Texto modelo Enem
(Conclusão ainda no modelo antigo)
A história das
civilizações trouxe consigo mudanças comportamentais que têm redefinido a
sociedade. Os novos formatos de família, por exemplo, demonstram como os
conceitos de outrora se tornaram redutores para acompanhar a multiplicidade dos
arranjos familiares do momento atual. O desafio, no entanto, é antigo: amenizar preconceitos e promover a equidade de direitos aos padrões
que fogem ao meramente tradicional.
A revolução
comportamental das últimas décadas revelou a discrepância de postura dos
indivíduos. De
um lado, o desejo de liberdade e de
rompimento de normas – características típicas de movimentos da década de
60, como o hippie e as manifestações feministas – abriram espaço para novos comportamentos e arquétipos,
diferentes dos tradicionais. Por outro lado, os grupos alicerçados na
tradição se sentiram impelidos a manifestar aversão e não aceitar os laços familiares modernos: recasamentos,
uniões homoafetivas, paternidade socioafetivas e monoparental, por exemplo.
Conforme
Voltaire, “O preconceito é uma opinião não submetida à razão”. Nessa perspectiva, o recrudescimento da
ignorância só pode ser atenuado por meio
de ações de conscientização e debates constantes nos canais de comunicação
social, como as redes sociais e as emissoras de tv aberta.
Outro fator que
impede a aceitação desses modelos diversificados de famílias é a questão constitucional. Ainda que existam
resoluções que assegurem, por exemplo, no caso dos homossexuais, direito ao
casamento, o Código Civil ainda não reconhece oficialmente outro formato de
casal diferente do padronizado homem-mulher. Além deles, famílias monoparentais sofrem também com o preconceito
no âmbito social e o estigma por não estarem em relações regidas pelo
matrimônio. Assim, ações legais que reconheçam a
modernidade do conceito de família e suas multiplicidades garantiriam equidade
no tratamento social.
Por conseguinte, percebe-se que
reconhecer as mudanças oriundas do momento histórico e cultural da atual
sociedade é fator propulsor para dirimir
preconceitos e alcançar a imparcialidade legal. Para isso, cabe ao Governo Federal, em
associação com as entidades educacionais e com a mídia, investir em educação para o
respeito à alteridade, por meio de discussões constantes nos espaços escolares
e lugares públicos. Além disso, a
revisão de leis, como o Estatuto da Família – o qual apregoa que família é a
união entre pai, mãe e filhos, exclusivamente – é primordial para promover o
amparo jurídico necessário a quem sofrer discriminação por pertencer a um laço
não-tradicional. À
gestão dos municípios importa fornecer apoio psicológico para que os indivíduos
possam lidar com a diversidade. Medidas como essas contribuirão para uma
sociedade em que a pluralidade seja aceita no recôndito dos lares e na
liberdade pública.