17 de nov. de 2017

Doce Novembro

Chegue com doçura, Novembro
e anuncie algo vindo do futuro.
Novo tempos, felicidade em garrafadas.

Abomina este teu cheiro pagão de morte.
Jogue perfume e descanso neste cansaço íntimo de mim. 

Venha, Novembro!
Encha-me de lirismo
Mostra-me a face nova do amor.

Diga-me que Dezembro fará da
nova vida doce de ser feliz,
sol de dormir tarde, canção para
bailar, música de esquecer o medo.

Que em ti, Novembro, os sonhos amanheçam
reais e a tristeza seja deixada na solidão
de um qualquer cais.

4 de nov. de 2017

Tema: Desafios na doação de órgão no Brasil


Descanso ao “operário das ruínas
Por Daniele Ribeiro
O momento da morte é marcado pela dor. Em face do fim, os homens, comumente, refletem quanto ao sentido do ser e sobre como fazer da continuidade da existência um tempo valoroso. É por esse motivo que a doação de órgãos poderia ser o instante de oferecer vida àqueles que estão nas longas filas de espera por transplantes. A irreversibilidade da morte encefálica, tão comum, dado os elevados índices de óbitos no cotidiano do Brasil, não se converte em doações devido, especialmente, à negativa familiar e à, ainda, ineficiente gestão de saúde para que o processo seja rápido e de sucesso.
Verme – “operário das ruínas”. É com essa definição que o poeta incluso no rol dos pré-modernistas, Augusto dos Anjos, define o que estará em ação após a morte. No entanto, essa realidade pode ser amenizada já que alguns órgãos podem continuar a viver em outras pessoas. Contudo, o luto associado à falta de informação e mitos – quanto ao tráfico de órgãos e também a fé religiosa – impedem que as famílias façam a opção por doar. A ausência de altruísmo e a postura individualista da sociedade atual, características preditas por Bauman, definem, muitas vezes, a negativa, uma vez que a dor do momento, potencializada pela parca informação sobre a realidade das tristes filas de espera por uma esperança de vida, não dão espaço para que os corpos daqueles que faleceram cerebralmente  tenham um destino diferente da ação do “operário” descrito pelo “poeta do mau gosto”.
Além disso, mesmo sendo o Brasil reconhecido pelo sucesso nos transplantes que realiza, o país desperdiça parte dos órgãos que poderiam ser transplantados. Uma vez diagnosticada a morte encefálica, o que deve ser feito por um médico neurologista – profissional nem sempre presente, pelo menos de modo constante, nos hospitais públicos brasileiros -, o processo deve ser rápido e atendendo à vasta extensão territorial do país. Assim, as unidades hospitalares precisam ser ágeis na comunicação à Central de Captação de Órgãos, o que nem sempre acontece. Além disso, o corpo morto deve ser mantido em leitos, sob condições adequadas para que o transplante ocorra, atenção que, em um sistema público superlotado, nem sempre é prioridade, uma vez que esses leitos acabam sendo destinados a quem clinicamente tem condições de viver. Todos esses fatores frustram a esperança de que o corpo morto seja mais que “carne dada aos vermes” e formam um embaraço à vida de quem almeja um órgão.
“Não é da morte que temos medo, mas de pensar nela.” A constatação de Sêneca, filósofo romano, ajuda a ilustrar o quanto a falta de diálogo – social e familiar – colabora para a perpetuação do não aproveitamento dos órgãos no Brasil. Essa realidade pode ser atenuada por meio de propagandas constantes nos grandes canais de mídia sobre o assunto. Ademais, quanto ao aspecto técnico e estrutural, cabe ao Ministério da Saúde destinar verbas para a contratação de mais profissionais neurologistas para realizar, sem adiamentos ou demoras, a constatação precisa da “causa-mortis”. À tal Ministério, associado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, compete desenvolver um sistema integrado e ágil de modo a possibilitar comunicação e procedimentos mais velozes. As informações quanto a isso devem ser de conhecimento público, acessíveis em portais eletrônicos, a fim de que a população acompanhe o comprometimento das equipes de saúde, denuncie negligências e possa conhecer o destino dos órgãos doados, já que a aproximação entre as famílias também é um fator relevante para suscitar maior solidariedade entre os brasileiros.

Redação: "O problema do feminicídio na sociedade"

   A violência contra a mulher tem atingido índices alarmantes. O ápice das situações ocorre com a morte das vítimas, fato que acontece, na maior parte das vezes, após uma série de outras atitudes de amedrontamentos, humilhações e agressões. A permanência da cultura machista e a baixa eficácia dos aparatos legais têm feito do feminicídio um problema que ameaça não somente o público feminino, mas a harmonia geral da sociedade.
             A herança patriarcal de domínio e submissão do feminino à supremacia do homem tem sido fator motivador da violência física e psicológica contra mulheres. Muitas são aquelas que, no âmbito doméstico, são alcançadas pela morte como o último grau de uma escala de violências contínuas praticadas por parceiros. Na maior parte das vezes, o fim de um enlace de afeto impulsiona o feminicídio. O sentimento de perda, a não aceitação de um rompimento amoroso e o ciúme são fatores que impulsionam a violência extremada na morte. O homem, tendo a mulher como objeto de domínio, feito para o seu prazer, conforme alimentado pela cultura machista, não reconhece que as companheiras tenham a liberdade de escolha e de direito a rechaçá-lo. A desproporção de forças, o silenciamento diante de agressões frequentes e a sensação de desproteção levam ao trágico, mas não raro, fim de cessamento da vida.
                Além disso, há falhas por parte do Estado em proteger o feminino. A Lei Maria da Penha, de 2006, existe com a intenção de coibir e penalizar qualquer tipo de ato que vitimize as mulheres. No entanto, a aplicação da lei se mostra ainda falha. Inúmeras são as vítimas que, após acionarem a proteção policial, não contam com a vigilância e proteção constante. Diversos são os casos em que elas morrem sob a tutela de uma “medida protetiva”, que, paradoxalmente, não as livra do assassinato. Ademais, a ausência de denúncias, o medo, a dependência financeira e ou sentimental fazem com que as notificações ainda sejam poucas frente à realidade escondida no interior dos lares. Assim, os percentuais de violência permanecem elevados e leis, como a do feminicídio, de 2015, buscam minimizar brechas e  garantir punição aos que maltratam e matam as mulheres brasileiras, mas esbarram em questões culturais e comportamentais que precisam ser mudadas.
           Diante desse cenário, é importante que medidas sejam tomadas a fim de atenuar o problema na sociedade. A educação que, conforme Immanuel Kant, é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo, é a principal via para conscientizar quanto aos perigos da ideia de dominação de um gênero sobre outro. O incentivo à denúncia e a proteção efetiva às vítimas deve ser uma das prioridades das Defensorias de Atendimento à Mulher. Acompanhamento psicológico e amparo social também são necessários para as vítimas de violência e seus filhos. Ações como essas e o enfrentamento do patriarcalismo destrutivo podem ajudar a tornar a sociedade mais harmônica, democrática e menos amedrontadora às mulheres de hoje e de amanhã.

Redação “O combate ao consumo de entorpecentes no Brasil”

REDAÇÃO DISSERTATIVA (NÃO NECESSARIAMENTE MODELO ENEM, POIS PARA TAL SERIA NECESSÁRIO INCLUIR CITAÇÕES E UM DETALHAMENTO ÚNICO DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO).

                   O uso de entorpecentes no Brasil é um problema que, apesar de antigo, tem repercussões no agora e compromete o futuro, especialmente, dos jovens do país. O aumento no número de usuários revela que as estratégias de traficantes têm sido mais eficazes que a ação policial de repressão violenta à comercialização das drogas. Diante disso, a busca por programas de prevenção ao consumo, com o forte envolvimento da família e da sociedade, e  práticas políticas e policiais que busquem a real recuperação daquele que fez uso de entorpecentes e a reinserção social dele são essenciais para enfraquecer as teias da dependência.
                     Quando se trata de vícios, o melhor é evitá-los. A problemática relacionada ao uso de entorpecentes também passa por esse pressuposto, uma vez que manter jovens e adultos distantes do forte domínio das drogas, especialmente as ilícitas, por meio do diálogo familiar, da assistência da comunidade e de programas sociais que promovam melhores oportunidades podem ser os caminhos mais eficientes. As notícias rotineiramente difundidas sobre a guerra entre traficantes e forças policiais seriam desarticuladas se menos pessoas buscarem refúgio, psicológico ou social, no consumo das drogas, abalando o mercado do tráfico.
                     Ademais, a ideia difundida pela mídia quanto ao pobre ser o pivô e o maior consumidor de substâncias tóxicas acoberta os cartéis e organizações criminosas que espalham o vício. O governo e a polícia ainda falham por permiter que esta trabalhe sem os recursos necessários para enfrentar a articulação dos aliciadores, já que o investimento em armamento e preparo policial é parco por parte do Estado. Tal cenário é propício para que os megatraficantes expandam seu mercado consumidor. Pensando nisso, não só combater o tráfico, mas também dar oportunidades para que os viciados se recuperem e sejam reinseridos, diminuindo os índices de reincidência, é uma importante ação para atenuar o problema.
                     Portanto, para que o combate ao uso de entorpecentes alcance êxito família, sociedade e governo devem se comprometer. Programas comunitários que promovam encontros envolvendo familiares, profissionais de saúde e policiais podem auxiliar para que os mais jovens conheçam os riscos das drogas. Políticas públicas que disseminem propagandas de desestímulo às drogas lícitas, como álcool e cigarro, também podem ser úteis, já que estas, em muitos casos, funcionam como via de encorajamento a outros usos ilícitos. Garantir trabalho, educação e chances reais aos mais pobres, inclusive àqueles que estão em fase de reinserção social, mantêm-nos distantes do problema. Além disso, é muito importante investimento governamental em preparo policial para barrar não só a ação do traficante da “boca de fumo”, mas também da apreensão dos verdadeiros mandantes dos crimes. Medidas como essas poderão ajudar a dirimir o efeito devastador que os tóxicos produzem, especialmente nos mais jovens.
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