29 de abr. de 2010

Ainda quero voar



















Quis deixar no papel a cortina de azul costurada com palavras cardíacas
e desenho de balões inventados. 
Esse ar se irmana ao meu anseio de ir além, de subir alto, sem esquecer-me da condição de humana limitada,  do cinza que me rodeia e da cor vibrante que mora dentro. 

Dentro. É lá que tenho guardado meu coração, esse mar de vontades, caprichos e exigências. Aproveito o instante para queixar-me dele: queria um coração duro, forte, não-iludível, matemático talvez. 

Pra quê preciso de tantos sonhos, tantas luas, tantas histórias que conto todos os dias antes da chegada do sono?

Parar de querer, deixar de saber é perder a essência de correr atrás de mim? 
E depois de encontrado o delírio do real, será momento de fazer o quê? Ai, não sei! 

Continuo olhando os balões... Ainda quero voar! 
Minha condição de mulher, de dona do vestido encorpado,
da meia-arrastão, rompendo a pura delicadeza, é mais que o tentar fugir. 

O meu mundo permanece e está aí, impresso em mim, no balé dos meus planos e no sorriso feito para esquecer o medo. 

26 de abr. de 2010

Oficina da Comunicação: Entrevista de emprego

Prometi aos alunos da turma A, do curso Técnico em Informática, que deixaria os vídeos aqui no blog para que vejam as dicas do Max Gehringer sobre entrevista de emprego. Assistam comparando o conteúdo com o que discutimos hoje em sala. Após analisarem, vocês verão que a nossa discussão foi bem pertinente e proveitosa.

Apreciem sem moderação!

Até a próxima aula!




O vídeo a seguir é um complemento do anterior. Vale a pena ver também!

De olho no vestibular: Sermões de Pe. Antônio Vieira

Pessoal, conforme falei em sala, as obras Sermão de Santo Antônio (aos peixes) e Sermão do Bom Ladrão encontram-se disponíveis para download. Basta clicar no link e baixar. Ok?!!!

Sermão de Santo Antônio:
Clique aqui para baixar

Sermão do Bom Ladrão:
Clique aqui para baixar 


Boa leitura!

24 de abr. de 2010

Republicação: Movimento BARROCO

Esse vídeo remete a MUITAS coisas do estilo de época que o Barroco é: a representação do ser humano como algo impotente em relação ao mundo (ele é uma criança, um bebê), e que, submetido às intenções divinas (a asa de anjo que vem do alto), passa por uma fragmentação na sua própria identidade (mente - espírito - e corpo se separam, sendo o destino deste sofrer). Com essa fragmentação, o corpo é jogado ao inferno (e lá o movimento dos corpos sem cabeça praticando sexo mostram a associação que se faz entre sexo e pecado) e a cabeça - símbolo do espírito e da mente - é alçada ao céu, onde se cristaliza, torna-se eterna. Perceba, também, que nesta eternidade, a expressão dos anjinhos que se formam no céu é infeliz, sofrida, retorcida. Essa infelicidade é marcante no Barroco, visto que em sua visão de mundo o destino do homem é o sofrimento, sofrimento que vem de sua condição frágil e passageira na Terra. Ao contrário do Classicismo, movimento anterior, o Barroco é teocêntrico. Ele não acredita mais no poder humano de dirigir a própria vida, mas sim no fato de o ser humano estar submisso a uma entidade maior, que o controla por completo: Deus.
Esse modo de ver o mundo, profundamente pessimista, não é só fruto da revisão que o Barroco faz dos princípios do Classicismo. Ele também se coordena com o momento histórico que se vive na Europa e no Brasil. O Barroco coincide com o acirramento da Contra-Reforma em todos os países de maioria católica (Espanha e Portugal, principalmente, e também a Itália). Esse acirramento promoveu um sentimento de histeria coletiva profunda. Havia um policiamento ideológico e cultural tão fortes que as pessoas o tempo todo se policiavam para não cometerem atos que pudessem levar a uma denúncia ao Tribunal do Santo Ofício (conhecido também como Santa Inquisição). Era um período em que tudo o que se falasse e fizesse, em público ou na vida privada poderia ser usado contra as pessoas no tribunal. E até levar à condenção à morte.
Esse pessimismo, essa infelicidade, esse policiamento religioso vão resultar, na arte, numa fascinação pelo grotesco, característica que chamamos de feísmo. É uma característica do vídeo também: ver aquela degolação do bebê e o corpo cair, sem cabeça, engolido pela terra e, por fim, pilhas de corpos sem cabeça praticando sexo é uma coisa muito bizarra. Outra consequência é a angústia diante da vida, da inconstância das coisas que nos cercam, da inconstância do próprio homem, que está destinado a morrer. E, por fim, mais uma, que se nota particularmente no plano da linguagem, é a tensão das coisas do mundo em planos opostos.
Como assim? É o seguinte. O homem barroco, como qualquer outro, quer ser feliz. Não pense nele como um emo deprimido que adora chorar. Não, ele quer aproveitar o corpo, os prazeres mundanos, acreditar no poder do homem. Mas por uma questão religiosa, ele tem uma noção de que esses elementos são falsos. O corpo e os prazeres que ele pode dar são passageiros e levarão à perdição da alma, porque estão ligados ao pecado. Para salvar-se, o homem precisa valorizar o que está ligado à vida eterna, ao espírito. Então ele tenta conciliar estas duas dimensões, corpo e espírito, e aquilo que estará associado a elas: efêmero e eterno, pecado e salvação, inferno e paraíso. Tenta, mas não consegue resolver isso de forma satisfatória. Ou ele se resolve pela salvação (abandonando a realidade do corpo), ou demonstra sua insatisfação pelo fato de as coisas serem instáveis.
Por isso, no plano da linguagem, o movimento Barroco vai usar (e abusar) do uso da antítese, do paradoxo e de uma outra figura de linguagem: o hipérbato. Já que a existência dele é polarizada em coisas opostas, ele vai demonstrar isso através da oposição de idéias (antítese) e da criação de uma realidade contraditória e ilógica, em que as coisas opostas convivem ao mesmo tempo no mesmo ser (paradoxo). Assim ele assinala os conflitos da existência humana no plano da linguagem. E para mostar como é difícil para ele entender e organizar as impressões que ele tem deste mundo que o cerca, tão contraditório a si mesmo, ele usa o hipérbato, que consiste na inversão dos termos que formam uma oração.
Não entendeu o hipérbato? Lembre do Hino Nacional. Tente cantar os primeiros versos em ordem direta: "As margens plácidas do Ipiranga ouviram / O brado retumbante de um povo heróico". Sem ritmo, não é? É, é que além de demonstrar essa dificuldade de organização do mundo ao redor (esse é um uso particular do movimento Barroco) a inversão, ou hipérbato, auxiliam a manter o ritmo e a musicalidade de um texto, garantindo sua métrica e sua rima, por exemplo.

http://literarizando.blogspot.com/2008/05/barroco-pessimismo-e-religiosidade.html

17 de abr. de 2010

Livros PAES 2010 - UNIMONTES

No último sábado, 10/04, a Unimontes divulgou a lista dos livros indicados para o vestibular deste ano. Eis aí a lista:

1ª ETAPA:
Sermões Escolhidos, de Padre Antônio Vieira (Sermão de Santo Antônio e Sermão do Bom Ladrão);
Poemas Escolhidos, de Cláudio Manoel da Costa;
Romances de Cordel; de Ferreira Gullar;
O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna.

2ª ETAPA:
Melhores Poemas, de Gonçalves Dias; 
Casa Velha, de Machado de Assis;
Crônicas Selecionadas, de Machado de Assis;
Dias e Dias, de Ana Miranda.

3ª ETAPA:
Solombra, de Cecília Meireles;
Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues;
Mar Morto, de Jorge Amado;
Dois Irmãos, de Milton Hatoum;
Parangolivro, de Aroldo Pereira

15 de abr. de 2010

Palavras, Palavras, Palavras Mário Prata

Crônica ótima do Mário Prata. Vale a pena ler!

A frase que dá título a esta crônica é do Shakespeare. Word, word, word, já dizia Hamlet meio século atrás, lá na Dinamarca, onde havia algo de podre.
E começo com as palavras dele esta bobagera, ao receber da Editora Objetiva o dicionário do Houaiss. Onde, aliás, não existe o verbete Aurélio. Mas tem 63 mil palavras a mais do que o supracitado Aurélio.
Sei que o Verissimo já tergiversou aqui no sábado sobre o calhamaço. E fê-lo (me desculpe!) muito bem.
Adoro dicionário. Adoro as palavras. Trabalho com eles, vivo delas. Procuro palavras exatas para a hora certa. Bisbilhoto dicionários. São meu ganha-pão (esta palavra, por exemplo, está nos dois dicionários).
Minha paixão pelos dicionários começou quando descobri - com uns 8 anos - que lá tinha palavrão. Todos. Aquilo, na minha turma da Rua Oswaldo Cruz, lá em Lins, foi uma loucura. Nossa vida nunca mais seria a mesma. Estavam todos lá. E mais, com sinônimos. Centenas, milhares de palavrões. Com a explicaçãozinha e tudo. Pornografia pura e impressa. Um masturbatório deleite.
E gosto também de inventar palavras. Já inventei três. Mas os dicionaristas ainda não as incluíram no corriqueiro da língua pátria.
A primeira, foi em 1982: homoternurismo. Eu precisava explicar a relação entre dois homens na minha peça Besame Mucho. Era uma relação de amor, mas sem sexo. Essas amizades que duram para a vida toda. Que vem lá da infância. Tem gente que acha que isso é coisa de veado, mas não é não. Tenho várias relações de homoternurismo pelo mundo afora.
Depois, ao sentir que estava chegando a velhice, inventei a palavra envelhescência para me justificar. Ou seja, entre a maturidade e a velhice, existe a envelhescência. É onde me encontro agora, entre os 50 e os 70. Esta palavra pegou bem na boca dos psicanalistas. Outro dia vi um deles a usando na televisão com a maior naturalidade, sem dar a fonte. Claro que ele era um envelhescente. O envelhescente é muito parecido com o adolescente. Mas isso é outra crônica e deixa pra lá. Está no meu último livro Minhas Tudo.
A terceira palavra eu ainda não inventei, para falar a verdade. Mas vou inventar. É que, daqui a cinco anos, se eu ainda não tiver inventado uma palavra nova, vou me tornar em sexagenário. Sexagenário, não! Posso ser tudo, mas esta palavra, não! É horrorosa. Fulano é um sexagenário!, é um xingamento. Não sei por que, mas me lembra broxa, um cara que não tem mais sexo. Um fim de linha, mesmo.
Tenho pensando numa nova palavra. Para começar a usar agora e quando eu chegar lá, ela já estar bem difundida. Sessentinha, pensei. Mas não soa bem. É um pouco gay, também. Sessentão é muito machista, dirão as meninas.
A nova palavra tem de ter um charme, um quê, um buquê. O Jabor, por exemplo, fez 60 anos outro dia. Ele é tudo, menos um sexagenário. Você olha para a cara do Jabor e vê, percebe, sente que ele não é um sexagenário. Um homem como ele, bonito, inteligente, alto daquele jeito, com aquela mulher ao lado, não pode ser um sexagenário. Na minha cabeça, sexagenário é baixinho, barrigudinho e encurvado. E tem mau hálito. E o Jabor perfuma o lugar onde entra. Definitivamente meus amigos com 60 (o Tenório de Oliveira Lima é outro) não são sexagenários. Amigo meu, jamais! E muito menos eu! No ano que vem, olhe bem na cara do Caetano Veloso. Duvido que você o chame de sexagenário. Aquilo é, no máximo, um quarentão bem esticado.
Já septuagenário e octogenário eu gosto. São palavras adultas, fortes, masculinas e sonoras. Se eu chegar lá, vou me orgulhar. Mario Prata, octogenário da silva. Beleza.
Mas sexagenário a minha geração não assume. Vamos todos, colegas, numa frente ampla, procurar uma palavra mais nossa, menos velha. Quem sabe um dia o Aurélio e o Houaiss não tirem essa bobagem do dicionário deles.
Pensei agora em sexenvelhescente. Não, uma bobagem. Parece fim de linha também. Me ajude aí. Me mande uma colaboração. Mas mande logo, antes que eu chegue lá.

Jô Soares define "professor"

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia".
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um "Adesivo".
Precisa faltar, é um "turista".
Conversa com os outros professores, está "malhando" nos alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não se sabe impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é retido, é perseguição.
O aluno é aprovado, deitou "água-benta".
É! O professor está sempre errado, mas
se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele.


Verdade incontestável: nós, professores, fomos transformados em bode expiatório da incompetência política, da vaidade acadêmica, da irresponsabilidade dos pais, da falta de envolvimento dos alunos e da ideologia dos românticos.
Somos uma saída fácil para uma situação complexa.
Pense nisso!

Fonte: tiredeletras.blogspot.com

7 de abr. de 2010

Ouvir Estrelas, Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" 
E eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muitas vezes desperto e
abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto a
via-láctea, como um pálio aberto, cintila. 
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
que conversas com elas? que sentido 
tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
pois só quem ama pode ter ouvido
capaz de ouvir e de entender estrelas."

6 de abr. de 2010

Confissão

Esperando pela morte
como um gato
que vai pular 
na cama

sinto muita pena de
minha mulher
ela vai ver este
corpo 
rijo e
branco

vai sacudi-lo e
talvez
sacudi-lo de novo:

"Henry!"

e Henry não vai
responder.

não é minha morte que me preocupa
é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa 
nenhuma.

no entanto,
eu quero que ela 
saiba
que dormir 
todas as noites 
a seu lado

e mesmo as 
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas

e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora
ser ditas:

EU TE AMO.

(Charles Bukowski - tradução de Jorge Wanderley)

Sou pote. A poesia é água

 A poesia não é uma expressão do ser do poeta. 
É uma expressão do não-ser do poeta. 
O que escrevo não é o que tenho; 
é o que me falta. 
Escrevo porque tenho sede e 
não tenho água. 
Sou pote. A poesia é água. 

Rubem Alves

5 de abr. de 2010

Clarice em minha janela


         Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
        Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
        - E daí? Eu adoro voar!
       Não me deem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.

Clarice Lispector

Conselho do dia de sempre

 














Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
 

Fernando Pessoa

Na ponta da Língua: há anos/a anos/ à custa de

 

















HÁ ANOS/ A ANOS

É bom lembrar: na indicação de tempo, emprega-se para indicar tempo passado (equivale a "faz").

dois anos que ele não aparece.
Ela chegou da Europa um ano.

Utiliza-se o a para indicar tempo futuro.

Daqui a dois meses ele aparecerá.
Ela voltará daqui a um ano.

À CUSTA DE

Nessa expressão a palavra custa, assim como o artigo que a precede, deve sempre está no singular.

O filho vivia à custa do pai.

Custas, no plural, só é empregada na linguagem jurídica para designar as despesas feitas em um processo.


Simples assim!

4 de abr. de 2010

Tradução pictórica, Daniele Ribeiro




















Ainda não sei exatamente como,
mas me reconheço nas sapatilhas, 
sinto a presença dos meus cachos do outro lado, 
dos olhos pequenos sonhando preguiças, 
do sorriso largo e tradutor de minh'alma. 
Coisa estranha! Nem retratos nem aromas, 
somente lembranças de mim...

"-É melhor ter calma. Não é nada disso!"

Coisa pros céticos.
Inofensivo lirismo perseguindo-me pelas manhãs, 
tirando meu sono nas noites, arrastado-me pela sala, 
cochichando ao ouvido palavras de meu ser, 
desejos remendados, laços do querer.

Platonismo, Daniele Ribeiro

 














Eu o vi. Longe de mim estava.
À distância aprendi a medir
traços, calcular acertos,
sonhar futuros.

Quem o ensinou mirar sem ver,
não desejar e levar a querer?
Mas, por mil sortes, seu olhar 
me encontrou: ai, dia de festa em mim!

Aproximei sorrindo sóis.
Julgava saber conquistar.
Sabia. O tempo desgastou a prática.
Transformou em amador o amante.
 
Fim de linha:  imaginação e romance.
Par com asas, borboleta de existência curta:
no espaço dos dias perdi o amor
que jurei, enfim, ser infinito e doçura.

2 de abr. de 2010

Porque se chamavam homens...



















Porque se chamavam homens também se chamavam sonhos e sonhos não envelhecem. Milton Nascimento

Fingimentos Meus, Daniele Ribeiro






















Eu daqui com tanta coisa pra dizer
outras muitas a esquecer de lembrar.
Inadiável é esta vida e meus pedaços
que fingem ser um só corpo e resistir.

Lá fora há uma festa gigante esperando

que eu dance a dança gasosa do ar
para divertir o trapézio dos mortais
e alegrar o coração dos deuses.

Mas aqui, no silêncio amigo do meu quarto,
desejo não ir, não me entregar.

Feitura de resistência.
Resistir é senha de achamento, segredo compartilhável.
Adianto: nunca fui boa nisso, não me ensinaram dizer não.

"-É tudo mentira! É tudo mentira!"
Grito sem voz despertando os surdos.
"-Surdez é estado de espírito", digo ao pé do ouvido
dos que não me ouvem, apesar de enxergarem.
 
Fingir: minha maneira de dizer-viver.
Finjo como Pessoa
Fingindo percebo maldades minhas
e do mundo que gira esperanças e (poucas) verdades.
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