O AUTOR: FREI JOSÉ DE SANTA RITA DURÃO
Frei José de Santa Rita Durão nasceu em Minas Gerais no ano de 1722,
estudou no colégio dos jesuítas no Rio de Janeiro, e aos nove anos foi para
Portugal continuar os estudos. Em Lisboa, ingressa na Ordem dos Eremitas de
Santo Agostinho, em seguida, cursou Teologia, na Universidade de Coimbra, aos
trinta e quatro anos, doutorou-se em Filosofia e Teologia na mesma
Universidade. Em 1781, foi publicado seu poema épico Caramuru. Morreu em 1784, após ter dedicado uma vida inteira aos
estudos, deixando além de poemas outros textos.
1 - CONTEXTO HISTÓRICO
A Arcádia, cujo nome deu origem ao período literário europeu, denominado
Arcadismo, era uma região lendária
da Grécia, habitada por pastores que levavam uma vida muito simples, em
perfeita harmonia com a natureza. Assim, arcadismo passou a designar academias,
lugares onde poetas, estudantes e escritores se reuniam para discutirem
assuntos artísticos e literários adotando pseudônimos pastoris. O último estilo da Era Clássica evoluiu pela
necessidade de transformação, fazendo novamente uma retomada dos valores clássicos com simplicidade, procurando
restaurar o equilíbrio, por isso é também chamado de neoclassicismo.
O movimento Arcádico caracterizou-se pela rejeição polêmica do Barroco e
o retorno ao Classicismo. O movimento surgiu posicionando-se contra os exageros
de expressão do Barroco que já havia cansado o público, procurando por todos os
meios negar-lhe o estilo.
2 – ARCADISMO: MOVIMENTO E
SUAS CARACTERÍSTICAS
O movimento árcade iniciou na carreira na segunda metade do século
XVIII, este século ficou marcado como o século das luzes, do Iluminismo, este
movimento filosófico divulga a ideia de que o uso da razão, da liberdade de
pensamento é o único meio para satisfazer as necessidades e a felicidade
humana. Nossa literatura logo adotou as novas ideias. Desse modo as influências
do pensamento burguês se alastram em toda a Europa.
No Brasil, os estudiosos da história da literatura consideram o marco
inicial do Arcadismo a publicação, em 1768, das Obras Poéticas de Cláudio Manoel da Costa. Ainda seguindo o modelo
europeu, os poetas já abordam os temas neoclássicos, introduzindo elementos da
realidade colonial e da natureza brasileira. O
movimento árcade, no Brasil é também conhecido como Escola Mineira por
corresponder ao período do século do ouro em Minas Gerais que passa a ser neste
momento o centro econômico, político e cultural. Está ligado, sobretudo em
particular a cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto) e do Rio de Janeiro.
São características deste período: o culto à natureza, o bucolismo, o homem natural, o uso de palavras simples, a presença da mitologia, a simplicidade na forma e no conteúdo. Durante esse período, formou-se o chamado grupo Mineiro, composto por jovens estudantes, a maioria graduado pela Universidade de Coimbra, que procuravam implantar aqui as ideias extraídas do exterior; dessa forma, foram considerados revolucionários com o episódio da Inconfidência Mineira, dos componentes desse grupo destacam-se: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga, Basílio da Gama e Frei José de Santa Rita Durão.
São características deste período: o culto à natureza, o bucolismo, o homem natural, o uso de palavras simples, a presença da mitologia, a simplicidade na forma e no conteúdo. Durante esse período, formou-se o chamado grupo Mineiro, composto por jovens estudantes, a maioria graduado pela Universidade de Coimbra, que procuravam implantar aqui as ideias extraídas do exterior; dessa forma, foram considerados revolucionários com o episódio da Inconfidência Mineira, dos componentes desse grupo destacam-se: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga, Basílio da Gama e Frei José de Santa Rita Durão.
4 - ANÁLISES DA
OBRA CARAMURU
Santa Rita Durão em sua obra Caramuru trata da colonização da Bahia no século XVI,
tendo como ação central a lenda que envolve Diogo Álvares Correia, português
que, após um naufrágio, amedronta os índios com um tiro de espingarda, o
suficiente para que os índios atribuam características sobrenaturais chamando-o
de "Caramuru", na versão de Santa Rita Durão "Filho do
Trovão". Devido ao prestígio de Diogo com os índios, estes lhe oferecem a
índia Paraguaçu como esposa.
O poema segue rigorosamente o modelo Camoniano, obedecendo as regras apresentadas em os Lusíadas: 10 cantos, estrofes de 8 versos, esquema de rima ABABABCC. Em resumo, Caramuru "nasceu da crença de que a nossa história reservava um assunto tão digno quanto o de Os Lusíadas .
O poema segue rigorosamente o modelo Camoniano, obedecendo as regras apresentadas em os Lusíadas: 10 cantos, estrofes de 8 versos, esquema de rima ABABABCC. Em resumo, Caramuru "nasceu da crença de que a nossa história reservava um assunto tão digno quanto o de Os Lusíadas .
O Frei caracteriza-se em sua obra por ser o
primeiro a abordar o habitante nativo do Brasil, também por apresentar uma
descrição detalhada dos primórdios da colonização do Brasil, relatos de cenas
de guerras entre as nações indígenas, de dados sobre a fauna, a flora, a
paisagem brasileira, os costumes e tradições indígenas e, por fim, sobre os
acontecimentos históricos em relação à formação do Brasil, os quais podem ser
citados, as Invasões francesas e Holandesas e a divisão dos países em capitanias.
A narrativa épica deste notável escritor mineiro
destaca-se a exaltação das terras
brasileiras, descrita de forma maravilhosa e curiosa, dessa forma,
apresenta-se o ufanismo, isto é,
"atitude ou sentimento de quem se vangloria exageradamente das belezas,
riquezas e vantagens do Brasil".
Esta obra, "Caramuru", apresenta para a
sociedade a exaltação das terras brasileiras, cuja preocupação do poeta foi narrar
de forma cuidadosa, descrevendo com precisão de base realista e com riqueza de
detalhes a natureza. É relevante ressaltar que Santa Rita Durão para descrever
de forma realista inspirou-se no mito ufanista e também através de toda uma
biblioteca de informações sobre a terra que constituía a literatura de Informação, ou seja, os primeiros escritos da nossa
vida, documentando precisamente a instauração do processo de descobrimento: são
informações que viajantes e missionários europeus colheram sobre a natureza e o
homem brasileiro. Desse modo
constitui-se a literatura informativa com documentos de navegantes que
relatavam sobre suas viagens aventureiras a terra descrevendo as paisagens
exóticas, catalogando as espécies de animais e vegetais encontradas. Da mesma
forma, Santa Rita Durão conservou estas informações da terra afirmando ser um verdadeiro paraíso colorido. Dentre
essas informações de relatos sobre a terra em particular baseou-se na carta de
Pero Vaz de Caminha.
Nesse sentido, as ideias de exaltação das
belezas, riquezas e vantagens de um novo mundo podem ser descritos claramente
nas palavras do poeta observadas no canto VII, na estrofe XXI, aproximando sua
narrativa épica da carta do achamento do Brasil, nos aspectos que nos remetem a
visão do paraíso refletida na descrição ufanista.
Vi, não sei será impulso
imaginário,
Um globo de diamante claro e
imenso;
E nos seus fundos figurar-se
vário
Um país opulento, rico e
extenso:
E aplicando o cuidado
necessário,
Em nada do meu próprio a
diferença;
Era o áureo Brasil tão vasto
e fundo,
Que parecia no diamante um
mundo
(Durão, 2003, p. 182).
Frei José de Santa Rita Durão descreve sua
primeira visão da terra de caráter maravilhoso chegando a confundir-se com a
realidade. Dessa forma ao escrever sua obra "Caramuru", demonstra em
suas narrativas descrições inspiradas na Carta do Achamento do Brasil, da mesma
maneira como Caminha faz sua descrição espontânea e fluente, através das
informações sobre as belezas e grandezas da nova terra, cultivando o espírito ufanista
que caracterizou todo o período colonial. Enfatizemos estas informações no
canto VII, na estrofe XXIII, fazendo a comparação com o trecho da Carta de
Caminha.
Mil e cinqüenta e seis léguas de costa,
De vales e arvoredos revestidas,
Tem a terra brasílica composta
De montes de grandeza desmedida:
Os Guararapes, Barborema posta
Sobre as nuvens na cima recrescida,
A serra de Aimorés, que ao pólo é raia
As de Ibo-Ti-catu e Itatiaia.
(DURÃO, 2003, p. 163).
Esta terra, senhor, me parece que dá
Ponta que mais contra o sul vimos até
Outra ponta que contra o norte vem
De que nos deste Porto houvemos vista,
Será tamanha que haverá nela bem
Vinte ou vinte e cinco léguas por costa.
Tem, ao longo do mar, nalgumas
Partes, grandes barreiras, delas vermelhas,
delas brancas; e a terra por cima
toda chã e muito cheia de grandes
arvoredos. De ponta a ponta, é tudo
praia-palma, muito chã e muito formosa.
(Trecho da Carta de Caminha).
De vales e arvoredos revestidas,
Tem a terra brasílica composta
De montes de grandeza desmedida:
Os Guararapes, Barborema posta
Sobre as nuvens na cima recrescida,
A serra de Aimorés, que ao pólo é raia
As de Ibo-Ti-catu e Itatiaia.
(DURÃO, 2003, p. 163).
Esta terra, senhor, me parece que dá
Ponta que mais contra o sul vimos até
Outra ponta que contra o norte vem
De que nos deste Porto houvemos vista,
Será tamanha que haverá nela bem
Vinte ou vinte e cinco léguas por costa.
Tem, ao longo do mar, nalgumas
Partes, grandes barreiras, delas vermelhas,
delas brancas; e a terra por cima
toda chã e muito cheia de grandes
arvoredos. De ponta a ponta, é tudo
praia-palma, muito chã e muito formosa.
(Trecho da Carta de Caminha).
Percebe-se que o
estilo de narração de Santa Rita Durão assemelha-se ao de Caminha, embora terem
sido escritas uma após outra, ambas apresentam a visão de um colorido
paradisíaca demonstrando o espírito observador dos autores.
Portanto, esta visão paradisíaca de elevação da nova terra que fora
descrita no primeiro documento histórico brasileiro, ou seja, a certidão de
nascimento do Brasil, prevalece com grande semelhanças no poema Caramuru,
levando à tendência retrospectiva da epopeia clássica, pois, só o capítulo da
historicidade do descobrimento da Bahia era incapaz de suportar a obra
"Caramuru" como um poema épico brasílico.
Não podemos nos esquecer que epopeia é um poema narrativo em que
prevalece o maravilhoso, isto é a
mistura de fatos reais e mitos, heróis e deuses. Para tanto, "Caramuru"
é de extrema importância nacionalmente, pois está baseado na vida histórica do
nosso país no tempo em que fomos colônia, sendo assim, o resultado de uma visão
teocêntrica do nosso passado histórico. Em suma, Santa Rita Durão proclamava
nas reflexões prévias e argumentos e as motivações que o levaram a escrever o
poema "os sucessos do Brasil não mereciam menos um poema que os da
índia". (Durão, 2003, p. 13).
Personagens
Diogo Álvares Correia - o Caramuru Paraguaçu - filha do cacique Taparica
Personagens
Diogo Álvares Correia - o Caramuru Paraguaçu - filha do cacique Taparica
Gupeva e
Sergipe - chefes
indígenas Moema - índia amante de Diogo.
Enredo e
estrutura da obra
Caramuru tem os elementos tradicionais do gênero
épico: duros trabalhos de um herói, contato de gentes diversas, visão de uma
sequência histórica.
É composto
de dez cantos e, de acordo com o gênero, divide-se em cinco partes: proposição,
invocação, dedicação, narração e epílogo, e segue o esquema camoniano, usando a
oitava-rima, observando a divisão tradicional em proposição, invocação,
dedicatória, narrativa e epílogo. Uso da linguagem mitológica e do maravilhoso
pagão e cristão, rigorosamente nos moldes camonianos.
Canto I - Na primeira estrofe, o poeta introduz a terra a ser cantada e o herói - Filho do Trovão -, propondo narrar seus feitos (proposição). Na estrofe seguinte, pede a Deus que o auxilie na realização do intento (invocação), e da terceira à oitava estrofes, dedica o poema a D. José I, pedindo atenção para o Brasil, principalmente a seus habitantes primitivos, dignos e capazes de serem integrados à civilização cristã. Se isso for feito, prevê Portugal renascendo no Brasil.
Da nona estrofe em diante, tem-se a narração. A caminho do Brasil, o navio de Diogo Álvares Correia naufraga. Ele e mais sete companheiros conseguem se salvar. Na praia, são acolhidos pelos nativos que ficam temerosos e desconfiados. Os náufragos, por sua vez, também temem aquelas criaturas antropófagas, vermelhas que, sem pudor, andam nuas. Assim que um dos marinheiros morre, retalham-no e comem-lhe, cruas mesmo, todas as partes.
Canto I - Na primeira estrofe, o poeta introduz a terra a ser cantada e o herói - Filho do Trovão -, propondo narrar seus feitos (proposição). Na estrofe seguinte, pede a Deus que o auxilie na realização do intento (invocação), e da terceira à oitava estrofes, dedica o poema a D. José I, pedindo atenção para o Brasil, principalmente a seus habitantes primitivos, dignos e capazes de serem integrados à civilização cristã. Se isso for feito, prevê Portugal renascendo no Brasil.
Da nona estrofe em diante, tem-se a narração. A caminho do Brasil, o navio de Diogo Álvares Correia naufraga. Ele e mais sete companheiros conseguem se salvar. Na praia, são acolhidos pelos nativos que ficam temerosos e desconfiados. Os náufragos, por sua vez, também temem aquelas criaturas antropófagas, vermelhas que, sem pudor, andam nuas. Assim que um dos marinheiros morre, retalham-no e comem-lhe, cruas mesmo, todas as partes.
Sem saber
o futuro, os sete são presos em uma gruta, perto do mar, e, para que engordem,
são bem alimentados. Notando que os índios nada sabem de armas, Diogo, durante
os passeios na praia, retira, do barco destroçado, toda pólvora e munições,
guardando-as na gruta. Desde então, como vagaroso enfermo, passa a se utilizar
de uma espingarda como cajado.
Para entreter os amigos, Fernando, um dos náufragos, ao som da cítara, canta a lenda de uma estátua profética que, no ponto mais alto da ilha açoriana, aponta para o Brasil, indicando a futuros missionários o caminho a seguir. Um dia, excetuando-se Diogo, que ainda estava enfermo e fraco, os outros seis são encaminhados para os fossos em brasa. Todavia, quando iam matar os náufragos, a tribo do Tupinambá Gupeva é ferozmente atacada por Sergipe. Após sangrenta luta, muitos morrem ou fogem; outros se rendem ao vencedor que liberta os pobres homens que desaparecem, no meio da mata, sem deixar rastro.
Para entreter os amigos, Fernando, um dos náufragos, ao som da cítara, canta a lenda de uma estátua profética que, no ponto mais alto da ilha açoriana, aponta para o Brasil, indicando a futuros missionários o caminho a seguir. Um dia, excetuando-se Diogo, que ainda estava enfermo e fraco, os outros seis são encaminhados para os fossos em brasa. Todavia, quando iam matar os náufragos, a tribo do Tupinambá Gupeva é ferozmente atacada por Sergipe. Após sangrenta luta, muitos morrem ou fogem; outros se rendem ao vencedor que liberta os pobres homens que desaparecem, no meio da mata, sem deixar rastro.
Canto II - Enquanto a luta se
desenvolve, Diogo, magro e enfermo para a gula dos canibais, veste a armadura
e, munido de fuzil e pólvora, sai para ajudar os seis companheiros que serão
comidos. Na fuga, muitos índios buscam esconderijo na gruta, inclusive Gupeva
que, ao se deparar com o lusitano, saindo daquele jeito, cai prostrado,
tremendo; os que o seguiam fazem o mesmo; todos acham que o demônio habita o
fantasma-armadura.
Álvares
Correia, que já conhecia um pouco a língua dos índios, espera amansá-los com
horror e arte. Levantando a viseira, convida Gupeva a tocar a armadura e o
capacete. Observa, amigavelmente, que tudo aquilo o protege, afastando o
inimigo, desde que não se coma carne humana. Ainda aterrorizado, o chefe
indígena segue-o para dentro da gruta, onde Diogo acende a candeia, levando-o a
crer que o náufrago tem poder nas mãos.
Sob a luz,
vê, sem interesse, tudo que o branco retirara da nau. Aqui, o poeta, louva a
ausência de cobiça dessa gente. Entre os objetos guardados pelos náufragos,
Gupeva encanta-se com a beleza da virgem em uma gravura.Tão bela assim não
seria a esposa de Tupã? Ou a mãe de Tupã? Nesse momento, encantado pela
intuição do bárbaro, Diogo o catequiza, ganhando-lhe, assim a dedicação.
Saindo da
gruta, o índio, agora manso e diferente, fala a seu povo Tupinambá, ao redor da
gruta. Conta-lhes sobre o feito do emboaba, Diogo, e que Tupã o mandara para
protegê-los. Para banquetear o amigo, saem para caçar. Durante o trajeto,
Álvares Correia usa a espingarda, aterrorizando a todos que exclamam e gritam:
Tupã Caramuru! Desde esse dia, o herói passa a ser o respeitado Caramuru -
Filho do Trovão. Querendo terror e não culto, Diogo afirma-lhes que, como eles,
é filho de Tupã e a este, também, se humilha. Mas que como filho do trovão,
(dispara outro tiro) queimará aquele que negar obediência ao grande Gupeva.
Nas
estrofes seguintes, o poeta descreve os costumes da selva. Caramuru instala-se
na aldeia, onde imensas cabanas abrigam muitas famílias, que vivem em harmonia.
Muitos índios querem vê-lo, tocá-lo. Outros, em sinal de hospitalidade,
despem-no e colocam-no sobre a rede, deixando-o tranqüilo. Paraguaçu é uma
índia, de pele branca e traços finos e suaves. Apesar de não amar Gupeva, está
na tribo por ter-lhe sido prometida. Como sabe a língua portuguesa, Diogo quer
vê-la. Após o encontro os dois estão apaixonados.
Canto III
- À noite,
Gupeva e Diogo conversam sob a tradução feita por Paraguaçu. O lusitano fica
pasmo ao saber que, para o chefe da tribo, existe um princípio eterno; há
alguém, Tupã, ser possante que rege o mundo; aquele que vence o nada, criando o
universo. O espírito de Deus, de alguma maneira, comunica-se com essa gente.
Gupeva eloqüente fala acerca da concepção dos selvagens sobre o tempo, o Céu, o
Inferno. Abordam a lenda da pregação de S. Tomé em terras americanas.
Concluindo a conversa, o cacique diz que estão para ser atacados pelos
inimigos; Caramuru aconselha-o a ter calma. De repente, chegam os ferozes
índios Caetés que, ao primeiro estrondo do mosquete, batem em retirada,
correndo, caindo; achando, enfim, que o céu todo lhes cai em cima.
Canto IV - O temido invasor noturno é
o Caeté, Jararaca, que ama Paraguaçu perdidamente. Ao saber que ela esta
destinada a Gupeva, declara guerra. Após o ataque estrondoso do Filho do Trovão,
Jararaca convoca outras nações indígenas com as quais tinha aliança: Ovecates,
Petiguares, Carijós, Agirapirangas, Itatis. Conta-lhes que Gupeva prostrou-se
aos pés de um emboaba pelo pouco fogo que acendera, oferecendo-lhe até a
própria noiva. O cacique alerta-os que se todos agirem assim, correm o risco de
serem desterrados e escravizados em sua própria terra, enchendo de emboabas a
Bahia. Apela para a coragem dos nativos, dizendo que apesar do raio do Caramuru
ser verdadeiro, ele nada teme, porque não vem de Deus. Não há forças fabricadas
que a eles destruam. A guerra tem início e Paraguaçu também luta heroicamente
e, num momento de perigo, é salva pelo amado lusitano.
Canto V - Depois da batalha, os
amantes discorrem sobre o mal que habita o ser humano e qual a razão de Deus
para permiti-lo. Em seguida, em Itaparica, o herói faz com que todos os índios
se submetam a ele, destruindo as canoas com as quais Jararaca pretendia
liquidá-lo.
Canto VI - As filhas dos chefes
indígenas são oferecidas ao destemido Diogo, para que este os honre com o seu
parentesco. Como ama Paraguaçu, aceita o parentesco, mas declina as filhas. Na
mata, o herói encontra uma gruta com tamanho e forma de igreja e percebe ali a
possibilidade dos nativos aceitarem a Fé Cristã, e se dispõe a doutriná-los.
Mais tarde, salva a tripulação de um navio espanhol naufragado e, saudoso da
Europa, parte com Paraguaçu em um barco francês.
Quando a
nau ganha o mar, várias índias, interessadas em Álvares Correia, lançam-se nas
águas para acompanhá-lo. Moema, a mais bela de todas, consegue chegar perto do
navio Agarrada ao leme, brada todo seu amor não correspondido ao esquivo e
cruel Caramuru. Implora para que ele dispare sobre ela seu raio. Ao dizer isso,
desmaia e é sorvida pela água. As outras, que a acompanhavam, retornam tristes
à praia. Nas demais estrofes do canto, a história do descobrimento do Brasil é
contada ao comandante do barco francês.
Canto VII
- Na França,
o casal é recebido na corte e Paraguaçu é batizada com o nome da rainha Catarina
de Médicis, mulher de Henrique II, que lhe serve de madrinha. Diogo lhes
descreve tudo o que sabe a respeito da flora e fauna brasileira.
Canto VIII
- Henrique
II se predispõe a ajudar Diogo Álvares na tarefa de doutrinamento e assimilação
dos índios, oferecendo-lhe tropa e recompensa. Fiel à monarquia portuguesa, o
valente lusitano recusa tal proposta. Na viagem de volta ao Brasil,
Catarina-Paraguaçu profetiza, prospectivamente, o futuro da nação. Descreve as
terras da Bahia, suas povoações, igrejas, engenhos, fortalezas. Fala sobre seus
governadores, a luta contra os franceses de Villegaignon, aliados aos Tamoios.
Discorre sobre o ataque de Mem de Sá aos franceses no forte da enseada de
Niterói e sobre a vitória de Estácio de Sá contra as mesmas forças.
Canto XIX
- Prosseguindo
em seu vaticínio, Catarina-Paraguaçu descreve a luta contra os holandeses que
termina com a restauração de Pernambuco.
Canto X - A visão profética de
Catarina-Paraguaçu acaba se transformando na da Virgem sobre a criação do universo.
Ao chegar, o casal é recebido pela caravela de Carlos V que agradece a Diogo o
socorro aos náufragos espanhóis. A história de Pereira Coutinho é narrada,
enfatizando-se o apoio dos Tupinambás na dominação dos campos da Bahia e no
povoamento do Recôncavo baiano. Na
cerimônia realizada na Casa da Torre, o casal revestido na realeza da nação
espanhola, transfere-a para D. João III, representado na pessoa do primeiro
Governador Geral, Tomé de Souza. A penúltima estrofe canta a preservação da
liberdade do índio e a responsabilidade do reino para com a divulgação da
religião cristã entre eles. Na última (epílogo), Diogo e Catarina, por decreto
real, recebem as honras da colônia lusitana.
GOSTARIA DA BIBLIOGRAFIA DESSA ANÁLISE
ResponderExcluirSim
ExcluirQual o contexto história do filme caramuru ?
ResponderExcluirQual o contexto história do filme caramuru ?
ResponderExcluirDescobrimento e conquista do estado da Bahia.
ExcluirQual é o movimento literario ?
ResponderExcluirarcadismo
ExcluirAlguém poderia porfavor me ajudar!
ResponderExcluirpreciso analisar o espaço da historia. Sei que foi na Bahia mas gostaria de falar mais sobre