21 de out. de 2018

Texto: Violência escolar


              Entendido como lugar de conhecimento e aprendizagem, os recintos de educação têm sofrido com a violência escolar. As antigas palmatórias e os castigos nos cantos das paredes, usados como forma de disciplina, foram substituídos por graves agressões físicas e psicológicas advindas, especialmente, dos alunos. Nesse contexto, a agressividade da vida em sociedade e a falta de interação escola e comunidade surgem como fatores que promovem o problema.
         A obra literária “O ateneu”, de Raul Pompeia, retrata a situação de animosidade vivida por alunos em uma escola, no século XIX. Contudo, as constantes agressões entre alunos e demais agentes do processo educacional demonstram que, ainda hoje e além do panorama ficcional, a escola tem sido caracterizada pela violência. Os discentes perpetuam nos educandários a violência que presenciam no cotidiano, o desrespeito às autoridades, além do enfrentamento físico e agressivo quando qualquer impasse surge. Com o advento das tecnologias e o uso do celular em sala de aula, rapidamente os episódios de brigas são divulgados na internet, dando visibilidade ao caos que o espaço de melhoria humana, lamentavelmente, tem enfrentado.
Amor, respeito às diferenças, diálogo pacífico e compartilhamento de saberes e experiências deveriam definir a vida escolar. “Onde acaba o amor tem início o poder, a violência e o terror”. É nesse contexto mencionado por Carl Jung, pai da psicologia, que se instaura o problema. O descaso familiar e a falta de interação com a comunidade, fomentos do individualismo moderno, faz da escola um lugar que não conhece e não reflete as reais vivências dos alunos, o que a impede de conhecer as necessidades urgentes do corpo discente e faz com que as ações para barrar o avanço de fatos, como o bullying, real ou virtual, o uso de drogas e a depredação do patrimônio sejam ineficientes. Assim, é preciso que haja uma abertura para a discussão dentro do próprio ambiente educacional para que a ética e o respeito existam de verdade.
Combater a violência na escola brasileira é uma tarefa que exige agentes múltiplos. Ações governamentais, mediadas pelo Ministério da Educação, executadas por meio de projetos de despertamento artístico e de iniciação profissional realizados no interior dos redutos de ensino, como teatro, musicalização e ensino profissionalizante, seriam relevantes por inserir os alunos em outras vivências, diminuindo a absorção da agressividade cotidiana.  Palestras, grupos de discussões e eventos que aproximem família e comunidade escolar propiciariam um ambiente mais harmônico, como feiras educativas a serem apreciadas por familiares, além de cinema aberto ao público expondo peças fílmicas que sensibilizem e suscitem debates que versem sobre os impasse locais. A presença das forças policiais, com intuito educativo, por intermédio de projetos, à semelhança do Proerd – Programa de Erradicação das Drogas – poderia coibir ações violentas nos educandários. Enfim, medidas que se pautem na ética e no respeito mútuo, promovendo uma escola de compartilhamento e boas vivências afetivas, são as saídas para desassociar violência e educação.

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