A MÃO E A LUVA, MACHADO DE ASSIS
SOBRE O AUTOR
Considerado por muitos críticos como o maior
escritor brasileiro, Joaquim Maria Machado de Assis teve uma existência
relativamente estável e conheceu em vida o prestígio e a fama que lhe cabiam. O
mulato nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, em 1839, tinha todos os
requisitos para ser apenas mais um dos muitos cidadãos fracassados que
preenchem o universo das periferias das grandes cidades. Entretanto, ao morrer
em 1908, recebe honras fúnebres de chefe de estado. A celebridade alcançada no
fim da vida demonstra que a ascensão social alcançada pelo “bruxo do Cosme
Velho”, como assim o chamou Carlos Drummond de Andrade, somente foi possível
devido ao seu esforço permanente de captar a realidade e mais ainda por seu
talento insubstituível de transformar histórias em páginas de livros.
Órfão ainda criança, Machado vendeu doces na
rua para ajudar a sustentar a família; na juventude foi caixeiro de uma
livraria e tipógrafo, mais tarde tornou-se jornalista, profissão que o
encaminhou para a literatura. Porém, o seu sustento vinha do emprego que
arranjara no funcionalismo público, chegou a fazer carreira, foi oficial de
gabinete de ministro, diretor de órgão público e por ocasião da Proclamação da República
em 1889, estava sob seus cuidados a Diretoria do Comércio da cidade do Rio de
Janeiro. Além do emprego público, a carreira de Machado de Assis como escritor
contou com outra base sólida: O casamento com a portuguesa Carolina de Novais.
A esposa tornou-se uma grande incentivadora de seus escritos e há quem diga que
em muitos de seus textos há resquícios da influência dela. Conforme opina
Coutinho, no decurso de uma atividade literária ininterrupta, iniciada no fim
no século XIX, quando seus primeiros versos foram publicados na revista Marmota
Fluminense, até a publicação de seu último livro, Memorial de Aires, em 1908,
Machado de Assis representou no Brasil o primeiro e o mais acabado modelo de
homem autêntico dedicado à arte de escrever.
Não há dúvida quanto à divisão da vasta obra
machadiana em dois tempos: Os primeiros textos ainda escritos sob a influência
do Romantismo contrastam muito com a parte mais significativa de sua produção
literária - a chamada fase da maturidade - esta iniciada em 1881 com a
publicação de Memórias Póstumas de Brás
Cubas e consolidada mais tarde em obras primas como Quincas Borba e Dom Casmurro,
demonstra que Machado tornou-se hábil em desenvolver uma prosa realista,
permeada de complexos retratos psicológicos que se distanciavam muito da
idealização romântica e também dos exageros cientificistas dos demais autores
do Realismo-Naturalismo
VISÃO GERAL
A obra “A Mão e a Luva” foi publicada no Rio
de Janeiro por E. Gomes de Oliveira, em 1874. Foi o segundo romance escrito por
Machado de Assis. Na época do lançamento, a obra não teve uma boa receptividade
por parte da crítica, apesar de elogiar o estilo. Desse modo, o livro foi
esquecido, até ser reeditado 33 anos depois. Foi traduzida para o Inglês com o
título: “The hand and the glove” e
publicada pela The University Press of Kentucky, em 1970. Rendeu ainda, uma
adaptação para o teatro, no ano de 2004, sob a direção de Adriana Tolentino.
A Mão e a Luva, segundo romance de
Machado de Assis, difere-se dos outros livros da fase dita ‘romântica’ do
autor. Narra a história de Guiomar, moça de origem humilde que ascende
socialmente por ser afilhada de uma baronesa. O drama da heroína está na
escolha de um marido entre seus três pretendentes: o romântico Estevão, o frio
Luís Alves e o preguiçoso Jorge.
O trunfo do livro é a
abertura estética do romance brasileiro ao Realismo.
A trama narrativa em A mão e a luva nasce para destacar as relações familiares,
precisamente, em torno da figura de um feminino. O universo da trama desse romance
é relativamente simples: ela se resume na tensão de uma mulher pretendida por
três homens. Nessa disputa, ganham relevância as figuras de Estevão e Luís
Alves, dois amigos íntimos, dos tempos de faculdade, que terão o ciclo de
amizade interrompido pelo amor de Guiomar. Narrativa simples, mas engenhosa,
sobretudo nas tramas duplas, que seguem paralelas, em torno dessas das
representações de personagens masculinas: Estevão, Luís Alves e Jorge.
NARRADOR
O foco
narrativo em “A Mão e a Luva” está na 3ª pessoa do singular. É
evidente no início da história: “Estevão meteu as mãos nos cabelos com um gesto
de angústia”. Ainda em tempo, deve-se observar que o narrador interage com o
leitor, tomando a variante de “narrador
intruso”, como na passagem do capítulo IV: “Enquanto as três almoçam,
relancemos os olhos ao passado (…)”.
Irônico, debochado, o narrador de A Mão e a Luva se apropria da dramaturgia, regendo a
narrativa como lhe convém. Constantemente lembrando o leitor tradicionalmente
romântico de que ambos estão imersos em um mundo ficcional, mas verossímil –
“[…] é privilégio do romancista e do leitor ver no rosto de uma personagem
aquilo que as outras não veem ou não podem ver.” (ASSIS, 2005, p.79) -; de que
ele não será um idealizador, e procurará representar fielmente a realidade
— “Era melhor, — mais romântico pelo menos, que eu o pusesse a
caminho da academia, com o desespero no coração, lavado em lágrimas, ou a
bebê-las em silêncio, como lhe pedia a sua dignidade de homem. Mas que lhe hei
de eu fazer? Ele foi daqui com os olhos enxutos, distraindo-se dos tédios da
viagem com alguma pilhéria de rapaz, — rapaz outra vez, como dantes.”
(ASSIS, 2005, p.18) — e que o seu trabalho maior é desvendar os segredos
anímicos de seus personagens, sobretudo ressaltando que é ele quem escolhe as
descrições dos perfis: “Eu não a quero dar como uma alma que a paixão desatina
a cega, nem fazê-la morrer de um amor silencioso e tímido. Nada disso era, nem
faria.” (ASSIS, 2005, p.93).
A ironia mais mordaz do narrador é em relação
aos estereótipos românticos, materializados nas figuras dos pretendentes de
Guiomar: o ardor exacerbado de Estevão, que é constantemente ridicularizado; o
egoísta e frio Luís Alves; e o burguês preguiçoso e mimado Jorge,
brilhantemente sintetizado na passagem: “possuir era seu único ofício.” (ASSIS,
2005, p.87).
Desta
forma, podemos caracterizar, não só o livro abordado, como também toda a
primeira fase machadiana, como “pré-realista”. Portanto, A Mão e a Luva e sua fase correspondente vieram
para preparar o território para o Realismo pesado e crítico que Machado
viria a nos apresentar com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, obra na qual é nítido
que a estética realista triunfou.
ENREDO
Exposição: no capítulo I, são
apresentados os primeiros personagens, Estevão e Luís Alves. Eles são amigos e
estudam na mesma instituição educacional – a chamada academia de São Paulo
(apesar da maior parte da história se passar no Rio de Janeiro). A história
começa já com um conflito secundário, provocado pela dor de Estevão ao ser
esnobado pela moça que amava. Tal rejeição o faz pensar em suicidar-se. Estevão
procura, então, a seu amigo e confidente, Luís Alves para desabafar.
Finalmente, este aconselha aquele que se esquecesse de tais coisas (o suicídio
e a decepção amorosa), e acrescenta: “O amor é uma carta (…); carta de parabéns
quando se lê, carta de pêsames quando se acabou de ler. Tu que chegaste ao fim,
põe a epístola no fundo da gaveta, e não te lembres de ir ver se ela tem um post-scriptum…”
Complicação: a complicação da
história acontece quando Estevão, depois de concluir seus estudos em São Paulo,
volta para o Rio de Janeiro. Até aqui, tudo bem, não fosse por ele encontrar
uma moça, vizinha de Luís Alves, no jardim da chácara deste. Para a surpresa
dele, a moça era Guiomar, aquela a quem ele amara e de quem se desiludira. O
reencontro torna-se uma complicação quando Estêvão recai de amores pela mesma
moça. Esqueceu-se de seguir o conselho metafórico de seu amigo Luís Alves há
dois anos, quando disse que ele não voltasse a ver se a carta tinha um post-scriptum.
Essa recaída é o gatilho que leva a outros fatos que culminarão no clímax do
romance.
Clímax: o autor constrói um
clima de tensão no trecho dos capítulos VIII ao XVII, os quais cercam os
acontecimentos que antecedem ao desfecho. Essa tensão em “A Mão e a Luva” está
nos fatos que encerram um período de decisões em relação ao destino matrimonial
de Guiomar, que depois de desiludir a Estevão, (outra vez) e ser pretendida de
Jorge, sobrinho da baronesa. Há uma correria no desenrolar dos fatos, pois, a
personagem principal deseja realizar seu desejo ambicioso: galgar posição
social ao casar com Luís Alves, recém eleito deputado. A tensão é tanta que a
moça escreve um bilhete com a mensagem: “Peça-me” e o joga
pela janela do doutor Luís Alves.
Desfecho: a decisão de Guiomar
em dar um sinal a Luís Alves para que este a pedisse em casamento é o
acontecimento que desencadeia o desfecho: o casamento entre duas pessoas,
ambiciosas, de uma sagacidade encontrada em poucos, que se combinavam como “a
mão e a luva”.
PERSONAGENS
Estevão: Machado apresenta-o
como um dos protagonistas, que também é anti-herói; é vítima de suas
sentimentalidades exageradas; vive um conflito psicológico, pois, mergulha em
uma crise emocional por não ter o amor de Guiomar. É uma clara alusão aos
exageros ultrarromânticos.
Luís Alves: o narrador parece, às
vezes, tentar despertar emoção/simpatia (no leitor) em favor desse rapaz, pois
permite que ele tenha mais espaço que Estevão ou Jorge. É descrito com
ambicioso, mas como não sendo uma má pessoa. Sabia reger os sentimentos, era
seguro de si. Ele representa o herói da história, pois tem qualidades maiores
que seus pares na obra.
Guiomar: a protagonista, e
heroína da história, é pobre e de origem simples, perde seu pai, e logo depois,
a mãe, ficando aos cuidados de uma baronesa, que a adota e a toma por filha por
ocasião da morte de Henriqueta, sua filha de sangue. Desconstrói o romantismo e
a fragilidade das mocinhas dos romance românticos. Guiomar é forte, decidida,
racional e casa-se não pelo envolvimento sentimental puramente, mas por
perceber que suas ambições sociais encontravam mais harmonia em Luís Alves.
Mrs. Oswald: britânica, e governanta
da casa da baronesa, o braço direito desta. Personagem tipicamente inglesa, em
seus modos e educação, mas brasileira por dedicação à sua patroa, a baronesa. É
uma antagonista na história, pois, por querer realizar os desejos de sua
patroa, atrapalha um pouco as pretensões e aspirações amorosas de Guiomar.
A baronesa: viúva, generosa,
conhece a Guiomar desde que esta era uma criança e ajuda-a em sua formação.
Teme pela não realização completa de seus desejos quanto ao futuro de Guiomar.
Com Mrs. Oswald, tenta cuidar em arrumar um bom pretendente para a afilhada, já
que a sombra do jovem doutor Estevão, moço de origem pobre, ameaça os seus
projetos para Guiomar.
Jorge: Machado de Assis
introduz um personagem insulso, indiferente ao que está ao seu redor. Preferido
por sua tia, a baronesa, a ser o marido de Guiomar. Ele até que gosta dela,
segundo ele, mas, é um gostar “tanto faz”. Trama com Luís Alves impedir, ou
melhor, convencer a baronesa a não fazer uma viagem, que atrapalharia os planos
dele e de Jorge.
TEMPO
O tempo em “A Mão e a Luva” é cronológico, pois os fatos
seguem uma sequência natural, onde observamos a passagem dos dias, meses e
anos. Isso fica evidente no trecho: “Um mês depois de Estevão chegar a São
Paulo (…)”. É importante lembrar que tempo cronológico relaciona-se com o
enredo linear.
O
tempo no qual se passa a história é situado no século XIX, mais precisamente em
1853 (vinte e um anos antes da publicação do romance, em forma de folhetim no
jornal O Globo, em 1874).
AMBIENTE
Nessa
época, o Brasil vivia os seus anos de Império, e o Rio de Janeiro, o principal espaço que ambienta o romance, era a capital
do país.
Machado
descreve pouco o ambiente. Mas
constrói a tensão do romance com os acontecimentos que deixam o leitor, ou
leitora, em suspense, pois a história toma rumos inesperados, talvez
influenciados pelas incertezas que são dominantes nestas terras abaixo do
Equador. Por exemplo, Luís Alves, que inicialmente parece nem notar a
existência de Guiomar, apesar de tê-la cortejado anteriormente, passa a querer
a moça.
Machado
transmite emoção ao descrever poeticamente a natureza, e principalmente a
protagonista Guiomar. Ainda, transmite a ideia de um ambiente burguês, relatando características da
alta sociedade dos dias do Brasil Império.
INTERTEXTUALIDADE:
ESTEVÃO E A CRÍTICA AO EXCESSO SENTIMENTAL
A
construção do clima romântico na narrativa se dá, principalmente, por duas
forças maiores: a influência do Romantismo estrangeiro e as referências ao
movimento análogo no Brasil. Logo no início do livro, enquanto a personalidade
das personagens ainda está se esboçando, o narrador cita um traço fundamental
para a formação de Estevão: “O rapaz acertara de abrir uma página de Werther; leu meia
dúzia de linhas, e o acesso voltou mais forte do que nunca.” (ASSIS, 2005,
p.17). O acesso em questão era o desespero causado pela rejeição primeira de
Guiomar, que o colocou na posição de amante abandonado. Já a referência feita é
ao romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, do alemão Goethe, que
se tornou molde para a estética ultrarromântica. O livro termina com o suicídio
do protagonista, depois de uma vida amarga e depressiva, calcada na ausência da
mulher amada. Werther e Estevão são muito similares, já que apresentam
personalidades depressivas e exageradas: “Apenas direi por alto que ele pensou
três vezes em morrer, duas em fugir à cidade, quatro em ir afogar a sua dor
mortal naquele ainda mais mortal pântano de corrupção em que apodrece e morre
tantas vezes a flor da mocidade. Em tudo isto era o seu espírito apenas um
joguete de sensações contínuas e variadas. A força, a permanência do afeto não
lhe bastava a dar seguimento e realidade às concepções vagas de seu cérebro –
enfermo, ainda quando estava de saúde.” (ASSIS, 2005, p.72).
Estevão
é quase um Werther brasileiro, não fosse o seu desfecho. E até nesse ponto o
narrador ironiza o seu destino no final de A Mão e a Luva: “A
frouxidão do ânimo negou-lhe essa última ambição. Os olhos podiam fitar a
morte, como podiam encarar a fortuna; mas faltavam-lhe os meios de caminhar a
ela.” (ASSIS, 2005, p.115). Ao concluir que o rapaz não teve sequer coragem de
pôr fim à própria vida, o narrador deixa claro que a personalidade romântica é
meramente discursiva e frouxa, ou seja, não está preparada para enfrentar ou
questionar a realidade.
Seguido
do romantismo alemão, o narrador convida também o inglês: “As mesmas quimeras
tinha, e a mesma simpleza de coração; só não as mostrara nos versos que
imprimiu em jornais acadêmicos, os quais eram todos repassados do mais puro byronismo, moda muito do tempo.
” (ASSIS, 2005, p.21, grifo meu). Lord Byron, representante fiel do
ultrarromantismo, é aqui citado para trazer consigo a ideia do spleen, do escape do
sofrimento na boemia, e dos exageros românticos. Há ainda um inglês importante,
mas que será matéria de outro tópico.
Após
proporcionar esses diálogos com os estrangeiros, o narrador também estabelece
uma ligação com os românticos nacionais. Estevão é claramente um representante
da 2ª geração — o mal do século — caracterizada pelo desejo da
concretização do amor inalcançável, pela nostalgia da infância e o escape pela
morte: “A ideia do suicídio fincou-lhe mais adentro no espírito […]. Não tenho
outro recurso, pensou ele; é necessário que morra. É uma dor só, é a liberdade.
Ao voltar para casa, uma criança que brincava na rua […] fê-lo […] invejoso
daquela boa fortuna da infância […]. Mas a inveja da morte e a inveja da
inocência foram ainda substituídas pela inveja da felicidade.” (ASSIS, 2005,
p.72).
A
desconstrução do Romantismo começa,
entretanto, quando a personagem que materializa essa escola estética é
constantemente criticada e satirizada. Estevão representa claramente os ideais
ultrarromânticos, byronianos, com um estilo semelhante a Álvares de Azevedo na
primeira parte da sua Lira dos Vinte Anos. Ao contrastá-lo constantemente com
Luís Alves, homem frio e calculista, o narrador exalta a personalidade desse
último em detrimento da do nosso romântico. Ao fim do livro, é clara a
superação das tragédias românticas: a heroína, Guiomar, escolhe Luís Alves, que
casava perfeitamente com a sua ambição: “Ajustavam-se ambas, como se aquela
luva tivesse sido feita para aquela mão.” (ASSIS, 2005, p.116).
No
entanto, o grande trunfo do romance machadiano foi a inserção do drama na narrativa
romanesca. Além das inúmeras referências a peças de teatro, a própria estrutura
do romance foi modificada, mesclando elementos dramáticos com a prosa. Sobre
este tópico, utilizarei o estudo de Ronaldes de Melo e Souza, O Romance Tragicômico de Machado
de Assis.
Como
aludido anteriormente, eis aqui o inglês que faltava: William Shakespeare.
Porém, em A Mão e a Luva, é menos lírico e mais dramático. Mrs.
Oswald nos apresenta a ele: “Bem está o que bem acaba, disse um poeta nosso,
homem de juízo.” (ASSIS, 2005, p.34), numa referência a uma das comédias
shakespearianas. Assim como o futuro Bento Santiago, de Dom Casmurro, Estevão assiste a uma apresentação de Otelo e a aplaude fervorosamente.
Mais à frente na história, o nosso romântico se depara com uma indagação fatal,
que também dialoga com os gêneros teatrais: “Estevão retirou-se dali cabisbaixo
e triste, batido de contrários sentimentos, cheio de uma tristeza e de uma
alegria que mal se combinavam, e por cima de tudo isso o eco vago e surdo desta
interrogação: — Entro num drama ou saio de uma comédia? ” (ASSIS, 2005, p.31).
Em seu A Mão e a Luva, Machado
inaugura uma nova maneira do fazer literário, focando principalmente no drama
de caracteres. Logo na primeira advertência ao leitor, ele já deixa claro que o
objetivo principal da narrativa será “[…] o desenho de tais caracteres […]
servindo-me a ação apenas de tela em que lancei os contornos dos perfis.”
(ASSIS, 2005, p.12). Dessa forma, opõe o livro ao romance de costumes e ao
romance psicológico romântico e realista.