Terceira Fase Modernista ou
Pós-Modernismo (1945-1960)
O regionalismo, uma
das mais férteis correntes de nossa literatura, voltou à tona na terceira fase
modernista. Trata-se, porém de um regionalismo de outra natureza. Primeiro,
pela violenta experimentação a que o narrador submete a linguagem, não só
incorporando termos regionais, como criando novas palavras e empregando uma
sintaxe inusitada. Segundo, porque a personagem regional – representada pelo
jagunço – ultrapassa a problemática decorrente do seu espaço físico ou social,
e passa a refletir sobre questões de natureza filosófica, questões eternas do
homem e independentes de tempo e lugar.
Contexto
Histórico:
1945-1960:
1945-
Término da Segunda Guerra Mundial; 1945 – Deposição de Getúlio Vargas; 1946 –
Início do processo de redemocratização do Brasil; 1955 – Eleição de Juscelino
Kubitschek; 1960 – Inauguração de Brasília.
Características
literárias da terceira geração modernista brasileira
- Retrocesso em
relação às conquistas de 1922.
- Volta ao passado:
revalorização da rima, da métrica, do vocabulário e das referências
mitológicas.
- Passadismo,
academicismo
OS
GRANDES CRIADORES DE 45, QUE RETOMAM E FECUNDAM AS EXPERIÊNCIAS DESENVOLVIDAS
NO PAÍS
Prosa: João Guimarães
Rosa e Clarice Lispector
Poesia: João Cabral
de Melo Neto
Literatura: constante
pesquisa de linguagem + senso de compromisso entre arte e realidade,
engajamento
Síntese de ambas as
gerações: experimentalismo + maturidade artística; nacionalismo + universalismo
Guimarães Rosa:
narrativas mitopoéticas que resgatam a sutileza do elo entre a fala e o texto
literário.
Clarice Lispector:
romances e contos introspectivos que dialogam com as fronteiras do indizível
João Cabral de Melo
Neto: poesia que associa compromisso social e precisão arquitetônica,
substantiva.
POESIA
DE 45
Concretismo:poesia composta pela
concretude das palavras, utilizadas em seu aspecto semântico, sonoro e visual.
Há também a proposta de acabar com a exclusividade do verso, valorização da
disposição gráfica das palavras e a valorização do espaço da página como
elemento de composição do poema.
Principais
representantes do Concretismo: Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de
Campos.
Neoconcretismo: distingue-se do
Concretismo por atribuir ao leitor o papel de decodificador do texto. O
significado não estaria pronto sem a atuação do leitor. Defendia, portanto, a
arte participativa. Poema “não-objeto”: tinha um projeto de escrita, mas só se
realizava quando fosse lido.
Principal autor:
Ferreira Gullar: a poesia como afirmação da força da humanidade para resistir
às pressões sociais, econômicas e políticas que trazem sofrimento e desamparo
ao ser humano.
Tendências Literárias Contemporâneas
MARCAS DA PRODUÇÃO PÓS-MODERNA
O homem preso a seu tempo
O
desenvolvimento de novas tecnologias de reprodução e difusão da arte
(fotografia, rádio, cinema, televisão, vídeo, computador) fez com que a separação entre a arte considerada culta
e a denominada arte popular fosse desaparecendo. Alguns dos mais conhecidos
artistas deste século investiram na reprodução de autênticos símbolos da
sociedade de consumo.
Um dos objetivos da
arte pós-moderna é a sua comunicabilidade.
Por isso, ela promove a incorporação de todas as estéticas passadas,
combinando-as de modo inovador.
Da mesma forma como
diferentes estéticas e estilos foram misturados pelos pós-modernos, um outro
traço característico de sua produção é a intertextualidade:
textos escritos no passado são relidos a partir de uma visão paródica, muitas
vezes com objetivo irônico. Esse procedimento que já era utilizado pelos
autores da primeira geração modernista, faz do texto uma grande colagem de
outros textos.
O ser humano da
sociedade pós-moderna parece cultivar uma postura
niilista: ele não acredita em nada, não luta por nenhum ideal humanista,
tendo abandonado as ilusões que animaram a história em momentos anteriores (a
religião, o progresso, a consciência, a utopia) Seu grande “deus” é o consumo.
Vivendo em um mundo
sem conceitos ou modelos sólidos para orientar sua existência, o ser humano
pós-moderno é individualista:
volta-se cada vez mais para si mesmo, preocupado em satisfazer seus desejos e
alcançar suas metas.
A vida em uma
sociedade voltada para o consumo traz marcas inequívocas. A principal delas é a
tentativa incessante de fazer com que o ser humano relaxe, viva de maneira mais
descontraída. Para tanto, investe-se em humor
e no erotismo, como meios de
tornar menos dramático o contexto social delicado em que vivemos.
Os
rumos da prosa contemporânea
O conto:
textos curtos exploram
a semelhança entre a literatura a e notícia. Temas como a violência, problemas
psicológicos, religiosos, filosóficos e morais estão presentes nos contos por retratarem
a vida urbana nos grandes centros. Autores como Rubem Fonseca, Dalton Trevisan
E Luiz Vilela são exemplos de expoentes dessas temáticas.
O realismo
fantástico, tematizando os limites entre o possível e o impossível, o real e o
sobrenatural aparece na obra de Murilo Rubião e Moacyr Scliar. Os dramas dos
relacionamentos amorosos e do sofrimento gerado pelas desilusões amorosas
encontram eco na escrita de Caio Fernando Abreu, Lygia Fagundes Telles,
Fernando Sabino, entre outros.
Na crônica, gênero narrativo
que transita entre o conto e a notícia, tem como expoentes contemporâneos
Carlos Heitor Cony, Luis Fernando Veríssimo e Martha Medeiros.
No romance, há a produção de
gêneros mais populares, como a narrativa ficcional, a policial e a de ficção
científica. Um dos principais autores aqui é João Ubaldo Ribeiro, o qual
reflete a realidade regional, tal qual nas estéticas anteriores. A narrativa de
memória tem Rubem Fonseca, autor de Agosto, como destaque. A prosa intimista é
representada por Lya Luft, Nélida Piñon e Chico Buarque.