31 de jan. de 2011

A IMPONTUALIDADE DO AMOR

Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha. 

Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa? 

Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio. 

O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa. 

O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito. 

A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.
Por Martha Medeiros

O lindo texto da Martha foi encontrado no blog Inércia: http://shuzybruxinha.blogspot.com/

7 de jan. de 2011

Perseverança

"Dai-me, Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço."

Cecília Meireles


Eu vou me vingar sendo feliz

"(...) a gente pode, sim, ser feliz. A gente pode até se vingar de toda a chatice, a grossura, a crueldade e angústia, — sendo feliz. Lembro a história da filha adolescente de um amigo, que, rejeitada pelo namorado, passou uns dias em profunda tristeza, mas de repente apareceu na sala, perfumada, olhos brilhantes, pronta para sair. O pai interroga: Ué, filha, voltou com seu namorado? Resposta de inesquecível sabedoria:
Não, pai, eu vou me vingar sendo feliz."

Lya Luft

6 de jan. de 2011

Não espero mais de outros:
agora escrevo cartas de amor para mim
"Não me lembro mais qual foi nosso começo.
Sei que não começamos pelo começo.
Já era amor antes de ser."

(Clarice Lispector)

Viver bem não é para amadores

"Ma belle, puxe para si a responsabilidade de encerrar de vez essa inimizade estéril, esse desgaste emocional tão nocivo à pele e ao humor.
Você não é uma menina, é uma mulher. E uma mulher deve saber discernir o que é, de fato, uma derrota e uma vitória. Derrota é quando a gente ganha dos outros, mas desiste de si mesma.
 
Martha Medeiros em: Tudo que eu queria te dizer
Fonte:  dani-ricardo.blogspot.com

Amor oculto















Na multidão busco meu amor
ainda anônimo
seu rosto que não conheço
entre tantos rostos
a voz que acenderá estrelas
e que ainda é uma voz qualquer

Busco meu amor oculto
como em segredo entre as folhagens
e meu coração dispara
a cada indício do seu rastro

Busco meu amor como a chave
de um castelo
esquecida há milênio
em algum lugar obscuro
do mundo

Busco meu amor desconhecido
como quem busca algodão
num campo imenso
para se forrar por dentro.

Roseana Murray

31 de dez. de 2010

2011 - Que haja esperança!

Desejo a todos os companheiros e amigos um 2011 de
esperanças renovadas, sonhos restaurados e realizações ao alcance de um toque.


Destaque para a FÉ na listagem acima:
é ela que nos faz contemplar o impossível,
ter a certeza do que os outros não veem
e nos dá forças para tocar em Deus.

20 de dez. de 2010

Timbre de veludo

A voz de quem se ama
tem o timbre do veludo exato.
Tem o peso e a medida
da luz quando pousa
na superfície do lago

A voz de quem se ama
tem a transparência
de uma gota de orvalho
quando escorre
pelas frestas da tarde.

A voz de quem se ama
é a mistura perfeita
de estrelas e sinos e harpas
e acorda em nossa pele
os acordes mais secretos.
Roseana Murray

Repertório restrito: tecnologia pode reduzir vocabulário

Uso excessivo de internet e celulares pode reduzir o vocabulário de adolescentes.

Apesar de criar novos empregos e aumentar a interatividade entre as pessoas, a tecnologia também pode ser responsável por certa dificuldade de expressão que muitos jovens enfrentam. De acordo com uma pesquisa realizada no Reino Unido, muitos adolescentes estão perdendo vagas no mercado de trabalho por não saberem se expressar, o que se deve , segundo os pesquisadores, à escrita rápida e curta da internet e celulares, pouco propícia ao emprego de palavras novas. Estima-se que o vocabulário desses jovens esteja reduzido a uma média de 800 palavras, quando o normal para uma criança de 16 anos seriam 40 mil.

Fonte: Revista Língua Portuguesa (Junho 2010)

Google lança ferramenta que traduz textos fotografados

Desenvolvido para celulares e smartphones, o aplicativo batizado de Google Googles, que já reconhecia automaticamente as imagens de monumentos e obras famosas, agora também é capaz de traduzir textos "fotografados" em cinco línguas diferentes - inglês, francês, italiano, alemão e espanhol.

Basta que o usuário tire uma foto do texto desejado e depois ajuste uma caixa de seleção em torno das palavras que deseja traduzir.

A novidade fica por conta do serviço Google Googles, que consegue identificar fotos e "puxar" na internet informações relevantes sobre a imagem, ao Google Tradutor. Vale dizer que essa tecnologia pode ser uma porta de entrada para a banalização de "fotocópias instantâneas" de obras e documentos importantes.

Fonte:   Revista Língua Portuguesa (Julho de 2010)

14 de dez. de 2010

A mulher da página 194

Ela é loira e linda. Tem 20 anos. Modelo profissional. Saiu na última edição da revista americana Glamour ilustrando uma reportagem sobre autoimagem, e foi o que bastou para causar um rebuliço nos Estados Unidos. A revista recebeu milhares de cartas e e-mails. Razão: a barriga saliente da moça. Teor das mensagens: alívio. Uma mulher com um corpo real.

Não sei se Lizzie Miller, que ficou conhecida como a mulher da página 194, já teve filhos, mas é pouco provável, devido à idade que tem.

No entanto, quem já teve filhos conhece bem aquela dobrinha que se forma ao sentar. E mesmo quem não teve conhece também, bastando para isso pesar um pouco mais do que 48 quilos, que é o que a maioria das tops pesa. Lizzie não é um varapau — atua no mercado das modelos “plus size”, ou seja, de tamanhos grandes. Veste manequim 42, um insulto ao mundo das anoréxicas.

A foto me despertou sentimentos contraditórios. Por mais que estejamos saturados dessa falsa imagem de perfeição feminina que as revistas promovem, há que se admitir: barriga é um troço deselegante. É falso dizer que protuberâncias podem ser charmosas. Não são.

Só que toda mulher possui a sua e isso não é crime, caso contrário, seríamos todas colegas de penitenciária. Sem photoshop, na beira da praia, quase ninguém tem corpaço, a não ser que estejamos nos referindo a volume. Se estivermos falando de silhueta de ninfa, perceba: são três ou quatro entre centenas. E, nesse aspecto, a foto de Lizzie Miller serve como uma espécie de alforria. Principalmente porque ela não causa repulsa, ao contrário, ela desperta uma forte atração que não vem do seu abdômen, e sim do seu semblante extremamente saudável. É saúde o que essa moça vende, e não ilusão.

Um generoso sorriso, dentes bem cuidados, cabelos limpos, segurança, satisfação consigo próprio, inteligência e bom humor: é isso que torna um homem ou uma mulher bonitos. Aquelas meninas magérrimas que ilustram editoriais de moda, quase sempre com cara de quem comeu e não gostou (ou de quem não comeu, mas gostaria), são apenas isso: magérrimas. Não parecem pessoas felizes. Lizzie Miller dá a impressão de ser uma mulher radiante, e se isso não é sedutor, então rasgo o diploma de Psicologia que não tenho. Ela merecia estar na primeira página, mas, mesmo tendo sido publicada na 194, roubou a cena.

Que reação a foto causou em você? Repúdio ou alívio ?

E vocês homens? Ficaram surpresos? Sem dúvida é um artigo interessante!
Martha Medeiros

24 de nov. de 2010

Folha Rota, Machado de Assis

É, pessoal, novamente Machado de Assis ronda a vida escolar e literária de vocês. Acreditem em mim: vai valer a pena as leituras que fazemos agora. No futuro vocês me digam, tá?!

Vamos lá:
Folha Rota é um dos contos da coletânea Histórias do Romantismo. O enredo revela o amor secreto e contrariado, tema tão precioso aos românticos, entre dois jovens: Luísa, moça órfã, ingênua e de hábitos domésticos, e Caetaninho.

Luísa, aprisionada no recinto doméstico, garota de dezoito anos, não chega a conhecer e ter "intimidade" com os espaços públicos, no qual circula e prospera seu namorado Caetaninho. Entre os dois - ou entre a moça e sua felicidade pessoal - existe a intransponível barreira figurada pelo postigo (uma abertura em porta ou janela que permite observar sem ter que as abrir) que deixa passar apenas os olhos ou, quando muito, a mão. A verdadeira prisão de Luísa é a gratidão que sente por sua tia. Dos limites dessa relação de favor, que afinal se converte em mando e irrefletida obediência, é que advém sua incapacidade para desconfiar da história romanesca que lhe conta D. Ana Custódia. Daí também o excesso de lágrimas, com que ela compensa a falta de realismo ou de coragem para realizar seus direitos individuais.


Responda em seu caderno:

1) Descreva as características físicas e psicológicas de Luísa.
2) O narrador adianta, na página 132, que haviam motivos para D. Ana Custódia e seus dois parentes não se frequentarem. Com suas palavras, reconte o porquê do desentedimento entre eles.
3) Na opinião do rapaz, não havia ninguém mais infeliz do que ele. Por que Caetaninho pensava isso sobre si?
4) Ao relatar o passado a Luísa, D. Ana diz, falando sobre o cunhado Cosme: "vinguei-me e me perdi". O que acontecera?
5) D. Ana Custódia diz a moça que preferiria morrer a vê-la casada com o filho de Cosme. Você acredita que ela já desconfiava do envolvimento da moça com Caetaninho? Justifique.
6) Apesar do costume excessivamente caseiro, qual era, na verdade, a prisão em que se encontrava Luísa? Explique sua resposta.
7) Discorra (escrever expondo opinião) sobre a postura final de Luísa com relação à Caetaninho.
8) Explique o título do texto.

9) Associe o vídeo a seguir ao enredo e à temática do conto Folha Rota. Em sua opinião, o vídeo serviria para expressar o sentimento de qual personagem: Luísa ou Caetaninho?Explique.


23 de nov. de 2010

Serenidade

De vez em quando, surge um vento mais forte e fecha as janelas pelo lado de fora.
Quando acontece, é bobagem tentar brigar com o vento.
A gente espera ele esvaziar e reabre as janelas pelo lado de dentro. 
 Ana Jácomo
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