes riscos da vida virtual. O fornecimento de dados e a liberdade de manifestação de opinião podem se revelar verdadeiras armas a serviço de indivíduos mal intencionados. Sabendo que a conexão e suas vantagens reais são um caminho irreversível, reconhecer e combater os crimes virtuais se revelam ações necessárias e urgentes.
À semelhança da obra de George Orwell, o romance “1984”, a vida em rede torna os cidadãos conectados sujeitos a um monitoramento incessante. O fornecimento de dados em transações bancárias, o compartilhamento de conteúdo de caráter particular e as amizades virtuais podem esconder perigos que envolvem a atuação de programas maliciosos, o roubo de informações, a exposição pública de fotos íntimas e a aproximação, ainda que inocente, de pedófilos. Desse modo, os crimes contra a propriedade e a pessoa – comuns são as denúncias de racismo e homofobia na rede, por exemplo – apresentam-se como uma cruel faceta da perversa conexão global.
Nesse contexto, invasões cibernéticas e escândalos envolvendo espionagem internacional demonstram o quanto a web necessita de regulamentação para garantir uma navegação segura e produtiva. Nesse sentido, foi criado o Marco Civil da internet. A lei, sancionada em 2014, propõe uma legislação que garanta privacidade, liberdade de expressão e neutralidade na rede. Porém, o texto da lei ainda não é claro o suficiente e há lacunas quanto ao real funcionamento e fiscalização desse dispositivo legal. Como resultado, algumas ações criminosas continuam sendo enquadradas no Código Penal, de 1940, numa total anacronia.

Como a internet globalizou os benefícios da vida virtual, mas também expandiu as possibilidades das práticas criminosas na rede, os desafios para vencer os impasses são muitos. Para isso, o governo deve ampliar o alcance jurídico da “Lei Carolina Dieckman”, definindo punições severas para a criminalidade cibernética. Ademais, uma educação mais consciente e crítica é fundamental para o manuseio da rede, a qual pode ser desenvolvida pela comunidade escolar. A denúncia feita pelos cidadãos e instituições é indispensável para banir as ameaças dos cibercriminosos. Medidas assim minimizarão as vulnerabilidades do viver em rede, impondo retidão aos caminhos tortuosos do espaço virtual.

INCLUSÃO DIGITAL: MAIS UM DESAFIO PARA O BRASIL CONTEMPORÂNEO

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            O cenário das novas tecnologias, herança da globalização, trouxe perspectivas de integração entre pessoas e serviços das quais a modernidade não consegue mais se distanciar. No entanto, a ideia de que todos usufruem dessa modernização é utópica. Ainda há uma multidão de indivíduos que estão desconectados dessas transformações. Diante dessa realidade, é necessário entender quais são as consequências da exclusão digital e que desafios precisam ser vencidos para erradicar essa modalidade moderna de exclusão.
            O advento da vida on line tem ampliado o conceito de desigualdade. Do entretenimento ao universo dos negócios, as redes de trocas digitais trouxeram novas possibilidades de interação na contemporaneidade. Porém, ainda são muitos os brasileiros que têm a rede virtual como um âmbito estranho. Zygmunt Bauman afirma que o uso da internet se tornou um item social, um parâmetro de aceitação no processo de inserção na sociedade. Percebe-se então que os indivíduos que estão à margem do processo, especialmente por questões relacionadas à pobreza, reduzem sua – já mínima – possibilidade de participação ativa na comunidade do wi-fi.
            Os muito pobres, de excluídos da cidadania real, agora também amargam o distanciamento virtual. Além da escassez de recursos básicos para saúde e alimentação, surgem outras demandas: o plugue na rede virtual, consciente e participativo, exige políticas públicas que permitam o acesso ao conhecimento, aos novos formatos de emprego, à capacitação para o uso eficiente e transformador das formas de viver e sobreviver na era presente. Assim, não basta o acesso ao entretenimento furtivo das redes sociais. É preciso educação para o uso, para a interação, para o nivelamento das possibilidades.
            Portanto, para vencer os desafios impostos pela conectividade plena no Brasil são necessárias medidas governamentais de largo alcance social. Nesse contexto, fomentar o letramento digital é imprescindível. Para isso, o governo pode promover leis de incentivo à inclusão, garantindo o acesso dos brasileiros (inclusive das zonas rurais) aos computadores, por meio de incentivos fiscais que propiciem a queda dos preços desses equipamentos e barateamento dos serviços de internet. Além disso, a inserção da ementa Informática nos currículos escolares e a gratuidade de cursos na área de tecnologia para jovens e adultos carentes diminuiria o distanciamento digital. Ações como essas tornariam essa modalidade de exclusão moderna mínima em uma aldeia de acessíveis e reais benesses da globalização.

Combate à homofobia

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Da cultura à lei: o inadiável vilipêndio à homofobia

 A homofobia é um problema que ameaça a convivência entre as orientações sexuais diversas. Vista como uma anomia social, conforme os ditames de Durkheim, a homossexualidade enfrenta barreiras que, em parte preocupante dos casos, desencadeia situações de violência extrema e morte. Diante disso, compreender as raízes dos preconceitos e o comportamento legal diante da não aceitação de orientações sexuais não padronizadas se torna um imperativo contemporâneo.
“O bom crioulo”, obra do naturalista Adolfo Caminha, primeiro romance a abordar a temática homossexual na literatura brasileira, retrata o amor ao igual como uma aberração, um comportamento contra o natural. Muito anterior ao contexto literário, essa percepção se baseia no enraizamento do que vem a ser entendido como normal, teorizado pela cultura do patriarcado, herança religiosa judaico-cristã que define a figura masculina como central e elemento de autoridade. Nesse modelo, historicamente o conceito de família e união afetiva se resume a pai, mãe e filhos. Diante disso, qualquer protótipo diferente é entendido como abominável, sendo legado ao desprezo e negação. Muitos indivíduos respaldados por esse pressuposto, lamentavelmete, praticam ações violentas que vitimam aqueles que resolvem assumir sua homossexualidade.
        A resposta violenta ao público LGBT – lésbicas, gays, bissexuais e travestis – é uma atitude inconstitucional grave. A liberdade de expressão é uma premissa da Constituição Federal de 1988. No entanto, a ausência de ações punitivas rígidas e de denúncias constantes propicia um cenário no qual intolerância e discursos de ódio ficam ilesos. Consequentemente, não são incomuns notícias sobre a morte por assassinato ou a desistência da vida daqueles que são constrangidos – seja no mundo real ou nas plataformas virtuais – devido à orientação sexual.  As bancadas político-religiosas e a resistência tradicional baseada na exclusão e no cerceamento dos direitos, além da ausência de uma legislação específica para o crime de homofobia, deixam uma brecha larga para que uma sociedade igualitária seja inibida. Clement Attlee, político inglês, teoriza que “A democracia não é apenas a lei da maioria, é a lei da maioria respeitando o direito das minorias”, ou seja, o estado democrático de direito só se faz real quando grupos com orientações diferentes – sexuais, religiosas ou políticas – convivem de modo respeitoso e amparado legalmente.
              Ações sociais e governamentais são, portanto, importantes para combater a homofobia, essa chaga social que urge cura. Para isso, é indispensável que os movimentos de empoderamento LGBTs sejam ampliados e difundidos, dando, especialmente, visibilidade à luta gay por direitos, mitigando a percepção do homossexual como ser demonizado e delituoso. Ademais, cabe ao governo, por meio dos poderes legislativo e judiciário, revisar o Código Penal e estabelecer punições específicas e rígidas, fiscalizando o cumprimento delas, àqueles que agirem de modo agressivo ao alimentar o ódio e a ojeriza social a comportamentos sexuais em desacordo com a heterossexualidade. Com a especificação legal, alcançar-se-á a inibição ao crime e sanção aos que resistem ao respeito que a liberdade de existir proclama na Carta Magna. Sob tal perspectiva, a coexistência fraternal pacífica em meio à diversidade comportamental abrirá caminhos para uma sociedade livre, justa e fraterna.
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