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24 de fev. de 2010

Para a galerinha do 1º Ano

Olá, pessoal!

Tardei a aparecer para deixar o post que prometi. Mas tardar não é faltar e venho cumprir a promessa.

Bem, conforme conversamos em sala, a nossa "prova" (eta, nome incoerente!) será sobre o pouco que vimos até então quanto ao que é Literatura.

Você precisa se lembrar que não há um conceito unívoco, mas que a Literatura pode ser entendida como a arte da palavra, pois o artista ao "trabalhar" os possíveis sentidos de um termo, cria significados simbólicos, os quais ultrapassam o sentido objetivo, reconhecido como verdade absoluta, a concepção dicionarizada.

Ai, você pode dizer: "Dani, continuo sem entender..."
Vamos ao texto então:

Explicação de poesia sem ninguém pedir

Um trem de ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.
Adélia Prado

No poema, o significado de trem de ferro vai além da descrição funcional (coisa mecânica): ele representa as chegadas e partidas, traz ou leva pessoas de quem gostamos e, assim, "atravessa" a vida das pessoas, transforma-se em sentimento.

Fica tudo bem claro para você, aluno esperto, que prestou atenção nas palavras do poeta Manoel de Barros lidas em sala:

O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a
imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta que o
rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que
fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.

A literatura cria as condições para que também nós, leitores, olhemos de modo inovador para o mundo e, ao fazer isso, reconheçamos uma beleza que, à primeira vista, não parecia estar ali.

Além disso, a literatura exerce alguns papéis importantes na sociedade, como: ajudar o homem a sonhar, descansando-o dos problemas cotidianos; provocar reflexão sobre a realidade (já que sozinha não consegue mudar o mundo), instigando o homem a mudar de comportamento; denunciar a realidade, ensinando-nos a construir uma vida melhor, isso sem falar no prazer que o hábito de ler proporciona a quem o possui.

Aqui, vale fazer uma pausa para falar dos gêneros literários. 
Gênero é a denominação que damos ao conjunto de obras que possuem características semelhantes de forma e conteúdo.
Em sala falamos sobre a definição clássica, cunhada pelo filósofo grego Aristóteles, a qual pressupõe três gêneros:
O Épico: são aquelas narrativas que contam os feitos extraordinários de um herói. Segundo Aristóteles, é a palavra contada, ou seja, é o bom e velho "contar histórias".
É importante guardar na memória que esse gênero evoluiu, adquiriu outras formas. Hoje temos como uma vertente do gênero épico, o GÊNERO NARRATIVO. Assim, os romances, contos,  novelas e crônica são parentes dos textos épicos, pois também se prestam a narrar uma história ficcional. Uma diferença importante reside no fato de que o herói dessas novas narrativas são pessoas comuns, e não mais seres predestinados por deuses para salvar o seu povo. Modernamente, o herói é uma pessoal "normal", o que o define como personagem destaque é a força de seu caráter.

O Lírico: gênero ligado à expressão do mundo interior, ou seja, fala de sentimentos, emoções e estados de espírito (não é só amor não, hein!). A palavra cantada, conforme a definição aristotélica.

Pegue aí o texto da Florbela Espanca (Fanatismo - este poema foi gravado pelo cantor Raimundo Fagner!), aquele que está na nossa folha de exercícios:

Nos  dois primeiros quartetos, o eu lírico (uma mulher) revela a força do amor que sente: seus olhos enxergam apenas o amado (por isso "andam cegos"), que se transformou na sua própria vida, o sentimento que toma conta de seu ser.

No dois últimos tercetos, ao ouvir a opinião de outras pessoas sobre a transitoriedade do amor ("tudo no mundo é frágil, tudo passa"), o eu lírico responde que o ser amado passou a ser seu "princípio" e seu "fim".

Após da análise do poema, de observar essa dedicação cega, absoluta fica fácil entender porque seu título é Fanatismo, não é mesmo?!!!

O Dramático: são os personagens "em ação". É o texto sendo dramatizado, encenado. Exemplo claro é o teatro que conhecemos hoje, o qual possui o seu germe na Antiguidade Clássica. Com mais tempo conto a história desse gênero, ok?!


Mas, enfim, o que torna um texto literário?
A linguagem e o uso que se faz dela são as chaves: em um texto literário temos uma dimensão estética, plurissignificativa, que possibilita a criação de novas relações de sentido, com predomínio da função poética da linguagem. No texto não-literário, a preocupação é com a  informação mais objetiva, real, científica, dicionarizada.


Pessoal, boa prova!
Procurem interpretar bem tudo o que aparecer para ser lido. 
Não se precipite: Literatura é para aqueles que contemplam as palavras, sem pressa, sem medo e com amor!

Beijos!

Ps.: Beijo especial para o Marcelo do 1ºB: ele foi super educado hoje pedindo para entrar e uns "sem-noção" ficaram de piadinha (eta, povo!). É isso aí, Marcelo! Adorei!
Outro beijo para o Filipe do 1ºA e um pedido público de desculpas pela resposta pouco gentil que dei a ele ontem. Perdão, querido! Você é um tesouro e ninguém tem o direito de tratá-lo de qualquer modo, sem dar a devida atenção que você merece!
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