Leia o texto:
Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica,
não respeita
sequer os limites do idioma.
Ela flui, como um rio.
Como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se
sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão
elaborada -
feito uma flor na sua
perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da
terra
já dentro da geometria
impecável
da sua lapidação.
(...) Rachel de Queiroz
Conforme seus conhecimentos,
explique por que é possível afirmar que o poema de Rachel de Queiroz, escritora
modernista, expressa tendências da poesia de fins do século XIX no Brasil e a
qual escola literária ele remete. Cite passagens do texto que comprovem sua
resposta.
RESPOSTA ALMEJADA:
Rachel de Queiroz, escritora modernista, expressa características do Parnasianismo, estética brasileira que vigorou em fins de século XIX, ao demonstrar a valorização da arte de escrever poesia, "a grande poesia", da arte que se propõe a escrever arte, sem preocupação social. A aproximação do trabalho do poeta ao dos artistas plásticos é a demonstração da busca pela perfeição formal, típica do Parnasianismo. São exemplos que comprovam a influência parnasiana no texto de Rachel de Queiroz:
"E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação."
Leia atentamente os
textos a seguir:
Texto
1: Alphonsus de Guimaraens (Afonso Henriques da Costa Guimaraens), nasceu em
Ouro Preto (MG), em 1870 e faleceu em Mariana (MG), em 1921. Bacharelou-se em
Direito, em 1894, em sua terra natal. Desde seus tempos de estudante colaborava
nos jornais “Diário Mercantil”, “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”,
“O Estado de S. Paulo” e “A Gazeta”. Em 1895 tornou-se promotor de Justiça em
Conceição do Serro (MG) e, a partir de 1906, Juiz em Mariana (MG), de onde
pouco sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, (1892/1894), foi
publicado em 1899, ano em que também saiu o “Setenário das Dores de Nossa
Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou “Kiriale”, sob o pseudônimo de
Alphonsus de Guimaraens. Sua “Obra Completa” foi publicada em 1960. É considerado
um dos grandes nomes do Simbolismo. Sua obra é perpassada pela tragicidade que
marcou sua biografia pessoal. Fonte: http://www.releituras.com/alphonsus_ismalia.asp.
Acesso em 05 de março de 2013.
Texto
II: ISMÁLIA
Quando
Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Texto III: PRÉ-HISTÓRIA
Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.
In: MENDES, Murilo. Poesia
Completa e Prosa. Organização, preparação do texto e notas, por Luciana
Stegagno Picchio. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995.
Usando como referência as
informações obtidas através da explanação do conteúdo em sala de aula, seus
conhecimentos sobre o Simbolismo e a biografia de Alphonsus de Guimaraens,
produza um parágrafo-texto de, aproximadamente, 10 linhas, demonstrando como as
características simbolistas, dentre elas a influência mística, onírica e
subjetiva permeiam a obra do autor, e como tais influências refletem raízes da
vida do mesmo. Demonstre, ainda, de que modo é possível reconhecer ecos da
produção do poeta mineiro na escrita moderna de Murilo Mendes, em
“Pré-história”.
No
momento de produzir seu parágrafo-texto, fica atento:
-
Uma resposta a uma questão dissertativa, por menor que seja, é sempre um texto.
Sendo assim, seja claro, coeso,
coerente.
-
Não responda às questões copiando frases dos textos motivadores. Leia,
atentamente, o material que está sendo
analisado e construa a resposta com o seu
próprio discurso. Os recortes de frases devem ser feitos apenas quando
se tratar de exemplos, respeitando, inclusive, o uso das aspas.
RESPOSTA ALMEJADA:
Alphonsus Guimaraens, escritor simbolista, teve sua trajetória pessoal marcada pela trágica perda da noiva, Constança. O acontecimento deixou marcas na carreira do autor, uma vez que sua poética é repleta de imagens referentes à morte, ao transcendentalismo, ao espiritual. No poema "Ismália", a descrição da loucura da moça que se expõe no alto de uma torre, no intuito sonhador de alcançar a "lua do céu" e a "lua do mar", expressa a atmosfera de morte do poema de Alphonsus. Murilo Mendes, representante da poética modernista, retoma as imagens oníricas ensaiadas pelo poeta de Ouro Preto em "Pré-História". Aqui, a lembrança infantil da loucura da mãe que "tocava piano no caos" e que torna-se apenas recordação, "cai no álbum de retratos", denuncia a influência da estética simbolista na poesia moderna ao enunciar a atitude suicida da mulher.