3 de dez. de 2009

Receita de Ano Novo, Drummond




Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Texto publicado no "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.

Despeço-me de Novembro

Despeço-me de novembro como quem larga a mão amada!
Queria que o mês fosse eterno! Para mim, novembro foi doce!
Sempre tive paixão pelos dezembros da vida: festas familiares, confraternizações, amigos-ocultos... Tudo tão bom! Acho importante o tempo de lembrar o amor e a necessidade que temos de sermos irmãos. Quem dera tal sentimento imperasse todos os dias do ano e fosse mais forte que o ímpeto capitalista de se sobrepor ao outro.
Porém, neste ano novembro foi o mês de festa para mim.
Mas é com muita alegria que inicio o novo mês, porta aberta para o ano que já está inquieto querendo estrelar novos sonhos, novas possiblidades, novos amores e humores!


É bom viver assim: um dia de cada vez, na convicção de que o melhor está por vir e, talvez, mais perto do que se imagina!

Figuras de Linguagem: para o Ensino Médio


Olá, Queridos!
Estamos finalizando o ano e eu estou daqui bem contente com os bons resultados de vocês na 1ª etapa do PAES. Parabéns, mais uma vez!





Bem, a fim de auxiliá-los, deixo um pequeno lembrete sobre as Figuras de Linguagem!


Vamos lá!



Metáfora – emprego de um termo com significação de outro em vista de uma relação de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida. Ex.: “O Brasil é novo, é um país pivete” (Abel Silva).


Comparação – aproximação de dois termos entre os quais existe alguma semelhança, como na metáfora. Existe, porém, a presença de conectivo: como, tal qual, igual, semelhantemente, assim, etc. Ex.: A cada chuva caía como lágrimas de um céu.


Prosopopeia (também chamada de personificação ou animismo) – é uma espécie de metáfora que consiste em atribuir características humanas a outros seres. Ex.: Com a passagem da nuvem, a lua se tranquiliza.


Sinestesia – é uma espécie de metáfora que consiste na união de impressões sensoriais diferentes. Ex.: Um doce abraço indicava que o pai o desculpara (doce = sensação gustativa; abraço = sensação tátil).


Catacrese – é o emprego de um termo figurado por falta de um termo próprio para designar determinadas coisas. Trata-se de uma metáfora necessária, que, desgastada pelo uso, já não representa recurso expressivo da língua. Ex.: Sentou-se no braço da poltrona para descansar.


Metonímia – é a substituição do sentido da palavra ou expressão por outro sentido, havendo entre eles uma relação lógica. Ex.: Ouvi Mozart com emoção (Mozart = a música de Mozart).


Sinédoque – é uma metonímia em que a relação íntima advém do uso da parte pelo todo ou do todo pela parte. Em outras palavras: o subconjunto é usado pelo conjunto e vice-versa. Ex.: Não é fácil ter um teto (casa); Duas cabeças de boi (o animal todo).


Antítese – consiste no emprego de termos em sentidos opostos. Ex.: “Tristeza não tem fim/ Felicidade sim...” (Vinícius de Morais).


Paradoxo – ideias contraditórias num só pensamento Ex.: "dor que desatina sem doer" (Camões).


Eufemismo – abrandamento, atenuação de uma expressão de sentido desagradável. Ex.: Aqueles homens públicos se apropriaram do dinheiro (apropriar = roubar).


Hipérbole – Figura que, através do exagero, procura tornar mais expressiva uma ideia. Ex.: Possuía um mar de sonhos e aspirações.


Aliteração – consiste na repetição de sons consonantais no início ou no interior das palavras. Ex.: “Vozes veladas, veludosas vozes” (observe a repetição da consoante “v”)


Assonância – repetição dos mesmos sons vocálicos. Ex.: "Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral." (Caetano Veloso). (observe a repetição do a e o)


Pleonasmo – emprega palavras desnecessárias por repetirem ideias servindo para dar força e energia ao pensamento. Ex.: “Nunca jamais se viu tanto peixe assim” (Vinícius de Morais).

Você pode desenhar a estrada do seu futuro



João é um importante empresário. Mora em um apartamento de cobertura, na zona nobre da cidade.
Enquanto isso, em bairro mais pobre de outra capital, vive Mário.
Num belo dia, João deu um longo beijo em sua amada e fez em silêncio a sua oração matinal de agradecimento a Deus pela sua vida, seu trabalho e suas realizações.
Após tomar café com a esposa e os filhos, João levou-os ao colégio e se dirigiu a uma de suas empresas.
Chegando lá, cumprimentou com um sorriso os funcionários, inclusive Dona Tereza, a faxineira.
Tinha ele inúmeros contratos para assinar, decisões a tomar, reuniões com vários departamentos da empresa, contatos com fornecedores e clientes, mas a primeira coisa que disse para sua secretária foi: “Calma, fazer uma coisa de cada vez, sem stress”.
Ao chegar a hora do almoço, ele foi para casa curtir a família. A tarde tomou conhecimento que o faturamento do mês superou os objetivos e mandou anunciar que todos os funcionários teriam gratificações salariais no mês seguinte.
Apesar da sua calma, ou talvez, por causa dela, conseguiu resolver tudo que estava agendado para aquele dia. Como já era sexta-feira, João foi ao supermercado, voltou para casa, saiu com a família para jantar e depois foi dar uma palestra para estudantes sobre motivação para vencer na vida.
Enquanto isso, em bairro mais pobre de outra capital, vive Mário. Como fazia em todas as sextas-feiras, Mário foi para o bar jogar sinuca e beber com amigos. Já chegou lá nervoso, pois estava desempregado.
Um amigo seu tinha lhe oferecido uma vaga em sua oficina como auxiliar de mecânico, mas ele recusou, alegando não gostar do tipo de trabalho.
Mário não tem filhos e está também sem uma companheira, pois sua terceira mulher partiu dias antes dizendo que estava cansada de ser espancada e de viver com um inútil. Ele estava morando de favor, num quarto imundo no porão de uma casa.
Naquele dia, Mário bebeu mais algumas, jogou, bebeu, jogou e bebeu até o dono do bar pedir para ele ir embora. Ele pediu para pendurar a sua conta, mas seu crédito havia acabado, então armou uma tremenda confusão… e o dono do bar o colocou para fora.
Sentado na calçada, Mário chorava pensando no que havia se tornado sua vida, quando seu único amigo, o mecânico, apareceu. Após levá-lo para casa e curado um pouco o porre, ele perguntou a Mário:
- “Diga-me por favor, o que fez com que você chegasse até o fundo do poço desta maneira?”
Mário então desabafou:
- A minha família… Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vida miserável.
Quando minha mãe morreu doente, por falta de condições, eu saí de casa, revoltado com a vida e com o mundo.
Tinha um irmão gêmeo chamado João, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo dessa mesma forma.
Enquanto isso, na outra capital, João terminava sua palestra para estudantes. Já estava se despedindo quando um aluno ergueu o braço e lhe fez a seguinte pergunta:
- “Diga-me por favor, o que fez com que o senhor chegasse até onde está hoje, um grande empresário e um grande ser humano?” João emocionado, respondeu:
- “A minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vida miserável”.
Quando minha mãe morreu, por falta de condições, eu saí de casa, decidido que não seria aquela vida que queria para mim e minha futura família.
Tinha um irmão gêmeo chamado Mário, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo dessa mesma forma.

Moral da história:
O que aconteceu com você até agora não é o que vai definir o seu futuro, e sim a maneira como você vai reagir a tudo que ocorreu. Sua vida pode ser diferente, não se lamente pelo passado, construa você mesmo o futuro.

Não importa o que aconteceu, mas sim como você reagirá em relação aos fatos.

Texto recebido via e-mail

2 de dez. de 2009

Aninha e suas pedras




Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.

Remove pedras e planta roseiras e faz doces. 
Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.


Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
E não entraves seu uso
aos que têm sede.


CORALINA, C. Vinténs de cobre: meias confissões de Aninha.  São Paulo: Global, 2001. 

Quero ignorado, e calmo





Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.


Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.


Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.


Fernando Pessoa

21 de nov. de 2009

O amor de Tumitinha era pouco e se acabou


Você também deve ter alguma palavra que aprendeu na infância, achava que tinha um certo significado e aquilo ficou impregnado na sua cabeça para sempre. Só anos depois veio a descobrir que a palavra não era bem aquela e nem significava aquilo. Um exemplo clássico é a frase (que eu já comentei aqui) HOJE É DOMINGO, PÉ DE CACHIMBO. Na verdade não é Pé de Cachimbo, mas sim PEDE (do verbo pedir) cachimbo. Ou seja, pede paz, tranquilidade, moleza, pede uma cervejinha. E a gente sempre a imaginar um pé de cachimbo no quintal, todo florido, com cachimbos pendurados, soltando fumaça. E, assim, existem várias palavras. Por exemplo:

Álibi - Quando eu era garoto, tarado por filmes de bandido e mocinho e gibis, semprei achei que ÁLIBI era o amigo do Mocinho. Claro, o Mocinho sempre tinha um Álibi e o bandido não. O Álibi, nos filmes, geralmente, era um velhinho. Mas resolvia.
(...) 
Margarida - Esta está na peça Apareceu a Margarida, do Roberto Athayde. A personagem (magistralmente interpretada por Marília Pera e dirigida por Aderbal Freire-Filho) achava que o Hino Nacional tinha sido feito para sacanear ela: "Do que a terra... Margarida"...

Nabudonosor - Eu sempre achei que o babilônico Nabuco fosse de um país chamado Nosor. Era Nabuco do Nosor. Achava que devia ser na África, perto do Quênia, por ali. Hoje já sei que Nabuco é um bar na Villaboim.

Sulfechando - Meu primo Hugo Prata um dia perguntou ao pai dele o que significava o verbo Sulfechar. O pai alegou que esse verbo não existia e teve que provar com dicionário e tudo. Como o garoto insistia em conjugar o verbo, o pai lhe perguntou onde ele tinha ouvido tal disparate. E ele disse e cantarolou aquela música do Tom Jobim: "são as águas de mar sulfechando o verão"...

Tumitinha - Todo mundo conhece a música Ciranda-Cirandinha. Uma amiga minha me confessou que durante anos e anos, entendia um verso completamente diferente. Quando a letra fala "o amor que tu me tinha era pouco e se acabou", ela achava que era "o amor de Tumitinha era pouco e se acabou". Tumitinha era um menino, coitado. Ficava com dó do Tumitinha toda vez que cantava a música, porque o amor dele tinha se acabado. E mais, achava que o Tumitinha era um japonesinho. Devia se chamar, na verdade, Tumita. Quando ela descobriu que o Tumitinha não existia, sofreu muito. Faz análise até hoje.

Virundum - O Henfil, só depois de grandinho foi que descobriu que o Hino Nacional na se chamava Virundum.

Fonte: http://www.marioprataonline.com.br/obra/cronicas/o_amor_de_tumitinha.htm

18 de nov. de 2009

Ler devia ser proibido

«A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.




Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesão.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.


O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incómodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.


Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.


Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos… A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna colectivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.


Ler pode tornar o homem perigosamente humano.»



Guiomar de Grammon

In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999. pp. 71-3.

http://www.trt05.gov.br/trt5new/areas/ddrh/LER_DEVIA_SER_PROIBIDO.doc e http://lerparacrer.wordpress.com/2007/11/06/ler-devia-ser-proibido/

Poeticamente possível, traduções de alma


"Quando te vi, amei-te já muito antes." Fernando Pessoa

"Quando eu escrevo? Todos os dias ao acordar. Pode ser uma linha, uma palavra, uma página. Seja como for, é um modo de prosseguir." João Carrascoza, escritor, professor e redator de agência de publicidade em São Paulo, ao ser perguntado sobre "aonde arranja tempo para escrever?"

"Começo a escrever sem saber aonde vou chegar. Tem horas em que minhas mãos trabalham sozinhas, eu as observo se movendo como se não fosse eu. Aos poucos a história surge. Depois, volto e apago o começo, pois era só um aquecimento." João Gilberto Noll, contando seu processo criativo

"Todos os dias quando acorda, minha filha de 4 anos entra no meu quarto e dança. Eu seria o poeta mais feliz do mundo se conseguisse traduzir em versos a beleza daquela dança." Nelson Saúte, poeta e escritor moçambicano, em debate com colegas portugueses que enfatizavam que a boa poesia só é possível a partir de um mergulho na "dor" e nas "profundezas" humanas etc, etc, etc.

"Ostra feliz não faz pérola. Ela faz pérola para transformar dor em beleza. A tragédia grega é isso: dor transformada em beleza." Rubem Alves.

Educação: valores deturpados

Descaso com a educação no Brasil

 

Com a mercantilização da educação, muitas escolas não querem perder o cliente. Para o professor a situação se torna desgastante e o trabalho segue sendo desrespeitado. Os professores que ousam discordar são convidados a deixarem o cargo, seja pela diretoria da instituição de ensino, seja pela falta de nexo que percebe existir entre os ideais educacionais e a competição primitiva por mercado.
O percentual de professores que desejam mudar de profissão é maior no ensino fundamental porque é a etapa em que há mais pressão dos pais. Tais profissinais fazem maior número de referência à mercantilização do ensino e à influência que os pais exercem sobre a escola, resultando em interferência e pressão sobre o trabalho do professor. A pressão dos pais aparece principalmente quando o estudante fica com notas baixas.

Faltam condições de trabalho, tempo para atualização, salário digno e respeito pelo trabalho desenvolvido. Segundo pesquisa recentemente divulgada pelo MEC, a média salarial dos professores é menor do que a de policiais e juízes.  A análise do MEC aponta ainda para o risco de ficarmos sem professores em dez anos, caso a atual tendência de queda na procura pelos cursos de licenciatura se perpetue. Nessa triste situação, quem quer ser professor?
Ainda que muitos colegas queiram continuar a serem  professores, como qualquer profissional, precisam de boas condições de trabalho, ferramentas modernas, tempo para atualização e salário digno. Sem isso, mesmo o mais nobre dos ideais não resiste ao mais básico dos instintos: o da sobrevivência.

Adaptado de Gazeta Mercantil


16 de nov. de 2009

Literatura faz parte da história de Ouro Preto

Programa Terra de Minas sobre a antiga Vila Rica. Produzido por ocasião do Fórum da Letras,evento internacionalmente conhecido e aplaudido por leitores, autores, universitários e professores.

Ouro Preto é e será , “uma musa natural”,onde se pode respirar arte , romance, política, como bem nos retrata Rui Mourão, no livro Boca de Chafariz. A cidade jamais deixará de inspirar, poetas , músicos, pintores , artistas ,amantes intelectuais ou não; gente de toda a sorte que por ali passam,provam sua comida e bebida ,brindando numa atmosfera misteriosa, a cidade que sempre terá um segredo a nos revelar.

Deixo para meus alunos e demais leitores um vídeo sobre a história de Ouro Preto, sua Literatura e seus autores.



9 de nov. de 2009

A menina que falava internetês





A mãe gostava de acreditar-se moderna. Do figurino à linguagem, esforçava-se para estar sempre up-to-date com as últimas tendências da moda. Seus objetivos eram claros: criar uma imagem de mulher mais jovem e fazer bonito para os filhos, os reis da tecnologia doméstica, que dominavam tudo na casa, dos controles remotos dos aparelhos eletrônicos aos computadores e laptops. Foi o propósito de não perder o bonde da história que levou Wanda a comprar um computador pessoal, assinar um provedor de acesso e começar a navegar pela internet. Nada poderia detê-la rumo à modernidade!
Depois de alguns dias, navegando em seu trabalho, encontrou sua filha pré-adolescente on-line. Não resistiu à tentação e iniciou uma conversa através de um programa de mensagens instantâneas.
— Olá, filha, aqui é a sua mãe, navegando pela internet… Tudo bem com você, querida?
— blz.
— Como? Não entendi, filhinha. Seu teclado está com algum problema nas vogais?
— naum.
— Vejo que não é este o problema, já que você digitou duas vogais agora mesmo! Mas pode ser um defeito nas teclas de acentuação. Por favor, filha, teste o ‘til’.
— q tio?
— Não, não o tio, o til. O til é o irmão do papai, o tio Bruno. O til é aquele acento do não, do anão, da mamãe… Lembra quando a mamãe ensinou a você que o til parecia uma minhoquinha?
— nem
— Nem? Como assim, ‘nem’? Nem no sentido de conjunção coordenativa aditiva como ‘não lembro nem quero lembrar’? Ou seria ‘nem’ como conjunção coordenativa alternativa, como em ‘não me lembro e nem parece uma minhoquinha’?
— ;-(
— Que foi isso, filhota?
— naum quero + tc com vc
— Você… não quer mais tecer comigo?
— teclar
— Assim mamãe fica triste, lindinha. Eu só queria conversar, puxar algum assunto. Mas está difícil. Eu não entendo o que você escreve e você não se interessa pelo que eu digito. Realmente, meu bem, parece que não é possível estabelecer um diálogo com você. Tudo bem, se eu tiver incomodando, eu paro agora mesmo.
— ta
— Antes de ir pra casa eu vou passar no supermercado. O que você quer que eu compre para… para… para vc? É assim que se diz em internetês?
— refri e bisc8
— Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, francamente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no início de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar das sílabas? Isso é inadmissível, Maria Eugênia!
— Xau, mãe, c ta xata.
— Maria Eugênia! Chata é com ch!

— Maria Eugênia?

—Desligou. Bem, pelo menos a tecla til está em ordem.

(Rosana Hermann. In: CAMPOS, C. L. S.; SILVA, N. J. (orgs.) Lições de Gramática para quem gosta de Literatura. 1ª Ed. São Paulo: Panda Books, 2007, p.91-94.)

2 de nov. de 2009

Que seja Doce o Novembro!

Oi, pessoal!

Neste início de mês deixo aqui uma indicação de produção cinematográfica. Já aviso que é um filme de amor.Um drama, mais especificamente. Vale a pena assistir e se emocionar. Doce Novembro é um filme sobre o poder do amor de causar mudanças nas pessoas que se entregam ao sentimento. Dirigido por Pat O'Connor (Círculo de Paixões) traz de volta às telas o casal de Advogado do Diabo, Charlize Theron (O Enigma do Espaço) e Keanu Reeves (Matriz).

Completando a indicação, há abaixo o vídeo com a música do filme e sua respectiva tradução. Muito lindoooooooooo!!!!!!!!!!!


Sinopse: Nelson Moss (Reeves) é uin publicitário que não tem tempo para nada, nem ao menos para sorrir. Vive em função de suas campanhas e dos clientes que pode conseguir arrancar da concorrência. Quando vai fazer a prova para renovar a habilitação, Nelson pede cola para uma moça sentada a seu lado e o inspetor recolhe o teste dela obrigando-a a aguardar um mês até a próxima tentativa. Essa mulher é Sara Deever (Charlize). Sara é jovem e bonita, de bem com a vida, sorridente e encantadora, o oposto de Nelson. Para recompensá-la da prova perdida ele oferece dinheiro que compensasse o que ela poderia ganhar num mês, mas ela recusa. Porém, Nelson não está livre da desmiolada Sara. Ela aparece sem mais nem menos cobrando urna carona, afinal está sem sua carta. Os dois acabam por ficar amigos e ela surge com uma inesperada e estranha proposta: passariam juntos o mês de novembro, nem um dia a mais, nem um a menos, e ela mudaria a vida dele para sempre.

No início Nelson fica com um pé atrás, como poderia largar sua carreira assim, por uma mulher que nem conhece? Mas o destino se encarrega de solucionar essa questão. Devido a uma apresentação nada convencional feita a um cliente que sua agência estava prospectando, Nelson é demitido. Por não conseguir tirar a moça da cabeça nem por um minuto, ele decide aceitar a proposta e passar um mês ao lado dela. Durante o tempo que ficam juntos, Nelson aprende o real significado da palavra viver e um forte sentimento surge entre ambos. Sara não é nada aberta, nunca fala de sua vida e nem da família. Nelson descobre, sem querer, que ela sofre de um terrível tipo de doença e por isso age dessa maneira, afastando os homens após um curto período de relacionamento. Porém, dessa vez nem ela mesma pode controlar a situação e seu coração. E o jovem também não aceitará facilmente sair de sua vida como os outros fizeram.

 
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