19 de set. de 2012

Desmundo, Ana Miranda



DESMUNDO, Ana Miranda


Sobre a autora:
Nascida em Fortaleza, em agosto de 1951, Ana Miranda viveu grande parte de sua vida fora do Ceará. Aos cinco anos de idade, mudou-se para o Rio de Janeiro e em 1959 foi para Brasília. Chegou a estudar Artes no Rio de Janeiro. A autora, como se vê, cresceu nas cidades que mais intensamente viveram os efeitos das radicais transformações e da efervescência na vida política, social e, sobretudo, cultural do país. Nesse período, podemos destacar a bossa nova, a contracultura hippie, os festivais de música que deram origem ao Tropicalismo, principal movimento cultural da época, isso tudo em meio a ditadura militar que exercia forte repressão. Enfim, Ana Miranda é de uma geração que não consegue, e nem tenta, ignorar a história. É essa história que figura em sua obra como principal cerne, adornado pela sua ficção internacionalmente reconhecida. Ana Miranda publicou vários livros entre poesias, romances, crônicas e contos. Estreou com o livro de poesia Anjos e Demônios, em 1978, mas foi seu primeiro romance, Boca do Inferno, publicado em 1989, que rendeu a escritora o reconhecimento nacional e internacional, prova disso está no grande número de traduções do livro. A obra foi publicada na França, Inglaterra, Itália, Estados Unidos, Argentina, Noruega, Espanha, Suécia, Dinamarca, Holanda e Alemanha. Já nesse primeiro romance, notamos a propensão de Ana Miranda ao romance histórico, fazendo dessa obra uma recriação histórico-literária do Brasil colonial, trazendo personagens como o poeta Gregório de Matos e o jesuíta Antônio Vieira. Por esse livro a autora recebeu o prêmio Jabuti, em 1990. A recriação aparece também no livro publicado em 1996, Desmundo. Dessa vez, a recriação é feita na linguagem do século XVI, contando a história de órfãs mandadas de Portugal ao Brasil para se casar com os colonos. O romance histórico mistura história e ficção, reconstruindo ficticiamente acontecimentos, costumes e personagens. Nessa mistura que se edifica Desmundo mesclam-se fatos identificados na história do Brasil com o viço ficcional edificado pela perspicaz escritora.

Enredo
Em 1570,  Oribela, uma órfã, jovem sensível e religiosa, é mandada de Portugal, junto com sete outras, a mando da Rainha para se casarem com colonos no Brasil. No caminho, os relatos sobre a viagem e os medos gerados por ela dão o tom da narrativa.
Outra personagem, mandada para o Brasil também é uma viúva, a Velha, que, devido a sua experiência de vida, acaba por se tornar uma espécie de conselheira das mulheres que foram mandadas para o degredo. Logo que chegam ao Brasil, hospedam-se em uma pensão, enquanto os casamentos são arranjados. Oribela casa-se com Francisco de Albuquerque, rico colono, proprietário de terras e escravos, mesmo que ela só reconhecesse nele o que há de mais repugnante no mundo (seu cheiro, seu aspecto físico, seu passado de viajante...). Ainda virgem, é forçada a manter relações sexuais com Francisco na noite de núpcias. Após isso, ele a deixa livre para que, quando ela tivesse vontade de se entregar para ele, que o viesse procurar, pois ele não mais a forçaria. Oribela arquiteta planos para a fuga, buscando encontrar uma forma de retornar para Portugal. Descobre um meio: entrar clandestina (fantasiada de homem) em uma nau. Para tanto, precisava arranjar dinheiro para subornar as pessoas que lhe deixariam embarcar. Durante meses (enquanto se esperava a chegada da nau), junta dinheiro. Mas, ao fugir de casa e dirigir-se para embarcar, é enganada e quem deveria ajudá-la rouba seu dinheiro e a estupra. Durante o estupro, seu marido, Francisco, aparece, mata os estupradores e leva Oribela novamente para casa, onde a prende com uma corrente nos pés. Ao sair para suas expedições de caça de índios,
Oribela é obrigada a viver o cotidiano da casa, durante o qual torna-se cada vez mais íntima de Temericô, uma índia que trabalhava na casa, a quem ensina um pouco do português e de quem aprende a língua indígena, além de receber diversos costumes.
Durante uma das expedições, Francisco de Albuquerque a leva junto. É quando vê uma certa grandeza em seu marido, ao guerrear com os indígenas, mas esse reconhecimento do valor do marido não é suficiente para gerar nela amor. Ao retornarem, com milhares de índios cativos (que em parte seriam vendidos como escravos, em parte seriam aproveitados nas terras do marido), Oribela sente pena deles. As terras de Francisco de Albuquerque são atacadas pouco tempo depois e é quando Oribela aproveita a confusão para fugir novamente. Torna a esperar por uma nau que a pudesse levar para Portugal, mas desta vez esconde-se na casa de Ximeno Dias, um mouro. Apesar dele se mostrar gentil, educado, instruído, de possuir livros (que Oribela não vê sentido), os preconceitos dela sobre os mouros estão sempre a fazendo desconfiar dele. A sua cor (vermelho), o seu corpo sem pelos, ao mesmo tempo que a atraem, fazem com que ela reconheça nele a possibilidade dele ser o diabo, mas por fim acaba por entregar-se a ele. Logo da chegada de uma nova nau, meses depois de sua fuga, é descoberta pelo marido que vagava pela cidade a buscá-la. Está grávida. É levada para casa, onde tem o bebê. Pouco tempo depois do nascimento, Francisco de Albuquerque pega o filho e parte com ele para Portugal.
Oribela, não desejando nada daquele homem, queima a casa onde moravam com tudo que nela houvesse. Parte, então, sozinha, para enfrentar a vida na colônia, um lugar que não gostaria de estar, lembrando de Portugal, mas sentindo ódio de toda essa situação.


Análise da obra: Entre ficção e história: Desmundo, de Ana Miranda


A Carta do Achamento







A CARTA DO ACHAMENTO, Pero Vaz de Caminha

Estilo de época
            O primeiro período da história da literatura brasileira é chamado de Quinhentismo. Começou em 1500, ano em que Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, enviou a D. Manuel  I a famosa Carta, em que se comunicava ao soberano o “achamento” das terras brasileiras. Em 1601foi publicado o poema “Prosopopeia”, de Bento Teixeira, tradicionalmente considerado a obra inicial do Barroco literário brasileiro.
            A produção literária do Brasil do século XVI liga-se a duas necessidades práticas principais da empresa colonizadora portuguesa: a de fornecer informação sobre a nova terra e a de converter os indígenas ao cristianismo. Nessa literatura de valor principalmente documental, encontramos elementos importantes para a compreensão de nossas origens históricas e literárias.
            Essa produção literária proveio principalmente dos esforços iniciais de conquista das novas terras. Dessa forma, houve várias manifestações em prosa, em sua maioria tratados, cartas e diários, cuja principal finalidade era descrever a paisagem e a vida brasileiras, atuando como fonte de informação aos europeus. Além disso, o teatro conheceu algum desenvolvimento sob forma de autos versificados compostos pelos jesuítas em seu trabalho de catequização do índio. Também ocorreram algumas manifestações poéticas, principalmente de caráter religioso, ligados ao esforço catequético.

A apresentação da Carta
            A carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, D. Manuel I, foi escrita na ocasião da descoberta do Brasil. O autor fazia parte da frota comandada por Pedro Álvares Cabral que aportou no litoral brasileiro no ano de 1500. É a primeira representação literária da realidade brasileira. Fixa a nossa origem, inaugura a visão do que somos, iniciando a formação da identidade do país e da nossa formação cultural.
            O conteúdo da Carta de Caminha dialoga com a História, sendo considerada, por isso, um documento histórico. O autor se revela o primeiro cronista do Brasil. A carta realiza uma espécie de relatório para o rei sobre a descoberta da nova terra e o autor se posiciona como testemunha ocular dos fatos. Registra os primeiros momentos do encontro do português com a região, descreve a geografia física e humana do Novo Mundo e revela o impacto cultural dos estrangeiros com os Ameríndios.
            A carta classifica-se como gênero epistolar por possuir, em sua estrutura formal, remetente, destinatário e mensagem. Mas como sua mensagem foi redigida durante vários dias e o seu conteúdo foi dividido a partir dos principais acontecimentos de cada um deles, ela também classifica-se como um Dário. O texto de Caminha pode ser denominado como carta-diário ou um diário atípico.


9 de set. de 2012

Se quer saber, ainda te espero, baby!


Tudo o que há de bom em mim
Eu já te dei (...)
Tudo o que há de bom me faz
Lembrar você...

Se quer saber, ainda te espero, baby!
Maurício Maniery

Por que eu nunca soube purgar aqui dentro as lembranças de você? E elas hoje chegaram e trouxeram consigo tua voz, teu cheiro e uma vontade imensa de fazer de você e eu de novo nós dois. 

15 de ago. de 2012

Conto "Gennaro"

Olá, galera da 8ª série!
Conforme combinado, deixo aqui o link para vocês lerem o conto "Gennaro", parte da obra "Noite na Taverna", de Álvares de Azevedo.

Clique AQUI para ler o texto!

Até a próxima aula!

11 de jul. de 2012

Chuva na janela

"Deus, mesmo que eu não consiga entender
E queira tudo do meu jeito
Eu até choro e as vezes até chego a dizer
Por que é que tem que ser tão difícil pra mim
Parece que é difícil só pra mim
(...)
Deus, porque sou tão pequenino assim
Vou ficar quetinho aqui em seu colo
Esperando o tempo certo de tudo
Porque eu sei que vais cuidar de mim
E o seu melhor está por vir
Eu sei que é o melhor pra mim."


Da canção "Mesmo sem entender", Thalles Roberto

Levante-me

A vida me pregou mais uma peça
Por essa não pude esperar
Tudo o que sonhei desmoronou

Há anos que eu vivo em cavernas
E ninguém nunca notou
Sorrisos que se foram com a dor

Mas eu não vou morrer aqui
Deus me prometeu assim
Vou clamar até que o céu se abra sobre mim
...

Da canção Coração que sangra - Fernanda Brum

De que são feitos os dias?

De que são feitos os dias? 
- De pequenos desejos, 
vagarosas saudades, 
silenciosas lembranças. 

Entre mágoas sombrias, 
momentâneos lampejos: 
vagas felicidades, 
inatuais esperanças. 

De loucuras, de crimes, 
de pecados, de glórias 
- do medo que encadeia 
todas essas mudanças. 

Dentro deles vivemos, 
dentro deles choramos, 
em duros desenlaces 
e em sinistras alianças.


Cecília Meireles

18 de jun. de 2012

Eros e Psiquê

EROS E PSIQUÊ: ENCONTRO DO AMOR COM A ALMA

       Em um dos muitos templos gregos dedicados a Afrodite, um mortal comentou que uma das filhas do rei era mais bela do que a própria deusa do amor. Tratava-se da princesa Psiquê (Alma). Logo o boato da sua formosura espalhou-se por toda a Grécia. Homens de todas as partes vinham para contemplar a beleza da mortal, abandonando de vez o templo de Afrodite. Ao saber do abandono do seu templo às ruínas, em prol da beleza de uma simples mortal, Afrodite é acometida de uma violenta cólera e desejo de vingança. Decide que a princesa Psiquê, responsável pelo desvio dos homens, deverá ser punida. A deusa pede ao filho Eros, que vá até a mortal, que com a suas flechas do amor, fira-a de maneira que se apaixone pelo ser mais desprezível de toda a Grécia, fazendo-a uma mulher infeliz. Eros desce do Olimpo, com a perversa missão de envolver Psiquê na mais triste e destruidora das paixões. Mas Eros, ao deparar-se com mulher tão bela, é ferido pelas próprias setas, apaixonando-se perdidamente por ela. Vencido pelo sentimento inesperado, Eros volta ao Olimpo, mentindo para a mãe, dizendo à deusa que cumprira a missão. Afrodite sente-se vingada.
            Apaixonado pela bela princesa, Eros não sabe como viver o seu amor por ela sem que a mãe fique sabendo. Envolto pela paixão, ele confessa os sentimentos ao deus Apolo, que promete ajudá-lo.
            De longe, Eros faz com que a amada não goste de mais ninguém. Apesar de ser a mais bela das três irmãs, Psiquê não se apaixona por pretendente algum. Vê as irmãs desposarem homens ricos, mas não se convence a amar ninguém. Ela não sabe da existência do amor de Eros, mas pressente-o. A alma sente o amor invisível e próximo, e mesmo sem o conhecer ou ver, aguarda e chama por ele. A princesa torna-se prisioneira de uma solidão voluntária.
            Preocupados com o destino da filha, os pais procuram o oráculo de Apolo. 

4 de jun. de 2012

Lindezas




Tudo o que me parece meio bobo é sempre muito bonito, porque não tem 


complicação. Coisa simples é lindo. E existe muito pouco.

Caio F.


2 de jun. de 2012

Literatura em cena: Biotécnico

Olá, galera do Biotécnico!

Como disse em sala em nossa última aula, estou deixando aqui os links para os textos que deverão ser apresentados. Bom trabalho!

Clique em Édipo Rei,Sófocles
( Há uma excelente adaptação juvenil chamada "A maldição de Édipo", de Luiz Galdino. Não me lembro de tê-la visto na biblioteca. Vale a pena vocês buscarem-na, pois a linguagem tá bem boazinha e o texto adaptado para o público jovem.)

Deixo aqui um trailler sobre o texto:



Sobre o mito Narciso e a ninfa Eco, achei os textos da net muito resumidos. Vou buscar alguma outra boa fonte e repasso para vocês. Mas vocês também podem procurar em bibliotecas ou ainda em dicionários de mitologia, ok?!!!

Segue um vídeo para adiantar a vocês um pouco do enredo:




O próximo na lista é Tristão e Isolda, esta obra eu tenho, portanto emprestarei para que possam lê-la pra o trabalho da equipe, ok?



Aqui, trailler de Otello, de William Shakespeare, obra que também não tem nenhum correspondente aqui na internet à altura. Fica o vídeo, mas tem o livro na biblioteca, viu?



E, para terminar, A Megera Domada, também de Shakespeare, possui também bons exemplares na biblioteca da escola. Indico o da coleção Reencontro, da editora Scipione (um da capinha verde).




Bom trabalho, pessoal! Brilhem!





26 de mai. de 2012

Namore uma garota que lê



Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.


Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.



Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criado pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.

6 de mai. de 2012


‎"...Pode me provar pra eu ser aprovado: sei que vim do pó e do sopro de vida, então me faz pequeno pro Senhor crescer em mim...
Se quiser levar tudo o que tenho, pode levar, veio de Tuas mãos, mas deixe-me apenas com meu coração, porque foi onde você pôs a mão e me curou..." 
Marcelo Aguiar, na canção "Me dá poder de filho"

Da estatura do que sonha


Sonhe alto, sempre e mais.

Faça a cada dia a vida
Na medida do seu sonho.
Sonhe e, ao mínimo gesto,
Seu ser inteiro empreste. 

Sua marca em tudo ponha
Que o homem não é alto
Nem é baixo e se faz...

Da estatura do que sonha! 

(Elcio Fernandes)



Eu tantas vezes não tenho sabido ser grata: a gente se entristece com uma meia dúzia (ou  mais..) que não nos ama e deixa de se alegrar pelos muitos que têm a nossa existência por valiosa!  É bom saber reconhecer que, apesar das oposições, mais numerosos são os que nos amam! Obrigada, de coração, aos queridos que fazem meus dias serem mais floridos, mesmo no inverno rigoroso da vida!

Novo de novo



Recomeçar é o jeito que tenho de assumir que não deu certo a tentativa, mas é também a mais linda forma de continuar vivendo com a marca de quem nasceu para ser divinamente feliz!
Que venha o novo de novo!

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