Mostrando postagens com marcador WebAula. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador WebAula. Mostrar todas as postagens

14 de mar. de 2013

Figuras de Linguagem

 Galerinha do 9º ano,
Como esta matéria é sempre presente nos estudos de Literatura e Língua Portuguesa, sugiro que vocês imprimam o conteúdo e deixem no caderno, disponível para consulta.


O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem. 

a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.
A lendária máscara teatral é um exemplo de antítese

Ex: Assim que as luzes se apagaram, acendeu-se a chama. (apagar e acender são palavras contraditórias. Para que um se acenda, o outro deve se apagar. São situações excludentes)

b) paradoxo: é a figura em que há algo que parece absurdo, contrário ao senso comum, para isso utiliza-se termos contrários, mas referindo-se a um mesma situação, pessoa...
Ex: A relação conturbada fazia com que ela o amasse odiando-o. (Ao mesmo tempo, há a existência do amor e ódio, convivendo juntos, mesmo sendo elementos contrários)
O amor é um contentamento descontente (Neste verso de Camões, o amor provoca sentimentos opostos no ser que ama: alegria e tristeza juntos)

b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
Ex: Você é muito engraçadinho!  (na presença de um ato reprovável)

c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.
Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)
Joana faltou com a verdade (em vez de mentir)

d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Ex: Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)

e) prosopopeia, animismo ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.

Ex: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.(Jardim não olha, pois quem tem a faculdade da visão são os seres humanos, aqui, portanto, ele adquire característica de pessoa: a capacidade de olhar).


f) comparação:  é uma figura de linguagem semelhante à metáfora usada para demonstrar qualidades ou ações de elementos. A relação entre esses elementos é expressa por um conectivo que deixa clara a comparação.
Ex: O amor queima como fogo
Ela mente da mesma forma que o pai mentia.


g) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo não aparece, fica subentendido.

Ex: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

h) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe:

Ex: Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)

É a metonímia que nos autoriza a usar expressões como "tomar um copo d'água" e "ler Rubem Braga":  Você, na verdade, toma a água contida no copo e lê o livro escrito por Rubem Braga. 
Outros exemplos: Ler Jorge Amado (autor pela obra - livro)/ Bebi dois copos de leite (continente pelo conteúdo - leite) / Ser o Cristo da turma. (indivíduo pela classe - culpado) / Completou dez primaveras (parte pelo todo - anos) / O brasileiro é malandro (sing. pelo plural - brasileiros) / Brilham os cristais (matéria pela obra - copos).

i) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.

Ex: O pé da mesa estava quebrado. (Observe que é naturalmente parte do ser humano, mas aqui está sendo usado por falta de um outro termo que classifique tão bem a estrutura referida da cadeira).
Outros exemplos: dente de alho, céu da boca, barriga da perna, batata de perna, asa da xícara...

j) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade:
Ex: ...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)
A cidade maravilhosa (Rio de Janeiro)

l) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Ex: Eu adoro perfumes doces (perfume se percebe pelo olfato, o doce pelo paladar: misturam-se dois sentidos humanos diferentes, em favor de um significado almejado)
Era um som luminoso que encantava a todos (som: audição; luminoso: visão)



Adaptado de: http://www.brasilescola.com/portugues/figuras-linguagem.htm

22 de mar. de 2012

Para todas as turmas do Ensino Médio

Gente,
Desculpe, mas não poderei fazer postagens novas para vocês. Aconteceram alguns compromissos fora do previsto nesta semana, o que está me ocupando demais, não permitindo que eu renove as postagens aqui. Bem, de qualquer modo, estou deixando os links para os slides que trabalhei em sala. Lembrando que as matérias constam nos livros de português de cada série. Se estiverem com tempo e dispostos, tem também aqui no arquivo do blog, basta procurar pela série indicada.

Bom estudo, galera!

Pré-Modernismo: autores
AQUI
Obs.: o lembrete em amarelo na publicação do link não se refere à turma de vocês, ok?!!!

Vanguardas Europeias (3º ano)
AQUI

1ª e 2ª Geração do Romantismo (2º ano)
AQUI

Renascimento e Classicismo (1º ano)
AQUI SLIDES

Renascimento e Classicismo 2
AQUI CONTEXTO HISTÓRICO





27 de fev. de 2012

Roteiro, slides e vídeos para os 2ºs e 3ºs anos

Pessoal,
Deixando então, conforme combinado, os slides de sala de aula para a galera dos 2ºs e 3ºs anos.

Roteiro 2º ano:
Barroco e Arcadismo (revisão do ano passado). Caso precisem, vocês podem dar uma lidinha Aqui (Barroco) e também Aqui (Arcadismo 1) e Aqui (Arcadismo 2 Contexto histórico e início do movimento)

14 de fev. de 2012

A literatura e os gêneros literários

Pessoal,
Sobre o conceito de literatura, nossa primeira matéria, você precisa se lembrar que não há um conceito unívoco, mas que a Literatura pode ser entendida como a arte da palavra, pois o artista ao "trabalhar" os possíveis sentidos de um termo, cria significados simbólicos, os quais ultrapassam o sentido objetivo, reconhecido como verdade absoluta, a concepção dicionarizada.
Ai, você pode dizer: "Dani, continuo sem entender..."

5 de fev. de 2012

Teste: que poema de Fernando Pessoa você é?

Responda ao teste desenvolvido por Fernando Segolin, professor de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP, e veja com qual poema de qual heterônimo pessoano você se identifica:

Super interessante e elucidador: vale a pena!
http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/testes/que-poema-de-fernando-pessoa-e-voce.shtml
Meu resultado: Dois poemas de Ricardo Reis e um de Álvaro de Campos

Boca Roxa
“Bocas roxas de vinho,
Testas brancas sob rosas,
Nus, brancos antebraços
Deixados sobre a mesa;

Tal seja, Lídia, o quadro
Em que fiquemos, mudos,
Eternamente inscritos
Na consciência dos deuses.

Antes isto que a vida
Como os homens a vivem
Cheia da negra poeira
Que erguem das estradas.

Só os deuses socorrem
Com seu exemplo aqueles
Que nada mais pretendem
Que ir no rio das coisas.
(“Bocas Roxas”, 08/1915)

Sim“Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.”
(“Sim”; 07/1931)

Ricardo Reis é o poeta clássico, de formação católica rígida e monarquista. Entre os heterônimos, tem o temperamento mais “certinho”. Sua poesia transpira fatalismo, de quem se sente marcado pelo fado antes mesmo do nascer. Por isso, acredita Reis, o melhor a fazer é aceitar o que acontece e levar a vida sem grandes alegrias, nem tristezas, evitando as paixões, porque elas passam e causam sofrimento.

Apontamento, Álvaro de Campos
“A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.

Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmo, não conscientes deles.
Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.
(“Apontamento”; 1929)

Cosmopolita, trilíngue (inglês e francês, além do português natal), alma andarilha, Álvaro de Campos é o oposto de Caeiro. Gosta das máquinas e engrenagens e das sensações da grande cidade – esse é o seu lado eufórico. Mas também é o heterônimo de Pessoa que mais se desiludiu com a própria poesia, admitindo que tudo o que escreveu não passou de palavras, ilusão.


Gostei do resultado, salvo algumas importantes exceções, hehehe!


Para saber mais sobre Fernando Pessoa e seus heterônimos, leia a entrevista com Fernando Segolin, professor de Pós-Graduação de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP e “pessoano” por excelência

23 de ago. de 2011

Robinson Crusoé, Daniel Defoe

Olá, Galerinha!

Estamos lendo o clássico Robinson Crusoé, uma história fascinante sobre a determinação, a fé e a força de vontade de um homem que esteve em torno de 28 anos longe de sua casa. Obra de ficção, é verdade. Mas já comentei com vocês que a história é baseada na vida de um marinheiro escocês que esteve por quatro anos distante de seu lar, também vítima de um naufrágio, assim como o personagem Robinson.
Conforme está exposto no material de vocês, encontra-se aqui o link para que possam ler o livro Robinson Crusoé. Aproveito a oportunidade para dizer o quanto gosto do relato desse homem corajoso e cheio de fé. MAGNÍFICA história, na minha opinião!!

Clique aqui para ler e/ou baixar o livro

Amyr Klink: o Robinson Crusoé moderno
Além da semelhança vida real/fantasia presente no livro, há um brasileiro que é para nós um verdadeiro herói moderno, um aventureiro disposto a viver intensamente cada dia e viajar, não somente por meio das leituras ou dos filmes que vê. Estou falando de Amyr Klink. Segue aí algumas informações sobre ele:

Determinação. Poucas palavras como essa servem para definir tão bem Amyr Klink, que se acostumou a tocar seu projetos muitas vezes sem dinheiro. Exigente e disciplinado, chega a dormir noites a fio ao lado do motor do barco para conferir seu funcionamento.

Nascido em São Paulo, em 25 de setembro de 1955, filho de pai libanês e mãe sueca, aos 2 anos começou a frequentar a região de Paraty (RJ) com a família. Foi essa cidade histórica do litoral brasileiro que o inspirou a navegar pelo mundo.

Desde cedo, descobriu a paixão por mapas antigos e histórias de exploradores marítimos.De remador no Clube Espéria, de 1974 a 1980, a navegador famoso em todo o mundo, Amyr alcançou proezas inéditas na exploração dos oceanos. O primeiro feito de grande repercussão foi a travessia solitária do Atlântico Sul num barco a remo, em 1984, o que contou no livro Cem dias entre céu e mar.

Iniciou o Projeto de Invernagem Antártica, em 1989, com o veleiro polar Parati. Ficou, deliberadamente, parado na Baía Dorian durante 8 meses com o propósito de observar e registrar as transformações da natureza. Sozinho, Amyr navegou 27 mil milhas, da Antártica ao Ártico, em 642 dias. Seus livros Parati - entre dois pólos e As janelas do Parati contam os detalhes e as emoções da viagem.

Em outubro de 1998, iniciou o projeto Antártica 360, visando a dar a volta ao mundo, circunavegando o continente gelado. Nessa oportunidade, Amyr conseguiu realizar o menor percurso possível, embora tenha enfrentado um mar revolto, com ondas de até 25 metros, temperaturas inferiores a 7º C negativos, com neblina e muitos icebergs.
Vejamos os vídeos agora:
O primeiro é uma reportagem curtinha do Jornal Nacional sobre velejadores solitários, entre eles o Amyr Klink. Eu gostei muito!
Este vídeo é mais visual e traz o Amyr Klink lendo uma parte do livro escrito por ele sobre as aventuras no mar .
Espero que tenham gostado, Bonitos!
Beijo grande!!!

17 de mar. de 2011

Slides VANGUARDAS EUROPEIAS

CLIQUE AQUI PARA VISUALIZAR OS SLIDES

Slides 3ª Geração da Poesia Romântica: Condoreirismo

Clique aqui para visualizar os slides.

Eis aí também, para os interessados, o vídeo com o poema "O Navio Negreiro", de Castro Alves.




O próximo vídeo também é sobre o poema do poeta dos escravos, Castro Alves. A diferença é que neste não há a voz de Caetano Veloso declamando; contudo traz as imagens chocantes do filme Amistad, de Steven Spielberg.

21 de fev. de 2011

Pré Modernismo: autores

Oi, Galera!
Vamos de novo: Pré-Modernismooooooooo!!!!!

Um lembrete necessário: NÃO HÁVERÁ "VANGUARDAS EUROPEIAS" NA PROVA DE SEXTA".

Como prometi, aos autores:

Sobre o Euclides da Cunha, está no post anterior.

Lima Barreto: a vida nos subúrbios cariocas

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881. Era mestiço, pobre e socialista, vítima de toda sorte de preconceitos. Teve também problemas com alcoolismo, o que resultou em internação em um hospício, entre 1914 e 1919. Morreu em 1922.
O romance mais conhecido do autor é Triste fim de Policarpo Quaresma, o qual trata da vida de um patriota sonhador e que idealiza o Brasil como uma terra perfeita, tanto que deve descartar todo tipo de influência estrangeira. O desejo de valorização da pátria é levado às últimas consequências, de modo que Policarpo, funcionário público carioca, propõe a substituição da Língua Portuguesa pelo tupi guarani, idioma legitimamente brasileiro. O amor ufanista, exagerado faz com que o Major Quaresma acabe sendo alvo de terríveis críticas, riso e escárnio. O auge se dá com a internação do mesmo em um hospício, o que aqui, pode ser entendido como um ponto de contato com a biografia do autor. Policarpo é considerado o Dom Quixote Nacional: aquele que acredita em um ideal, se dá por ele, não busca vantagens pessoais e, por causa desse mesmo idealismo, é tido como louco, quando na verdade, é apenas alguém puro de intenções.
Se pensarmos em período literário, o fato de Lima Barreto se encontrar entre os pré-modernistas é justificado pela apresentação e descrição de quem é o morador dos subúrbios do Rio de Janeiro e os funcionários públicos acriocas durante o fim do século XIX e início do XX.

Monteiro Lobato: descrição do caipira paulista
Autor das famosas histórias do Sítio do Picapau Amarelo, viveu no interior e pôde observar as dificuldades e os vícios característicos da vida rural, fatos desconhecidos do Brasil "ofiicial". No livro Urupês (1918), Lobato traça o perfil do caipira que vivia pelo interior de São Paulo. É nessa obra que dá forma ao Jeca Tatu, símbolo do atraso e da miséria do caboclo brasileiro. A presença de Lobato entre os pré-modernistas é justificado por duas características: o regionalismo (o retrato da região do vale do Paraíba, em São Paulo) e a denúncia da realidade brasileira (o atraso do caipira paulista e também as queimadas e a decadência cafeeira da época). Na verdade, Lobato foi um anti-modernista, o que veremos depois ao estudar a Semana de 1922.

Graça Aranha: Brasil, a terra prometida
Autor de um único romance Canaã, romance que retrata a vida numa colônia de imigrantes europeus no Espírito Santo.

Augusto dos Anjos: a marca da angústia e do pessimismo.
Autor que recebeu influência de várias estéticas, mas não se limita a nenhuma: do Simbolismo recupera o gosto pelas imagens fortes, que despertam sensações ( no caso do autor, de asco e horror) e a preocupação com a construção formal do poema. O uso de termos científicos marca a inspiração do Naturalismo. A preferência pelo soneto traz ecos do Parnasianismo. É por essa fusão de escolas literárias que é difícil rotulá-lo como pertencente à uma determinada escola.

Veja os versos:

Budismo Moderno

Tome, Dr., esta tesoura, e ... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo meu coração, depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contato de bronca destra forte!

Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato
das saudades
Fique batendo nas perpétuas
grades
Do último verso que eu fizer
no mundo!

Observe a ideia de angústia, o teor sombrio, o vocabulário repleto de expressões científicas (diatomáceas, célula, óvulo infecundo...), a desilusão frente à vida, o pessimismo, além do uso das palavras não-poéticas (vermes, escarro, cuspe, vômito - aquelas dos poemas vistos em sala). Inclusive, essa preferência vocabular fez com que o Augusto dos Anjos fosse apontado como o poeta do "mau gosto" pelos críticos da época.
Ao contrário dos demais autores pré-modernistas, não há preocupação social na produção do Augusto dos Anjos, viu?1

É isso!
Boa sorte, lindossssssss!!!!

20 de fev. de 2011

Sobre a plurissignificação no texto literário (válido para todas as turmas)

Neste início ou reinício de trabalho, tenho retomado com vocês  o conceito de literatura e os elementos que fazem com que um texto seja literário ou não. A famosa plurissignificação do texto literário é o que mais "pega". E não apenas para os alunos dos primeiros anos, com os quais começo a falar dessa ideia de Literatura não ter uma finalidade prática: nínguém faz literatura para informar, ensinar coisas ou fazer propaganda. A finalidade da literatura é ser ela mesma, uma arte, uma expressão estética. Isso porque os textos literários são obras de ficção. Eles não têm nenhum compromisso com o mundo real. Apesar de muitas histórias parecerem reais ( famosa verossimilhança), elas são, na verdade, pura obra da fantasia, da imaginação do autor.

Plurissignificação: a realidade "inventada" dos textos pode ser lida, interpretada, de diferentes formas. Encontrar resposta para essa multiplicidade de significados e significações não é privilégio do professor. Primeiro porque o ato literário, justamente pela liberdade que possui, não nos oferece todas as respostas; antes, nos enche de outras dúvidas que, ao serem exploradas, nos revelam o que é o ser humano, como sente, pensa, como poderia agir e como age. É um encontro permanente do homem consigo mesmo, e isso é muito legal!!!
 Bem, corrigindo, eu acho muito legal e sei que com vocês nem sempre é assim, pelo menos no início. Algumas vezes, vejo nos olhos dos alunos, após os meus comentários sobre as interpretações de um texto poético, por exemplo, a seguinte indagação: "mas como é que eu vou saber que o texto está dizendo isso????" Respondo agora: é uma questão de treino! Só isso!

As verdades do texto estão no texto e são do texto. Por isso a diferença entre texto literário e não-literário: o literário cria uma realidade subjetiva, inventada, que até pode parecer real, mas é somente no texto. Já o não-literário é a verdade de fato, a notícia, o jornal, as receitas, o manual de instruções, ou seja, tudo aquilo que foi escrito com o objetivo de informar. 

Veja como a professora Bianca, do blog literarizando.wordpress.com, expõe essa diferenciação: 
  • Vampiros existem?
  • Animais falam usando linguagem verbal?
  • A morte pode decidir fazer greve e deixar de matar pessoas?
Resposta para todas essas questões: não, salvo se você considerar essas realidades dentro de obras ficcionais. Em histórias de Drácula, True Blood e Nosferatu, vampiros existem. Em fábulas, contos de fada, Crônicas de Nárnia, desenhos do Scooby Doo e obras equivalentes, animais falam. Em As intermitências da morte, romance de José Saramago (que morreu ano passado), a morte faz greve e para de matar. É, ela fica revoltada porque ninguém gosta dela e resolve dar um tempo para os seres humanos sentirem como ela faz falta. E, como você pode ver pelo fato de Saramago ter morrido, isso só acontece em histórias.
Portanto, a realidade do mundo prático, aquele que eu gosto de chamar de empírico, esse mundo nosso, do cotidiano é uma. Se alguém nele te disser que viu um vampiro de verdade, e que isso não foi sonho, e essa pessoa tiver mais de 8 anos de idade, você está diante de alguém que tem problemas. Chame um psiquiatra. Gente que já passou da infância e está confundido realidade co fantasia está passando por problemas sérios.
Se, no entanto, que confunde a verdade do mundo real, do mundo empírico, com a verdade/realidade dos livros de ficção, do cinema, dos contos de fada, tiver menos de 8 anos, tudo bem. Reconhecer o que é imaginário e o que é verdadeiro é uma aprendizagem. Só não vale tirar vantagem disso para assustar primos e irmãos pequenos, tá? No máximo, deixa a criança curtir um pouquinho a fantasia, se ela trouxer sensações boas e não for perigosa.  

Veja o que acontece com quem acredita que o texto literário se comprometecom as verdades absolutas: o vídeo a seguir é sobre a história de uma menina que leu Crepúsculo e levou a sério demais! :)

19 de fev. de 2011

Romantismo: 1ª e 2ª Geração

Sobre o Romantismo, matéria da primeira prova de vocês, segue a prometida postagem:

Vamos por partes e começando do começo: o contexto histórico.
O Romantismo surge na Europa, no fim do século XVIII, com a publicação de Os sofrimentos do jovem Werther, do alemão Goethe. É um movimento contemporâneo à independência dos EUA e à Revolução Francesa, movimentos que contestam a ordem pré-estabelecida de organização social, levam a burguesia ao poder político e iniciam o século XIX com uma grande fé no futuro da humanidade. Afinal, o que se desejava, depois de um século de Iluminismo, era liberdade, igualdade e fraternidade para todos.
Mas, a burguesia no poder não vai durar tanto tempo assim pregando a igualdade. Se todos forem iguais não existe mais poder, não é verdade?

E o que isso tem a ver com o que estudamos no Brasil? TUDO. Porque depois de lutar pela liberdade pregada pela Revolução Francesa e gostar muito de fazer isso, o que é que os franceses, ou melhor, o francês da mão dentro do colete vai fazer? Napoleão vai levar a liberdade, a igualdade e a fraternidade à toda Europa, claro! (entendam a ironia, pelo love de God!). Lutar contra os tiranos que oprimem o povo através da guerra e do sofrimento desse mesmo povo parecia ser o lema paradoxal de Napoleão Bonaparte. D. João VI fugiu da ação ditadora de Napoleão vindo com toda a corte para cá. A vinda da do rei português fez com que o país tivesse que ser modernizado para receber as ilustres visitas. No fim das contas, temos que dar graças a Napoleão, porque sem ele não teríamos no século XIX as condições propícias para os avanços sociais que a vinda da família real no proporcionaram, muito menos para os avanços culturais e para o próprio Romantismo brasileiro.

Que condições são essas? Hora, a urbanização do Rio de Janeiro, o investimento na estrutura administrativa do Estado, a criação de uma imprensa regular, a possibilidade de se imprimir livros diretamente no Brasil, a criação de cursos superiores de Direito, Belas Artes, Medicina… É claro que isso são as condições para o Romantismo nascer. Mas o bichinho teve uma incubação meio lenta. A família real chega aqui em 1808. Em 1822 nos tornamos independentes (pelo menos politicamente). Mas Romantismo, Romantismo mesmo, só em 1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Isto significa que o Romantismo é contemporâneo, na verdade, do II Reinado, do governo do Imperador D. Pedro II.


PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA

A primeira geração, também chamada de nacionalista ou indianista (isso quando não é chamada de nacionalista-indianista), tem como elemento de destaque ser nacionalista e indianista! Surpreendente isso, não é? Mas o fato é que o grande diferencial dela são esses temas mesmo. Isso porque, no ponto de vista da lírica, da lírica amorosa pura, aquela que não está combinada com nenhum desses dois temas, o que sobra são as características gerais do Romantismo: o culto à natureza, o sentimento de solidão, o amor não revelado pela mulher amada, a idealização dessa mulher… A diferença mais palpável, além da combinação da temática indianista, como em Leito de Folhas Verdes – poema que está naquela folha que vimos em sala – com a amorosa é o fato de que, ao contrário da segunda geração, existe serenidade na melancolia e na tristeza vividas nos textos da primeira geração. Gonçalves Dias até tem um poema em que ele afirma que se morre de amor (literalmente o título é Se se morre de amor), mas em nenhum momento existe o desejo da evasão pela morte. Fascínio pela morte (morbidez) é uma coisa exclusiva da segunda geração, ok?
Sobre Gonçalves Dias, uma coisa importante a ser ressaltada: é o único autor que estudamos a explorar a temática amorosa do ponto de vista feminino, como ocorre no poema que vimos em sala, tanto que ressaltei e pedi que anotassem na folha “eu lírico feminino”, lembram-se?
A figura do índio merece destaque nos poemas dessa fase, obviamente. Falar de índio é citar o ser bravo, corajoso, forte, leal... chique e nacional: afinal, era um herói com cara de Brasil que os autores queriam por aqui, né...

SEGUNDA GERAÇÃO ROMÂNTICA
A segunda geração, ao contrário da primeira, ufanista, que acha que o Brasil é um país lindo, literalmente uma agradável terra de palmeiras onde canta o sabiá, não acredita muito nem no presente, quanto mais no futuro. O fato é que a segunda geração tem consciência que há uma discrepância muito grande entre o mundo como ele é e o mundo como os românticos desejam que ele seja: o mundo da igualdade, liberdade e fraternidade para todos. E essa consciência de que a vida não é exatamente tão maravilhosa assim faz com que esse pessoal procure, de todo jeito, fugir da realidade (escapismo, evasão). Já que as coisas não são como eles querem que seja, que se exploda o mundo: os ultrarromânticos só querem saber de si (egocentrismo), de seus sofrimentos, de suas angústias. E a única coisa que poderia dar alegria a essas criaturas é a realização através do amor. Poém, contraditoriamente, os artistas desse período vão manifestar um grande medo de amar. O amor é lindo no plano das ideias e é melhor que ele fique lá: essa é a atitude dominante desses escritores(idealização; evasão na fantasia). Afinal, se ele sair do plano das ideias, que será daquele que só tem essa ilusão para se agarrar, se as coisas não derem certo (pessimismo)? Sobra o vício, a bebida, a desilusão completa ou ainda a morte.
Um dos grandes nomes desse momento é Álvares de Azevedo. Os desesperos passionais são tratados em sua produção a partir de duas perspectivas: a séria e a irônica. Nessa tal “séria” encaixam-se os poemas que registram o fascínio pela ideia de morrer e a atração pelas virgens pálidas e frias. Neles, a possibilidade de realização do amor fica no mundo dos sonhos e da imaginação(evasão no sonho; amor platõnico). Sobra, ainda, a face, também chamada de irônica ou anti-romântica. Álvares, como todo artista romântico, era exagerado, e como todo ser humano inteligente, conseguia perceber o seu exagero, e como poucos seres humanos inteligentes, era capaz de fazer graça sobre si mesmo. Esse é o grande objetivo de sua face irônica: rir de si mesmo, deixar de lado aquilo que o Romantismo leva a sério demais, ridicularizar o exagero, o sentimentaloidismo, a idealização excessiva. As duas faces de Álvares de Azevedo são tentativas de abordar a realidade do amor e do sofrimento sob os pontos de vista distintos que os níveis de desespero humano podem atingir.
Um outro grande nomes dessa geração é Casimiro de Abreu: com versos meigos e doces, foi o poeta mais lido e declamado do período, especialmente pelo tom musical presente em seus poemas e também pelos temas abordados: saudade, a natureza e o desejo pelas figuras femininas. Saudade, inclusive, é a palavra que melhor define o teor de seus poemas: saudosismo. Ele se diferencia de Álvares de Azevedo, por exemplo, por sua produção não possuir a carga de pessimismo e culpa e nem associações da figura feminina à imagens de morte, tão marcantes em Azevedo.
Sobre as duas gerações:
As distinções entre elas são bastantes evidentes: a primeira assinala-se pelo indianismo, a exaltação da pátria e de sua natureza peculiar e a criação de um herói nacional; a segunda ressalta-se pela melancolia, pela tristeza, pelo pessimismo e a vontade de fugir da realidade (mal do século).
Enquanto há um otimismo e uma utopia inerentes aos românticos indianistas/nacionalistas, os ultrarromânticos (ou byronianos ou geração mal-do-século) apresentam um profundo desgosto pela vida, que ora os faz desejar a morte, ora se manifesta na busca pelos vícios, pelo exílio voluntário (evasão) numa vida decadente e cínica.

Aqui fica uma dica de dois filmes que podem ajudar vocês a entenderem um pouquinho melhor o espíritos desses dois grupos de poetas. Pocahontas e Moulin Rouge.

Pocahontas: vai exaltar a natureza americana, a vida natural dos índios, sua bondade natural, seu desapego material, sua perfeição de caráter.

Moulin Rouge:  temos em Christian (olha só, Cristão) apaixonado por Satine (Satânica… oposição interessante), um ingênuo escritor que se envolve com uma criatura do “sub-mundo” de Paris. Por esse amor, Christian se envolve profundamente no ambiente decadente do bordel, cai nas garras do absinto (bebida de poder tão destrutivo que matou muita gente e se tornou ilegal) e se torna um excluído da sociedade (como o vemos no início do filme). Observem que enquanto Christian é ingênuo (como a face Ariel, personagem de Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo, o qual representa a ingenuidade, a face anjo, em oposição a Caliban, o outro personagem, representante da face demoníaca), a realidade que ele vê é rica, colorida, feliz. Quando Christian perde sua ingenuidade (como a face Caliban), essa realidade passa a ser cinza, escura, decadente.
Outra indicação é o famoso Don Juan de Marco, o qual retrata as características do Ultrarromantismo em plena Nova York de nossos dias. Lembrando que Don Juan é uma criação de Lord Byron, poeta europeu que influenciou a geração do mal do século. 


Galera,
Os slides de sala de aula se encontram aqui: 2ª Geração Romântica


Vocês também podem estudar pelo livro Português Linguagens.
Não se desesperem
com as poucas aulas que tivemos e com o curto período para explorar o movimento romântico e essas duas gerações. Para fazerem uma boa prova, basta, apenas, que vocês tenham entendido esse “geralzão” sobre o conteúdo, ok?

Quem tiver dúvidas levante a mão ou deixe um comentário! Prometo responder antes da prova!

De olho nos vídeos:

O primeiro vídeo é a canção do Cazuza, Exagerado: ela expressa algumas das características românticas da segunda geração: a idealização do amor, o desespero, o exagero comportamental, a morte como solução para o amor não correspondido...

O segundo é a expressão do amor "bonitinho", sem ideia de morte, presente na produção poética do Casimiro de Abreu. A presença da infância e seus elementos (como fatores de inspiração para o eu lírico também peculiarizam a produção do autor de Meus oitos anos.





13 de fev. de 2011

Pré-Modernismo

Olá, galera do 3º Ano!

Recomeçamos nossos estudos abrindo com o Pré-Modernismo, período que, como já disse em sala, não é um movimento literário, mas sim uma época de transição das estéticas vigentes ainda em fins do século XIX e início do XX (Realismo-Naturalismo, Simbolismo e Parnasianismo) para o Modernismo.
O fator característico dessa fase é o nacionalimso temático: um nacionalismo crítico, questionador, muito diferente da visão idealizada dos românticos e muito próximo da perspectiva de país contornada pelo Modernismo a partir de 1922.

Observe os versos de Drummond:

Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
com a água dos rios no meio,
O Brasil está dormindo, coitado.

Agora, a letra escrita por Milton Nascimento e Fernando Brant:

A novidade é que o Brasil não é só litoral
é muito mais, é muito mais que qualquer zona sul
tem gente boa espalhada por esse Brasil
que vai fazer dese lugar um bom país

Uma notícia tá chegando lá do interior
não deu no rádio, no jornal ou na televisão
ficarde frente para o mar, de costas pro Brasil
não vai fazer desse lugar um bom país.

A literatura passa a ser um instrumento para que os brasileiros conheçam melhor o seu Brasil. O fazer literário se torna uma forma de ação social. No entanto, essa literatura não era a que agradava aos governantes do país: para os tais, o texto literário deveria expor a face bela e modernizante que o Brasil vivia. Era o período da Belle époque - expressão francesa que denomina o período entre 1885 e 1918, no qual Paris exportava cultura e modelos de comportamento -, e o Brasil passava por melhorias urbanas, especialmente no Rio de Janeiro, então capital brasileira.
Essa não era, entretanto, a verdade geral. Havia enormes diferenças sociais entre as regiões brasileiras. A literatura então se engaja e denuncia as inverdades da propaganda oficial, que procurava transmitir a sensação de que a República (1888) era a chegada da modernidade e da democracia para o país como um todo.
Os escritores pré-modernistas se encarregaram de revelar o Brasil não-oficial, não propagandeado, o país dos contrastes, os locais onde a modernidade não chega, inclusive, até os dias de hoje. Os tipos humanos marginalizados, como o sertanejo nordestino, o habitante dos subúrbios cariocas, o caipira paulista, ganharam espaço - e com eles a realidade de que faziam parte. O Brasil encontrou-se com os diferentes "Brasis" nesse trabalho de investigação e análise da realidade cultural.   

Características:
Ruptura com o passado: inovação nas obras, rompimento com os moldes pré-estabelecidos das obras dos períodos anteriores. A linguagem de Augusto dos Anjos, por exemplo, é cheia de palavras não-poéticas (cuspe, vômito, escarro, vermes...), oposição direta ao modelo parnasiano, ainda em vigor na época.

Denúncia da realidade brasileira: o Brasil deixa de ser idealizado e os verdadeiros problemas são mostrados, avesso da idealização romântica.O Brasil não-oficial dos nordestinos, caboclos e caipiras é exposto.

Regionalismo: descrição do universo brasileiro: o norte e nordeste são mostrados por meio da obra de Euclides do Cunha; o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha e o subúrbio carioca com Lima Barreto. 

Ligação com fatos políticos, econômicos e sociais: diminui a distância entre a realidade e a ficção. Em Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, por exemplo, é retratado o governo de Floriano Paeixoto e a Revolta da Armada; Os Sertões, de Euclides da Cunha, demonstra a crueldade da Guerra de Canudos; Canaã, de Graça Aranha, documenta a imigração alemã no Espírito Santo.  

O marco do Pré-Modenismo no Brasil é a publicação, em 1902, de Os Sertões, obra na qual Euclides da Cunha denuncia o absurdo da Guerra de Canudos. Com forte teor determinista, segundo o qual homem é fruto do meio, é o primeiro pré-modernista a aproximar literatura e História. A estrutura do livro é a seguinte:
A terra: caracteriza o sertão nordestino: clima, solo, relevo, vegetação...
O homem: quem é o sertanejo e quem foi Antonio Conselheiro.
A luta: confronto: narração da luta entre as tropas oficiais e os seguidores de Conselheiro. O livro termina com a descrição da queda do Arraial de Canudos e a destruição de todas as casas erguidas no local.


Foto de 1897, de Flavio Barros. Mulheres e crianças prisioneiras na Guerra de Canudos.

Dois olhares para o mesmo conflito:

Euclides da Cunha, no final de Os Sertões, registrava:

Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.
Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos...

Já Olavo Bilac, poeta parnasiano, escrevendo sobre o mesmo epísódio, comemorava:

Enfim, arrasada a cidadela maldita!enfim, dominado o antro negro, cavado no centro do abusto sertão, onde o Profeta das longas barbas sujas concentrava sua força diabólica, feita de fé e de patifaria, alimentada pela superstição e pela rapinagem!

Aqui, é importante a visão crítica do leitor ao comparar os textos:
é fato que interpretação da história é feita de acordo com o olhar ideológico de cada um.
O primeiro trecho deixa claro o desequilíbrio entre as forças do Governo e os seguidores de Antônio Conselheiro. Euclides da Cunha foi testemunha ocular dos acontecimentos e constata a crueldade e desproporção da luta.
O segundo demonstra  a visão de Olavo Bilac, o qual está sob a influência do "discurso oficial" do Governo brasileiro, para quem os seguidores do beato eram uma horda de fanáticos que desejavam destruir a ordem nacional.

Uma outra questão curiosa sobre a história de Canudos é que a profecia de Antônio Conselheiro que dizia que o sertão iria virar mar se cumpriu: hoje, o arraial de Canudos, à beira do rio Vaza-barris, em pleno sertão bahiano, encontra-se submerso nas águas do açude de Cocorobó. E mais: para reforçar a profecia do beato, outra imensa região do sertão bahiano virou mar. No vale do rio São Francisco foi construída a imensa barragem de Sobradinho, deixando submersas várias cidades.

Veja a letra da canção Sobradinho, de Sá a Guarabira, acqual confirma o cumprimento do dito de Antônio Conselheiro:

O homem chega e já desfaz a natureza
Tira a gente põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá prá cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia
Do beato que dizia que o sertão ia alagar
O sertão vai virar mar
Dá no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão

É isso, para um dia de domingo já está de bom tamanho.
Depois, deixo outra postagem sobre a obra de Augusto dos Anjos e Lima Barreto, viu?

Beijão!

24 de nov. de 2010

Folha Rota, Machado de Assis

É, pessoal, novamente Machado de Assis ronda a vida escolar e literária de vocês. Acreditem em mim: vai valer a pena as leituras que fazemos agora. No futuro vocês me digam, tá?!

Vamos lá:
Folha Rota é um dos contos da coletânea Histórias do Romantismo. O enredo revela o amor secreto e contrariado, tema tão precioso aos românticos, entre dois jovens: Luísa, moça órfã, ingênua e de hábitos domésticos, e Caetaninho.

Luísa, aprisionada no recinto doméstico, garota de dezoito anos, não chega a conhecer e ter "intimidade" com os espaços públicos, no qual circula e prospera seu namorado Caetaninho. Entre os dois - ou entre a moça e sua felicidade pessoal - existe a intransponível barreira figurada pelo postigo (uma abertura em porta ou janela que permite observar sem ter que as abrir) que deixa passar apenas os olhos ou, quando muito, a mão. A verdadeira prisão de Luísa é a gratidão que sente por sua tia. Dos limites dessa relação de favor, que afinal se converte em mando e irrefletida obediência, é que advém sua incapacidade para desconfiar da história romanesca que lhe conta D. Ana Custódia. Daí também o excesso de lágrimas, com que ela compensa a falta de realismo ou de coragem para realizar seus direitos individuais.


Responda em seu caderno:

1) Descreva as características físicas e psicológicas de Luísa.
2) O narrador adianta, na página 132, que haviam motivos para D. Ana Custódia e seus dois parentes não se frequentarem. Com suas palavras, reconte o porquê do desentedimento entre eles.
3) Na opinião do rapaz, não havia ninguém mais infeliz do que ele. Por que Caetaninho pensava isso sobre si?
4) Ao relatar o passado a Luísa, D. Ana diz, falando sobre o cunhado Cosme: "vinguei-me e me perdi". O que acontecera?
5) D. Ana Custódia diz a moça que preferiria morrer a vê-la casada com o filho de Cosme. Você acredita que ela já desconfiava do envolvimento da moça com Caetaninho? Justifique.
6) Apesar do costume excessivamente caseiro, qual era, na verdade, a prisão em que se encontrava Luísa? Explique sua resposta.
7) Discorra (escrever expondo opinião) sobre a postura final de Luísa com relação à Caetaninho.
8) Explique o título do texto.

9) Associe o vídeo a seguir ao enredo e à temática do conto Folha Rota. Em sua opinião, o vídeo serviria para expressar o sentimento de qual personagem: Luísa ou Caetaninho?Explique.


1 de nov. de 2010

Gabarito Viagem ao centro da Terra, Júlio Verne

Pessoal, perdão por não ter postado antes, conforme combinei com vocês! É esta vida super corridaaaaaa...

Bjos!!!

1- Os alemães Axel e seu tio, o professor Otto Lidenbrock e o islandês Hans Bjelke.

2- Saknussemm.

3- O manuscrito foi escrito com caracteres rúnicos. O professor explicou a Axel que as runas eram caracteres (letras) utilizados na Islândia há muito tempo.

4- Hans amontoou pedaços de rochas ao longo do caminho para orientar o retorno. Mas eles voltariam por caminho completamente diferente. Eles deixariam o interior da Terra por um vulcão localizado na Itália.

5- Na Islândia, em uma cratera do vulcão Sneffels.

6- Elas seguiram a orientação deixada pelo sábio Saknussem no pergaminho: ao meio-dia, antes do início de julho, a sombra do pico Scartaris se projetaria na entrada correta - o que realmente ocorreu.

7- F-V-F-F

8- O primeiro grande problema enfrentado foi a falta de água.

9- O professor deu o último gole de água para Axel, que já perdia as forças. O gesto demonstra amor porque o professor resistiu à vontade de beber a fim de garantir água para o sobrinho.

10- Hans conseguiu encontrar água corrente, quando eles já estavam quase sem forças.

11- Axel descobriu um efeito acústico na parede de pedra do lugar onde estava. Graças a esse efeito, ele podia ouvir seu tio e falar com ele.

12- Resposta pessoal.

13- Eles assistiram à luta entre um ictiossauro e um plesiossauro.

14- Eles encontraram um punhal, de cerca de 300 anos, época em que vivera Arne Saknussemm; em seguida, acharam uma placa de granito com as iniciais do sábio.

15- Eles usaram algodão-pólvora para explodir o bloco de pedra e, assim, desimpedir a passagem.

16- Eles saíram em Stromboli, na Sicília, região da Itália.

17- Resposta pessoal.

18- Não será necessário fazer a questão número 18.

Beijos!
Adoro vocês!!!

28 de out. de 2010

O homem feito, Fernando Sabino

Pessoal da 8ª série,

O livro O homem feito pode parecer uma grande incógnita para a maioria de vocês, mas não desanimem!!!

Primeiro, é importante salientar que uma das temáticas recorrentes na escrita de Fernando Sabino é a angústia do homem contemporâneo e seus momentos de tentativa de isolar-se. Na verdade, é o desejo do homem de encontrar-se consigo mesmo. A simbologia é altamente trabalhada no enredo. Cada obejto, ação do personagem ou alterações da natureza têm um significado próprio, como num sonho.

A epígrafe com os versos de Mário de Andrade revelam desde o primeiro momento o desenrolar da história:

"Me deixem num canto apenas, que seja este canto somente, 
Suspirar pela vida que nasceria apenas do meu ser!"

O personagem principal, Luís, desiludido, não sabemos bem por que, isola-se numa montanha, distante da cidade. Ali, através da ajuda do "menino", o homem começa a reviver alguns fatos de sua infância e aos poucos vai conseguindo reencontrar e libertar-se do desejo doentio de isolamento.

A montanha, cercada por matas e pedras, e a cabana, suja e escura, são símbolos da alma cheia de dureza e dores daquele ser entristecido. As pedras, por exemplo, transmitem a ideia do coração endurecido do homem. Luís estava amargurado e em crise: além de ter fugido para a montanha, ele acabou matando todos os animais que cruzavam seu caminho. Somente o garoto, também de nome Luís, consegue aproximar-se do homem. Pouco a pouco, a criança, que antes parecia um intruso, conquista o homem. Juntos, homem e menino, revivem momentos da infância do adulto, o que ajuda a trazer de volta a vontade de viver. Assim, podemos afirmar que a presença infantil é um ponto crucial na narrativa: ela representa a linha divisória entre a fantasia e a realidade. Basta lembrar que o garoto aparece justamente no instante do ímpeto suicida do protagonista. A realidade só se separa da fantasia quando o amigo do Luís adulto aparece para visitá-lo e alerta-o do perigo de enlouquecer ao qual está se expondo. É o princípio do fim...

O vídeo a seguir dialoga com o livro. Assistam-no e façam as associações.

Beijos, galera!!!

Diálogo com o livro O homem feito:14 Bis - Bola de Meia, Bola de Gude (Legendado).avi

Gabarito comentado 1º ano: obras PAES 2010

Romances de Cordel, Ferreira Gullar

1- B
O contexto histórico da obra Romances de Cordel refere-se à ditadura militar e não à Independência.

2- B
As histórias são ambientadas não somente no cenário rural (João Boa-Morte , cabra marcado pra morrer), como afirma a questão, mas também no meio urbano (Quem matou Aparecida?).

3- Todas estão corretas.

O santo e porca, Ariano Suassuna

1-  F - A obra situa-se no Nordeste e tem como espaço cênico a sala da casa de Euricão Engole Cobra.
     V- Apesar de o contexto histórico apontar para o governo JK (1956-1961) e realmente ter sido um momento de grande crescimento econômico para o nosso país, é preciso fazer uma leitura crítica das circunstâncias de desigualdades sociais que desde sempre existiram e existem até hoje.

2- Todas as alternativas são verdadeiras.

Sermão do Bom ladrão, Pe. Antônio Vieira

1- a) A afirmação central foi expressa em cima do seguinte paradoxo: "o roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz piratas, o roubar com muito, os Alexandres".

b) Resposta pessoal.
Aluno, é importante que você perceba que o autor mostra-se irônico. Não é o pensamento dele que é absurdo, paradoxal, mas a realidade social a que ele se refere.

2- Para Vieira a culpa deve ser relativizada. Há para o autor dois tipos de ladrôes: os miseráveis, desculpados pela própria miséria que os constrangeu ao crime, e os de maior calibre, os poderosos, ligados aos governos, cujo crime é maior e afeta um grande número de vítimas, e para os quais não pode haver desculpa.

3- Um exemplo é o seguinte: "... os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam."

4- Vieira diz que o Seronato era rigoroso na condenação de ladrões, não porque estivesse preocupado com o rigor da justiça, mas porque, condenando-os à morte, eliminava seus concorrentes ao ofício de ladrão.

Poemas Escolhidos, Cláudio Manoel da Costa

1- No primeiro soneto é o rio de Portugal, Mondego; no segundo é o rio brasileiro, o Ribeirão do Carmo, em Mariana.

2- O eu lírico revela sentimentos de amizade, confiança e de dependência afetiva em relação ao Mondego; e de piedade, comiseração pela inferioridade poética do rio brasileiro.

3- O rio europeu é claro, suavíssimo, fresco, ameno, margens úmidas, habitado por ninfas... O rio brasileiro é turvo(sujo), é o campo da ambição, produz ouro, não produz sombra fresca, nem há ninfas cantando em suas margens.

4- Não. O locus amoenus (lugar ameno) pressupõe uma paisagem perfeita, aprazível: a natureza idealizada, as flores, os pássaros, as brisa, o riacho... A paisagem por onde passa o Ribeirão do Carmo não possui os elementos convencionais, como a sombra do álamo, a ninfa (mitologia) e o gado para a convenção do pastoralismo.

5- As águas do rio são turvas (sujas) por causa do garimpo do ouro aluvião. Assim, associam-se a elas (as águas) o ciclo do ouro de MG e a ambição dos exploradores, que dominaram a história da colônia no século XVIII ("riquíssimo tesouro", "brota de ouro").
Powered By Blogger

Flickr