3 de nov. de 2013

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

PAES 2013 –"Felicidade Clandestina" análise literária do conto clariceano
Sobre Clarice Lispector
Clarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1920 em Tchetchelnik, Ucrânia. Quando tinha cerca de dois meses de idade, seus pais migraram para o Brasil, terra que considerava como sua verdadeira pátria. Em 1924, a família mudou-se para o Recife, onde iniciou seus estudos. Por volta dos oito anos, Clarice perdeu sua mãe. Três anos depois, a família muda-se para o Rio de Janeiro.
Ingressa em 1939 na Faculdade de Direito e, no ano seguinte, seu primeiro conto, Triunfo, em uma revista. Forma-se em 1943 e se casa no mesmo ano com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem teve dois filhos. Durante seus anos de casada, mora em diversos países pela Europa e nos Estados Unidos.
Em 1944, publica seu primeiro romance, Perto do coração selvagem, vindo a ganhar o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, no ano seguinte. Separa-se de seu marido em 1959 e volta para o Rio de Janeiro com seus dois filhos. No ano seguinte, publica seu primeiro livro de contos, Laços de família.
Em 1967, um cigarro provoca um grande incêndio em sua casa e Clarice fica gravemente ferida, correndo risco inclusive de ter sua mão direita amputada. Porém, após se recuperar, continua com sua carreira literária publicando diversos livros.
Publica em 1977 seu último livro A hora da estrela, vindo a ser internada pouco tempo depois com câncer. A escritora vem a falecer no dia 9 de dezembro do mesmo ano, véspera de seu aniversário de 57 anos.
Suas principais obras são: "Perto do coração selvagem" (1944), "Laços de família" (1960), "A maçã no escuro" (1961), "A legião estrangeira" (1964), "A paixão segundo G.H." (1964), "Felicidade clandestina" (1971), "Água viva" (1973) e "A hora da estrela" (1977).
Felicidade Clandestina, a obra
Lançado inicialmente em 1971, "Felicidade Clandestina" reúne diversos textos de Clarice Lispector que foram escritos em diversas fases da vida da autora. Os textos reunidos nessa obra podem mais facilmente ser classificados como “contos”, mas como Clarice não se prendia a convenções de gêneros, todo o conjunto reunido em Felicidade Clandestina migra de gênero em gênero, ora aproximando-se do conto, ora aproximando-se da crônica, ou por vezes sendo quase um ensaio. Muitos dos textos reunidos neste livro foram publicados como crônicas no Jornal do Brasil, para onde Clarice escrevia semanalmente de 1967 a 1972.
Assim como o conto que dá título ao livro, muitos dos textos apresentam algo de autobiográfico, trazendo recordações da infância da autora em Recife, alguma personagem que marcou seu passado, etc. Através da recordação de fatos do seu passado, Clarice Lispector busca nos contos fazer uma investigação psicológica de autoanálise.
Felicidade clandestina:
Considerações sobre o conto e a escrita clariceana
O conceito de crueldade, quando aplicado a uma criança, sempre choca e provoca mal estar. É como se julgássemos impossível que alguém muito jovem estivesse corrompido e apresentasse comportamento iníquo. Crianças trazem sempre aos nossos olhos a imagem da inocência, da credulidade, e imaginá-las sendo maldosas fere profundamente nossa crença no ser humano, no mundo e na racionalidade.
Com parte dos contos rememorando sua meninice em Recife, a leitura de Felicidade Clandestina, no livro homônimo de Clarice Lispector, nos fere um pouco, ao mesmo tempo em que nos obriga a rever conceitos e expectativas sobre a infância. Clarice mostra-se hábil artesã, tece um enredo que delicia ao mesmo tempo em que machuca: a história da menina pobre, que não pode comprar livros, e sua completa submissão à impiedade da outra criança, que se compraz com seu desejo expresso de ler um determinado livro, comove e revolta.
paixão revelada, e por isso mesmo escravizadora e humilhante, já foi vivida por todos em algum momento da vida. O sentimento de estar disponível para outrem, sujeitado ao seu poder, e, principalmente, o fato de ser exatamente uma criança exercendo tal poder sobre outra, com certeza nos remete à infância, a alguns momentos da vida em que cada um de nós sentiu e sofreu a situação de um lado, ou, o que até mesmo pode ser pior, de outro.

O estudo e análise do ser humano: conhecer-se para ser
Através de um mergulho no universo interior das personagens, Clarice traz à tona temas existencialistas e as contradições, dúvidas, inquietudes do ser humano. É importante ressaltar que a autora conduz o sujeito (as personagens) para um inevitável isolamento. Assim, em toda a obra de Clarice Lispector teremos personagens desconfiadas, inadaptadas ao meio em que vivem, com temores e inquietações.  Como a preocupação de Clarice é com a personagem em si e sua viagem ao interior do ser humano, o cenário físico ao redor é muitas vezes deixado de lado. A não ser que o cenário interfira diretamente ou ativamente na história. Por isso, dificilmente encontramos passagem descritiva nos contos de Clarice. Além disso, a escritora utiliza uma linguagem subjetiva, abusando de adjetivos, metáforas e comparações. Do ponto de vista formal, a narrativa utiliza o estilo circular, que consiste na repetição sistemática de palavras, expressões ou frases, para conseguir um efeito enfático. 
Clarice Lispector emprega o processo narrativo do fluxo da consciência, que é o rompimento dos limites de espaço e de tempo. O pensamento fica solto. Pequenos fatos exteriores provocam uma longa viagem abstrata das ideias, sem se basear numa estrutura sequencial da narração.
Ela faz os personagens viverem o processo chamado de “epifania”, ou seja, revelação. Em outras palavras, de repente, diante de ocorrências mínimas, o personagem se descobre e vê revelada uma realidade mais profunda. Muitas vezes, ele mesmo não consegue perceber com clareza que realidade é essa, porém sua vida ou sua visão mudam.  A menina que se torna “amante” do livro é um exemplo dessa situação epifânica. A condição de mulher faz Clarice muito sensível aos problemas das pessoas carentes. A marca registrada de seus personagens é serem tipos desprezados aos olhos da sociedade (meninas, velhas, adolescentes), mas ricos em sua interioridade.
Ainda integra a característica de mulher-autora a visão do nascimento da mulher na menina. São numerosas as personagens-meninas que, de uma forma ou de outra, se tornam adultas a partir de experiências aparentemente corriqueiras.
Toda essa exaustiva pesquisa do interior do ser humano – a subjetividade procurando se orientar envolvida pela objetividade – pode passar despercebida ao leitor desatento. Isso porque os textos são muito pobres de fatos, aliás, propositalmente pobres. Cenas comuns, desenhadas sem rebuscamentos, mas com bastante precisão de detalhes, podem esconder a profundidade do conteúdo analítico. As palavras não são raras, os aspectos descritos e narrados parecem irrelevantes, a sintaxe não se complica. O campo da linguagem fica livre para o leitor acompanhar os pensamentos que movem as intenções dos personagens à procura de se ajustarem com eles mesmos.

Análise do conto
Em Felicidade Clandestina a narradora recorda sua infância no Recife. A introdução do conto apresenta as duas protagonistas da narrativa, salientando os aspectos negativos de uma, que serão bem mais evidentes que os da outra: “Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme...” Mas, apesar de todos esses defeitos, ela era agraciada com algo que a tornava privilegiada: “possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria”. E isto a tornava superior a todas suas amigas. A outra, apesar de ser como as demais meninas: “bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres”, não tem acesso aos livros. Por isso, ela, que é a narradora em 1ª pessoa, relata a sua experiência de amá-los e não poder desfrutá-los.
A filha do dono da livraria não aproveitava os livros e, segundo a narradora, nem as outras meninas, uma vez que ela, até mesmo nos aniversários, não tinha a gentileza de dar um livro de presente: “em vez de pelo menos um livrinho barato”. Nesse ponto chegava a ser irônica, pois seu presente favorito para as outras eram cartões postais da loja do pai, como para mostrar-lhes que o mundo dos livros, para elas, era inacessível, sempre ficariam distantes dele, enquanto ela detinha o poder de possuí-los.
Por isso, ela vivia pedindo-os emprestados àquela colega filha de dono de livraria. Essa colega não valorizava a leitura e inconscientemente se sentia inferior às outras, sobretudo à narradora.
Em relação a esse comportamento da menina que lhe dava cartões postais da livraria do pai, a narradora era indignada: “ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas”. Por entender que possuir livros significava ter poder sobre os que não tinham, a filha do dono da livraria resolveu que às outras não daria esse gostinho de querer mudar esta situação. Pois é preciso entender que para essas meninas leitoras o seu adentramento na ambiente dos livros seria uma opção pela liberdade “a ponto de entendê-lo enquanto relação amorosa”.
Essa menina era mesmo cruel e com a narradora exerceu com calma ferocidade o seu sadismo, tanto que a pobre nem percebia, tal era a sua ânsia de ler: “continuava a implorar-lhe emprestado os livros que ela não lia”. Até que chegou o dia em que começou a exercer sobre a outra uma tortura chinesa, a informou que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, que para esta “era um livro grosso, [...], era um livro para se ficar vivendo, comendo-o, dormindo-o”.
Para a nossa narradora, os livros lhe davam “um lar permanente”, e um lar que ela “podia habitar exatamente como queria, a qualquer momento.” Porém, para ela, o livro estava longe de suas posses. Então, foi logo pedindo emprestado o tal, a outra pediu que passasse por sua casa no dia seguinte e ela o emprestaria.
            Para a narradora, o livro é o objeto do seu desejo e para este não há limites: “Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam”. Ao chegar o tão esperado dia seguinte, foi à casa da outra “literalmente correndo”. Mal sabia a ingênua menina que a colega tinha um plano diabólico. A dona do livro, quando a narradora chegou até sua casa e pediu-o, disse que o havia emprestado à outra menina, que ela voltasse no dia seguinte. Ficou boquiaberta, mas seu desejo era tal que, a esperança invadiu novamente seu ser e ela andou pelas ruas pulando, sonhando: “guiava-me a promessa do livro”. No dia seguinte, outra desculpa, o livro ainda não havia sido devolvido. E assim se seguiram os dias. O terror por não ter o livro para ler e a outra se divertindo em alimentar uma esperança era uma cena digna de pena: “eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer”.
            Então todos os dias, invariavelmente, ela passava na casa e o livro não aparecia, sob a alegação de que já fora emprestado. Esse suplício durou muito tempo. A sua relação com o livro é tal, que todo esse sofrimento começou a afetar o seu físico: “eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados”. Tudo isso porque o ato da leitura para ela era uma necessidade, padecia com o não-ler, tinha uma fome que precisava ser saciada, pela chance que a outra poderia lhe dar, ao emprestar-lhe o livro tão esperado.
            Chegou finalmente o dia da redenção da narradora, quando todos seus males seriam sarados. Certo dia, a mãe da colega cruel interveio na conversa das duas e descobriu que sua filha estava enganando a outra menina: “mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!”
            E essa descoberta não era a pior, mas sim a descoberta, horrorizada, da filha que tinha. A narradora seria agora agraciada pelo tão almejado objeto do desejo: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser”. Esse “por quanto tempo quiser” significava muito mais do que dar-lhe o livro, ela teria posse sobre o seu objeto do desejo. Toda a sua espera, sua insistência, finalmente era recompensada.
            Para a narradora foi impossível descrever-nos o que sucedeu assim que recebeu o livro na mão. Ela só lembrava que “o segurava firme com as duas mãos, comprimindo contra o peito.” Imaginamos que agiu assim por temer que algo ou alguém a separasse dele. Esqueceu até mesmo quanto tempo levou até chegar à casa. Porém, isso não importava, o que valia a pena era sentir que o livro estava com ela: “meu peito estava quente, meu coração pensativo”. Isso indica um sentido diferente para a leitura.
            Para o leitor do conto, a menina que tanto queria o livro ao conseguir possuí-lo, devorá-lo-ia em pouco tempo. Mas não foi isso o que aconteceu. Ela chegou em casa e não começou a ler: “fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter”. Algum tempo depois, leu algumas partes, que considerou maravilhosas, fechou-o novamente, indo fazer outras coisas, fingia que não sabia onde guardava o livro, achava-o, lia novamente.
Essa foi a felicidade clandestina da menina. Fazia questão de “esquecer” que estava com o livro para depois ter a “surpresa” de achá-lo.
            A narradora “criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade”. A felicidade em ter acesso aos livros, à leitura, que para ela era clandestina, pois não possuía livros e nem condições financeiras que possibilitassem um maior contato com eles. Esta “felicidade clandestina” significa que ela está muito feliz por realizar algo para ela ilegal, pois o fato de possuir um livro, era, muitas vezes, na sociedade antiga, um privilégio dos mais favorecidos economicamente e continua sendo até hoje. Assim, podemos afirmar que a personagem narradora quebrou os paradigmas dessa diferença social, e por isso, cometeu grave delito, com sua insistência e amor aos livros. Conseguiu ter acesso ao seu objeto desejado.
            Ao realizar algo proibido, a narradora sabe que deveria ter orgulho, pois conseguiu alcançar seu objetivo, e pudor, pois poderia perder o que conseguiu, além disso, estava vivendo no ar. Agora ela “não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu ‘amante’”.
O ponto central desse texto é o conceito de “felicidade”. Nele, a escritora parece se questionar “afinal, o que é felicidade?”. A menina presente no conto parece conhecer bem o dito popular “felicidade é bom, mas dura pouco”, uma vez que ela se utiliza de todas as formas para prolongar seu sentimento de felicidade. Dessa forma, sua felicidade aparece como um sentimento “clandestino”, já que nem ela mesma pode se conscientizar de sua própria felicidade para que esse sentimento não acabe. Conclui-se, portanto, que a felicidade deve ser descoberta em todos os momentos e nas coisas mais simples, inclusive no ato de ler.





PAES 2013 –"CARAMURU" análise literária

O AUTOR: FREI JOSÉ DE SANTA RITA DURÃO

Frei José de Santa Rita Durão nasceu em Minas Gerais no ano de 1722, estudou no colégio dos jesuítas no Rio de Janeiro, e aos nove anos foi para Portugal continuar os estudos. Em Lisboa, ingressa na Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, em seguida, cursou Teologia, na Universidade de Coimbra, aos trinta e quatro anos, doutorou-se em Filosofia e Teologia na mesma Universidade. Em 1781, foi publicado seu poema épico Caramuru. Morreu em 1784, após ter dedicado uma vida inteira aos estudos, deixando além de poemas outros textos.

1 - CONTEXTO HISTÓRICO
A Arcádia, cujo nome deu origem ao período literário europeu, denominado Arcadismo, era uma região lendária da Grécia, habitada por pastores que levavam uma vida muito simples, em perfeita harmonia com a natureza. Assim, arcadismo passou a designar academias, lugares onde poetas, estudantes e escritores se reuniam para discutirem assuntos artísticos e literários adotando pseudônimos pastoris. O último estilo da Era Clássica evoluiu pela necessidade de transformação, fazendo novamente uma retomada dos valores clássicos com simplicidade, procurando restaurar o equilíbrio, por isso é também chamado de neoclassicismo. 
O movimento Arcádico caracterizou-se pela rejeição polêmica do Barroco e o retorno ao Classicismo. O movimento surgiu posicionando-se contra os exageros de expressão do Barroco que já havia cansado o público, procurando por todos os meios negar-lhe o estilo. 

2 – ARCADISMO: MOVIMENTO E SUAS CARACTERÍSTICAS
O movimento árcade iniciou na carreira na segunda metade do século XVIII, este século ficou marcado como o século das luzes, do Iluminismo, este movimento filosófico divulga a ideia de que o uso da razão, da liberdade de pensamento é o único meio para satisfazer as necessidades e a felicidade humana. Nossa literatura logo adotou as novas ideias. Desse modo as influências do pensamento burguês se alastram em toda a Europa.
No Brasil, os estudiosos da história da literatura consideram o marco inicial do Arcadismo a publicação, em 1768, das Obras Poéticas de Cláudio Manoel da Costa. Ainda seguindo o modelo europeu, os poetas já abordam os temas neoclássicos, introduzindo elementos da realidade colonial e da natureza brasileira. O movimento árcade, no Brasil é também conhecido como Escola Mineira por corresponder ao período do século do ouro em Minas Gerais que passa a ser neste momento o centro econômico, político e cultural. Está ligado, sobretudo em particular a cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto) e do Rio de Janeiro.
São características deste período: o culto à natureza, o bucolismo, o homem natural, o uso de palavras simples, a presença da mitologia, a simplicidade na forma e no conteúdo. Durante esse período, formou-se o chamado grupo Mineiro, composto por jovens estudantes, a maioria graduado pela Universidade de Coimbra, que procuravam implantar aqui as ideias extraídas do exterior; dessa forma, foram considerados revolucionários com o episódio da Inconfidência Mineira, dos componentes desse grupo destacam-se: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga, Basílio da Gama e Frei José de Santa Rita Durão.

4 - ANÁLISES DA OBRA CARAMURU
Santa Rita Durão em sua obra Caramuru trata da colonização da Bahia no século XVI, tendo como ação central a lenda que envolve Diogo Álvares Correia, português que, após um naufrágio, amedronta os índios com um tiro de espingarda, o suficiente para que os índios atribuam características sobrenaturais chamando-o de "Caramuru", na versão de Santa Rita Durão "Filho do Trovão". Devido ao prestígio de Diogo com os índios, estes lhe oferecem a índia Paraguaçu como esposa.
                O poema segue rigorosamente o modelo Camoniano, obedecendo as regras apresentadas em os Lusíadas: 10 cantos, estrofes de 8 versos, esquema de rima ABABABCC. Em resumo, Caramuru "nasceu da crença de que a nossa história reservava um assunto tão digno quanto o de Os Lusíadas .
O Frei caracteriza-se em sua obra por ser o primeiro a abordar o habitante nativo do Brasil, também por apresentar uma descrição detalhada dos primórdios da colonização do Brasil, relatos de cenas de guerras entre as nações indígenas, de dados sobre a fauna, a flora, a paisagem brasileira, os costumes e tradições indígenas e, por fim, sobre os acontecimentos históricos em relação à formação do Brasil, os quais podem ser citados, as Invasões francesas e Holandesas e a divisão dos países em capitanias.
A narrativa épica deste notável escritor mineiro destaca-se a exaltação das terras brasileiras, descrita de forma maravilhosa e curiosa, dessa forma, apresenta-se o ufanismo, isto é, "atitude ou sentimento de quem se vangloria exageradamente das belezas, riquezas e vantagens do Brasil".
Esta obra, "Caramuru", apresenta para a sociedade a exaltação das terras brasileiras, cuja preocupação do poeta foi narrar de forma cuidadosa, descrevendo com precisão de base realista e com riqueza de detalhes a natureza. É relevante ressaltar que Santa Rita Durão para descrever de forma realista inspirou-se no mito ufanista e também através de toda uma biblioteca de informações sobre a terra que constituía a literatura de Informação, ou seja, os primeiros escritos da nossa vida, documentando precisamente a instauração do processo de descobrimento: são informações que viajantes e missionários europeus colheram sobre a natureza e o homem brasileiro.  Desse modo constitui-se a literatura informativa com documentos de navegantes que relatavam sobre suas viagens aventureiras a terra descrevendo as paisagens exóticas, catalogando as espécies de animais e vegetais encontradas. Da mesma forma, Santa Rita Durão conservou estas informações da terra afirmando ser um verdadeiro paraíso colorido. Dentre essas informações de relatos sobre a terra em particular baseou-se na carta de Pero Vaz de Caminha.
Nesse sentido, as ideias de exaltação das belezas, riquezas e vantagens de um novo mundo podem ser descritos claramente nas palavras do poeta observadas no canto VII, na estrofe XXI, aproximando sua narrativa épica da carta do achamento do Brasil, nos aspectos que nos remetem a visão do paraíso refletida na descrição ufanista.




Vi, não sei será impulso imaginário, 
Um globo de diamante claro e imenso;
E nos seus fundos figurar-se vário
Um país opulento, rico e extenso:
E aplicando o cuidado necessário, 
Em nada do meu próprio a diferença;
Era o áureo Brasil tão vasto e fundo,
Que parecia no diamante um mundo


(Durão, 2003, p. 182).

Frei José de Santa Rita Durão descreve sua primeira visão da terra de caráter maravilhoso chegando a confundir-se com a realidade. Dessa forma ao escrever sua obra "Caramuru", demonstra em suas narrativas descrições inspiradas na Carta do Achamento do Brasil, da mesma maneira como Caminha faz sua descrição espontânea e fluente, através das informações sobre as belezas e grandezas da nova terra, cultivando o espírito ufanista que caracterizou todo o período colonial. Enfatizemos estas informações no canto VII, na estrofe XXIII, fazendo a comparação com o trecho da Carta de Caminha.




Mil e cinqüenta e seis léguas de costa,
De vales e arvoredos revestidas, 
Tem a terra brasílica composta
De montes de grandeza desmedida:
Os Guararapes, Barborema posta
Sobre as nuvens na cima recrescida,
A serra de Aimorés, que ao pólo é raia
As de Ibo-Ti-catu e Itatiaia.
(DURÃO, 2003, p. 163).

Esta terra, senhor, me parece que dá 
Ponta que mais contra o sul vimos até
Outra ponta que contra o norte vem 
De que nos deste Porto houvemos vista,
Será tamanha que haverá nela bem
Vinte ou vinte e cinco léguas por costa.
Tem, ao longo do mar, nalgumas
Partes, grandes barreiras, delas vermelhas, 
delas brancas; e a terra por cima
toda chã e muito cheia de grandes
arvoredos. De ponta a ponta, é tudo 
praia-palma, muito chã e muito formosa.
(Trecho da Carta de Caminha).




Percebe-se que o estilo de narração de Santa Rita Durão assemelha-se ao de Caminha, embora terem sido escritas uma após outra, ambas apresentam a visão de um colorido paradisíaca demonstrando o espírito observador dos autores.

Portanto, esta visão paradisíaca de elevação da nova terra que fora descrita no primeiro documento histórico brasileiro, ou seja, a certidão de nascimento do Brasil, prevalece com grande semelhanças no poema Caramuru, levando à tendência retrospectiva da epopeia clássica, pois, só o capítulo da historicidade do descobrimento da Bahia era incapaz de suportar a obra "Caramuru" como um poema épico brasílico.
Não podemos nos esquecer que epopeia é um poema narrativo em que prevalece o maravilhoso, isto é a mistura de fatos reais e mitos, heróis e deuses. Para tanto, "Caramuru" é de extrema importância nacionalmente, pois está baseado na vida histórica do nosso país no tempo em que fomos colônia, sendo assim, o resultado de uma visão teocêntrica do nosso passado histórico. Em suma, Santa Rita Durão proclamava nas reflexões prévias e argumentos e as motivações que o levaram a escrever o poema "os sucessos do Brasil não mereciam menos um poema que os da índia". (Durão, 2003, p. 13).

Personagens

Diogo Álvares Correia - o Caramuru                                          Paraguaçu - filha do cacique Taparica
Gupeva e Sergipe - chefes indígenas                                         Moema - índia amante de Diogo.

Enredo e estrutura da obra
Caramuru  tem os elementos tradicionais do gênero épico: duros trabalhos de um herói, contato de gentes diversas, visão de uma sequência histórica. 
É composto de dez cantos e, de acordo com o gênero, divide-se em cinco partes: proposição, invocação, dedicação, narração e epílogo, e segue o esquema camoniano, usando a oitava-rima, observando a divisão tradicional em proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Uso da linguagem mitológica e do maravilhoso pagão e cristão, rigorosamente nos moldes camonianos.
Canto I - Na primeira estrofe, o poeta introduz a terra a ser cantada e o herói - Filho do Trovão -, propondo narrar seus feitos (proposição). Na estrofe seguinte, pede a Deus que o auxilie na realização do intento (invocação), e da terceira à oitava estrofes, dedica o poema a D. José I, pedindo atenção para o Brasil, principalmente a seus habitantes primitivos, dignos e capazes de serem integrados à civilização cristã. Se isso for feito, prevê Portugal renascendo no Brasil.
Da nona estrofe em diante, tem-se a narração. A caminho do Brasil, o navio de Diogo Álvares Correia naufraga. Ele e mais sete companheiros conseguem se salvar. Na praia, são acolhidos pelos nativos que ficam temerosos e desconfiados. Os náufragos, por sua vez, também temem aquelas criaturas antropófagas, vermelhas que, sem pudor, andam nuas. Assim que um dos marinheiros morre, retalham-no e comem-lhe, cruas mesmo, todas as partes. 
Sem saber o futuro, os sete são presos em uma gruta, perto do mar, e, para que engordem, são bem alimentados. Notando que os índios nada sabem de armas, Diogo, durante os passeios na praia, retira, do barco destroçado, toda pólvora e munições, guardando-as na gruta. Desde então, como vagaroso enfermo, passa a se utilizar de uma espingarda como cajado.
Para entreter os amigos, Fernando, um dos náufragos, ao som da cítara, canta a lenda de uma estátua profética que, no ponto mais alto da ilha açoriana, aponta para o Brasil, indicando a futuros missionários o caminho a seguir. Um dia, excetuando-se Diogo, que ainda estava enfermo e fraco, os outros seis são encaminhados para os fossos em brasa. Todavia, quando iam matar os náufragos, a tribo do Tupinambá Gupeva é ferozmente atacada por Sergipe. Após sangrenta luta, muitos morrem ou fogem; outros se rendem ao vencedor que liberta os pobres homens que desaparecem, no meio da mata, sem deixar rastro.
Canto II - Enquanto a luta se desenvolve, Diogo, magro e enfermo para a gula dos canibais, veste a armadura e, munido de fuzil e pólvora, sai para ajudar os seis companheiros que serão comidos. Na fuga, muitos índios buscam esconderijo na gruta, inclusive Gupeva que, ao se deparar com o lusitano, saindo daquele jeito, cai prostrado, tremendo; os que o seguiam fazem o mesmo; todos acham que o demônio habita o fantasma-armadura. 
Álvares Correia, que já conhecia um pouco a língua dos índios, espera amansá-los com horror e arte. Levantando a viseira, convida Gupeva a tocar a armadura e o capacete. Observa, amigavelmente, que tudo aquilo o protege, afastando o inimigo, desde que não se coma carne humana. Ainda aterrorizado, o chefe indígena segue-o para dentro da gruta, onde Diogo acende a candeia, levando-o a crer que o náufrago tem poder nas mãos. 
Sob a luz, vê, sem interesse, tudo que o branco retirara da nau. Aqui, o poeta, louva a ausência de cobiça dessa gente. Entre os objetos guardados pelos náufragos, Gupeva encanta-se com a beleza da virgem em uma gravura.Tão bela assim não seria a esposa de Tupã? Ou a mãe de Tupã? Nesse momento, encantado pela intuição do bárbaro, Diogo o catequiza, ganhando-lhe, assim a dedicação. 
Saindo da gruta, o índio, agora manso e diferente, fala a seu povo Tupinambá, ao redor da gruta. Conta-lhes sobre o feito do emboaba, Diogo, e que Tupã o mandara para protegê-los. Para banquetear o amigo, saem para caçar. Durante o trajeto, Álvares Correia usa a espingarda, aterrorizando a todos que exclamam e gritam: Tupã Caramuru! Desde esse dia, o herói passa a ser o respeitado Caramuru - Filho do Trovão. Querendo terror e não culto, Diogo afirma-lhes que, como eles, é filho de Tupã e a este, também, se humilha. Mas que como filho do trovão, (dispara outro tiro) queimará aquele que negar obediência ao grande Gupeva.
Nas estrofes seguintes, o poeta descreve os costumes da selva. Caramuru instala-se na aldeia, onde imensas cabanas abrigam muitas famílias, que vivem em harmonia. Muitos índios querem vê-lo, tocá-lo. Outros, em sinal de hospitalidade, despem-no e colocam-no sobre a rede, deixando-o tranqüilo. Paraguaçu é uma índia, de pele branca e traços finos e suaves. Apesar de não amar Gupeva, está na tribo por ter-lhe sido prometida. Como sabe a língua portuguesa, Diogo quer vê-la. Após o encontro os dois estão apaixonados.
Canto III - À noite, Gupeva e Diogo conversam sob a tradução feita por Paraguaçu. O lusitano fica pasmo ao saber que, para o chefe da tribo, existe um princípio eterno; há alguém, Tupã, ser possante que rege o mundo; aquele que vence o nada, criando o universo. O espírito de Deus, de alguma maneira, comunica-se com essa gente. Gupeva eloqüente fala acerca da concepção dos selvagens sobre o tempo, o Céu, o Inferno. Abordam a lenda da pregação de S. Tomé em terras americanas. Concluindo a conversa, o cacique diz que estão para ser atacados pelos inimigos; Caramuru aconselha-o a ter calma. De repente, chegam os ferozes índios Caetés que, ao primeiro estrondo do mosquete, batem em retirada, correndo, caindo; achando, enfim, que o céu todo lhes cai em cima.
Canto IV - O temido invasor noturno é o Caeté, Jararaca, que ama Paraguaçu perdidamente. Ao saber que ela esta destinada a Gupeva, declara guerra. Após o ataque estrondoso do Filho do Trovão, Jararaca convoca outras nações indígenas com as quais tinha aliança: Ovecates, Petiguares, Carijós, Agirapirangas, Itatis. Conta-lhes que Gupeva prostrou-se aos pés de um emboaba pelo pouco fogo que acendera, oferecendo-lhe até a própria noiva. O cacique alerta-os que se todos agirem assim, correm o risco de serem desterrados e escravizados em sua própria terra, enchendo de emboabas a Bahia. Apela para a coragem dos nativos, dizendo que apesar do raio do Caramuru ser verdadeiro, ele nada teme, porque não vem de Deus. Não há forças fabricadas que a eles destruam. A guerra tem início e Paraguaçu também luta heroicamente e, num momento de perigo, é salva pelo amado lusitano.
Canto V - Depois da batalha, os amantes discorrem sobre o mal que habita o ser humano e qual a razão de Deus para permiti-lo. Em seguida, em Itaparica, o herói faz com que todos os índios se submetam a ele, destruindo as canoas com as quais Jararaca pretendia liquidá-lo.
Canto VI - As filhas dos chefes indígenas são oferecidas ao destemido Diogo, para que este os honre com o seu parentesco. Como ama Paraguaçu, aceita o parentesco, mas declina as filhas. Na mata, o herói encontra uma gruta com tamanho e forma de igreja e percebe ali a possibilidade dos nativos aceitarem a Fé Cristã, e se dispõe a doutriná-los. Mais tarde, salva a tripulação de um navio espanhol naufragado e, saudoso da Europa, parte com Paraguaçu em um barco francês.
Quando a nau ganha o mar, várias índias, interessadas em Álvares Correia, lançam-se nas águas para acompanhá-lo. Moema, a mais bela de todas, consegue chegar perto do navio Agarrada ao leme, brada todo seu amor não correspondido ao esquivo e cruel Caramuru. Implora para que ele dispare sobre ela seu raio. Ao dizer isso, desmaia e é sorvida pela água. As outras, que a acompanhavam, retornam tristes à praia. Nas demais estrofes do canto, a história do descobrimento do Brasil é contada ao comandante do barco francês.
Canto VII - Na França, o casal é recebido na corte e Paraguaçu é batizada com o nome da rainha Catarina de Médicis, mulher de Henrique II, que lhe serve de madrinha. Diogo lhes descreve tudo o que sabe a respeito da flora e fauna brasileira. 
Canto VIII - Henrique II se predispõe a ajudar Diogo Álvares na tarefa de doutrinamento e assimilação dos índios, oferecendo-lhe tropa e recompensa. Fiel à monarquia portuguesa, o valente lusitano recusa tal proposta. Na viagem de volta ao Brasil, Catarina-Paraguaçu profetiza, prospectivamente, o futuro da nação. Descreve as terras da Bahia, suas povoações, igrejas, engenhos, fortalezas. Fala sobre seus governadores, a luta contra os franceses de Villegaignon, aliados aos Tamoios. Discorre sobre o ataque de Mem de Sá aos franceses no forte da enseada de Niterói e sobre a vitória de Estácio de Sá contra as mesmas forças.
Canto XIX - Prosseguindo em seu vaticínio, Catarina-Paraguaçu descreve a luta contra os holandeses que termina com a restauração de Pernambuco.

Canto X - A visão profética de Catarina-Paraguaçu acaba se transformando na da Virgem sobre a criação do universo. Ao chegar, o casal é recebido pela caravela de Carlos V que agradece a Diogo o socorro aos náufragos espanhóis. A história de Pereira Coutinho é narrada, enfatizando-se o apoio dos Tupinambás na dominação dos campos da Bahia e no povoamento do Recôncavo baiano. Na cerimônia realizada na Casa da Torre, o casal revestido na realeza da nação espanhola, transfere-a para D. João III, representado na pessoa do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza. A penúltima estrofe canta a preservação da liberdade do índio e a responsabilidade do reino para com a divulgação da religião cristã entre eles. Na última (epílogo), Diogo e Catarina, por decreto real, recebem as honras da colônia lusitana.

13 de jun. de 2013

Pirataria, problema enraizado

Toda prática que traz prejuízo para a economia formal tem sido combatida, mas há um mal que parece uma doença que não tem cura, que é a pirataria. Muitos consumidores acham que fazem o melhor negócio comprando produtos na categoria pirata, mas pelo contrário, são também prejudicados. Além de serem coniventes com a ilegalidade o que é péssimo para cidadãos do bem, ajudam a engrossar os números da informalidade, e a financiarem outros problemas que afetam a segurança, a exemplo do tráfico de drogas e assaltos, nos quais acabam sendo vítimas.
Além disso, se esquecem que os produtos falsificados, muitas vezes, são nocivos à saúde, e o barato pode custar muito caro.
Outro mal social que o consumidor de produtos piratas acaba também engrossando é a falta de amparo social, pois sem trabalho formal não se paga a previdência, e isso acarreta falta de assistência no futuro. Para que se tenha uma ideia do quanto o problema é grave, um relatório produzido, pela Comissão sobre Habilitação Jurídica dos Pobres, órgão internacional apoiado pela ONU, apontou que cerca de 4 bilhões de pessoas, dois terços da população mundial, estão fora do amparo legal.
Recentemente a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo- CNC, através do seu representante no Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP), do Ministério da Justiça, Natan Schiper, divulgou que esta atividade ilegal promove uma perda, somente em impostos de R$ 30 milhões. Você tem uma ideia de quantos empregos deixam de ser criados no mercado formal com esta sonegação? A resposta é impactante, dois milhões.
O problema da pirataria não está enraizado apenas dentro do mercado nacional, mas parece que o Brasil é um paraíso para o comércio ilegal e clandestino, que ocupa as calçadas e outros espaços numa concorrência desleal com empresas que pagam impostos, taxas e outras obrigações municipal, estadual e federal. Enquanto os negócios legalmente constituídos abastecem a máquina pública com impostos arrecadados, os desobedientes da lei, sonegam, e ainda prejudicam quem detém as marcas, os direitos autorais, e enfim os direitos sobre os produtos comercializados. Cometem, portanto, um crime em cima do outro, negociando mercadorias que entram no país de forma ilegal, ou até mesmo são produzidas ilegalmente no próprio Brasil.
A fabricação, entretanto, é menos escancarada do que a comercialização. Com relação ao volume de negócios ilícitos feitos somente na fronteira do Brasil com o Paraguai, calcula-se que o volume de contrabando se aproxima a casa de US$ 10 bilhões por ano, o que representa o equivalente a 20% de nossas importações. A facilidade para o trânsito de mercadorias é o que mais contribui para estes números.
São necessárias, portanto, ações efetivas para neutralizar os agentes promotores das práticas ilegais no comércio e na indústria. Quais as soluções, entretanto, podem ser dadas ao grave problema? Já que o mal não foi cortado pela raiz, os consumidores, por exemplo, podem ajudar as autoridades na contenção do crime, de forma simples, basta que exijam a apresentação de nota fiscal, na qual se comprova a procedência do material.
Os produtos considerados os maiores alvos da pirataria, são: DVD, CD, óculos, bolsas, relógios e equipamentos eletrônicos. Que cada consumidor faça sua parte e as autoridades ajam com maior rigor na fiscalização.

Qual é a sua opinião sobre a questão da exclusão/inclusão social no nosso país?

OS DOIS BRASIS E A EXCLUSÃO SOCIAL

A  dignidade individual e a dignidade coletiva são conseguidas pela participação de todos no desenvolvimento econômico, social e cultural. Todos são iguais em direitos e devem ser respeitados por suas diferenças. A necessidade especial é uma condição presente em qualquer sociedade podendo comprometer qualquer pessoa, em qualquer idade e em qualquer momento. Entretanto, existe uma afinidade entre o aparecimento e o agravamento das necessidades na população que vive em situação de pobreza.
A pobreza é, ao mesmo tempo, causa e efeito da penúria. Notadamente, constatamos a existência de dois Brasis, um preparado para os novos modelos mundiais de desenvolvimento e o outro marcado pela exclusão social, que ocasiona a falta de legitimidade política do Estado, a fragilidade de suas instituições e os conseqüentes problemas de governabilidade. São necessárias políticas integradas e sistemáticas de redução da exclusão e da desigualdade social, em conjunto com as políticas de promoção do desenvolvimento econômico.
Entre os anos 30 e os anos 80, a desigualdade social ampliou-se no Brasil. A partir de 1980, o Brasil passou a conviver com uma nova forma de exclusão social, associada ao desemprego alto, `a violência, que atingia principalmente os jovens. Nos anos 60 e 70, foram corriqueiros, no Brasil, estudos sobre a marginalidade e a desigualdade social; na década de 1980 essas terminologias foram substituídas pelo da pobreza e, na entrada da década de 1980 para a de 1990, a mesma tese social passa a ser denominada de exclusão social. Na sociedade contemporânea, inserida na globalização, foi intensificada a centralização de renda, sendo que o Brasil é visto globalmente, como um país gerador de riquezas imensas, porém aparecemos nos últimos lugares, nas estatísticas sobre qualidade de vida da população. A violência, a miséria, o desemprego confirmam essa deprimente realidade.
Atualmente constatamos, uma multiplicidade de atitudes que assinala a prática da cidadania. Assim, percebemos que um cidadão deve atuar positivamente em relação à sociedade, e em contrapartida esta última deve garantir-lhe os direitos capitais à vida, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, trabalho, entre outros. Embora muitas sociedades políticas atuais sejam democráticas, ressaltamos que muitos cidadãos encontram-se à margem dos procedimentos de decisão política e alienados de seus direitos constitucionais.
“O excluído não é apenas aquele que se encontra em situação de carência material, mas aquele que não é reconhecido como sujeito, que é estigmatizado, considerado nefasto ou perigoso à sociedade” (Nascimento, 1994). Mas, afinal quem são os excluídos? O termo diz respeito às minorias, aos desempregados, aos sem-moradia; aos sem-terra, aos moradores de rua, aos favelados, aos que não têm oportunidade à saúde, educação, previdência ,aos negros, aos índios, às mulheres, aos jovens, aos velhos, às pessoas com necessidades especiais,etc., por fim, um arrolamento quase permanente.
A Inclusão é uma das características contemporâneas da sociedade que são apresentadas como a nova questão social. No entanto, o caminho desta construção, será a luta pelo reconhecimento, e não pela inclusão. Portanto, a construção só pode vir pela recuperação do espaço da exclusão, pela valorização das realidades que, por não se reprimir à lógica capitalista, podem oferecer resistência necessária para abrir caminhos para a efetiva cidadania.
Ref:NASCIMENTO, Elimar Pinheiro. Globalização e exclusão social
Amélia Hamze
Professora da FEB/CETEC
ISEB/FISO Barretos


"O FIM DA MISÉRIA É SÓ O COMEÇO"
O BRASIL VIROU A PÁGINA DA EXCLUSÃO SOCIAL, AFIRMA DILMA
A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (19), no Palácio do Planalto, ao anunciar a complementação de renda para 2,5 milhões de beneficiários do Bolsa Família e a retirada de 22 milhões de brasileiros da extrema pobreza nos últimos dois anos, que o Brasil virou a página da exclusão social. O pagamento se inicia em março e o investimento esperado é de R$ 773 milhões em 2013.
“Nesta sala eu já assinei vários atos, já tive a honra e a alegria de participar em vários e importantes lançamentos para o país e diferentes setores sociais do Brasil. Mas nenhum deles têm a força simbólica, a marca histórica e o efeito imediato desse ato que eu hoje assino. Com ele, o Brasil vira uma página decisiva na nossa longa história de exclusão social. Nessa página está escrito que mais 2,5 milhões brasileiras e brasileiros estão deixando a extrema pobreza”, destacou Dilma.
A presidenta ainda ressaltou que os 2,5 milhões beneficiados com a medida são os últimos já incluídos no Cadastro Único para Programas Sociais que deixam a pobreza extrema. Estima-se que ainda existam 700 mil pessoas fora do cadastro. Por isso, Dilma ressaltou a importância da busca ativa, que foi estabelecida em junho de 2011 e já encontrou outras 791 mil famílias com esse perfil.
“Só pode celebrar um feito como o de hoje um país que teve a capacidade e a competência anterior de construir a tecnologia social mais avançada do mundo. (…) Nós começamos, em 2003, no governo do presidente Lula, quando unificamos programas sociais precários que até então existiam. Em seguida, nós incluímos milhões de pessoas no cadastro do Bolsa Família. E elas passaram a receber um rendimento mensal. (…) Por isso a gente sempre fala em busca ativa. É necessário encontrá-los. O Estado não deve esperar que esses brasileiros batam a nossa porta para nós os encontremos”, afirmou.
A presidenta também enfatizou a importância da ação coordenada de 18 ministérios em torno do Plano Brasil Sem Miséria. Entre as ações executadas, estão 267 mil pessoas matriculadas em 416 tipos de cursos técnicos; mais de 22 milhões de atendimentos em programas de produção inclusiva para pessoas pobres do campo, levando água, luz e assistência técnica; a implantação de 240 mil cisternas no Semiárido Nordestino; a adesão ao ensino integral de escolas que atendem alunos beneficiários do programa; e a construção de creches, postos e unidades básicas de saúde levando em conta essa população.
“O Brasil Sem Miséria é hoje o plano social mais focado, mais amplo e mais moderno do mundo. Segue cada vez mais vigoroso e produzindo resultados por meio de seus eixos, de garantia de renda, de inclusão produtiva e de acesso aos serviços públicos. (…) Nós sabemos que a superação da miséria não se faz apenas por meio da renda. Isso é essencial, mas estamos agora enfrentando suas outras faces. E levando cidadania e oportunidades. O grande começo que estamos empreendendo é o acesso ao emprego para os adultos e a educação de qualidade para crianças e jovens”, complementou.
FONTE:  http://blog.planalto.gov.br/o-brasil-virou-a-pagina-da-exclusao-social-afirma-dilma/

5 de mai. de 2013

Os miseráveis

Gente, achei o link a seguir pesquisando na net. Acredito que a adaptação da obra esteja completa. Tentem aí, ok?!!
Bjos,
Os miseráveis

Como extra, deixo aqui o trailler de uma das versões fílmicas.

7 de abr. de 2013

Personagens da ficção podem alterar atitudes de leitores, diz estudo


Pesquisa analisou um fenômeno conhecido como 'tomada de experiências'.
Leitor pode absorver ideias e sentimentos de seu personagem preferido.

Do G1, em São Paulo

Ao ler um livro, o leitor visualiza o ambiente descrito pelo autor e tenta se inserir no enredo. A recíproca também é verdadeira, e ele leva o que os personagens vivenciam para sua vida real. A conclusão é de psicólogos americanos, após uma série de experiências sobre como a ficção interage com o público.
Os pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio examinaram um fenômeno conhecido como “tomada de experiências”, que acontece quando o leitor incorpora emoções, pensamentos e crenças de um personagem como se fossem seus.
O estudo publicado pela revista "Journal of Personality and Social Psychology" descobriu que, em algumas situações, esse fenômeno leva a reais mudanças de comportamento, ainda que sejam temporárias.
Em uma das experiências, a personagem tinha que superar obstáculos para poder votar. Na prática, os leitores que se identificaram com o personagem tiveram maior presença nas urnas – o voto não é obrigatório nos Estados Unidos.
Outra experiência analisou o comportamento de leitores que passaram pela tomada de experiências em relação a um personagem que, ao longo da história, revela ser de outra raça ou orientação sexual. Esses leitores demonstraram atitudes mais favoráveis em relação ao outro grupo e demonstraram menor tendência de estereotipar as pessoas.
“A tomada de experiências pode ser uma maneira poderosa de mudar nossos comportamentos e pensamentos de forma significativa e benéfica”, afirmou Lisa Libby, uma das autoras, em material divulgado pela universidade.
O fenômeno, no entanto, não acontece em qualquer experiência de leitura. É preciso que o leitor se esqueça de si para, de fato, acompanhar os sentimentos presentes na história. “Quanto mais você é lembrado de sua própria identidade pessoal, menor a chance de que você seja capaz de adquirir a identidade de um personagem”, explicou Geoff Kaufman, outro autor do estudo
.
Fonte: http://glo.bo/Jf8kkZ

Catártico

Através da exposição de outrem, aprender, seja por meio da leitura ou da representação teatral, cinematográfica, é alcançar a purificação, a catarse aristotélica. Aprendizados assim nos ensinam o poder curativo das linhas escritas pela pena ou pelo corpo. Testo-os, então, agora. A diferença é que a exposição é  (acredito) de mim para mim, tentativa de sarar as chateações que escorrem pelas minhas palavras e não encontram outra forma de purgar-me. 
Outro dia uma colega-amiga disse-me assim: "a gente precisa é de mais autoestima". Deve ser isso mesmo. Às vezes (ou muitas vezes, vá saber!) uma palavra fora do lugar, um olhar de desprezo ou de comparação tiram dos meus pés a firmeza e, ainda que eu me desvencilhe deles na precisão do instante, o tormento interno lateja, incomoda, vira dor prolongada. Assim, uma publicação à toa em redes sociais, uma "curtida" em mensagens que, indiretamente, denunciam a rejeição, se aliam às expressões corporais, aos recados escritos no papel ou na face e me lembram o peso de estar em um lugar, em uma situação que não pedi, não escolhi e da qual não posso fugir (e não me refiro à atividade docente em si). Questões desse tipo fazem com que o mel vire fel e tiram do cotidiano o sabor de existir levemente, de ser quem a gente é, gostando os demais ou não. 
Ainda não sei como lidar com a desaprovação falada, escrita, a reclamação explícita. Ela, modestamente, se apresenta poucos vezes a mim. Talvez por isso a estranheza. Mas a verdade é que há muita traição escondida em gestos sutis, na educação mentirosa de gente mascarada, no reconhecimento covarde de hierarquias que podem prejudicar, caso assim resolvam usar a posição ocupada. 
...
O exercício da docência é isto: despertamos amores e horrores, atração e ojeriza. Há quem espere salivando a presença e explicação de um dado mestre; outros, no entanto, aguardam, impacientes, a despedida do mesmo, conseguem pontuar cada segundo do relógio como infinito. O que se há de fazer? Ainda não há meio termo. 
Há, por aí, a cultura do professor-show: eles contam piadas, são debochados e ensinam, rasamente, os macetes para o aluno alcançar o primeiro lugar no vestibular. A garotada os adora. Com a relativa pouca idade que tenho, fui aluna de quase todos. Falam o que falamos em sala e despertam paixões perpétuas. O público não percebe que diferente ali não é o professor em si, mas sim o sujeito que está sentado na cadeira, que aprendeu a ter mais foco já que o vestibular realmente se aproxima. A escola, para os que ainda cursam e dividem o tempo com os preparatórios, é um lugar de "tirar" notas, apenas! Nós, professores de ensino regular, somos os chatos, afinal, somos aqueles que cobramos resultados, temos compromisso com a formação integral do aluno, pela atribuição de notas, por dar satisfação ao pai sobre a aprendizagem dos discentes... Cabe a nós a parte , concordo, chata! Assim, como é chato corrigir prova e ver que o aluno que estava o tempo todo "grudado" no celular durante a exposição do conteúdo não se prestou, minimamente, ao trabalho de ler a matéria em casa, desprezando o dinheiro empregado pelo coitado pai; assim como é chato também constatar que a criatura que não sabe nem do que se trata o que foi falado em sala "fechou" a avaliação, utilizando, obviamente de métodos escusos (contando com a cumplicidade dos "bons alunos" que nada refletem sobre meritocracia e ética nas relações); igualmente chato é contemplar as lindas mocinhas e os malhados rapazes e ver que são apenas estampas, embalagens belas de um produto, mais dia menos dia, perecível porque não têm qualidade, senso crítico ou repertório de vida para defender suas escolhas, escolher caminhos meritosos. Chato é perceber que estamos em uma estrada escura, em que a luz do conhecimento, do respeito ao próximo, às diferenças, tem dispersão baixíssima e não abstém quase ninguém  das trevas dessa terrível e abominável geração de corpos vazios.  
Triste assim!

ENTENDA POR QUE REDAÇÃO DO ENEM COM HINO E MIOJO NÃO VALE NOTA ZERO


Segundo órgão que aplica o Enem, fuga do tema foi parcial nas redações.
Textos com hino do Palmeiras e receita de miojo tiveram nota 500 e 560.

Ana Carolina Moreno

Do G1, em São Paulo


Os candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que inseriram uma receita de miojo e trechos do hino do Palmeiras na redação disseram ao G1 que esperavam tirar nota zero na prova. Segundo eles, a intenção era testar o sistema de correção da prova de redação. No entanto, de acordo com Paulo Portela, diretor-geral do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), órgão da Universidade Federal de Brasília (UnB) responsável pela aplicação do Enem, o edital do exame tem regras claras sobre as transgressões que anulam a prova. E trechos fora de propósito escondidos entre parágrafos pretensamente sérios não configuram uma fuga completa ao tema. Esta falha só existe se o candidato não cita a proposta da prova em nenhuma parte de seu texto.
Fernando Maioto Júnior e Carlos Guilherme Ferreira tentaram testar sistema de correção da redação do Enem (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

Nesta semana, as redações de dois estudantes que já estavam matriculados no ensino superior, e por isso fizeram o Enem sem pretensão de tirar nota alta, acabaram ganhando destaque pela peculiaridade dos textos. Fernando César Maioto Júnior, de São José do Rio Preto (SP), inseriu no meio da redação sobre imigração no século 21 trechos do hino do Palmeiras e tirou nota 500 --a pontuação vai de 0 a 1.000.


CORRETOR DO ENEM DESABAFA: “VEJO MEU TRABALHO IR POR ÁGUA ABAIXO”


Em entrevista, professor de redação conta bastidores e problemas da correção

LAURO NETO (EMAIL)

RIO - A correção da redação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) não está provocando insatisfação e revolta apenas entre os candidatos. Em entrevista ao GLOBO, um professor de redação que foi corretor desta edição da prova conta os bastidores do processo gerenciado pelo consórcio Cespe/UnB e desabafa: “Estou vendo o trabalho que fiz durante todo o ano sendo jogado por água abaixo. É muito revoltante!”. Professor de colégios tradicionais do Rio de Janeiro e integrante de bancas de vestibulares consagrados, ele não pode ser identificado, pois assinou um contrato de sigilo. Leia a entrevista.

O GLOBO: Por que a correção da redação este ano está causando tanta polêmica?
O processo de correção já começou com um problema, pois os supervisores tiveram um aumento de trabalho e ganham fixo, enquanto o corretor ganha R$ 1,60 por redação corrigida. Houve um aumento do trabalho, pois a discrepância necessária para a terceira correção, que é feita pelos supervisores, caiu de 500 para 300 pontos. Isso aconteceu sem que o valor pago a cada supervisor fosse aumentado. Havia um certo mal estar na supervisão. Teve um supervisor que desistiu uma semana antes de começar o processo. Havia muito insatisfação. Parece que alguns supervisores fizeram o trabalho de má vontade por serem mal remunerados. Estou muito irritado porque estou vendo o trabalho que fiz durante todo o ano sendo jogado por água abaixo. É muito revoltante!

Mas não houve uma preocupação em melhorar a correção diante dos problemas do último Enem?
O Cespe aprimorou o sistema de avaliação da correção. O corretor é avaliado constantemente, principalmente no tempo em que cada redação fica aberta na tela do seu computador. Mas o corretor também erra, e a correção on-line dá brechas para burlar os filtros de qualidade.

Como é feita essa avaliação?
Cada corretor recebe diariamente uma nota da sua correção. Se não mantiver uma média 8, pode ser cortado do processo. Teve gente cortada durante o processo de correção. Mas não sabemos o que aconteceu com as redações que foram corrigidas por essas pessoas. Também houve pessoas que abandonaram a correção no meio, e as redações foram redirecionadas a outros corretores.

Como foi feita a distribuição das redações para os corretores?
Recebemos diariamente 100 redações pela internet. No nosso envelope virtual, existe uma redação corrigida por alguém da banca Cespe, que chamamos de redação de ouro. É uma maneira de o Cespe ficar atento aos corretores. Há outra redação no pacote que é corrigida por muitos corretores. Ela recebe uma nota média para verificar a qualidade e a coerência da banca. Mas não sabemos quais notas prevalecem.

Quanto tempo você demorava para corrigir uma redação?
Gastava de 2 minutos e meio a 3 minutos por redação, de 2 duas horas e meia 3 horas por dia para corrigir as redações. Se todo mundo seguisse o treinamento do Cespe, não haveria problemas. No Rio, os professores são muito experientes. Mas não sabemos como foi feito o treinamento nos confins do Brasil.

O que difere correção da redação do Enem de outros vestibulares?
O nível de exigência é menor do que se cobra normalmente nos colégios dos grandes centros urbanos. Fomos instruídos pelo Cespe a dar notas 900 ou 1.000 em redações que valiam 600. A nota zero sempre tem que ter vista por uma terceira pessoa, por um supervisor que é sempre ligado a uma universidade. Mas o Cespe se nega a conceder a revisão de fato. Isso demonstra que há uma vulnaberalidade no sistema, pois é um direito do candidato.


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