Entendido como lugar de
conhecimento e aprendizagem, os recintos de educação têm sofrido com a
violência escolar. As antigas palmatórias e os castigos nos cantos das paredes,
usados como forma de disciplina, foram substituídos por graves agressões
físicas e psicológicas advindas, especialmente, dos alunos. Nesse contexto, a
agressividade da vida em sociedade e a falta de interação escola e comunidade
surgem como fatores que promovem o problema.
A
obra literária “O ateneu”, de Raul Pompeia, retrata a situação de animosidade
vivida por alunos em uma escola, no século XIX. Contudo, as constantes
agressões entre alunos e demais agentes do processo educacional demonstram que,
ainda hoje e além do panorama ficcional, a escola tem sido caracterizada pela violência. Os discentes
perpetuam nos educandários a violência que presenciam no cotidiano, o desrespeito
às autoridades, além do enfrentamento físico e agressivo quando qualquer impasse
surge. Com o advento das tecnologias e o uso do celular em sala de aula,
rapidamente os episódios de brigas são divulgados na internet, dando
visibilidade ao caos que o espaço de melhoria humana, lamentavelmente, tem
enfrentado.
Amor, respeito
às diferenças, diálogo pacífico e compartilhamento de saberes e experiências
deveriam definir a vida escolar. “Onde acaba o amor tem início o poder, a
violência e o terror”. É nesse contexto mencionado por Carl Jung, pai da
psicologia, que se instaura o problema. O descaso familiar e a falta de
interação com a comunidade, fomentos do individualismo moderno, faz da escola um lugar que não conhece e não reflete
as reais vivências dos alunos, o que a impede de conhecer as necessidades
urgentes do corpo discente e faz com que as ações para barrar o avanço de
fatos, como o bullying, real ou virtual, o uso de drogas e a depredação do
patrimônio sejam ineficientes. Assim, é preciso que haja uma abertura para a
discussão dentro do próprio ambiente educacional para que a ética e o respeito
existam de verdade.
Combater a
violência na escola brasileira é uma tarefa que exige agentes múltiplos. Ações
governamentais, mediadas pelo Ministério da Educação, executadas por meio de projetos de despertamento artístico e de iniciação profissional realizados no interior dos redutos de ensino, como teatro, musicalização e ensino profissionalizante, seriam relevantes por inserir os alunos em outras vivências, diminuindo a absorção da
agressividade cotidiana. Palestras,
grupos de discussões e eventos que aproximem família e comunidade escolar
propiciariam um ambiente mais harmônico, como feiras educativas a serem apreciadas por familiares, além de cinema aberto ao público expondo peças fílmicas que sensibilizem e suscitem debates que versem sobre os impasse locais. A presença das forças policiais, com
intuito educativo, por intermédio de projetos, à semelhança do Proerd – Programa de
Erradicação das Drogas – poderia coibir ações violentas nos educandários. Enfim, medidas que se pautem na ética e no respeito mútuo, promovendo uma escola de
compartilhamento e boas vivências afetivas, são as saídas para desassociar
violência e educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário