Leia o texto a
seguir:
Pátria
minha
(Vinícius de Moraes - 1913-1980)
Fragmentos
A minha
pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura
e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha
pátria. Por isso, no exílio
Assistindo
dormir meu filho
Choro
de saudades da minha pátria.
Se me
perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não
sei. De fato, não sei
Como,
porque e quando a minha pátria
Mas sei
que a minha pátria é a luz, é o sal e a água
Que
elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em
longas lágrimas amargas.
Vontade
de beijar os olhos da minha pátria
De
niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade
de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De
minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem
meias, pátria minha
Tão
pobrinha!
Porque
te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria,
eu semente que nasci do vento
Eu que
não vou e não venho, eu que permaneço
Em
contato com a dor do tempo, eu elemento
De
ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio
invisível no espaço de todo adeus
Eu, o
sem Deus!
...
Não te
direi o nome, pátria minha
Teu
nome é pátria amada, é patriazinha
Não
rima com mãe gentil
Vives
em mim como uma filha, que és
Uma
ilha de ternura: a Ilha
Brasil,
talvez.
Agora
chamarei a amiga cotovia
E
pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que
peça ao sabiá
Para
levar-te presto este avigrama:
"Pátria
minha, saudades de quem te ama...
Vinícius
de Moraes."
INSTRUÇÃO: Usando como
referência as informações obtidas através da explanação do conteúdo em sala de
aula, seus conhecimentos sobre a primeira geração romântica e as imagens do
Brasil que, desde o Quinhentismo, visam propagandear a terra brasileira, produza
um parágrafo-texto de, aproximadamente, 10 linhas, analisando a paródia escrita por Vinícius de Moraes. Considere o
olhar ufanista da primeira geração e a criticidade típica das produções
modernas. Assim, demonstre como o
texto-matriz, escrito por Gonçalves Dias, foi retomado e que novos olhares
sobre a terra brasileira o poema de Vinícius de Moraes sugere e quais antigos
(caso hajam) permanecem. (2,0)
No
momento de produzir seu parágrafo-texto, fique atento:
- Uma resposta a uma questão dissertativa,
por menor que seja, é sempre um texto. Sendo assim, seja claro, coeso, coerente. Faça um texto com
encadeamento lógico: introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Não responda às questões copiando frases
dos textos motivadores. Leia, atentamente, o material que está sendo analisado e construa a resposta com o
seu próprio discurso. Os recortes de
frases devem ser feitos apenas quando se tratar de exemplos, respeitando,
inclusive, o uso das aspas e a citação das referências.
RESPOSTA ALMEJADA:
A primeira geração romântica brasileira tem como bandeira a idealização da pátria, demonstrando a exuberância da terra, quão valorosa é sua flora e fauna e a superioridade da nação Brasil quando comparada a outras nações. Gonçalves Dias eternizou a beleza do país em sua famosa "Canção do exílio". Nela, o autor confessa a saudade que sente, estando exilado do seu lugar, das terras brasileiras e do aconchego que ela lhe dá. Vinícius de Morais, escritor modernista, ao retomar o ufanismo típico da primeira geração romântica também engrandece e confessa amar o Brasil: para o autor, também exilado, a terra também é amada, mas agora sofre com problemas sociais graves, desperta no eu lírico o sentimento de piedade e desejo de cuidar, como se cuida de uma filho, da "mãe gentil". A "pátria minha" descrita por Vinícius tem cores "tão feias", está "sem sapatos", é "tão pobrinha".