7 de out. de 2009

Alunos do Colégio Delta visitam Ouro Preto e participam de palestra com o autor Rui Mourão




            Visando proporcionar a seus alunos do 1º Ano do Ensino Médio uma formação ainda ampla, o Colégio Delta realizou no último final de semana uma viagem cultural a cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Lugar que provoca encantamento a quem visita, a centenária Ouro Preto é palco de três das quatro obras literárias que compõem a 1ª etapa do Vestibular Seriado da Unimontes neste ano. Boca de Chafariz, do escritor contemporâneo Rui Mourão, Marília de Dirceu e Cartas Chilenas, do poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga desfrutam da paisagem ouropretana e dialogam com os acontecimentos históricos que norteiam a cidade mineira Patrimônio Cultural da Humanidade.
            Ao passearem pelas ruas de Ouro Preto, os estudantes puderam observar a expressão barroca presente na paisagem e na arquitetura colonial das igrejas locais, conheceram algumas das obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, além de terem a oportunidade de visualizar o cenário do amor de Dirceu e Marília, personagens de Tomás Antônio Gonzaga, e dos desmandos administrativos que motivaram a escrita satírica de Cartas Chilenas
Ponto alto da visita foi a palestra que os alunos puderam ter com o romancista, contista e então diretor do Museu da Inconfidência Dr. Rui Mourão. Tal escritor tem sido de extrema importância para a literatura mineira por seu trabalho de preservação da memória de Minas e do Brasil. O restaurar é a temática desenvolvida em Boca de Chafariz, publicado em 1991 pela Vila Rica Editora. Na oportunidade, o alunado do Colégio Delta pode solucionar dúvidas e expor suas ponderações a respeito da produção. O autor falou primeiramente sobre a motivação para a escrita: “Ouro Preto deve continuar como sempre foi. A ideia é a abordagem pela temática da preservação”. Rui Mourão salientou que a obra é organizada em três níveis: o primeiro referindo-se ao caráter documental que a produção assume ao versar sobre a enchente que atingiu a cidade em 1979; o segundo nível relaciona-se ao passado ouropretano, trazido à tona por meio dos “fantasmas” históricos que aparecem no romance; já o terceiro remonta ao presente ficcionalizado, criação artística, do qual nascem figuras humanizadas e simpáticas ao leitor, como Bené da Flauta. Em Boca de Chafariz, a cidade de Ouro Preto passa por três momentos distintos, porém complementares. Os personagens, a história, o homem vão sendo recuperados ao longo dos capítulos. “Tudo é objeto de restauração”, afirmou o autor. Retomando a alegoria da mulher que passa por cirurgia plástica, citada pelo personagem Jair Inácio, Rui Mourão complementa: “uma cidade restaurada não é a mesma de antes. A restauração cria uma terceira obra”. Ao término da palestra, o escritor fez a leitura do poema “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, de Camões, contido intertextualmente na produção do romancista mineiro, encerrando com poesia a discussão sobre a obra.

                      

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