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6 de out. de 2015

Aleijadinho: indicação para a primeira etapa do PAES






Mestre Aleijadinho se tornou um dos símbolos da cultura nacional. Quem vai a Minas Gerais se encanta com os santos e altares feitos por ele. No bicentenário de sua morte, o Caminhos da Reportagem mostra a genialidade de Antônio Francisco Lisboa, passando pelas cidades mais importantes da trajetória do escultor: Ouro Preto, Sabará, São João Del Rei e Congonhas do Campo. O programa também apresenta a valorização das obras do artista, considerado um dos favoritos de falsários, e o imenso mercado gerado por peças falsas atribuídas ao mestre.
“Uma vez que essas imagens são publicadas em catálogo ou vão em uma exposição, amanhã se uma delas aparecer em um leilão adquire antecedentes e procedência para ser atribuída como um Aleijadinho verdadeiro. Então uma imagem dessas que não valia nada, passa a valer milhões”, explica o escultor Elias Layon.
Filho de um português com uma negra, Aleijadinho começou a aprender o ofício com a família e se tornou um artista mútiplo.
“Aleijadinho não foi simplesmente, como muitos pensam, um fazedor de santos. Para além da escultura, ele foi entalhador, arquiteto, perito, carapina e carpinteiro. Então, era um profissional de vários talentos”, define o biógrafo e promotor Marcos Paulo Miranda.
Os trabalhos de Aleijadinho floresceram no período dos estilos Barroco e Rococó. Época de peças trabalhadas, impactantes e expressivas. A doença que afetou seus movimentos não o impediu de criar algumas das mais belas esculturas brasileiras.
“É formidável a força das esculturas de Aleijadinho. São obras impressionantes, muito bem feitas, muito bem acabadas”, ressalta a restauradora  Beatriz Coelho,  professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Reportagem e produção: Carolina Pessôa
Imagens: Rogério Verçoza
Auxiliar técnico: Dailton Matos
Direção, roteiro e edição de texto: Rafael Casé
Edição de texto: Renata Cabral
Editora-assistente: Carolina Pessôa
Produção executiva: Linei Lopes
Edição de imagens, som e finalização: Fábio Melo
Edição de imagens: João Santolin
Sonorização: Maurício Azevedo

Análise literária Cartas Chilenas, Tomás Antônio Gonzaga

“De que te ris? Trocando os nomes, a fábula fala de ti...” 

Sobre o autor: Tomás Antônio Gonzaga - nasceu no Porto, a 11 de agosto de 1744. Com oito anos, é trazido ao Brasil e matriculado no Colégio da Bahia. De volta a Portugal, forma-se em direito (Coimbra). Depois de tentar a carreira universitária, abraça a magistratura. Em 1782, está em vila Rica (Minas Gerais) como ouvidor. Apaixona-se por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, que imortalizaria com o pseudônimo de Marília. Implicado na conjuração mineira (1789) é preso e levado para a Ilha das Cobras. Em 1792, condenado ao exílio, segue para Moçambique, onde refaz sua vida casando-se com Juliana de Sousa Mascarenhas, viúva rica e analfabeta. Prestigiado e abastado, falece em 1810. Sua obra divide-se em poética (Liras, duas partes, 1792 e 1799; Cartas Chilenas, 1845, edição incompleta; 1863 edição completa) e em prosa Tratado de Direito Natural, 1942. Tomás 

Antônio Gonzaga e a Vila Rica do século XVIII 

A capitania (Vila Rica) era o centro de negociações do ouro e diamantes extraídos nas riquíssimas redondezas. Mas o ouro não era nosso, a política da Coroa portuguesa seguia uma única receita: tratar a colônia como a "vaca americana" - na famosa expressão de d. João IV - da qual era preciso arrancar a todo o custo o leite, o couro e os ossos. Como consequência de tanta exploração e espoliação, os minérios começavam a esgotar-se. Além do mais, era impossível fazer face aos impostos excessivos garroteados pelo insaciável fisco português. A maior parte dos contribuintes de Vila Rica - ricos e médios - devia fortunas à Coroa. Somavam-se a esse abuso o alto preço da mão-de-obra escrava e dos instrumentos de mineração e, ainda, os altos donativos exigidos pelo clero. O ambiente da capitania era extremamente tenso. Configurava-se um estado de coisas que não podia continuar, sob pena de gerar um conflito aberto com as autoridades portuguesas. A 10 de outubro de 1783, o capitão-general Luís da Cunha Meneses assumia o governo. Seu autoritarismo e inúmeros desmandos iriam agravar a situação. O governador desrespeitava sistematicamente as decisões da Justiça sobre concessões de negócios e questões administrativas, decretava medidas ilegais, vendia cargos, títulos etc. Para sustentar-se no poder, valeu-se de um grupo de arrivistas e privilegiados. Militarizou o governo, aumentando exageradamente a tropa, e usou a força militar para a cobrança da taxa dos dízimos. 

Tomás, Cunha Meneses e as Cartas 

Gonzaga, em seu cargo de ouvidor, via com frequência suas decisões desrespeitadas. Reagiu com firmeza e opôs-se ao governador, contestando seus atos e protestando junto às autoridades superiores. Por fim, enviou um carta à rainha em que relatava o "notório despotismo" de Cunha Meneses. Cauteloso, sem correr riscos desnecessários, fez que o poema circulasse clandestinamente. Atribuiu o poema a um autor chileno, também escondido sob o pseudônimo Critilo. 

Cartas Chilenas 
As Cartas Chilenas são num total de 13 cartas escritas por Tomás Antônio Gonzaga, o qual usava o pseudônimo de Critilo, no entanto, esse pseudônimo ficou por muito tempo obscuro. Tais Cartas relatavam os desmandos, os atos corruptos, o nepotismo, o abuso do poder, a falta de conhecimento dos cidadãos e tantos outros erros administrativos, jurídicos e morais do governador. As cartas foram escritas em relatos na forma de versos decassílabos (versos que contém dez sílabas poéticas) brancos (sem rima). Gonzaga finge escrever do Chile, contando a um amigo os abusos do governo, na cidade de Santiago. Mas percebe-se pelas circunstâncias relatadas que o país não é Chile, mas retrata Minas Gerais; que a cidade não é Santiago, mas Vila Rica e que o amigo é Cláudio Manuel da Costa, cujo pseudônimo é Doroteu, e que os abusos estavam acontecendo no governo de Cunha Meneses. As Cartas Chilenas contam as injustiças e violências que Cunha Meneses "Fanfarrão" executou em seu governo. Essas Cartas circularam em Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mineira, em 1789. Nelas podemos encontrar a sátira do poeta à mediocridade administrativa. 

O momento histórico e o Arcadismo: 

A época do Arcadismo tem início em 1768, com o aparecimento das Obras de Cláudio Manuel da Costa, e desenvolve-se até 1836, ocasião em que Gonçalves de Magalhães publica Suspiros poéticos e Saudades, dando começo a revolução romântica. Movimento eminentemente poético, de repúdio às demasias perpetradas pelo Barroco, arregimentou pela primeira vez em nossa história literária um grupo de escritores mais ou menos coeso em seus desígnios e com um relativo sentido corporativo: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto, Basílio da Gama, Frei José de Santa Rita Durão. Assim, nesse período em que a Europa vivia a Revolução Francesa, o Brasil também se agitava com os movimentos nativistas, como a própria história conta, as Minas Gerais era uma verdadeira "mina" para a Coroa Portuguesa e o povo precisa ter voz, portanto, ninguém melhor que os homens letrados para despertar o sentimento nacional, pois só a Literatura consegue, usando a palavra como sua matéria-prima, dizer o que muitos já podem ter dito, de um jeito tão próprio que encanta aquele que percebe a maneira tão peculiar de usar a palavra. 

Características gerais da obra: 

• Cartas como crônicas de um tempo marcado pela corrupção, pela política de favorecimento, pelo abuso de poder. 
 • Fanfarrão é um antiexemplo: suas atitudes autoritárias e de desordem administrativa devem ser lidas, observadas e evitadas pelos demais governantes. 
• Há na obra a dessacralização da epopeia: não há feitos grandiosos de um herói; produção mais próxima da crônica. 
• Teor satírico. 
• Predomínio da razão, Iluminismo. 
• Presença da paisagem física e social da época. 

Intertextualidades 
• Dom Quixote e Sancho Pança: associação irônica entre os ideais e nobreza de alma dos personagens de Miguel de Cervantes e a ausência dessas características no governador das Minas. A loucura de Sancho estava em governar bem, a do Fanfarrão está em não governar com sabedoria. Dom Quixote é louco por acredita nos ideais, naquilo que é bom e ideal. Fanfarrão Minésio é um governador louco por depreciar os bons valores e trazer a baderna prejudicial à sociedade. 
• Referências a diversos personagens e acontecimentos bíblicos. 
• Nero, governador de Roma: associação entre o autoritarismo de Minésio e o personagem romano. 
• Virgílio, Camões e lendas mitológicas. 

Associações necessárias: 
• Chile: Minas Gerais 
• Santiago: Vila Rica 
• Espanha: Portugal 
• Madrid: Lisboa 
• Salamanca: Coimbra 
• Fanfarrão Minésio: d. Luis da Cunha Meneses 
• Critilo: Tomás Antônio Gonzaga 
• Doroteu: Claudio Manuel da Costa. 

 Estrutura da obra: 
Prólogo: O prólogo é uma conversa com o leitor onde o autor explica do que se trata a obra, neste caso, ele diz que encontrou um cavalheiro instruído nas letras e que trazia com ele uns manuscritos onde eram relatadas todas as desordens no governo de Fanfarrão Minésio, general do Chile. O autor então supostamente traduz esse manuscrito e confessa que mudou algumas coisas para melhor entendimento. 
Dedicatória: escrita aos grandes de Portugal. Além de dedicar as cartas aos nobres portugueses, esse tradutor conclama-os a se tornarem mecenas e protetores de sua publicação. 
Treze cartas: compostas por 4268 versos, nos quais Critilo, escrevendo de Santiago do Chile, remete a Doroteu, que está na Espanha. 
Epístola a Critilo: é a resposta de Doroteu a Critilo. Nessa epístola, Doroteu expõe suas emoções diante dos fatos narrados e explicita os efeitos que as cartas provocarão nos chefes ruins e impuros. Todas as treze cartas relatam desde a chegada de Fanfarrão ao Chile até a última carta, a de número treze onde ele mostra que o povo se acostuma ao sistema, que chegou de mansinho, justificado não pela virtude de quem o trouxe, mas pelo falso zelo religioso. 

 Análise das cartas
 • Primeira carta: Durante toda a primeira carta, o leitor é apresentado ao Fanfarrão e percebe o quanto o novo governante é inadequado para governar as Minas Gerais. Toda a carta gira em torno da chegada do mesmo em Santiago do Chile (Vila Rica) e sua prepotência ao tratar as pessoas da região. • Segunda carta: texto que salienta quem se mostrava ser o Fanfarrão Minésio: quis parecer piedoso, chega a fazer cena de religioso na Igreja. No entanto, intromete-se em decisões que deveriam caber à justiça, porta-se com autoritarismo, liberta presos culpados, não pune conforme as leis e ensina o povo a porta-se também de modo corrupto. 
 Terceira carta: a partir da terceira carta, surgem em episódios sucessivos os atos de desmando, de desprezo e humilhação às outras autoridades e aos ilustres da terra, os favorecimentos ilícitos, o grupo de favoritos e privilegiados do poder, a corrupção. São relatadas as injustiças ocorridas por causa da construção de uma cadeia, hoje Museu da Inconfidência: Pretende, Doroteu, o nosso chefe Erguer uma cadeia majestosa, Que possa escurecer a velha fama Da torre de Babel e mais dos grandes, Custosos edifícios que fizeram Para sepulcros seus, os reis do Egito. A construção da cadeia é tida como inadequada para a região, de mau gosto, construída com mão de obra escrava. É relatado o gasto do dinheiro público, os atos do governante que contrariam as leis vigentes, as injustiças ao prender pessoas simples que cometeram crimes brandos... 3ª Carta faz alusão também aos homens de pele negra que são mantidos em cadeias que prendem os seus corpos físicos, mas não conseguem prender suas mentes, seus espíritos, seus sonhos. 
Quarta carta: Continua a se falar da cadeia, da condição terrível a que os operários são submetidos, a exploração do homem do campo, mais de quinhentos homens amontoados na cadeia, más condições de vida, o mau cheiro... Fanfarrão manda ainda que os carros da igreja fiquem a sua disposição. 
 • Quinta e sexta carta: Contam os exageros de Luis da Cunha Meneses ao festejar, em terras brasileiras, o casamento de D. João VI e Carlota Joaquina. São detalhados os luxos da festa e todo a exploração que a colônia viverá para poder suster o evento: impostos são aumentados e as reservas públicas são sugadas. A sexta carta relata como os membros do governo portam-se de modo indecente em “festas” promovidas por Fanfarrão em sua casa. Moral: um mau governo gera um povo também mau.
• Sétima carta: Fanfarrão transgride as leis que regulam a concessão de áreas para extração de ouro. Com isso, beneficia a quem convém, e prejudica a quem deseja proceder corretamente. Maldito, Doroteu, maldito seja O pai de Fanfarrão, que deu ao mundo, Ao mundo literário tanta perda, Criando ao hábil filho numa corte, Qual morgado, que habita em pobre aldeia! 
 • Oitava carta: Carta fragmentada (em algumas edições esta é a carta sétima) O teor da epístola é sobre o quanto o Fanfarrão é ignorante, sem cultura. “Maldito, Doroteu, maldito seja O pai de Fanfarrão que o deu ao mundo Ao mundo literato tanta perda Criando ao hábil filho numa Corte, Qual morgado, que habita em pobre aldeia! Sabendo apenas ler redonda letra, Que abismo não seria, se soubesse Verter o breviário em tosca prosa!” 
 • Nona carta: As tropas militares eram organizadas por Minésio: a seu modo e gosto. Havia pessoas sem nenhum tipo de habilidade militar, outros eram ainda garotos, alguns doentes. A alguns concede títulos militares: muitas vezes pessoas sem nenhum respaldo moral. 
 • Décima carta: Agora, Minésio interfere no tribunal de justiça. Mistura dos poderes. Ele se faz a única lei cabível e aceitável para Vila Rica. 
Décima primeira carta: A carta retoma as muitas arbitrariedades de Fanfarrão Minésio: autoritarismo, desmandos, desrespeito à justiça, venda de cargos e títulos... 
Décima segunda carta: Fala das trapaças e corrupções do Fanfarrão Minésio. 
Décima terceira carta: Carta incompleta. Fala sobre a manipulação que os governos e as crenças imputam ao povo. Crítica a falta de razão. 20 --Também este sistema: ao seu ouvido / Acostuma a chegar-se a mansa pomba. / A nação, ignorante, se convence / De que este seu profeta conhecia / Os segredos do céu, por este meio. 25 -- Não há meu Doroteu, não há um chefe, / Bem que perverso seja, que não finja, /Pela religião, um justo zelo, / E, quando não o faça por virtude, /Sempre, ao menos, o mostra por sistema. E finaliza com uma despedida dizendo que a virtude cobrará daquele que é soberbo. 

 As Cartas e o seu poder de crítica 

Não há nada nas Cartas que corresponda a um sentimento de nacionalismo e rebeldia contra o domínio português ou contra o sistema de poder . Sua crítica dirige-se à violação da justiça constituída, ao abuso de poder, à corrupção palaciana e aos desmandos apoiados na militarização do governo ("Não há, não há distúrbio nesta terra / De que a mão militar não seja autora"). As Cartas têm um tom de realismo e de vigor de linguagem raros para a época, um tanto asfixiada pelas convenções e vagas generalidades do Arcadismo. Em vários trechos, a linguagem das Cartas traz a presença da paisagem física e social brasileira. A crítica contida nela ultrapassa as circunstâncias de um determinado governo para desnudar as bases do autoritarismo colonial, com seu sistema de privilégios e sua mão militar.

3 de nov. de 2013

A SANTA INÊS: O VERSO DO APÓSTOLO DO BRASIL

PAES 2013: “A SANTA INÊS”, PE. JOSÉ DE ANCHIETA

Literatura Jesuítica
As conquistas expansionistas europeias possuíam um duplo ensejo: ao espírito capitalista-mercantil associavam certo ideal religioso e salvacionista. Por essa razão, dezenas de religiosos acompanhavam as expedições a fim de converter os gentios.
            Como consequência da Contrarreforma, chegam, em 1549, os primeiros jesuítas ao Brasil. Incumbidos de catequizar os índios e de instalar o ensino público no país, fundaram os primeiros colégios, que foram, durante muito tempo, a única atividade intelectual existente na colônia.
            Primeiros traços de literatura:
            Do ponto de vista estético, os jesuítas foram responsáveis pela melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, cultivaram o teatro de caráter pedagógico, inspirado em passagens bíblicas, e produziram documentos que informavam aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos.
O instrumento mais utilizado para atingir os objetivos pretendidos pelos jesuítas (moralizar os costumes dos brancos colonos e catequizar os índios) foi o teatro. Para isso, os jesuítas chegaram a aprender a língua tupi, utilizando-a como veículo de expressão. Os índios não eram apenas espectadores das peças teatrais, mas também atores, dançarinos e cantores.
            Principais jesuítas no Brasil:
            Os principais jesuítas responsáveis pela produção literária da época foram o padre Manuel da Nóbrega, o missionário Fernão Cardim e o padre José de Anchieta.

JOSÉ DE ANCHIETA
Nascido em 1534 na ilha de Tenerife, Canárias, o padre da Companhia de Jesus veio para o Brasil em 1553 e fundou, no ano seguinte, um colégio na região da então cidade de São Paulo. Faleceu na atual cidade de Anchieta, litoral do Espírito Santo, em 1597.
Conhecido como o grande piahy ("supremo pajé branco"), Anchieta deixou como legado a primeira gramática do tupi-guarani, verdadeira cartilha para o ensino da língua dos nativos (Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil). Destacou-se também por suas poesias e autos, nos quais misturava a moral religiosa católica aos costumes dos indígenas.        Entre as peças de teatro da época, destaca-se o Auto de São Lourenço, escrita pelo padre José de Anchieta. Nela, o autor conta em três línguas (tupi, português e espanhol) o martírio de são Lourenço, que preferiu morrer queimado a renunciar a fé cristã. Anchieta intentou conciliar os valores católicos com os símbolos primitivos dos habitantes da terra e com aspectos da nova realidade americana. O sagrado europeu ligava-se aos mitos indígenas, sem que isso significasse contradição, pois as ideias que triunfavam nos espetáculos eram evidentemente as do padre. A liberdade formal das encenações saltava aos olhos: o teatro anchietano pressupunha o lúdico, o jogo coreográfico, a cor, o som.
A obra do padre Anchieta também merece destaque na poesia. Além de poemas didáticos, com finalidade catequética, também elaborou poemas que apenas revelavam sua necessidade de expressão. Os poemas mais conhecidos de José de Anchieta são: “Do Santíssimo Sacramento” e “A Santa Inês”.

A SANTA INÊS: O VERSO DO APÓSTOLO DO BRASIL

Objetivo geral:
Converter os índios e manter o catolicismo entre os colonos.
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
Poesia como recurso didático;
Incentivo à prática da fé religiosa;
Linguagem simples visando maior alcance religioso;
A temática do poema revela o confronto entre o bem e o mal: a chegada da Santa espanta o mal e revigora a fé do povo.
Características de anunciação da fé religiosa que prenuncia características barrocas: o uso da antítese “pecado X perdão” é um exemplo. Aceitar o exemplo a Santa é sair da escuridão e entrar na luz.
Nota explicativa: Inês: mártir da Igreja do século IV. Jovem romana, foi decapitada por ter se recusado a perder a virgindade. É considerado o símbolo e a guardiã da castidade cristã.
José de Anchieta foi um jesuíta que na sua fé buscava a salvação na Santa Eucarística. O jesuíta, em servos, explorava a musicalidade com o objetivo de facilitar a memorização. A linguagem utilizada por ele é simples, sendo esta a sua principal preocupação, tendo com isso, o objetivo de mostrar uma ideia medieval, centrada no catolicismo.
A estrutura do poema:
Dividido em três partes, sendo que a primeira parte é composta por nove versos e quatro estrofes; a segunda é composta por dez versos e quatro estrofes e a última parte tem cinco versos e quatro e cinco estrofes.
No poema o autor utiliza "rimas cruzadas" que são aquelas que se alternam num quarteto de modo que o primeiro verso rima, com o terceiro, e o segundo rima com o quarto.
Na terceira parte utiliza rimas enlaçadas, ou seja, o primeiro verso rima com o quarto e o segundo e terceiro versos rimam em parelha.
Linguagem e recursos:
Pe. José de Anchieta exalta a santa por meios de adjetivos, metáforas e substantivos. Quando o autor se refere à santa como "padeirinha", "pão", "massa", "trigo", "doce bolo", "trigo sem farelo", o autor que dizer que assim como o alimento é essencial à vida, e precisa-se dele para viver, a Santa Inês é como se fosse o alimento para a alma e o homem precisa dela.
Também, utilizando a metáfora, ele se refere à santa como "mesinha", ou seja, remetendo a ideia de que a santa é o remédio que vai curar o povo.
No imagístico, o autor chama a santa de "rainha", o que intensifica a ideia de santidade da devota católica.
A Santa Inês, também é chamada de "cordeirinha", ou seja, ela é obediente, serva de Deus. Virgem, sem mácula, e sem nenhum farelo, ou seja, pura. O uso do diminutivo explora o tratamento afetuoso.
Pe. José de Anchieta também menciona o povo em seu poema, fazendo acusações sobre eles, de não andarem famintos pelo trigo novo, (Santa Inês), chamando povo de tolo e clama ajuda da santa para vir como remédio sarar, curar o povo. Acusa ainda o homem de não ter miolo: o “miolo” refere-se à essência, afinal, sem as referências católicas o homem não é nada; é néscio, pois, é um pecador e não tem fome do "pão novo".

Segue o texto:


I - Cordeirinha linda,
como folga o povo
porque vossa vinda
lhe dá lume novo!
Cordeirinha santa,
de Iesu querida,
vossa santa vinda
o diabo espanta.
Por isso vos canta,
com prazer, o povo,

porque vossa vinda
lhe dá lume novo.
Nossa culpa escura
fugirá depressa,
pois vossa cabeça
vem com luz tão pura
Vossa formosura
honra é do povo,
porque vossa vinda
lhe dá lume novo.
Virginal cabeça
pela fé cortada,
com vossa chegada,
já ninguém pereça.
Vinde mui depressa
ajudar o povo,

pois com vossa vinda
lhe dais lume novo.
Vós sois, cordeirinha,
de Iesu formoso,
mas o vosso esposo
já vos fez rainha.
Também padeirinha
sois de nosso povo,
pois, com vossa vinda,
lhe dais lume novo. 
II - Não é d’Alentejo
este vosso trigo,
mas Jesus amigo
é vosso desejo.
Morro porque vejo
que este nosso povo
não anda faminto
deste trigo novo.
Santa padeirinha,
morta com cutelo,
sem nenhum farelo
é vossa farinha.
Ela é mezinha
com que sara o povo,
que, com vossa vinda,
terá trigo novo.
O pão que amassastes
dentro em vosso peito,
é o amor perfeito
com que a Deus amastes.
Deste vos fartastes,
deste dais ao povo,
porque deixe o velho
pelo trigo novo.
Não se vende em praça
este pão de vida,
porque é comida
que se dá de graça.
Ó preciosa massa!
Ó que pão tão novo
que, com vossa vinda,
quer Deus dar ao povo!
Ó que doce bolo,
que se chama graça!
Quem sem ele passa
é mui grande tolo,
Homem sem miolo,
qualquer deste povo,
que não é faminto
deste pão tão novo!
 III - CANTAM:
Entrai ad altare Dei
virgem mártir mui formosa,
pois que sois tão digna esposa
de Iesu, que é sumo rei.
Debaixo do sacramento,
em forma de pão de trigo,
vos espera, como amigo,
com grande contentamento.
Ali tendes vosso assento.
Entrai ad altare Dei,
virgem mártir mui formosa,
pois que sois tão digna esposa
de Iesu, que é sumo rei.
Naquele lugar estreito
cabereis bem com Jesus,
Pois ele, com sua cruz,
vos coube dentro no peito,
ó virgem de grão respeito.
Entrai ad altare Dei,
virgem mártir mui formosa,
pois que sois tão digna esposa
de Iesu, que é sumo rei.



PAES 2013 – Análise literária: "HISTÓRIA DA PROVÍNCIA DE SANTA CRUZ A QUE VULGARMENTE CHAMAMOS BRASIL"

Sobre o autor
Pero Magalhães de Gândavo (Braga,1540 - Portugal, 1579).
Sabe-se pouco sobre Pero de Magalhães de Gândavo. Nasceu em Braga, norte de Portugal. Tem este nome porque sua família veio de Gand, próspera cidade flamenga de Flandres (hoje Bélgica). Foi amigo de Luís de Camões. Escreveu uma gramática com regras da língua portuguesa.
Pero teria estado no Brasil na década de 1560. Dessa viagem resultou o Tratado da província do Brasil, que, numa versão posterior, ganharia o título de Tratado da terra do Brasil e, finalmente, numa terceira versão passaria a chamar-se História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. O projeto inteiro  ocupou dez anos de sua vida. Tanto título e tanto tempo de trabalho se justificam, provavelmente, porque o Tratado já não podia dar conta da grandeza e complexidade em que se transformara o Brasil, tarefa reservada á solenidade da História.  Assim, somente em 1576 entregou a uma tipografia o que foi a terceira e definitiva versão de "História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil". Esta obra é considerada a primeira sobre a história do Brasil. Nome que, aliás, detestava, por julgar sua referência à mera tintura. Pero de Magalhães de Gândavo esteve no Brasil, provavelmente, entre 1558 e 1572.
Pero de Magalhães de Gândavo é o pioneiro de uma longa e nobre linhagem de descritores do Brasil. Sabe-se que foi membro da corte de D. Sebastião, onde desempenhava as funções de “Moço de Câmara”, uma espécie de Ajudante de Ordens, como se diz no exército. E que, além disso, trabalhou como copista na Torre do Tombo. Nos termos técnicos da época, “que trasladava livros”. Sabe-se ainda, mas não muito mais, que foi
nomeado “Provedor da Fazenda” em Salvador, mas não há registro de que tenha  assumido tal cargo.
Típico renascentista, Gândavo é homem de gabinete e de aventura. Quanto ao  primeiro aspecto, é autor de umas Regras que ensinam a maneira de escrever e  ortographia da língua portuguesa, publicadas em 1574, pela mesma “Ophicina” de  Antonio Gonsalvez. O mesmo editor que, dois anos antes, dera a público Os Lusíadas, de Luiz de Camões, de quem Gândavo era admirador e amigo, e dois anos depois publicaria sua versão definitiva da História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil.
Sua escrita possui clara finalidade de estimular a emigração portuguesa.

QUINHENTISMO
Quinhentismo é a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, no momento em que a cultura europeia foi introduzida no país. Note que, nesse período, ainda não se trata de literatura genuinamente brasileira, a qual revele visão do homem brasileiro. Trata-se de uma literatura ocorrida no Brasil, ligada ao Brasil, mas que denota a visão, as ambições e as intenções do homem europeu mercantilista em busca de novas terras e riquezas. As manifestações ocorridas se prenderam, basicamente, à descrição da terra e do índio, ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui estiveram.
Literatura Informativa
A Carta de Caminha inaugura o que se convencionou chamar de Literatura Informativa sobre o Brasil. Este tipo de literatura, também conhecido como literatura dos viajantes ou literatura dos cronistas, como consequência das Grandes Navegações, empenha-se em fazer um levantamento da “terra nova”, de sua floresta e fauna, de seus habitantes e costumes, que se apresentaram muito diferentes dos europeus. Daí ser uma literatura meramente descritiva e, como tal, sem grande valor literário.
Literatura informativa HOJE
Para o leitor de hoje, a literatura informativa satisfaz a curiosidade a respeito do Brasil nos seus primeiros anos de vida, oferecendo o encanto das narrativas de viagem. Para os historiadores, os textos são fontes obrigatórias de pesquisa. Mais adiante, com o movimento modernista, esses textos foram retomados pelos escritores brasileiros, como Oswald de Andrade, como forma de denúncia da exploração a que o país sofrera desde então.
Veja os principais documentos que compõem a nossa literatura informativa:
1. Carta do descobrimento (Pero Vaz de Caminha): foi escrita no ano de 1500 e publicada pela primeira vez em 1817.
2. Tratado da terra do Brasil (Pero de Magalhães Gândavo): foi escrito por volta de 1570 e impresso pela primeira vez em 1826.
3. História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil (Pero de Magalhães Gândavo): foi editado em 1576.
4. Diálogo sobre a conversão dos gentios (Padre Manuel da Nóbrega): foi escrito em 1557 e impresso em 1880.
5. Tratado descritivo do Brasil (Gabriel Soares de Sousa): escrito em 1587 e impresso por volta de 1839.

A História da Província Santa Cruz ultrapassa as raias de um mero relato de viagem, pois oferece um amplo quadro dos primórdios da colonização. Assim, os textos de Gândavo colaboram para a divulgação do Brasil desde 1576. Desse modo, Pero de Magalhães Gândavo, juntamente com Caminha, testemunha a formação do país e do povo brasileiro, ao traduzir a realidade que brotava do aparente paraíso.


História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil: resumo
No seu primeiro capítulo, o cronista vem descrever como se deu o descobrimento da província e por que razão que ela passou a se chamar de Santa Cruz e não de Brasil.
O segundo capítulo foi retirado da versão de estudos proposta pela Unimontes.
O terceiro capítulo refere-se as oito mais importantes capitanias dos portugueses na província; como se portavam os moradores daquele lugar; como se defendiam contra os inimigos; como eram os índios que ali estavam e sobre a dizimação de muitos deles pelos moradores que ali chegaram.
No seu quarto capítulo o autor trata sobre a forma de administrar essas províncias, com seus governantes, através da divisão dos poderes no norte e no sul das capitanias, com o melhoramento das edificações, a divisão do trabalho dentro delas e o espírito solidário e cooperativo entre eles.

PROPAGANDA QUINHENTISTA
Gândavo é o primeiro autor quinhentista a elaborar a experiência do conhecimento das terras brasileiras com o objetivo de publicá-la. Provavelmente, enquanto navegava longas distâncias entre as capitanias hereditárias, como provedor da capitania baiana, não deixava de tomar notas das cousas principais da terra e dos índios.
O objetivo que palpita nos textos gandavianos é muito claro: a divulgação do Brasil com a intenção de atrair o maior número de pessoas para a colônia no além-mar. A cada etapa os tópicos vão sendo detalhados, enriquecidos com informações cada vez mais precisas.  
 Ao longo do texto, várias interpretações sobre a vida e os costumes dos índios aparecem esparsas. Para ele, os habitantes vivem em uma terra “sem Fé, nem Lei, nem Rei”.
“A lingoa de que usam, toda pela costa, he huma: ainda que em certo vocábulos differe n’algumas partes; (...) carece de três letras, convem a saber, nam têm F, nem L, nem R, cousa digna despanto porque assi nam têm Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente sem terem alem disto conta, nem peso, nem medido” (História, 1980:123-124).


SOBRE A MUDANÇA DO NOME: RELIGIOSIDADE
Em História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil  evangelizar e explorar, em vez de opostas, eram atividades complementares naqueles tempos de Gândavo, bem sintetizadas nos versos de Camões, que cantarão “...as memórias gloriosas /Daqueles reis que foram dilatando/ A Fé, o Império, e as terras viciosas de África e de Ásia andaram devastando.” Levava-se a palavra de Deus aos confins do mundo e impunha-se o Seu nome a ferro, fogo e muito sangue. Daí que o devastar em Camões ganhe caráter positivo – para espanto dos nossos tempos de agora. Mas, é preciso compreender que se tratava de devastar “terras viciosas”, isto é, lugares que representavam verdadeira ofensa à existência de Deus. Era natural, assim, que, em reconhecimento a tanto esforço, Deus autorizasse seus servidores, a promover uma pilhagem aqui, um saque ali, uma invasão mais além, de modo a não voltar de mãos e naus vazias. Tratava-se de pequena  recompensa para tanto zelo em nome Dele.
Tal concepção só tem sua legitimidade posta em dúvida, e mais que isso, condenada, quando a ação ultrapassa o limite do “serviço de Deus”, para apresentar-se pura e simplesmente como efeito malévolo da cobiça humana, que aproxima o homem das forças do mal. Quando tal mudança é percebida, o castigo de Deus é iminente, embora ele quase nunca seja entendido assim, pois mesmo na guerra santa há sempre excessos, desculpáveis na proporção do fervor empregado.
É nessa direção que se deve entender a substituição da palavra Brasil por Santa Cruz nas duas versões da História. Nessa época, brasil remete, por sua cor, a um –  passe o paradoxo – verdadeiro El Dorado, objeto de disputa feroz entre portugueses e  invasores, particularmente os franceses, devido ao seu alto valor comercial: o pau-brasil.
Gândavo propõe, com a mudança do nome, uma volta às origens, posto a cobiça ter encoberto o projeto inicial sinalizado no nome Santa Cruz. O autor nada tinha contra a exploração comercial da madeira, somente que tal prática não pode nunca transformar-se em nome da terra, pois, nessa troca de madeira, substituir-se-ia a sagrada – a madeira da cruz! – pela mundana, na qual se manifesta a presença viva (e colorida) do diabo. É  pois uma batalha no nível do signo que Gândavo empreende.
Por onde não parece razoável que lhe neguemos esse nome [Santa Cruz], nem que nos esqueçamos dele tão indevidamente por outro que lhe deu o vulgo depois que o pau da tinta começou a vir para estes reinos. Ao qual chamaram brasil por ser vermelho e ter semelhança de brasa, e por isso ficou a terra com esse nome de Brasil. Mas para que nisto magoemos ao demônio, que tanto trabalhou e trabalha para extinguir a memória da santa cruz (mediante a qual fomos redimidos e livrados do poder de sua tirania) e desterrá-la dos corações dos homens, restituamos-lhe seu nome e chamemos-lhe, como em princípio, província de Santa Cruz (que assim o aconselha também aquele ilustre e famoso escritor João de Barros na sua primeira Década, tratando desse descobrimento) (HSC, 46).

Presença viva no cotidiano, Deus tem suas marcas deixadas por onde andam Seus seguidores. Abandonar tal prática nesse caso é entregar-se deliberadamente às manhas do demônio, que anda rondando sempre, tentando até mesmo o mais fiel dos fiéis.

A obra: uma síntese
Na sua obra “História da Província de Santa Cruz”, Gândavo relata como ocorreu o descobrimento do Brasil: Companhias de navios saíram de Lisboa em 9 de março de 1500 com destino à Índia, por já terem um genérico mapa que os conduzissem, se deparam num meio de um temporal nas ilhas do Cabo Verde que por consequência separou os navios da companhia e alteraram sua rota. Ao passar de um mês navegando no sentido do vento, avistaram então a terra prometida e se depararam em sua costa, foram navegando por sua extensão até encontrarem um porto limpo e seguro, ao qual nomearam Porto Seguro. Ao passar a noite, Pedro Álvares saiu com um grande contingente de gente onde já tiveram o primeiro contato com tais nativos que deram o nome de índios (...) e entre eles rezaram uma missa. Aqueles nativos que ali se faziam presente se aglomeraram e ouviam tudo muito quietos.
Logo depois desse momento, os portugueses interpretaram que, devido aos índios de porem de joelhos e baterem no peito, eles tendiam à fé e assim estavam dispostos a receberem a doutrina cristã. Pedro Álvares, então, mandou logo navios com tal notícia para o rei Dom Manuel o qual ficou muito feliz e logo começou a mandar navios e vice-versa e assim a terra começou a pouco sendo conhecida e sucessivamente habitada.
Por ali se instalou por vários dias Pedro Álvares de Cabral que não poderia partir desta terra sem deixar um nome. Assim, alçou na maior árvore da redondeza uma cruz que foi comemorada com grande solenidade por alguns fiéis e sacerdotes, dando então, o nome de Santa Cruz, mas logo tal nome foi esquecido, depois que o pau-da-tinta começou a ser conhecido e cobiçado e também chamado de Brasil por ser vermelho e ter semelhança de brasa, daí aquelas terras antes Santa Cruz, passaram a ser conhecidas como Brasil. No entanto, prevaleceu o intuito católico: a terra voltou a ser chamada província de Santa Cruz. Como um pau que somente servia para tingir panos poderia ser o nome desta província?
Deste ponto Gândavo começa a caracterizar o Brasil e propagandeá-lo com fama de ser ótimo para os portugueses morarem. Fala da estrutura das casas, da abundância de frutos e promessa de uma vida melhor na terra descoberta. Descrevia o Brasil com condições de vida provincial bem melhor do que as de Portugal.
Gândavo também relata o motivo por qual estavam matando os índios: vários portugueses começaram a se instalar pela costa terrestre e lá também existiam vários índios os quais se levantaram contra os portugueses e faziam muitas traições. Os nativos tentavam se esquivar do desejo português de escravizar a mão-de-obra indígena. Os índios que sobreviviam migravam para o sertão.

Gândavo mencionou e caracterizou as terras dos primeiros capitães que conquistaram esta província:
1 – Capitania Tamaracá: Seu conquistador foi Pero Lopes de Sousa. É uma ilha onde ao norte encontramos terras viçosas e é lá onde o próprio mora.
2 – Capitania Pernambuco: seu conquistador foi Duarte Coelho,sua residência encontra-se a 4 léguas da ilha de Tamaracá, chama-se Olinda que é uma das mais nobres vilas da província. Uma característica muito importante é o fato de lá haverem muito escravos, com isso vários fazendeiros utilizaram-no para trabalho escravo.
3 – Capitania Bahia de Todos os Santos: Onde encontramos o governador e bispo, e ouvidor-geral de toda costa, quem conquistou foi Francisco Pereira Coutinho. Eliminou por toda a extensão vida indígena, pois os tinham como seus inimigos. Seu primeiro governador-geral foi Tomé de Souza. Existia uma cidade nobre e muito bonita onde morava o governador: Salvador.
4 – Capitania Ilhéus: Seu conquistador foi Jorge de Figueredo Correia, Estabeleceu uma vila a 30 léguas da Bahia de todos os santos muito formosa e de muitos vizinhos.
5 – Capitania Porto Seguro: Seu conquistador foi Pero do Campo Tourinho, famosa por ter um porto limpo e seguro.
6 – Capitania Espírito Santo: Seu conquistador foi Vasco Fernandes Coutinho. Sua população é situada em uma ilha pequena, dela nasce um rio com infinidade de peixes com extensão até o sertão. Portadora de terras férteis.
7 – Capitania Rio de Janeiro: Seu conquistador foi Mem de Sá, expulsaram numa batalha os índios que ali encontravam-se. Ele foi o governador geral dessas partes. Considerada segura e propicia para ser capital da província.
8 – Capitania de São Vicente: Seu conquistador foi Martim Afonso de Sousa, essa é uma terra bastante povoada.


O quarto capítulo da obra mostra a divisão do espaço brasileiro em dois governos gerais, a fim de facilitar o gerenciamento, e a convivência e ambientação dos portugueses que aqui habitavam, o que propiciou o desenvolvimento econômico.
Veja a nota do editor em uma das publicações que traz trechos da produção de Pero de Magalhâes Gândavo:
 “Em 1570, a Coroa Portuguesa resolveu dividir o Brasil em dois governos-gerais: um indo de Pernambuco a Porto Seguro, com capital em Salvador; e outro de ilhéus até o sul, com capital no Rio de Janeiro. A divisão ocorreu, segundo a Coroa, pois ‘sendo as terras da costa do Brasil tão grandes e distantes umas das outras e haver já agora nelas muitas povoações e esperanças de se fazer muito mais pelo tempo em diante, não podiam ser tão inteiramente governadas como cumpria, por um só governador, como até aqui nelas houve’” (Cronista do descobrimento; editora ática - Pero de Magalhães Gândavo).

Não podemos jamais esquecer que o índio foi importante para tamanho crescimento da província, uma vez que desempenhava, em primeiro momento, trabalho escravo. No entanto, o negro africano começava a ser trazido para o Brasil para que, pouco a pouco, substituísse a mão-de-obra dos nativos. Estes resistiam ao processo de escravização e contavam com o apoio da Igreja que também trabalhava para impedir a escravidão do índio, mas aplaudia a subserviência do negro.




Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

PAES 2013 –"Felicidade Clandestina" análise literária do conto clariceano
Sobre Clarice Lispector
Clarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1920 em Tchetchelnik, Ucrânia. Quando tinha cerca de dois meses de idade, seus pais migraram para o Brasil, terra que considerava como sua verdadeira pátria. Em 1924, a família mudou-se para o Recife, onde iniciou seus estudos. Por volta dos oito anos, Clarice perdeu sua mãe. Três anos depois, a família muda-se para o Rio de Janeiro.
Ingressa em 1939 na Faculdade de Direito e, no ano seguinte, seu primeiro conto, Triunfo, em uma revista. Forma-se em 1943 e se casa no mesmo ano com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem teve dois filhos. Durante seus anos de casada, mora em diversos países pela Europa e nos Estados Unidos.
Em 1944, publica seu primeiro romance, Perto do coração selvagem, vindo a ganhar o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, no ano seguinte. Separa-se de seu marido em 1959 e volta para o Rio de Janeiro com seus dois filhos. No ano seguinte, publica seu primeiro livro de contos, Laços de família.
Em 1967, um cigarro provoca um grande incêndio em sua casa e Clarice fica gravemente ferida, correndo risco inclusive de ter sua mão direita amputada. Porém, após se recuperar, continua com sua carreira literária publicando diversos livros.
Publica em 1977 seu último livro A hora da estrela, vindo a ser internada pouco tempo depois com câncer. A escritora vem a falecer no dia 9 de dezembro do mesmo ano, véspera de seu aniversário de 57 anos.
Suas principais obras são: "Perto do coração selvagem" (1944), "Laços de família" (1960), "A maçã no escuro" (1961), "A legião estrangeira" (1964), "A paixão segundo G.H." (1964), "Felicidade clandestina" (1971), "Água viva" (1973) e "A hora da estrela" (1977).
Felicidade Clandestina, a obra
Lançado inicialmente em 1971, "Felicidade Clandestina" reúne diversos textos de Clarice Lispector que foram escritos em diversas fases da vida da autora. Os textos reunidos nessa obra podem mais facilmente ser classificados como “contos”, mas como Clarice não se prendia a convenções de gêneros, todo o conjunto reunido em Felicidade Clandestina migra de gênero em gênero, ora aproximando-se do conto, ora aproximando-se da crônica, ou por vezes sendo quase um ensaio. Muitos dos textos reunidos neste livro foram publicados como crônicas no Jornal do Brasil, para onde Clarice escrevia semanalmente de 1967 a 1972.
Assim como o conto que dá título ao livro, muitos dos textos apresentam algo de autobiográfico, trazendo recordações da infância da autora em Recife, alguma personagem que marcou seu passado, etc. Através da recordação de fatos do seu passado, Clarice Lispector busca nos contos fazer uma investigação psicológica de autoanálise.
Felicidade clandestina:
Considerações sobre o conto e a escrita clariceana
O conceito de crueldade, quando aplicado a uma criança, sempre choca e provoca mal estar. É como se julgássemos impossível que alguém muito jovem estivesse corrompido e apresentasse comportamento iníquo. Crianças trazem sempre aos nossos olhos a imagem da inocência, da credulidade, e imaginá-las sendo maldosas fere profundamente nossa crença no ser humano, no mundo e na racionalidade.
Com parte dos contos rememorando sua meninice em Recife, a leitura de Felicidade Clandestina, no livro homônimo de Clarice Lispector, nos fere um pouco, ao mesmo tempo em que nos obriga a rever conceitos e expectativas sobre a infância. Clarice mostra-se hábil artesã, tece um enredo que delicia ao mesmo tempo em que machuca: a história da menina pobre, que não pode comprar livros, e sua completa submissão à impiedade da outra criança, que se compraz com seu desejo expresso de ler um determinado livro, comove e revolta.
paixão revelada, e por isso mesmo escravizadora e humilhante, já foi vivida por todos em algum momento da vida. O sentimento de estar disponível para outrem, sujeitado ao seu poder, e, principalmente, o fato de ser exatamente uma criança exercendo tal poder sobre outra, com certeza nos remete à infância, a alguns momentos da vida em que cada um de nós sentiu e sofreu a situação de um lado, ou, o que até mesmo pode ser pior, de outro.

O estudo e análise do ser humano: conhecer-se para ser
Através de um mergulho no universo interior das personagens, Clarice traz à tona temas existencialistas e as contradições, dúvidas, inquietudes do ser humano. É importante ressaltar que a autora conduz o sujeito (as personagens) para um inevitável isolamento. Assim, em toda a obra de Clarice Lispector teremos personagens desconfiadas, inadaptadas ao meio em que vivem, com temores e inquietações.  Como a preocupação de Clarice é com a personagem em si e sua viagem ao interior do ser humano, o cenário físico ao redor é muitas vezes deixado de lado. A não ser que o cenário interfira diretamente ou ativamente na história. Por isso, dificilmente encontramos passagem descritiva nos contos de Clarice. Além disso, a escritora utiliza uma linguagem subjetiva, abusando de adjetivos, metáforas e comparações. Do ponto de vista formal, a narrativa utiliza o estilo circular, que consiste na repetição sistemática de palavras, expressões ou frases, para conseguir um efeito enfático. 
Clarice Lispector emprega o processo narrativo do fluxo da consciência, que é o rompimento dos limites de espaço e de tempo. O pensamento fica solto. Pequenos fatos exteriores provocam uma longa viagem abstrata das ideias, sem se basear numa estrutura sequencial da narração.
Ela faz os personagens viverem o processo chamado de “epifania”, ou seja, revelação. Em outras palavras, de repente, diante de ocorrências mínimas, o personagem se descobre e vê revelada uma realidade mais profunda. Muitas vezes, ele mesmo não consegue perceber com clareza que realidade é essa, porém sua vida ou sua visão mudam.  A menina que se torna “amante” do livro é um exemplo dessa situação epifânica. A condição de mulher faz Clarice muito sensível aos problemas das pessoas carentes. A marca registrada de seus personagens é serem tipos desprezados aos olhos da sociedade (meninas, velhas, adolescentes), mas ricos em sua interioridade.
Ainda integra a característica de mulher-autora a visão do nascimento da mulher na menina. São numerosas as personagens-meninas que, de uma forma ou de outra, se tornam adultas a partir de experiências aparentemente corriqueiras.
Toda essa exaustiva pesquisa do interior do ser humano – a subjetividade procurando se orientar envolvida pela objetividade – pode passar despercebida ao leitor desatento. Isso porque os textos são muito pobres de fatos, aliás, propositalmente pobres. Cenas comuns, desenhadas sem rebuscamentos, mas com bastante precisão de detalhes, podem esconder a profundidade do conteúdo analítico. As palavras não são raras, os aspectos descritos e narrados parecem irrelevantes, a sintaxe não se complica. O campo da linguagem fica livre para o leitor acompanhar os pensamentos que movem as intenções dos personagens à procura de se ajustarem com eles mesmos.

Análise do conto
Em Felicidade Clandestina a narradora recorda sua infância no Recife. A introdução do conto apresenta as duas protagonistas da narrativa, salientando os aspectos negativos de uma, que serão bem mais evidentes que os da outra: “Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme...” Mas, apesar de todos esses defeitos, ela era agraciada com algo que a tornava privilegiada: “possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria”. E isto a tornava superior a todas suas amigas. A outra, apesar de ser como as demais meninas: “bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres”, não tem acesso aos livros. Por isso, ela, que é a narradora em 1ª pessoa, relata a sua experiência de amá-los e não poder desfrutá-los.
A filha do dono da livraria não aproveitava os livros e, segundo a narradora, nem as outras meninas, uma vez que ela, até mesmo nos aniversários, não tinha a gentileza de dar um livro de presente: “em vez de pelo menos um livrinho barato”. Nesse ponto chegava a ser irônica, pois seu presente favorito para as outras eram cartões postais da loja do pai, como para mostrar-lhes que o mundo dos livros, para elas, era inacessível, sempre ficariam distantes dele, enquanto ela detinha o poder de possuí-los.
Por isso, ela vivia pedindo-os emprestados àquela colega filha de dono de livraria. Essa colega não valorizava a leitura e inconscientemente se sentia inferior às outras, sobretudo à narradora.
Em relação a esse comportamento da menina que lhe dava cartões postais da livraria do pai, a narradora era indignada: “ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas”. Por entender que possuir livros significava ter poder sobre os que não tinham, a filha do dono da livraria resolveu que às outras não daria esse gostinho de querer mudar esta situação. Pois é preciso entender que para essas meninas leitoras o seu adentramento na ambiente dos livros seria uma opção pela liberdade “a ponto de entendê-lo enquanto relação amorosa”.
Essa menina era mesmo cruel e com a narradora exerceu com calma ferocidade o seu sadismo, tanto que a pobre nem percebia, tal era a sua ânsia de ler: “continuava a implorar-lhe emprestado os livros que ela não lia”. Até que chegou o dia em que começou a exercer sobre a outra uma tortura chinesa, a informou que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, que para esta “era um livro grosso, [...], era um livro para se ficar vivendo, comendo-o, dormindo-o”.
Para a nossa narradora, os livros lhe davam “um lar permanente”, e um lar que ela “podia habitar exatamente como queria, a qualquer momento.” Porém, para ela, o livro estava longe de suas posses. Então, foi logo pedindo emprestado o tal, a outra pediu que passasse por sua casa no dia seguinte e ela o emprestaria.
            Para a narradora, o livro é o objeto do seu desejo e para este não há limites: “Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam”. Ao chegar o tão esperado dia seguinte, foi à casa da outra “literalmente correndo”. Mal sabia a ingênua menina que a colega tinha um plano diabólico. A dona do livro, quando a narradora chegou até sua casa e pediu-o, disse que o havia emprestado à outra menina, que ela voltasse no dia seguinte. Ficou boquiaberta, mas seu desejo era tal que, a esperança invadiu novamente seu ser e ela andou pelas ruas pulando, sonhando: “guiava-me a promessa do livro”. No dia seguinte, outra desculpa, o livro ainda não havia sido devolvido. E assim se seguiram os dias. O terror por não ter o livro para ler e a outra se divertindo em alimentar uma esperança era uma cena digna de pena: “eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer”.
            Então todos os dias, invariavelmente, ela passava na casa e o livro não aparecia, sob a alegação de que já fora emprestado. Esse suplício durou muito tempo. A sua relação com o livro é tal, que todo esse sofrimento começou a afetar o seu físico: “eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados”. Tudo isso porque o ato da leitura para ela era uma necessidade, padecia com o não-ler, tinha uma fome que precisava ser saciada, pela chance que a outra poderia lhe dar, ao emprestar-lhe o livro tão esperado.
            Chegou finalmente o dia da redenção da narradora, quando todos seus males seriam sarados. Certo dia, a mãe da colega cruel interveio na conversa das duas e descobriu que sua filha estava enganando a outra menina: “mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!”
            E essa descoberta não era a pior, mas sim a descoberta, horrorizada, da filha que tinha. A narradora seria agora agraciada pelo tão almejado objeto do desejo: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser”. Esse “por quanto tempo quiser” significava muito mais do que dar-lhe o livro, ela teria posse sobre o seu objeto do desejo. Toda a sua espera, sua insistência, finalmente era recompensada.
            Para a narradora foi impossível descrever-nos o que sucedeu assim que recebeu o livro na mão. Ela só lembrava que “o segurava firme com as duas mãos, comprimindo contra o peito.” Imaginamos que agiu assim por temer que algo ou alguém a separasse dele. Esqueceu até mesmo quanto tempo levou até chegar à casa. Porém, isso não importava, o que valia a pena era sentir que o livro estava com ela: “meu peito estava quente, meu coração pensativo”. Isso indica um sentido diferente para a leitura.
            Para o leitor do conto, a menina que tanto queria o livro ao conseguir possuí-lo, devorá-lo-ia em pouco tempo. Mas não foi isso o que aconteceu. Ela chegou em casa e não começou a ler: “fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter”. Algum tempo depois, leu algumas partes, que considerou maravilhosas, fechou-o novamente, indo fazer outras coisas, fingia que não sabia onde guardava o livro, achava-o, lia novamente.
Essa foi a felicidade clandestina da menina. Fazia questão de “esquecer” que estava com o livro para depois ter a “surpresa” de achá-lo.
            A narradora “criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade”. A felicidade em ter acesso aos livros, à leitura, que para ela era clandestina, pois não possuía livros e nem condições financeiras que possibilitassem um maior contato com eles. Esta “felicidade clandestina” significa que ela está muito feliz por realizar algo para ela ilegal, pois o fato de possuir um livro, era, muitas vezes, na sociedade antiga, um privilégio dos mais favorecidos economicamente e continua sendo até hoje. Assim, podemos afirmar que a personagem narradora quebrou os paradigmas dessa diferença social, e por isso, cometeu grave delito, com sua insistência e amor aos livros. Conseguiu ter acesso ao seu objeto desejado.
            Ao realizar algo proibido, a narradora sabe que deveria ter orgulho, pois conseguiu alcançar seu objetivo, e pudor, pois poderia perder o que conseguiu, além disso, estava vivendo no ar. Agora ela “não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu ‘amante’”.
O ponto central desse texto é o conceito de “felicidade”. Nele, a escritora parece se questionar “afinal, o que é felicidade?”. A menina presente no conto parece conhecer bem o dito popular “felicidade é bom, mas dura pouco”, uma vez que ela se utiliza de todas as formas para prolongar seu sentimento de felicidade. Dessa forma, sua felicidade aparece como um sentimento “clandestino”, já que nem ela mesma pode se conscientizar de sua própria felicidade para que esse sentimento não acabe. Conclui-se, portanto, que a felicidade deve ser descoberta em todos os momentos e nas coisas mais simples, inclusive no ato de ler.





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