Na obra “Memórias do Cárcere”,
o autor Graciliano Ramos – preso durante o regime do Estado Novo – relata os
maus-tratos, as péssimas condições de higiene e a falta de humanidade
vivenciadas na rotina carcerária. Hoje, ainda que distante historicamente do
citado período opressor, o sistema prisional brasileiro continua sendo visto
como um símbolo de tortura. Desse modo,
rever a situação social a qual o
penitenciário está submetido é indispensável para avaliar seus efeitos na contemporaneidade.
Primeiramente, a má infraestrutura na maioria das cadeias faz com que os presos
firmem uma luta diária pela sobrevivência. Mesmo que estes vivam em um regime
fechado, a superlotação e deterioração das celas e, até mesmo, a falta de água
potável provam a falta de subsídio à integridade humana, visto que os
indivíduos são postos à margem do descaso. Ademais,
tal condição se alinha à visão determinista do século XIX, que afirma que o
homem é fruto do meio no qual se encontra inserido, o que aponta para a maior
corrupção do caráter de quem está recluso. Porém,
se esse olhar não for combatido, ao final da pena, o indivíduo terá
dificuldades para se reintegrar na sociedade e tende voltar ao crime.
Outro problema vigente é a negligência às condições higiênicas do
público feminino nos redutos prisionais. A jornalista Nana Queiroz, autora
do livro “Presos que menstruam”, retratou a realidade de detentas que sofreram
com o tratamento idêntico entre os gêneros, sendo excluídos os cuidados íntimos
da mulher, vide a falta de absorventes, em algumas prisões, e ausência de acompanhamento
ginecológico. Esses aspectos revelam as parcas políticas públicas que prezem
pela saúde feminina e escondem, ainda, a situação das gestantes, que não
possuem um zelo diferenciado na gravidez e tampouco o auxílio médico na maioria
dos sistemas carcerários.
Portanto, a maneira que os indivíduos são tratados
no cárcere fere os direitos humanos, por isso, mudanças são imperativas. O governo deve investir na extensão de
cadeias para evitar a lotação e, como solução paliativa, usar caminhões pipa
para suprir a carência de água potável. Além disso, atividades pedagógicas ou
esportivas, intermediadas por ONGs, darão aos detentos a oportunidade de
reinserção social. O acesso à saúde pública é um direito universal, logo, são
imprescindíveis equipes médicas e a fiscalização desses cuidados,
principalmente em relação à saúde da mulher. Assim, garante-se que as condições
dos detentos não sejam enfrentadas de forma desumana.
Texto recolhido da web. com leves adaptações minhas. Não sei a real autoria.
Texto recolhido da web. com leves adaptações minhas. Não sei a real autoria.
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