7 de mar. de 2013

Quinhentismo

Nesta semana começamos a conversar sobre o Quinhentismo, período de produção escrita relativo ao século XVI. Não é, portanto, um período de produção literária, pois falta, a grosso modo, o caráter inventivo, ficcional que define literatura, arte da palavra. 
O primeiro período da história da literatura brasileira começou em 1500, ano em que Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, enviou a D. Manuel  I a famosa Carta, em que se comunicava ao soberano o “achamento” das terras brasileiras. O principal objetivo dos textos nessa época é relatar as viagens ao novo mundo e informar como era a terra e como eram as pessoas encontradas aqui.
A produção literária do Brasil do século XVI liga-se a duas necessidades práticas principais da empresa colonizadora portuguesa: a de fornecer informação sobre a nova terra e a de converter os indígenas ao cristianismo. Nessa literatura de valor principalmente documental, encontramos elementos importantes para a compreensão de nossas origens históricas e literárias.
Essa produção literária proveio principalmente dos esforços iniciais de conquista das novas terras. Dessa forma, houve várias manifestações em prosa, em sua maioria tratados, cartas e diários, cuja principal finalidade era descrever a paisagem e a vida brasileiras, atuando como fonte de informação aos europeus, (LITERATURA DE INFORMAÇÃO). Além disso, o teatro conheceu algum desenvolvimento sob forma de autos versificados compostos pelos jesuítas em seu trabalho de catequização do índio (LITERATURA DE CATEQUESE). Também ocorreram algumas manifestações poéticas, principalmente de caráter religioso, ligados ao esforço catequético.



Principal texto: A Carta do Achamento
A carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, D. Manuel I, foi escrita na ocasião da descoberta do Brasil. O autor fazia parte da frota comandada por Pedro Álvares Cabral que aportou no litoral brasileiro no ano de 1500. É a primeira representação literária da realidade brasileiraFixa a nossa origem, inaugura a visão do que somos, iniciando a formação da identidade do país e da nossa formação cultural.
O conteúdo da Carta, de Caminha, dialoga com a História, sendo considerada, por isso, um documento histórico. O autor se revela o primeiro cronista do Brasil. A carta realiza uma espécie de relatório para o rei sobre a descoberta da nova terra e o autor se posiciona como testemunha ocular dos fatos. Registra os primeiros momentos do encontro do português com a região, descreve a geografia física e humana do Novo Mundo e revela o impacto cultural dos estrangeiros com os Ameríndios.
Contexto Histórico
            No séc. XV, Portugal deu início à expansão marítima com o objetivo de conquistar e colonizar outras partes do mundo. Essa atitude atendia a necessidade de Portugal de resolver carências e conflitos internos gerados pela crise do século XIV (fomes, pestes e guerras), que ocasionou a desintegração do Sistema Feudal. Assim, as Grandes Navegações atendiam a necessidade da sociedade portuguesa, organizada em um Estado Nacional, em se adequar às transformações sociais (ascensão da classe burguesa) e, sobretudo, econômicas (afirmação do Mercantilismo como sistema) vivenciadas pela Europa Ocidental, no início da Era Moderna.
Em relação aos interesses mercantilistas, a Coroa Portuguesa desejava, ao mesmo tempo, angariar regiões para a exploração de metais preciosos e para a expansão do comércio. O primeiro alvo das expansões ultramarinas foi a África, mas a vontade maior de Portugal era encontrar a rota marítima que o conduziria às Índias. Nessa época, as Índias eram consideradas o berço dos artigos de luxo e das especiarias, produtos ambicionados pelos europeus. Mas não eram apenas as transações mercantis que interessavam a Portugal no seu projeto expansionista. Ele também visava os interesses da classe feudal e da Igreja. O Estado também almejava dilatar a fé católica. Inclusive, a campanha religiosa será largamente usada para justificar as colonizações portuguesas.
 Durante quase um século, várias expedições foram enviadas pela Coroa e o mar foi gradativamente se alargando para o europeu. Em 1498, a expedição comandada por Vasco da Gama finalmente consegue o caminho para as Índias, fato que será celebrado na famosa epopeia Os Lusíadas, escrita por Luís de Camões. Dois anos depois, uma nova armada parte de Lisboa em uma dupla missão: a primeira de ordem religiosa, apoiada por Roma, objetivava catequizar os povos das Índias. A segunda, de natureza financeira, tinha compromissos com a burguesia (os patrocinadores financeiros e comerciantes), de estabelecer o monopólio comercial com os governantes de Calicute, criando uma feitoria nessa cidade.

Encontro de dois mundos
Os textos produzidos são feitos sob uma perspectiva do olhar do português. Assim, a beleza e o exotismo dos nossos bens naturais deixavam os estrangeiros impressionados: todos, em seus escritos, mencionavam a extensão das matas, a diversidade das espécies, os sabores das frutas típicas, o clima... - era como se estivessem em um paraíso na terra, quase um Jardim do Éden, por isso que falamos em um ponto de vista edênico e um homem adâmico (com a pureza do Adão bíblico). Em vários escritos fica registrado o espanto que a nudez e os hábitos dos índios causavam nos homens de Portugal. Mas esse espanto era fruto do choque cultural, já que os estrangeiros não tinham costumes semelhantes, no entanto, os nativos são, na maioria das vezes, descritos como seres inocentes, e gentis. 

Agora, vai aí um "melô" que encontrei fuçando as postagens do blog www.literarizando.wordpress.comMuito legal! Eu amei! Espero que gostem! (deve ser contato conforme o ritmo da música "Jesus Cristo", de Roberto Carlos: "Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui..." lembram-se?)


Olho pra frente e vejo
Um índio pelado que vai passando
Ele é pecador ou é inocente
Eu vou me perguntando

Junto com esse índio
tem uma natureza sensacional
Que terra, que gente é
Essa estranha demais

Quinhentismo, quinhentismo
Quinhentismo, como é esse país?
Quinhentismo, quinhentismo
Quinhentismo, como é esse país?

Texto de informação é
Documento para o rei
Texto de catequese
Converte o índio
Isso eu já sei

Caminha exaltou o índio e falou
Do ouro que não achou
Anchieta com teatro e poesia
O índio mudou

Quinhentismo, quinhentismo
Quinhentismo, como é esse país?
Quinhentismo, quinhentismo
Quinhentismo, como é esse país?

A animação a seguir ajuda a fixar tudo o que foi dito em sala e aqui:


Uma interpretação moderna das imagens da terra propagandeada desde o Quinhentismo é o filme Rio. Semelhante às intenções de Caminha, que buscava atrair o olhar português para nossas terras, o filme anuncia também quem é o Brasil atual, sua gente, sua fauna e flora exuberantes. O contexto agora é atrair os estrangeiros para conhecerem a terra "abençoada por Deus e bonita por natureza" no período de Copa da Mundo e Olimpíadas, nos próximos anos.  


Bons estudos, galera!

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