21 de mar. de 2013

Questão comentada 3º ano: Simbolismo


Leia o texto:


Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma.
Ela flui, como um rio.
Como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
(...)       Rachel de Queiroz


Conforme seus conhecimentos, explique por que é possível afirmar que o poema de Rachel de Queiroz, escritora modernista, expressa tendências da poesia de fins do século XIX no Brasil e a qual escola literária ele remete. Cite passagens do texto que comprovem sua resposta.

RESPOSTA ALMEJADA:
Rachel de Queiroz, escritora modernista, expressa características do Parnasianismo, estética brasileira que vigorou em fins de século XIX, ao demonstrar a valorização da arte de escrever poesia, "a grande poesia", da arte que se propõe a escrever arte, sem preocupação social. A aproximação do trabalho do poeta ao dos artistas plásticos é a demonstração da busca pela perfeição formal, típica do Parnasianismo. São exemplos que comprovam a influência parnasiana no texto de Rachel de Queiroz:
"E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação."



Leia atentamente os textos a seguir:
Texto 1: Alphonsus de Guimaraens (Afonso Henriques da Costa Guimaraens), nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870 e faleceu em Mariana (MG), em 1921. Bacharelou-se em Direito, em 1894, em sua terra natal. Desde seus tempos de estudante colaborava nos jornais “Diário Mercantil”, “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo” e “A Gazeta”. Em 1895 tornou-se promotor de Justiça em Conceição do Serro (MG) e, a partir de 1906, Juiz em Mariana (MG), de onde pouco sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, (1892/1894), foi publicado em 1899, ano em que também saiu o “Setenário das Dores de Nossa Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou “Kiriale”, sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens. Sua “Obra Completa” foi publicada em 1960. É considerado um dos grandes nomes do Simbolismo. Sua obra é perpassada pela tragicidade que marcou sua biografia pessoal. Fonte: http://www.releituras.com/alphonsus_ismalia.asp. Acesso em 05 de março de 2013.
Texto II: ISMÁLIA


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...



Texto III: PRÉ-HISTÓRIA


Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.



In: MENDES, Murilo. Poesia Completa e Prosa. Organização, preparação do texto e notas, por Luciana Stegagno Picchio. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995.
Usando como referência as informações obtidas através da explanação do conteúdo em sala de aula, seus conhecimentos sobre o Simbolismo e a biografia de Alphonsus de Guimaraens, produza um parágrafo-texto de, aproximadamente, 10 linhas, demonstrando como as características simbolistas, dentre elas a influência mística, onírica e subjetiva permeiam a obra do autor, e como tais influências refletem raízes da vida do mesmo. Demonstre, ainda, de que modo é possível reconhecer ecos da produção do poeta mineiro na escrita moderna de Murilo Mendes, em “Pré-história”.
No momento de produzir seu parágrafo-texto, fica atento:
- Uma resposta a uma questão dissertativa, por menor que seja, é sempre um texto. Sendo assim, seja claro,  coeso, coerente.
- Não responda às questões copiando frases dos textos motivadores. Leia, atentamente, o material que está  sendo analisado e construa a resposta com o seu  próprio discurso. Os recortes de frases devem ser feitos apenas quando se tratar de exemplos, respeitando, inclusive, o uso das aspas. 

RESPOSTA ALMEJADA: 

Alphonsus Guimaraens, escritor simbolista, teve sua trajetória pessoal marcada pela trágica perda da noiva, Constança. O acontecimento deixou marcas na carreira do autor, uma vez que sua poética é repleta de imagens referentes à morte, ao transcendentalismo, ao espiritual. No poema "Ismália", a descrição da loucura da moça que se expõe no alto de uma torre, no intuito sonhador de alcançar a "lua do céu" e a "lua do mar", expressa a atmosfera de morte do poema de Alphonsus. Murilo Mendes, representante da poética modernista, retoma as imagens oníricas ensaiadas pelo poeta de Ouro Preto em "Pré-História". Aqui, a lembrança infantil da loucura da mãe que "tocava piano no caos" e que torna-se apenas recordação, "cai no álbum de retratos", denuncia a influência da estética simbolista na poesia moderna ao enunciar a atitude suicida da mulher. 


Questão comentada 2º Ano: 1ª Geração Romântica


Leia o texto a seguir:
Pátria minha (Vinícius de Moraes - 1913-1980)
Fragmentos



A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades da minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, porque e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, é o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos da minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!
...
Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinícius de Moraes."



INSTRUÇÃO: Usando como referência as informações obtidas através da explanação do conteúdo em sala de aula, seus conhecimentos sobre a primeira geração romântica e as imagens do Brasil que, desde o Quinhentismo, visam propagandear a terra brasileira, produza um parágrafo-texto de, aproximadamente, 10 linhas, analisando a paródia escrita por Vinícius de Moraes. Considere o olhar ufanista da primeira geração e a criticidade típica das produções modernas. Assim, demonstre como o texto-matriz, escrito por Gonçalves Dias, foi retomado e que novos olhares sobre a terra brasileira o poema de Vinícius de Moraes sugere e quais antigos (caso hajam) permanecem. (2,0)

No momento de produzir seu parágrafo-texto, fique atento:
- Uma resposta a uma questão dissertativa, por menor que seja, é sempre um texto. Sendo assim, seja claro,  coeso, coerente. Faça um texto com encadeamento lógico: introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Não responda às questões copiando frases dos textos motivadores. Leia, atentamente, o material que está  sendo analisado e construa a resposta com o seu  próprio discurso. Os recortes de frases devem ser feitos apenas quando se tratar de exemplos, respeitando, inclusive, o uso das aspas e a citação das referências. 


RESPOSTA ALMEJADA:
A primeira geração romântica brasileira tem como bandeira a idealização da pátria, demonstrando a exuberância da terra, quão valorosa é sua flora e fauna e a superioridade da nação Brasil quando comparada a outras nações. Gonçalves Dias eternizou a beleza do país em sua famosa "Canção do exílio". Nela, o autor confessa a saudade que sente, estando exilado do seu lugar, das terras brasileiras e do aconchego que ela lhe dá. Vinícius de Morais, escritor modernista, ao retomar o ufanismo típico da primeira geração romântica também engrandece e confessa amar o Brasil: para o autor, também exilado, a terra também é amada, mas agora sofre com problemas sociais graves, desperta no eu lírico o sentimento de piedade e desejo de cuidar, como se cuida de uma filho, da "mãe gentil". A "pátria minha" descrita por Vinícius tem cores "tão feias", está "sem sapatos", é "tão pobrinha". 

Questão 1º Ano comentada: gêneros literários


Questão aberta 1º Ano: Gêneros Literários

Leia com atenção um trecho da obra clássica A Odisseia, de Homero, a letra da canção Homem-aranha, cujo áudio ouvimos em sala de aula, e a reportagem veiculada em alguns jornais nesta semana:



TEXTO I:
O homem canta-me, ó Musa, o multifacetado, que muitos         
males padeceu, depois de arrasar Troia, cidadela sacra.
Viu cidades e conheceu costumes de muitos mortais. No
mar, inúmeras dores feriram-lhe o coração, empenhado em
salvar a vida e garantir o regresso dos companheiros. Mas
não conseguiu contê-los, ainda que abnegado. Pereceram.
vítimas de suas presunçosas loucuras. Crianções! Forraram
a pança com a carne das vacas de Hélio Hipérion. Este os
privou, por isso do dia do regresso. Das muitas façanhas,
Deusa, filha de Zeus, conta-nos algumas a teu critério.

Fonte: A Odisseia, de Homero. Tradução de Donaldo Shuller.



TEXTO II:
Eu adoro andar no abismo
Numa noite viril de perseguição
Saltando entre os edifícios
Vi você!...

Em poder de um fugitivo
Que cercado pela polícia
Te fez refém
Lá nos precipícios
Foi paixão à primeira vista...

Me joguei de onde o céu arranha
Te salvando com a minha teia
Prazer!
Me chamam de Homem-Aranha
Seu herói!...

Hoje o herói aguenta o peso
Das compras do mês
No telhado, ajeitando
A antena da tevê
Acordado a noite inteira
Pra ninar bebê...

Chega de bandido pra prender
De bala perdida pra deter
Eu tenho uma ideia:
Você na minha teia...

Chega de assalto pra impedir
Seja em Brasília ou aqui
Eu tive a grande ideia:
Você na minha teia...

Hoje eu estou nas suas mãos
Nessa sua ingênua sedução
Que me pegou na veia
Eu tô na tua teia...

[...]




Fonte: http://letras.mus.br/jorge-vercillo/63282/. Acesso em 06 de março de 2013.

TEXTO II:
Câmeras do circuito interno de TV de uma delegacia em Bradford, no norte da Inglaterra, registraram o momento em que um homem vestido de Batman entregou às autoridades um criminoso procurado pela polícia.
O caso ocorreu no último dia 25 de fevereiro.
Segundo a polícia, o homem-morcego apareceu na delegacia de madrugada levando um jovem de 27 anos acusado de porte de objetos roubados e fraude.
"A pessoa que trouxe o homem estava vestida com uma fantasia de Batman. A sua identidade, entretanto, permanece desconhecida". O suspeito irá a julgamento na próxima sexta-feira, dia 8 de março.

INSTRUÇÃO: Usando como referência as informações obtidas através da explanação do conteúdo em sala de aula, conhecimentos sobre os gêneros literários e seu senso crítico, produza um parágrafo-texto de, aproximadamente, 10 linhas, demonstrando como as características do herói, postuladas por Aristóteles, têm sofrido modificações ao longo da história da humanidade. Demonstre como as necessidades humanas, individuais e coletivas, têm contribuído para a mudança da percepção sobre quem é herói hoje em dia e sobre quais inimigos, de fato, se luta (É importante, conforme visto em sala, traçar a trajetória das modificações sofridas pelo herói, da Antiguidade ao cenário atual). (2,0)

No momento de produzir seu parágrafo-texto, fique atento:
- Uma resposta a uma questão dissertativa, por menor que seja, é sempre um texto. Sendo assim, seja claro,  coeso, coerente. Faça um texto com encadeamento lógico: introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Não responda às questões copiando frases dos textos motivadores. Leia, atentamente, o material que está  sendo analisado e construa a resposta com o seu  próprio discurso. Os recortes de frases devem ser feitos apenas quando se tratar de exemplos, respeitando, inclusive, o uso das aspas e a citação das referências.

RESPOSTA ALMEJADA:

Na Antiguidade Clássica, o herói grego épico era um ser com uma missão: enviado pelos deuses, deveria lutar por si e pelo seu povo.  Com Os Lusíadas, de Camões, o herói não é mais um sujeito particular, mas sim uma nação, que realiza feitos grandiosos, ilustres. Hoje, o herói aos moldes aristotélicos cedeu lugar ao cidadão comum, limitado, mas que luta para driblar os problemas cotidianos e vencer inimigos como a violência, a corrupção e a vida enlouquecedora do mundo moderno. 




14 de mar. de 2013

Figuras de Linguagem

 Galerinha do 9º ano,
Como esta matéria é sempre presente nos estudos de Literatura e Língua Portuguesa, sugiro que vocês imprimam o conteúdo e deixem no caderno, disponível para consulta.


O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem. 

a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.
A lendária máscara teatral é um exemplo de antítese

Ex: Assim que as luzes se apagaram, acendeu-se a chama. (apagar e acender são palavras contraditórias. Para que um se acenda, o outro deve se apagar. São situações excludentes)

b) paradoxo: é a figura em que há algo que parece absurdo, contrário ao senso comum, para isso utiliza-se termos contrários, mas referindo-se a um mesma situação, pessoa...
Ex: A relação conturbada fazia com que ela o amasse odiando-o. (Ao mesmo tempo, há a existência do amor e ódio, convivendo juntos, mesmo sendo elementos contrários)
O amor é um contentamento descontente (Neste verso de Camões, o amor provoca sentimentos opostos no ser que ama: alegria e tristeza juntos)

b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
Ex: Você é muito engraçadinho!  (na presença de um ato reprovável)

c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.
Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)
Joana faltou com a verdade (em vez de mentir)

d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Ex: Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)

e) prosopopeia, animismo ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.

Ex: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.(Jardim não olha, pois quem tem a faculdade da visão são os seres humanos, aqui, portanto, ele adquire característica de pessoa: a capacidade de olhar).


f) comparação:  é uma figura de linguagem semelhante à metáfora usada para demonstrar qualidades ou ações de elementos. A relação entre esses elementos é expressa por um conectivo que deixa clara a comparação.
Ex: O amor queima como fogo
Ela mente da mesma forma que o pai mentia.


g) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo não aparece, fica subentendido.

Ex: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

h) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe:

Ex: Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)

É a metonímia que nos autoriza a usar expressões como "tomar um copo d'água" e "ler Rubem Braga":  Você, na verdade, toma a água contida no copo e lê o livro escrito por Rubem Braga. 
Outros exemplos: Ler Jorge Amado (autor pela obra - livro)/ Bebi dois copos de leite (continente pelo conteúdo - leite) / Ser o Cristo da turma. (indivíduo pela classe - culpado) / Completou dez primaveras (parte pelo todo - anos) / O brasileiro é malandro (sing. pelo plural - brasileiros) / Brilham os cristais (matéria pela obra - copos).

i) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.

Ex: O pé da mesa estava quebrado. (Observe que é naturalmente parte do ser humano, mas aqui está sendo usado por falta de um outro termo que classifique tão bem a estrutura referida da cadeira).
Outros exemplos: dente de alho, céu da boca, barriga da perna, batata de perna, asa da xícara...

j) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade:
Ex: ...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)
A cidade maravilhosa (Rio de Janeiro)

l) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Ex: Eu adoro perfumes doces (perfume se percebe pelo olfato, o doce pelo paladar: misturam-se dois sentidos humanos diferentes, em favor de um significado almejado)
Era um som luminoso que encantava a todos (som: audição; luminoso: visão)



Adaptado de: http://www.brasilescola.com/portugues/figuras-linguagem.htm

13 de mar. de 2013

Texto referente ao Dia Internacional da Mulher


Mulher: respeito e dignidade



Algumas datas festivas não me agradam pela mercantilização, pelos presentes excessivos, diversão sem emoção e abraço sem afeto. Quem dá bola para professor, mãe e pai quando há a praia, a balada, bastante bebida? Repito, para não ser mal interpretada, que não é a maioria que age assim, mas cada vez mais sentimos nos ares o aroma da grana fluindo: haja propaganda! Bem antes da Páscoa, coelhos já pululam nas cidades e papais noéis apontam suas belas barbas meses antes do Natal. Mal terminada a temporada de caça a compradores do Dia das Mães, começará a do Dia dos Namorados. Sou contra? Sou muito a favor da troca de carinho, gentileza, pequenas lembranças, de curtir o dia e as pessoas. Sou da banda da vida, dos afetos, da alegria.
No Dia da Mulher celebra-se a dita liberdade? Nela eu não creio. O que aconteceu com as mulheres nestas décadas foi saírem do jugo do pai, irmãos, marido, até filhos, e começarem a se enxergar, sentir e agir como pessoas. Podem estudar, morar sozinhas, casar com quem quiserem ou não casar, ter filho ou não, dirigir empresas ou ônibus, pilotar aviões, fazer doutorados, brilhar nas ciências ou finanças, enfim: somos gente. Há muito que fazer, um longo caminho a percorrer. Altas executivas ainda são olhadas com desconfiança e às vezes lidam com condições desfavoráveis, culpas atávicas, falta de estrutura da sociedade para aliar profissão a vida pessoal, sobretudo a maternidade. Ainda há quem ganhe menos que homem na mesma função. Ainda há quem tenha de “caprichar dobrado”. Mas as coisas vão se resolvendo na medida em que nos fazemos respeitar.
É aí que quero chegar: mais do que direitos e liberdade, falar em dignidade e respeito. Minha querida Lygia Fagundes Telles, grande escritora brasileira, já disse que muitas vezes aparecemos “feito pedaços de carne em gancho de açougue antigo”. A mulher despida cada vez mais é objeto de propagandas. Vender automóvel? Mulher de biquíni. Vender comida? Mulher de biquíni. Vender qualquer produto? Mulher meio pelada. Mulher fazendo trejeitos ditos sensuais, caras e bocas, exibindo plásticas nem sempre naturais. Já escrevi que quanto mais falamos em natureza mais distantes dela estamos. Propagandas em que mulheres fazem o marido passar por idiota: ele é preguiçoso demais, mas meu intestino já não é. O inseticida funciona, meu marido dorme no sofá de boca entreaberta...

7 de mar. de 2013

Romantismo: Primeira Geração


Contexto histórico

O Romantismo surge na Europa, no fim do século XVIII, com a publicação de Os sofrimentos do jovem Werther, do alemão Goethe. É um movimento contemporâneo à independência dos EUA e à Revolução Francesa, movimentos que contestam a ordem pré-estabelecida de organização social, levam a burguesia ao poder político e iniciam o século XIX com uma grande fé no futuro da humanidade. Afinal, o que se desejava, depois de um século de Iluminismo, era liberdade, igualdade e fraternidade para todos.
Mas, a burguesia no poder não vai durar tanto tempo assim pregando a igualdade. Se todos forem iguais não existe mais poder, não é verdade?

E o que isso tem a ver com o que estudamos no Brasil? TUDO. Porque depois de lutar pela liberdade pregada pela Revolução Francesa e gostar muito de fazer isso, o que é que os franceses, ou melhor, Napoleão vai levar a liberdade, a igualdade e a fraternidade à toda Europa, claro! (entendam a ironia, pelo love de God!). Lutar contra os tiranos que oprimem o povo através da guerra e do sofrimento desse mesmo povo parecia ser o lema paradoxal de Napoleão Bonaparte. D. João VI fugiu da ação ditadora de Napoleão vindo com toda a corte para cá. A vinda da do rei português fez com que o país tivesse que ser modernizado para receber as ilustres visitas. No fim das contas, temos que dar graças a Napoleão, porque sem ele não teríamos no século XIX as condições propícias para os avanços sociais que a vinda da família real no proporcionaram, muito menos para os avanços culturais e para o próprio Romantismo brasileiro.

Que condições são essas? ora, a urbanização do Rio de Janeiro, o investimento na estrutura administrativa do Estado, a criação de uma imprensa regular, a possibilidade de se imprimir livros diretamente no Brasil, a criação de cursos superiores de Direito, Belas Artes, Medicina… É claro que isso são as condições para o Romantismo nascer. Mas o bichinho teve uma incubação meio lenta. A família real chega aqui em 1808. Em 1822 nos tornamos independentes (pelo menos politicamente). Mas Romantismo, Romantismo mesmo, só em 1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Isto significa que o Romantismo é contemporâneo, na verdade, do II Reinado, do governo do Imperador D. Pedro II.

ROMANTISMO NO BRASIL:
PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA:


A primeira geração, também chamada de nacionalista ou indianista (isso quando não é chamada de nacionalista-indianista), tem como elemento de destaque ser nacionalista e indianista! Surpreendente isso, não é? Mas o fato é que o grande diferencial dela são esses temas mesmo. Isso porque, no ponto de vista da lírica, da lírica amorosa pura, aquela que não está combinada com nenhum desses dois temas, o que sobra são as características gerais do Romantismo: o culto à natureza, o sentimento de solidão, o amor não revelado pela mulher amada, a idealização dessa mulher… A diferença mais palpável, além da combinação da temática indianista, como em Leito de Folhas Verdes – poema que está naquela folha que vimos em sala – com a amorosa é o fato de que, ao contrário da segunda geração, existe serenidade na melancolia e na tristeza vividas nos textos da primeira geração. Gonçalves Dias até tem um poema em que ele afirma que se morre de amor (literalmente o título é Se se morre de amor), mas em nenhum momento existe o desejo da evasão pela morte. Fascínio pela morte (morbidez) é uma coisa exclusiva da segunda geração, ok?


Parnasianismo e Simbolismo


Parnasianismo: a arte pela arte


Antes de falarmos exatamente desse movimento é preciso ficar atento ao contexto social e econômico da segunda metade do século XIX. A Revolução Industrial e as novas descobertas científicas fizeram com que a emoção, tão dominante no Romantismo, por exemplo, fosse deixada de lado. Era preciso agir e sentir de modo racional, frio. Assim, o Parnasianismo será esse olhar objetivo, racional na poesia. Observe que na prosa já tínhamos o Realismo para expressar essa reação ao Romantismo. Por isso, convém dizer que o Parnasianismo é antirromântico. Outra coisa importante: a poesia foi, durante muito tempo, o espaço para expressão dos sentimentos humanos, mas os poetas abandonavam a preocupação com a forma, com a feitura do poema. Assim, os parnasianos defendem a necessidade de tratar os temas poéticos com mais objetividade, sem as "lamúrias" românticas.

Para os poetas parnasianos a arte é sinônimo de beleza formal, é a arte para si mesma, a arte pela arte. Não é questão para a poesia o tratamento dos problemas sociais ou as queixas humanas, os amores sofridos. Não! Para se fazer arte é preciso saber combinar bem as palavras, respeitar as formas poéticas fixas e pronto: eis um poema bem feito! Veja o exemplo:

Vaso Chinês

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

M
as, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;


Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
     Alberto de Oliveira


Observe que o poema destaca a descrição de um objeto, a perfeição formal também é presente, afinal trata-se de um soneto e uma postura objetiva, sem sentimentalismo. Assim, o assunto tratado é a descrição de um vaso e não de sentimentos humanos.

No Brasil, destacaram-se os poetas Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho.

Dos citados, Olavo Bilac é o mais famoso: é a estrela maior do parnasianismo brasileiro. Leia a biografia do "Príncipe dos poetas" aqui: OLAVO BILAC
Vejam abaixo um dos poemas mais conhecidos do "poeta das estrelas":

Quinhentismo

Nesta semana começamos a conversar sobre o Quinhentismo, período de produção escrita relativo ao século XVI. Não é, portanto, um período de produção literária, pois falta, a grosso modo, o caráter inventivo, ficcional que define literatura, arte da palavra. 
O primeiro período da história da literatura brasileira começou em 1500, ano em que Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, enviou a D. Manuel  I a famosa Carta, em que se comunicava ao soberano o “achamento” das terras brasileiras. O principal objetivo dos textos nessa época é relatar as viagens ao novo mundo e informar como era a terra e como eram as pessoas encontradas aqui.
A produção literária do Brasil do século XVI liga-se a duas necessidades práticas principais da empresa colonizadora portuguesa: a de fornecer informação sobre a nova terra e a de converter os indígenas ao cristianismo. Nessa literatura de valor principalmente documental, encontramos elementos importantes para a compreensão de nossas origens históricas e literárias.
Essa produção literária proveio principalmente dos esforços iniciais de conquista das novas terras. Dessa forma, houve várias manifestações em prosa, em sua maioria tratados, cartas e diários, cuja principal finalidade era descrever a paisagem e a vida brasileiras, atuando como fonte de informação aos europeus, (LITERATURA DE INFORMAÇÃO). Além disso, o teatro conheceu algum desenvolvimento sob forma de autos versificados compostos pelos jesuítas em seu trabalho de catequização do índio (LITERATURA DE CATEQUESE). Também ocorreram algumas manifestações poéticas, principalmente de caráter religioso, ligados ao esforço catequético.


Gêneros Literários

Seguindo a série de postagens "1º ano do Ensino Médio", falemos agora dos Gêneros Literários:



Gênero é a denominação que damos ao conjunto de obras que possuem características semelhantes de forma e conteúdo. Em sala falamos sobre a definição clássica, cunhada pelo filósofo grego Aristóteles, a qual pressupõe três gêneros:

O Épico: são aquelas narrativas que contam os feitos extraordinários de um herói. Segundo Aristóteles, é a palavra contada, ou seja, é o bom e velho "contar histórias". Nas composições desse gênero há a presença de um narrador, que conta uma história em versos, em um longo poema que ressalta a figura de um herói, um povo ou uma nação. Geralmente envolvem aventuras, guerras, viagens e façanhas heroicas e apresentam um tom de exaltação, isto é, de valorização de heróis e feitos grandiosos. Os poemas épicos chamam-se epopeias. As principais epopeias da cultura ocidental são a Ilíada e a Odisséia, de Homero, a Eneida, de Virgilio, Os lusíadas, de Luis de Camões.
Veja o trailler do filme "300", o qual conta os feitos do espartanos em busca de, heroicamente, defender seu povo, sua terra:





Conceito de Literatura


Pessoal,
Sobre o conceito de arte e literatura, nossa primeira matéria, você precisa se lembrar que não há um conceito unívoco sobre essas manifestações, mas Literatura pode ser entendida como a arte da palavra, pois o artista ao "trabalhar" os possíveis sentidos de um termo, cria significados simbólicos, os quais ultrapassam o sentido objetivo, reconhecido como verdade absoluta, a concepção dicionarizada.
Conceito difícil? Calma, calma e vamos ao texto então:


Explicação de poesia sem ninguém pedir

Um trem de ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.
Adélia Prado

Renascimento e Classicismo

Olá, pessoal!
Comecemos nossa série de postagens sobre os conteúdos que vimos em sala de aula.

Renascimento e Classicismo: quando a ciência se encontra com a arte
Estando nós, neste momento, às voltas com a nossa primeira avaliação e o estudo das escolas literárias no Brasil, é importante conhecer a arte que representa um lapso na vivência artística em terras brasileiras: o Classicismo, a manifestação artística da Renascença.

O Renascimento, como vimos, é um complexo movimento cultural que engloba ciências, filosofia e arte. Ele se define pela prevalência do ideal do humanismo, isto é, da doutrina que valoriza o homem e a natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural. Este humanismo, assim como o movimento renascentista, observado de uma forma mais ampla, foi paulatinamente vivenciado na Europa a partir do século XIV, estendendo-se, em algumas localidades, até o século XVII. 

Sendo o Renascimento e o Classicismo essencialmente ligados ao fenômeno humano e aos fenômenos da natureza, vão se refletir nas suas manifestações uma postura racional, em que arte e ciência são encaradas como extensão, uma da outra, e em cujo trabalho se deve dispensar o mesmo rigor formal. É necessário ao artista que vai retratar o corpo humano, seja na pintura, seja na escultura, o conhecimento científico do que é o corpo humano para que haja verossimilhança. Esta perspectiva se coordena com a postura grega de que a arte deve atingir o Bom, o Belo e o Verdadeiro. Beleza é verdade; portanto, só há beleza na arte se ela se assemelha profundamente ao real; além disso, a Beleza se liga ao conceito de Bom, que está imediatamente ligado ao conceito da dignidade humana, da exaltação das boas qualidades do homem.

6 de mar. de 2013

Preparação para as provas

Pessoal,
Suponho que vocês estejam visitando o blog a fim de estudarem pelas postagens que prometi, mas tive alguns contratempos hoje e só poderei escrever para vocês amanhã pela manhã. Peço que estudem pelo caderno e/ou livro e deixem este espaço virtual somente para revisão, já que já estamos em véspera de prova.
Amanhã estará tudo aqui, prometo!

Quem quiser adiantar, há postagens antigas sobre as matérias nos tags ao lado. Basta clicar e procurar.

Beijos,
Dani

3 de mar. de 2013

Entrevista Profª Daniele Ribeiro



A entrevista a seguir foi concedida a uma acadêmica para um trabalho de Pedagogia. Achei interessante deixá-la publicada aqui; talvez seja útil de algum modo, seja para outros acadêmicos que tentam traçar o perfil profissional do professor de Literatura ou, quem sabe, para outros colegas que queiram "conversar" sobre o ofício, suas dores e delícias. 

Entrevistada: Daniele Soares Ribeiro
Leciona Literatura Infanto-juvenil em turmas de Ensino Fundamental II e Literatura Brasileira para alunos de Ensino Médio. Atualmente, faz parte do corpo docente Colégio Delta, instituição de ensino privado, em Montes Claros, norte de Minas Gerais.

1. Como você realiza o seu trabalho em sala de aula?

Todo o meu trabalho se baseia na análise e interpretação das obras literárias em diálogo com outras formas de artes: música, cinema, teatro, pintura... Busco ler o livro para e com os meus alunos sempre de modo emocionante e cativante, a fim de transportar o leitor para o universo de sentimentos e emoções que julgo que a leitura almeja despertar. Assim, após realizar leituras dramatizadas, dialogo com o alunado sobre as compreensões possíveis daquele texto para o momento de produção do mesmo e que valores veicula para nós, leitores, hoje. Após esse momento,  introduzo canções, filmes ou outras mídias que ajudem a demonstrar que o literário é apenas uma dentre várias outras formas de o homem traduzir/entender/explicar a si e ao mundo em que vive. Fecho os trabalhos sempre com atividade escritas de interpretação e avaliações sobre o conteúdo ministrado.

2. Seu método de trabalho se aproxima mais do tradicional ou histórico-crítico?

Acredito que minha forma de trabalhar seja mais próxima da abordagem histórico-crítica, pois busco ajudar o aluno a ter autonomia no processo de construção e percepção de significados, visando a formação do sujeito crítico, capaz de analisar a realidade em que vive e criar suas próprias conclusões sobre ela, tudo isso, no caso, mediado pelo texto literário. O que se torna relevante para mim não é a abordagem conteudista, mas sim como os discentes absorvem e transformam a informação presente nas obras em conhecimento, o que só se dá quando alunos pensam e sentem os textos. Guardo ainda do tradicional as avaliações e a “nota” como indicadores de bom rendimento, o que é mais uma questão de cultura escolar do que de escolha profissional.

3. Em sua opinião, qual a função da escola?

21 de nov. de 2012

Sangrando ainda

A Ele,

Como tenho sentido a sua falta! Meu coração pergunta todos os dias por você e o silêncio continua a responder que só sabe dizer de sua ausência. É impressionante como consigo me lembrar em todos os sagrados dias de como éramos nós, e eu, de repente, tornei-me um terrível e pesado singular. Por que nunca me explicou a razão? Foi embora e levou consigo minha capacidade de me manter emocionalmente. Como faço agora? Já se levantaram tantos sóis, anoiteceram tantas luas e eu continuo sem a luz que me salvava da escuridão de não estar. Vi você há alguns dias. Sei que era seu rosto. Você fingiu não ver e eu percebi. Péssimo ator. E a vida, essa escritora de destinos, fez com que nos víssemos novamente naquele mesmo dia... Quem entenderá? Por que, depois de tanta distância, sua visão resplandece duas vezes em menos de 24 horas? Queria todas as respostas, fechar o que não terminou como devia, porque não reclamo seu desejo de ir, mas a forma como ele se impôs a mim, me sufocou ao ser absurdamente repentino e me marcou até o sempre de agora. Prometo para o meu coração todos os dias: "-Acalma-te, vamos superar isso juntos, ok?", mas nem eu creio nisso com a convicção que deveria e assim, na lanterna do meu cotidiano vazio, fica suspensa a vontade de deixar outro alguém assumir o seu lugar. 

d.



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