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6 de abr. de 2010

Sou pote. A poesia é água

 A poesia não é uma expressão do ser do poeta. 
É uma expressão do não-ser do poeta. 
O que escrevo não é o que tenho; 
é o que me falta. 
Escrevo porque tenho sede e 
não tenho água. 
Sou pote. A poesia é água. 

Rubem Alves

28 de fev. de 2010

Romantismo: 8ª série

Olá, pessoal!
Em sala estamos comentando sobre a escola literária chamada de Romantismo. Uma das gerações, a Ultrarromântica, tem como bandeira as ideias de morte e amor levadas às últimas consequências. 

O livro "Histórias do Romantismo" nos dá um panorama do que foi esse estilo de época e nos permite o conhecimento prévio sobre o que vocês verão no segundo ano: o Romantismo, seu contexto de época e principais autores.

Agora pode ser que vocês ainda não percebam, mas mais adiante entenderão muito bem o porquê do enfoque do nosso trabalho hoje...

Deixo abaixo um comentário sobre o conto GENNARO (que consta no nosso livro). É um trecho do livro Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo, um dos maiores nomes dessa escola literária.

O conto – Gennaro - relata o envolvimento do narrador, aprendiz de pintura, com a bela jovem Nauza, segunda mulher de seu mestre Godofredo Walsh, e com sua filha, fruto do primeiro casamento de Godofredo. Gennaro nutre temporariamente por Nauza, um amor platônico. 

Laura, a filha de 15 anos, assedia Gennaro pelos corredores da casa e ...

Este, apesar de amar Nauza, ...

Gennaro silencia e a moça cai em depressão.

Certa noite, Godofredo flagra o ...
Esse fato se repete inúmeras vezes, mas Gennaro descobre que, de fato, Godofredo era sonâmbulo, portanto, repetia o gesto em estado de inconsciência.
 
Um dia, Gennaro é levado por Godofredo para o alto de uma montanha e...

Gennaro, acuado por Godofredo, diante de um precipício, sabe que deve se matar ou que será assassinado.
 
Volta à casa de Godofredo inicialmente para pedir perdão, mas ao encontrar o punhal do mestre, ...

Agora só lendo mesmo para saber como se darão os acontecimentos nesse conto cheio de mistério, sedução, traições e mortes.

Bem-vindos, caros alunos, às Histórias do Romantismo! 

O vídeo abaixo é sobre uma das histórias contidas no livro Noite na Taverna. Assistam-no para que possam se familiarizarem e perceberem o universo de Gennaro, protagonista do conto acima, e também dos contos ultrarromânticos. Bjão!

24 de fev. de 2010

Marketing Pessoal: entrevista com Mário Persona

Mais um material valioso para vocês, futuros ocupantes das melhores vagas em Montes Claros!

Marketing Pessoal: entrevista com Mário Persona (Texto Adaptado)


Como o senhor define marketing pessoal? Quais são seus pontos relevantes?

Mario Persona - Marketing pessoal é um conjunto de ações e atitudes adotadas pelo profissional com a finalidade de revelar o que tem de melhor para o mercado e criar relacionamentos de confiança. Não difere muito do marketing de produto na forma como é planejado e colocado em prática, mas possui um grau bem maior de sutilezas, já que estamos falando de um "produto" que é vivo, fala, anda, tem sentimentos e que não pode ser tirado do mercado para ser oferecido em nova versão, ou com o qual não é possível fazer um recall para trocar peças. Se o "produto" não funcionar, dificilmente ele consegue voltar ao mesmo mercado. O ponto principal do marketing pessoal está em ter e ser algo de valor para o mercado. Isso não se consegue de uma hora para outra porque envolve, além de competências adquiridas, caráter, postura, atitude, temperamento e tantas outras coisas que são inerentes da natureza humana, muitas delas vindas do berço. Outro ponto está na bagagem, que no marketing pessoal é o conhecimento que a pessoa é capaz de transformar em um produto de valor para seu mercado. Isso exige habilidade, já que há muita gente que sabe muito e não consegue vender nada de si, enquanto outros com um conhecimento mediano têm e vendem exatamente aquilo que é percebido como valor por seu mercado.

Em que situação/momento da vida de um profissional o marketing pessoal realmente se faz necessário? Existem aquelas que se negam a melhorar e por isso pagam caro por isso?
Mario Persona - Em todas as situações e momentos da vida, o profissional precisa se preocupar com a aplicação na prática de seu plano de marketing. Sim, ele deve ter na cabeça um plano de como pretende se posicionar no mercado, para que público, com que habilidades, preço e resultados. Exatamente como você faria com o marketing de um produto. Embora eu dê exemplos assim, que estão mais relacionados à imagem, é importante lembrar que marketing não é propaganda, mas um conjunto de ações das quais a propaganda é uma das ferramentas promocionais. Aliás, no marketing pessoal a propaganda convencional é a que deve ser menos utilizada, pois sempre deixa aquela impressão de "querer aparecer". O ideal é que o profissional seja visível, mas que deixe a publicidade por conta de clientes e amigos satisfeitos que tenham prazer em divulgar seu nome e trabalho.

A pessoa corre o risco de abusar das estratégias de marketing e passar uma imagem arrogante? Como evitar os excessos?
Mario Persona - Sim, certamente. Nem sempre é fácil evitar isso pela grande diversidade de reações e leituras que as pessoas fazem de uma imagem. Por exemplo, para alguns ter sua foto no site pode passar uma ideia de familiaridade e de coragem de se expor, de mostrar a cara. Isso pode ser visto por alguns como uma forma de o profissional dizer que é um ser humano que está ali, com todas as rugas e imperfeições de um ser humano, mas que também não se esconde atrás de uma logomarca ou de alguma foto comprada mostrando uma equipe feliz. Por outro lado alguns podem interpretar a simples presença de uma foto como auto-promoção e vontade de aparecer. O profissional deve ponderar que público pretende atingir e como esse público irá interpretar sua maneira de expor sua imagem. Eu adotei, para meu trabalho, a imagem daquilo que eu sou no dia-a-dia, extremamente brincalhão, um pouco irreverente e sempre rindo de alguma coisa. Isso pode não atrair pessoas com uma mente mais cartesiana, que buscam uma imagem séria para um consultor. Mas como meu foco hoje está mais colocado em palestras e treinamentos, que necessariamente devem ter alguma dose de humor para as pessoas não dormirem, entendo que minha imagem condiz com meu trabalho e com o tipo de público que pretendo atingir. Em outras circunstâncias eu seria obrigado a alterar esse estilo de exposição. Os excessos também têm dois lados. O que pode ser visto como excesso por alguns será interpretado como inovação por outros.

Quais as qualidades naturais de uma pessoa que o marketing reforça? E quais os defeitos que ele, digamos assim, pode disfarçar?
Mario Persona - Uma pessoa com facilidade de comunicação terá alguma vantagem em seu marketing pessoal, pois será capaz de interagir com mais gente. Relacionamentos, virtuais ou pessoais, também valem ouro nessa área. Todavia, mesmo pessoas menos comunicativas e com poucos relacionamentos podem ter sua capacidade potencializada graças ao seu conhecimento singular e à satisfação que conseguem gerar nos clientes atendidos. Eles se incumbem de divulgar seu trabalho e indicá-lo. O contrário é o problema. Pessoas arrogantes, prepotentes, que não conseguem se relacionar ou que tratam todo mundo mal estão com os dias contados nessa nova economia onde é impossível ficar conhecido apenas em um pequeno círculo.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja em http://www.mariopersona.com.br/

Oficina da Comunicação: Marketing PESSOAL

Olá, pessoal do 2º módulo Informática, turma "A"!

Apesar de não ter sido possível ver os vídeos em sala na última segunda-feira, vim cumprir minha promessa de que deixaria postado aqui! Apreciem sem moderação!

Vídeo 1:


Vídeo 2:


Vídeo 3:


Deixem comentários sobre o que acharam interessante nos vídeos vistos!
Bom restante de semana para todos e até segunda-feira, se Deus quiser!

17 de dez. de 2009

Adélia Prado



(Tela de W. Maguetas)

Minha alma é um bolso onde guardo minhas memórias vivas.
Memórias vivas são aquelas que continuam presentes no corpo.
Uma vez lembradas, o corpo ri, chora, comove-se, dança...
"O que a memória amou fica eterno."
Adélia Prado

http://renataemessencia.blogspot.com/search/label/Ad%C3%A9lia%20Prado

Literatura sem pausa

Olá, pessoal!

Estão aí, sorrindo para nós, as tão esperadas férias.
Verdade é que anseávamos por elas!

Trabalho hoje com Literatura e confesso à vocês que prazer literário se se resumir à sala de aula não é verdade, não é voz com palavras, suspiro de alma, seja para chorar, sorrir ou protestar. Aqui, torna-se obrigatório citar o grande Machado de Assis: "Só se faz bem o que se faz com amor".  
E eu espero estar fazendo bem o meu trabalho!

Bem, encontrei, vasculhando uns blogs, uma indicação maravilhosa de vídeo sobre o poeta João Cabral de Melo Neto, um documentário produzido pela editora Alfaguara para comemorar o relançamento da obra do poeta, com depoimentos de Luis Fernando Verissimo, Chico Buarque, Lázaro Ramos, Ferreira Gullar, Adriana Calcanhotto, Carlos Heitor Cony, Adélia Prado e outros.

Veja aí:



3 de dez. de 2009

Você pode desenhar a estrada do seu futuro



João é um importante empresário. Mora em um apartamento de cobertura, na zona nobre da cidade.
Enquanto isso, em bairro mais pobre de outra capital, vive Mário.
Num belo dia, João deu um longo beijo em sua amada e fez em silêncio a sua oração matinal de agradecimento a Deus pela sua vida, seu trabalho e suas realizações.
Após tomar café com a esposa e os filhos, João levou-os ao colégio e se dirigiu a uma de suas empresas.
Chegando lá, cumprimentou com um sorriso os funcionários, inclusive Dona Tereza, a faxineira.
Tinha ele inúmeros contratos para assinar, decisões a tomar, reuniões com vários departamentos da empresa, contatos com fornecedores e clientes, mas a primeira coisa que disse para sua secretária foi: “Calma, fazer uma coisa de cada vez, sem stress”.
Ao chegar a hora do almoço, ele foi para casa curtir a família. A tarde tomou conhecimento que o faturamento do mês superou os objetivos e mandou anunciar que todos os funcionários teriam gratificações salariais no mês seguinte.
Apesar da sua calma, ou talvez, por causa dela, conseguiu resolver tudo que estava agendado para aquele dia. Como já era sexta-feira, João foi ao supermercado, voltou para casa, saiu com a família para jantar e depois foi dar uma palestra para estudantes sobre motivação para vencer na vida.
Enquanto isso, em bairro mais pobre de outra capital, vive Mário. Como fazia em todas as sextas-feiras, Mário foi para o bar jogar sinuca e beber com amigos. Já chegou lá nervoso, pois estava desempregado.
Um amigo seu tinha lhe oferecido uma vaga em sua oficina como auxiliar de mecânico, mas ele recusou, alegando não gostar do tipo de trabalho.
Mário não tem filhos e está também sem uma companheira, pois sua terceira mulher partiu dias antes dizendo que estava cansada de ser espancada e de viver com um inútil. Ele estava morando de favor, num quarto imundo no porão de uma casa.
Naquele dia, Mário bebeu mais algumas, jogou, bebeu, jogou e bebeu até o dono do bar pedir para ele ir embora. Ele pediu para pendurar a sua conta, mas seu crédito havia acabado, então armou uma tremenda confusão… e o dono do bar o colocou para fora.
Sentado na calçada, Mário chorava pensando no que havia se tornado sua vida, quando seu único amigo, o mecânico, apareceu. Após levá-lo para casa e curado um pouco o porre, ele perguntou a Mário:
- “Diga-me por favor, o que fez com que você chegasse até o fundo do poço desta maneira?”
Mário então desabafou:
- A minha família… Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vida miserável.
Quando minha mãe morreu doente, por falta de condições, eu saí de casa, revoltado com a vida e com o mundo.
Tinha um irmão gêmeo chamado João, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo dessa mesma forma.
Enquanto isso, na outra capital, João terminava sua palestra para estudantes. Já estava se despedindo quando um aluno ergueu o braço e lhe fez a seguinte pergunta:
- “Diga-me por favor, o que fez com que o senhor chegasse até onde está hoje, um grande empresário e um grande ser humano?” João emocionado, respondeu:
- “A minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vida miserável”.
Quando minha mãe morreu, por falta de condições, eu saí de casa, decidido que não seria aquela vida que queria para mim e minha futura família.
Tinha um irmão gêmeo chamado Mário, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo dessa mesma forma.

Moral da história:
O que aconteceu com você até agora não é o que vai definir o seu futuro, e sim a maneira como você vai reagir a tudo que ocorreu. Sua vida pode ser diferente, não se lamente pelo passado, construa você mesmo o futuro.

Não importa o que aconteceu, mas sim como você reagirá em relação aos fatos.

Texto recebido via e-mail

2 de dez. de 2009

Aninha e suas pedras




Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.

Remove pedras e planta roseiras e faz doces. 
Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.


Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
E não entraves seu uso
aos que têm sede.


CORALINA, C. Vinténs de cobre: meias confissões de Aninha.  São Paulo: Global, 2001. 

Quero ignorado, e calmo





Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.


Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.


Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.


Fernando Pessoa

21 de nov. de 2009

O amor de Tumitinha era pouco e se acabou


Você também deve ter alguma palavra que aprendeu na infância, achava que tinha um certo significado e aquilo ficou impregnado na sua cabeça para sempre. Só anos depois veio a descobrir que a palavra não era bem aquela e nem significava aquilo. Um exemplo clássico é a frase (que eu já comentei aqui) HOJE É DOMINGO, PÉ DE CACHIMBO. Na verdade não é Pé de Cachimbo, mas sim PEDE (do verbo pedir) cachimbo. Ou seja, pede paz, tranquilidade, moleza, pede uma cervejinha. E a gente sempre a imaginar um pé de cachimbo no quintal, todo florido, com cachimbos pendurados, soltando fumaça. E, assim, existem várias palavras. Por exemplo:

Álibi - Quando eu era garoto, tarado por filmes de bandido e mocinho e gibis, semprei achei que ÁLIBI era o amigo do Mocinho. Claro, o Mocinho sempre tinha um Álibi e o bandido não. O Álibi, nos filmes, geralmente, era um velhinho. Mas resolvia.
(...) 
Margarida - Esta está na peça Apareceu a Margarida, do Roberto Athayde. A personagem (magistralmente interpretada por Marília Pera e dirigida por Aderbal Freire-Filho) achava que o Hino Nacional tinha sido feito para sacanear ela: "Do que a terra... Margarida"...

Nabudonosor - Eu sempre achei que o babilônico Nabuco fosse de um país chamado Nosor. Era Nabuco do Nosor. Achava que devia ser na África, perto do Quênia, por ali. Hoje já sei que Nabuco é um bar na Villaboim.

Sulfechando - Meu primo Hugo Prata um dia perguntou ao pai dele o que significava o verbo Sulfechar. O pai alegou que esse verbo não existia e teve que provar com dicionário e tudo. Como o garoto insistia em conjugar o verbo, o pai lhe perguntou onde ele tinha ouvido tal disparate. E ele disse e cantarolou aquela música do Tom Jobim: "são as águas de mar sulfechando o verão"...

Tumitinha - Todo mundo conhece a música Ciranda-Cirandinha. Uma amiga minha me confessou que durante anos e anos, entendia um verso completamente diferente. Quando a letra fala "o amor que tu me tinha era pouco e se acabou", ela achava que era "o amor de Tumitinha era pouco e se acabou". Tumitinha era um menino, coitado. Ficava com dó do Tumitinha toda vez que cantava a música, porque o amor dele tinha se acabado. E mais, achava que o Tumitinha era um japonesinho. Devia se chamar, na verdade, Tumita. Quando ela descobriu que o Tumitinha não existia, sofreu muito. Faz análise até hoje.

Virundum - O Henfil, só depois de grandinho foi que descobriu que o Hino Nacional na se chamava Virundum.

Fonte: http://www.marioprataonline.com.br/obra/cronicas/o_amor_de_tumitinha.htm

9 de nov. de 2009

A menina que falava internetês





A mãe gostava de acreditar-se moderna. Do figurino à linguagem, esforçava-se para estar sempre up-to-date com as últimas tendências da moda. Seus objetivos eram claros: criar uma imagem de mulher mais jovem e fazer bonito para os filhos, os reis da tecnologia doméstica, que dominavam tudo na casa, dos controles remotos dos aparelhos eletrônicos aos computadores e laptops. Foi o propósito de não perder o bonde da história que levou Wanda a comprar um computador pessoal, assinar um provedor de acesso e começar a navegar pela internet. Nada poderia detê-la rumo à modernidade!
Depois de alguns dias, navegando em seu trabalho, encontrou sua filha pré-adolescente on-line. Não resistiu à tentação e iniciou uma conversa através de um programa de mensagens instantâneas.
— Olá, filha, aqui é a sua mãe, navegando pela internet… Tudo bem com você, querida?
— blz.
— Como? Não entendi, filhinha. Seu teclado está com algum problema nas vogais?
— naum.
— Vejo que não é este o problema, já que você digitou duas vogais agora mesmo! Mas pode ser um defeito nas teclas de acentuação. Por favor, filha, teste o ‘til’.
— q tio?
— Não, não o tio, o til. O til é o irmão do papai, o tio Bruno. O til é aquele acento do não, do anão, da mamãe… Lembra quando a mamãe ensinou a você que o til parecia uma minhoquinha?
— nem
— Nem? Como assim, ‘nem’? Nem no sentido de conjunção coordenativa aditiva como ‘não lembro nem quero lembrar’? Ou seria ‘nem’ como conjunção coordenativa alternativa, como em ‘não me lembro e nem parece uma minhoquinha’?
— ;-(
— Que foi isso, filhota?
— naum quero + tc com vc
— Você… não quer mais tecer comigo?
— teclar
— Assim mamãe fica triste, lindinha. Eu só queria conversar, puxar algum assunto. Mas está difícil. Eu não entendo o que você escreve e você não se interessa pelo que eu digito. Realmente, meu bem, parece que não é possível estabelecer um diálogo com você. Tudo bem, se eu tiver incomodando, eu paro agora mesmo.
— ta
— Antes de ir pra casa eu vou passar no supermercado. O que você quer que eu compre para… para… para vc? É assim que se diz em internetês?
— refri e bisc8
— Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, francamente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no início de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar das sílabas? Isso é inadmissível, Maria Eugênia!
— Xau, mãe, c ta xata.
— Maria Eugênia! Chata é com ch!

— Maria Eugênia?

—Desligou. Bem, pelo menos a tecla til está em ordem.

(Rosana Hermann. In: CAMPOS, C. L. S.; SILVA, N. J. (orgs.) Lições de Gramática para quem gosta de Literatura. 1ª Ed. São Paulo: Panda Books, 2007, p.91-94.)

29 de out. de 2009

Me dá uma mão, ou me dá um mamão?

 
Cacofonia.

Já aconteceu com você de, ao ouvir determinada frase, percebeu que surgiu uma terceira palavra, dando duplo sentido, que não pertencia ao contexto e, por fim, se tornou desagradável aos seus ouvidos?

Isso é cacofonia. Define-se cacofonia sons desagradáveis, muitas vezes pela junção de duas palavras, que, ao pronunciadas, podem dar um tom pejorativo, engraçado ou obsceno.

Veja alguns exemplos comuns de cacofonias:

-Quero muito beijar a boca dela. (CADELA)
-Amo muito essa fada. (SAFADA)
-Me dá uma mão? (MAMÃO)
-Eu sei que amo ela. (MOELA)

Devo enfatizar aqui que a simplicidade e coerência são fatores decisivos para quem deseja um bom desempenho em provas de redação de vestibular e provas de instituições e órgãos governamentais. A cacofonia é, de longe, notada pela banca examinadora, devendo ser evitada tanto na linguagem escrita como na coloquial.

Pior ainda é a cacofonia que leva a termos deselegantes, que as pessoas educadas evitam.
Um exemplo disso está em um agradecimento por parte da apresentadora do programa "Superpop", Luciana Gimenez feito à mãe, a atriz Vera Gimenez:

"Mãe, queria agradecer por você ter me tido."

Desagradável, não acham?

Quando a cacofonia aparece em uma frase, ela pode, ou de fato, invalida todo o parágrafo, ou às vezes toda a redação. Não vai querer correr o risco de perder todo seu tempo, esforço e criativiade por causa da má colocação ou mau uso de apenas duas palavras, não é mesmo?

Fonte: http://crasesemcrise.blogspot.com

Ambiguidade


Esse é o slogan do conceituado dicionário Aurélio. Temos que confessar que lá no fundo achamos engraçado, porém, o uso do duplo sentido ou ambiguidade é uma via de mão dupla, que pode ter repercussão tanto negativa como positiva.


Hoje abordaremos esse tema: AMBIGUIDADE


A ambiguidade ou duplo sentido são geralmente provocados pela má organização de palavras numa frase.

Em campanhas publicitárias:
A seguradora Sinaf, maior empresa funerária do Rio de Janeiro, com 10% do mercado carioca, criou em 2003 uma tradição de humor negro publicitário com slogans de duplo sentido:
“Cremação:uma novidade quentinha da Sinaf.”
“Nossos clientes nunca voltaram para reclamar.”
“O melhor plano é viver. Mas vai que dá errado.”
“Sinaf, 25 anos. Incrível chegar onde chegamos perdendo um cliente atrás do outro.”

Nesse caso a leitura de duplo sentido pode ter um efeito proposital. Mesmo produzindo mensagens no limite entre a eficiência e o mau gosto, o objetivo da seguradora sem dúvida foi alcançado. O tema “morte” afugentava os interessados nos serviços da empresa, mas o tom inusitado dos anúncios subverteu a dificuldade das pessoas a lidarem com o tema.O sucesso da campanha aumentou a procura pelos serviços funerários e facilitou a abordagem dos vendedores da empresa.

Outro caso de sucesso em campanhas que utilizam o duplo sentido é o do Hortifruti, bem conhecido por nós. A campanha ‘Aqui a natureza é estrela’ ganhou o Brasil, com paródias que utilizam títulos de filmes.


Também é muito comum ver mensagens publicitárias que permitem dupla interpretação, mas que botam a perder todo um esforço comunicativo.
Um exemplo disso é a Parmalat, que lançou em 1998 uma campanha para promover seu café solúvel. A ideia da campanha era produzir uma clássica combinação do café-com-leite, materializando uma combinação visual, em que brancos e negros formavam casais.
Porém, foi criado um texto com involuntária invocação racista:

“Um café à altura do leite”.


A frase passa uma ideia de discriminação ética, que sugere a superioridade do leite, branco, sobre o café, que por metáfora, é o negro.

Na redação:

Numa redação a ambiguidade ou duplo sentido deve ser evitado, pois, como no mercado, corre-se o risco de invalidar todo o resultado final, nesse caso o parágrafo ou a redação.

Exemplos:
Marcos disse ao amigo que sua mãe tinha viajado. (de quem é a mãe?)
A mulher chegou à rua com cheiro desagradável. (o cheiro era da mulher ou da rua?)
O professor falou com o aluno parado na sala. (quem estava parado na sala?)


Em alguns casos, a ambiguidade se dissolve apenas com o uso da crase:

Ele cheira a gasolina. (aspira o combustível)
Ele cheira à gasolina. (cheira mal tal qual o combustível)

Nosso próximo post abordará o uso da crase, que ainda parece ser um bicho-papão para muitos.


Fonte: http://crasesemcrise.blogspot.com/
Revista Língua Portuguesa – Editora Segmento – Outubro 2009.

Crase sem crise


Em 2005, o Deputado João Nermann Neto propôs abolir esse acento do português do Brasil por meio do projeto de lei 5.154. Bombardeado, na ocasião, por linguistas e gramáticos, acabou por desistir do projeto. Ainda bem, na minha opinião. Na sua não? Tenho certeza que após ler essa matéria com carinho irá mudar seu conceito em relação à crase. Na verdade vai achá-la até bonitinha e agradável aos olhinhos e ouvidos.

Crase:

Se todos pensassem na crase como um simples acento para evitar ambiguidade ou simbolizar uma fusão nas frases, ela deixaria de ser encarada como um bicho-papão, como é encarada por muitos hoje.

Vale lembrar que "crase" não é o nome do acento, e sim da junção de a+a. O nome do acento é "grave".

No clássico "Decifrando a Crase" (Globo-2005), Celso Pedro Luft explica o uso do acento (`) no "a" em duas aplicações distintas:

1) Sinalizar uma fusão: "Ela compareceu à reunião de pais e mestres." (à = a a).

2) Evitar ambiguidade: "Ela falou à professora sobre o filho." (sem a crase a frase se torna ambígua)

Exemplos de casos em que a crase retira a dúvida de sentido numa frase lembrados por Luft:

Cheirar a gasolina. (aspirar o combustível)
Cheirar à gasolina. (cheirar tal qual o combustível)
O homem pinta a máquina. (usa tinta na máquina)
O homem pinta à máquina. (usa uma máquina para pintar)
Chegar a noite. (anoitecer)
Chegar à noite. (chegar durante a noite)

A crase em resumo:
1- Preposição a + artigo feminino definido a: "É fiel à disciplina."

2- Preposição a + pronome demonstrativo a (= aquela). "A dúvida dela é igual à de todos os outros."

3- Preposição a + vogal "a" inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo. "Ela atribuiu a culpa àqueles alunos."

A seguir, algumas dicas que facilitam a aplicação da crase:

- Troque pelo masculino:
Em caso de dúvida troca-se a palavra feminina por equivalente masculino: "Ela foi à reunião." x "Ela foi ao escritório." Nesse caso, como na troca se exigiu "ao", há crase.

- Troque por outra perposição ou artigo:
Quando o "a" puder ser substituído por "com a", "na", "para a", "pela", mesmo que a troca não construa uma frase perfeita, aplica-se a crase:

"Ela foi à escola." Substituia por "Ela foi para a escola." , portanto aplica-se crase.

"Acostumou-se às exigências." Substitua por "Acostumou-se com as exigências.", portanto aplica-se crase.

- Àquele, àquilo:
Quando exigir a preposição "a" antes de "aquele" ou "aquilo", mesmo com termos masculinos:
"Foi assistir àquela reunião." "Foi aplaudir àquele aluno."

- Com casa:
Quando "casa" está acompanhada de adjetivo ou pronome, aplica-se crase: "Ele fugiu e depois voltou à casa dos pais."

Quando "casa" não está acompanhada de adjetivo ou pronome, não há acentuação: "Ele fugiu e depois voltou a casa."

- Com terra:
Genericamente não se usa crase acompanhada da palavra "terra", em oposição a "mar" ou "bordo": "Os piratas vieram a terra."

Há crase, no entanto, se a "terra" estiver qualificada, ou determinada: "Os piratas vieram à terra dos índios."

- Com lugares:
Veja se o nome do lugar exige crase de um modo simples:

Volto da Amazônia, portanto, "Vou à Amazônia." Na troca, quando se utliliza "da" se usa a crase.
Volto de Santa Catarina, poranto, "Vou a Santa Catarina." Na troca, quando utiliza-se o "de" não se usa a crase.
O mesmo se dá quando, na troca utiliza-se "para" ou "para a".

"Vou para a França", portanto, "Vou à França" com crase. "Vou para Roma", portanto, "Vou a Roma", sem crase.


- Com hora determindada:
"Cheguei às duas horas."
"Comeremos às oito horas."


- Com vista:
"Compras à vista, em dinheiro." Leva acento por tradição, ao contrário de "a prazo", que não leva acento. "Foi pago a prazo."

Ok, concordo que exige certa paciência e algum esforço para lembrar tais regrinhas, mas achei importante dividir essa matéria com vocês principalmente pelo fato da crase trazer tantas dúvidas, mas concordam que não é um bicho papão?


Sem crises...




Fonte: http://crasesemcrise.blogspot.com/
Revista Língua Portuguesa - Outubro 2009 - Editora Segmento. Por Luis Costa Pereira Júnior e colaboração de Josué Machado.
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