27 de set. de 2010

Dias e Dias, Ana Miranda (para a galerinha do cursinho)

Olá, pessoal!

Promessa é dívida, né?!! Pois é, deixo aqui para vocês alguns "esclarecimentos" sobre a linda obra Dias e Dias, da Ana Miranda. Lembrando que nada (nada mesmo!!!) substitui a leitura da obra, pois um estudo, por melhor que seja, nunca esgota as possibilidades de interpretação da mesma.

Boa leitura e bom trabalho!


O esboço que deixo aqui está, propositalmente, em forma de tópicos, assim você terá de construir seu texto, "amarrar" os pontos listados ao todo do livro e buscar as passagens da obra que comprovem cada afirmação.

       Dias e Dias é uma narrativa moderna, escrita em 1ª pessoa, simples e clara onde irá predominar a retomada do Romantismo. É inspirada na poesia Dias Após Dias de Rubem Fonseca.
    Ana Miranda leva para sua narrativa a biografia do poeta Antônio Gonçalves Dias, relatando a fase de intensa produção literária e agitados casos amorosos, o mais marcante deles é com a jovem Ana Amélia. É uma obra de cunho histórico, lírico romanesco e amoroso ao mesmo tempo. 
      Há cenas descritivas relatando a nossa história onde cita os índios e a Revolução Balaiada, um retrato do Brasil em transição da condição de Império para República. 
       Feliciana é a protagonista da história. Ela escreve uma carta a sua amiga e confidente, Maria Luiza, com data de 11 de maio de 1838, em Caxias, no Maranhão. É interessante lembrar que a data da carta corresponde a dois anos após o momento histórico-literário do Romantismo no Brasil com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves Magalhães. O enredo gira em torno das cartas que o poeta envia a seu amigo, Alexandre, lidas por Feliciana por intermédio de Maria Luiza, esposa de Alexandre. Através destas cartas é que Feliciana irá acompanhar todo o trajeto de Antonio.  
      O enredo reúne três personagens centrais: Feliciana, uma jovem sonhadora e obstinada; o poeta Gonçalves Dias, por quem ela nutre uma longa e intensa paixão, e o sabiá específico, que na “Canção do Exílio” simboliza a pátria distante.  


CARACTERÍSTICAS MARCANTES:
Combinação história e ficção
Amor platônico
Elementos da história nacional, como a Balaiada.
O sábia e a palmeira: Feliciana é cativa do sentimento amoroso, representa a angústia causada pelo sentimento de ausência e pela distância.
Medievalismo: as expectativas de volta do amado remete às cantigas medievais.
A vírgula substitui  o ponto-final: tal uso revela a tempestade de pensamentos, o ritmo oral é que predomina, há ainda a repetição de palavras, o que dá o tom mais próximo do diálogo, da escrita de diários, pouco estruturada.
O leitor como confidente: escrita como diário, literatura de testemunho: desconhece-se o que se passa na cabeça e no coração dos demais.
Romance escrito como um círculo: começa e termina com a data 3 de dezembro de 1864. Início e fim da obra perpetuam o estado de espera. Representa também o ciclo da vida.
Mistura de vozes autorais: Ana Miranda e Gonçalves Dias: o história ficcional mais o elementos históricos da vida do poeta e seus poemas.
Embaralhamento de vozes: a correspondência pessoas de Gonçalves Dias + os poemas+ o poema Dias após Dias, de Rubem Fonseca + a escrita de Ana Miranda

O poema Olhos Verdes de Gonçalves Dias é o mote do amor platônico de Feliciana e a porta de acesso ao mundo romântico que a obra reconstrói.
O poema Canção do Exílio: o sábiá, metáfora do poeta nacional, retoma sob a forma de Feliciana, personagem que retorna a um só tempo o amor e a saudade.

Foco narrativo:
Escrita em 1ª pessoa: Feliciana: a voz do romance. Visão limitada e subjetiva
Felici + Ana: seu nome é um desdobramento: Ana é o nome da autora; Ana é o nome do amor platônico de Gonçalves Dias (Ana Amélia).
Felici: indica a mulher que queria ser feliz: característica da escola romântica.

Memorialismo: confiar ou não na memória.
Olhos: subjetividade, une o Gonçalves biográfico ao lírico. Janela da alma: a realidade submetida ao olhar romântico da personagem.

A partir da memória, Feliciana busca reatar o fio gerador do amor platônico

O tempo da obra transcorre sob o elemento da saudade, é marcado pelos flashbacks, pela rememoração.Subtrai da memória todo o material narrativo, mas o forja de modo cronológico, seguindo da infância a maturidade.

PERSONAGENS PRINCIPAIS:
Antonio (Gonçalves Dias 1823-19864) – Antonio Gonçalves Dias. Personagem inspirado no Romantismo brasileiro. É um protagonista fantasma: é um espelhamento paródico do sistema literário romântico. Antônio: sob o signo do duplo, do ambíguo: é infiel e leal, rebelde e desleal,
Feliciana – Maria Feliciana Ferreira Dantas. Nasceu em 1824. Seu pai era um especialista em sabiás. No enredo ela vai nutrir um amor platônico por Antonio. Há 28 anos, acredita que ele havia escrito um poema para ela falando dos seus olhos verdes, mas, na verdade seus olhos não eram verdes.É personagem plana, representação do Romantismo. Devotada e passiva. Espelha a poética gonçalvina. Rompe com a escrita puramente historiográfica.
Maria Luísa: esposa de Alexandre Teófilo: fornece as cartas do poeta maranhense à Feliciana. Representa a oscilação entre o real e o possível.


BEIJÃO, GALERA!

4 comentários:

  1. Legal!
    Mas poderia, por gentileza, nos presentear com a poesia inspiradora, "Dias após Dias", de Rubem Fonseca?

    Obrigada e abraços,
    Vagaluminha

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