Síndrome de Burnout é uma das causas do esgotamento profissional de docentes
Com a aproximação das férias é comum o sentimento de cansaço e fadiga, ambos resultados do esgotamento físico e psicológico do ser humano. Muito além deste tradicional ciclo, porém, cada vez mais pessoas têm sofrido com o estresse profissional, especialmente aquelas que se interrelacionam com outras pessoas para o desempenho de sua função. Um bom exemplo disso é o professor, que tem sido apontado como uma das maiores vítimas do estresse profissional, mais conhecido como Síndrome de Burnout.
A Síndrome de Burnout é causada por circunstâncias relativas às atividades profissionais, ocasionando sintomas físicos, comportamentais, afetivos e cognitivos. Inicialmente foi observada em trabalhadores da área da saúde que desempenham uma função assistencial, caracterizada por um estado de atenção intenso e prolongado com pessoas em situação de necessidade e dependência. Com o passar do tempo, pôde ser identificada em outras profissões, entre elas a de professor.
De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB (Universidade de Brasília), Iône Vasques-Menezes, no caso do professor, a razão para a incidência da síndrome está ligada, sobretudo, à falta de reconhecimento. "A desvalorização do professor, seja ela por parte do sistema, dos alunos e da própria sociedade, é um dos maiores agentes para a ocorrência do Burnout", explica.
O Burnout em professores pode ser caracterizado por um estresse crônico produzido pelo contato com as demandas do ambiente acadêmico e suas problemáticas. Para a pesquisadora, especialmente aquelas que não dependem apenas da ação dos docentes para serem resolvidas. "Existem problemas que estão muito além da ação direta dos professores, principalmente onde há uma situação de degradação do sistema. Nestes casos, a sensação de impotência é mais acentuada", revela.
Além disso, o posicionamento dos alunos em sala de aula também contribui para um maior desgaste. Em muitos casos, a indisciplina é a grande responsável por uma eventual sensação de frustração e até a desmotivação do profissional. Segundo Iône, não são raros os professores que se queixam da falta de interesse dos alunos e assumem a culpa por este fato acreditando que deveriam dominar as mais diferentes técnicas para estimular o aprendizado.
Um exemplo disso é o depoimento, abaixo, do professor da Unisant´Anna, Fernando Pachi, de São Paulo.
"Acredito que a situação de maior estresse para o professor continua sendo a indisciplina em sala de aula. Mediar a relação com os alunos fica dez vezes mais desgastante em situações em que você tem de chamar a atenção, interromper a aula, pensar sempre como motivar os alunos, erguer o tom de voz. Tudo isso contribui ao longo do tempo - podem ser em meses - para uma situação de estresse e desmotivação. Isso porque o foco é sempre motivar os alunos! Aí a cobrança interna fica também bem maior, e vem uma certa sensação de fracasso quando os resultados esperados não são atingidos, ou seja, quando o curso não corre bem, por conta de uma "interação em sala de aula mal resolvida".
O peso do Burnout
O fato mais curioso na síndrome de Burnout é que ela atinge trabalhadores motivados, que reagem a este desequilíbrio trabalhando ainda mais. "Farber, um dos pesquisadores do Burnout discute como tema central deste sofrimento a discrepância entre o que o trabalhador investe no trabalho e aquilo que ele recebe, ou seja, os resultados obtidos. Por isso, voltamos à questão do não reconhecimento e desvalorização do professor", lembra Iône.
O modelo de progressão do Burnout é composto pelas seguintes etapas: a fase de idealismo e entusiasmo, com expectativas excessivas a respeito do trabalho; fase de progressivo estancamento e queda a respeito das expectativas iniciais; decepção e frustração e, por fim, a fase de apatia, ou seja, atitudes negativas frente ao trabalho.
Segundo Iône, é importante estar atento a esta síndrome, porque além do esgotamento psicológico, despersonalização dos profissionais e disfunções no desempenho profissional, o Burnout pode causar ainda complicações de saúde decorrentes do stress crônico e deterioração da qualidade de vida.
Com isso, a pesquisadora destaca a importância de treinar habilidades de auto-controle, identificação de pensamentos negativos, controle do estresse, utilização de apoio social com a equipe, além de trabalhar a informação sobre os aspectos de sua carência como profissional. "Estas seriam algumas das alternativas para combater o estresse profissional na busca pelo bem-estar e melhor qualidade de vida", encerra.
Fonte: http://www.universia.com.br/docente/materia.jsp?materia=5750
A Síndrome de Burnout é causada por circunstâncias relativas às atividades profissionais, ocasionando sintomas físicos, comportamentais, afetivos e cognitivos. Inicialmente foi observada em trabalhadores da área da saúde que desempenham uma função assistencial, caracterizada por um estado de atenção intenso e prolongado com pessoas em situação de necessidade e dependência. Com o passar do tempo, pôde ser identificada em outras profissões, entre elas a de professor.
De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB (Universidade de Brasília), Iône Vasques-Menezes, no caso do professor, a razão para a incidência da síndrome está ligada, sobretudo, à falta de reconhecimento. "A desvalorização do professor, seja ela por parte do sistema, dos alunos e da própria sociedade, é um dos maiores agentes para a ocorrência do Burnout", explica.
O Burnout em professores pode ser caracterizado por um estresse crônico produzido pelo contato com as demandas do ambiente acadêmico e suas problemáticas. Para a pesquisadora, especialmente aquelas que não dependem apenas da ação dos docentes para serem resolvidas. "Existem problemas que estão muito além da ação direta dos professores, principalmente onde há uma situação de degradação do sistema. Nestes casos, a sensação de impotência é mais acentuada", revela.
Além disso, o posicionamento dos alunos em sala de aula também contribui para um maior desgaste. Em muitos casos, a indisciplina é a grande responsável por uma eventual sensação de frustração e até a desmotivação do profissional. Segundo Iône, não são raros os professores que se queixam da falta de interesse dos alunos e assumem a culpa por este fato acreditando que deveriam dominar as mais diferentes técnicas para estimular o aprendizado.
Um exemplo disso é o depoimento, abaixo, do professor da Unisant´Anna, Fernando Pachi, de São Paulo.
"Acredito que a situação de maior estresse para o professor continua sendo a indisciplina em sala de aula. Mediar a relação com os alunos fica dez vezes mais desgastante em situações em que você tem de chamar a atenção, interromper a aula, pensar sempre como motivar os alunos, erguer o tom de voz. Tudo isso contribui ao longo do tempo - podem ser em meses - para uma situação de estresse e desmotivação. Isso porque o foco é sempre motivar os alunos! Aí a cobrança interna fica também bem maior, e vem uma certa sensação de fracasso quando os resultados esperados não são atingidos, ou seja, quando o curso não corre bem, por conta de uma "interação em sala de aula mal resolvida".
O peso do Burnout
O fato mais curioso na síndrome de Burnout é que ela atinge trabalhadores motivados, que reagem a este desequilíbrio trabalhando ainda mais. "Farber, um dos pesquisadores do Burnout discute como tema central deste sofrimento a discrepância entre o que o trabalhador investe no trabalho e aquilo que ele recebe, ou seja, os resultados obtidos. Por isso, voltamos à questão do não reconhecimento e desvalorização do professor", lembra Iône.
O modelo de progressão do Burnout é composto pelas seguintes etapas: a fase de idealismo e entusiasmo, com expectativas excessivas a respeito do trabalho; fase de progressivo estancamento e queda a respeito das expectativas iniciais; decepção e frustração e, por fim, a fase de apatia, ou seja, atitudes negativas frente ao trabalho.
Segundo Iône, é importante estar atento a esta síndrome, porque além do esgotamento psicológico, despersonalização dos profissionais e disfunções no desempenho profissional, o Burnout pode causar ainda complicações de saúde decorrentes do stress crônico e deterioração da qualidade de vida.
Com isso, a pesquisadora destaca a importância de treinar habilidades de auto-controle, identificação de pensamentos negativos, controle do estresse, utilização de apoio social com a equipe, além de trabalhar a informação sobre os aspectos de sua carência como profissional. "Estas seriam algumas das alternativas para combater o estresse profissional na busca pelo bem-estar e melhor qualidade de vida", encerra.
Fonte: http://www.universia.com.br/docente/materia.jsp?materia=5750