17 de abr. de 2010

Livros PAES 2010 - UNIMONTES

No último sábado, 10/04, a Unimontes divulgou a lista dos livros indicados para o vestibular deste ano. Eis aí a lista:

1ª ETAPA:
Sermões Escolhidos, de Padre Antônio Vieira (Sermão de Santo Antônio e Sermão do Bom Ladrão);
Poemas Escolhidos, de Cláudio Manoel da Costa;
Romances de Cordel; de Ferreira Gullar;
O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna.

2ª ETAPA:
Melhores Poemas, de Gonçalves Dias; 
Casa Velha, de Machado de Assis;
Crônicas Selecionadas, de Machado de Assis;
Dias e Dias, de Ana Miranda.

3ª ETAPA:
Solombra, de Cecília Meireles;
Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues;
Mar Morto, de Jorge Amado;
Dois Irmãos, de Milton Hatoum;
Parangolivro, de Aroldo Pereira

15 de abr. de 2010

Palavras, Palavras, Palavras Mário Prata

Crônica ótima do Mário Prata. Vale a pena ler!

A frase que dá título a esta crônica é do Shakespeare. Word, word, word, já dizia Hamlet meio século atrás, lá na Dinamarca, onde havia algo de podre.
E começo com as palavras dele esta bobagera, ao receber da Editora Objetiva o dicionário do Houaiss. Onde, aliás, não existe o verbete Aurélio. Mas tem 63 mil palavras a mais do que o supracitado Aurélio.
Sei que o Verissimo já tergiversou aqui no sábado sobre o calhamaço. E fê-lo (me desculpe!) muito bem.
Adoro dicionário. Adoro as palavras. Trabalho com eles, vivo delas. Procuro palavras exatas para a hora certa. Bisbilhoto dicionários. São meu ganha-pão (esta palavra, por exemplo, está nos dois dicionários).
Minha paixão pelos dicionários começou quando descobri - com uns 8 anos - que lá tinha palavrão. Todos. Aquilo, na minha turma da Rua Oswaldo Cruz, lá em Lins, foi uma loucura. Nossa vida nunca mais seria a mesma. Estavam todos lá. E mais, com sinônimos. Centenas, milhares de palavrões. Com a explicaçãozinha e tudo. Pornografia pura e impressa. Um masturbatório deleite.
E gosto também de inventar palavras. Já inventei três. Mas os dicionaristas ainda não as incluíram no corriqueiro da língua pátria.
A primeira, foi em 1982: homoternurismo. Eu precisava explicar a relação entre dois homens na minha peça Besame Mucho. Era uma relação de amor, mas sem sexo. Essas amizades que duram para a vida toda. Que vem lá da infância. Tem gente que acha que isso é coisa de veado, mas não é não. Tenho várias relações de homoternurismo pelo mundo afora.
Depois, ao sentir que estava chegando a velhice, inventei a palavra envelhescência para me justificar. Ou seja, entre a maturidade e a velhice, existe a envelhescência. É onde me encontro agora, entre os 50 e os 70. Esta palavra pegou bem na boca dos psicanalistas. Outro dia vi um deles a usando na televisão com a maior naturalidade, sem dar a fonte. Claro que ele era um envelhescente. O envelhescente é muito parecido com o adolescente. Mas isso é outra crônica e deixa pra lá. Está no meu último livro Minhas Tudo.
A terceira palavra eu ainda não inventei, para falar a verdade. Mas vou inventar. É que, daqui a cinco anos, se eu ainda não tiver inventado uma palavra nova, vou me tornar em sexagenário. Sexagenário, não! Posso ser tudo, mas esta palavra, não! É horrorosa. Fulano é um sexagenário!, é um xingamento. Não sei por que, mas me lembra broxa, um cara que não tem mais sexo. Um fim de linha, mesmo.
Tenho pensando numa nova palavra. Para começar a usar agora e quando eu chegar lá, ela já estar bem difundida. Sessentinha, pensei. Mas não soa bem. É um pouco gay, também. Sessentão é muito machista, dirão as meninas.
A nova palavra tem de ter um charme, um quê, um buquê. O Jabor, por exemplo, fez 60 anos outro dia. Ele é tudo, menos um sexagenário. Você olha para a cara do Jabor e vê, percebe, sente que ele não é um sexagenário. Um homem como ele, bonito, inteligente, alto daquele jeito, com aquela mulher ao lado, não pode ser um sexagenário. Na minha cabeça, sexagenário é baixinho, barrigudinho e encurvado. E tem mau hálito. E o Jabor perfuma o lugar onde entra. Definitivamente meus amigos com 60 (o Tenório de Oliveira Lima é outro) não são sexagenários. Amigo meu, jamais! E muito menos eu! No ano que vem, olhe bem na cara do Caetano Veloso. Duvido que você o chame de sexagenário. Aquilo é, no máximo, um quarentão bem esticado.
Já septuagenário e octogenário eu gosto. São palavras adultas, fortes, masculinas e sonoras. Se eu chegar lá, vou me orgulhar. Mario Prata, octogenário da silva. Beleza.
Mas sexagenário a minha geração não assume. Vamos todos, colegas, numa frente ampla, procurar uma palavra mais nossa, menos velha. Quem sabe um dia o Aurélio e o Houaiss não tirem essa bobagem do dicionário deles.
Pensei agora em sexenvelhescente. Não, uma bobagem. Parece fim de linha também. Me ajude aí. Me mande uma colaboração. Mas mande logo, antes que eu chegue lá.

Jô Soares define "professor"

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia".
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um "Adesivo".
Precisa faltar, é um "turista".
Conversa com os outros professores, está "malhando" nos alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não se sabe impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é retido, é perseguição.
O aluno é aprovado, deitou "água-benta".
É! O professor está sempre errado, mas
se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele.


Verdade incontestável: nós, professores, fomos transformados em bode expiatório da incompetência política, da vaidade acadêmica, da irresponsabilidade dos pais, da falta de envolvimento dos alunos e da ideologia dos românticos.
Somos uma saída fácil para uma situação complexa.
Pense nisso!

Fonte: tiredeletras.blogspot.com

7 de abr. de 2010

Ouvir Estrelas, Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" 
E eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muitas vezes desperto e
abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto a
via-láctea, como um pálio aberto, cintila. 
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
que conversas com elas? que sentido 
tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
pois só quem ama pode ter ouvido
capaz de ouvir e de entender estrelas."

6 de abr. de 2010

Confissão

Esperando pela morte
como um gato
que vai pular 
na cama

sinto muita pena de
minha mulher
ela vai ver este
corpo 
rijo e
branco

vai sacudi-lo e
talvez
sacudi-lo de novo:

"Henry!"

e Henry não vai
responder.

não é minha morte que me preocupa
é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa 
nenhuma.

no entanto,
eu quero que ela 
saiba
que dormir 
todas as noites 
a seu lado

e mesmo as 
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas

e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora
ser ditas:

EU TE AMO.

(Charles Bukowski - tradução de Jorge Wanderley)

Sou pote. A poesia é água

 A poesia não é uma expressão do ser do poeta. 
É uma expressão do não-ser do poeta. 
O que escrevo não é o que tenho; 
é o que me falta. 
Escrevo porque tenho sede e 
não tenho água. 
Sou pote. A poesia é água. 

Rubem Alves

5 de abr. de 2010

Clarice em minha janela


         Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
        Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
        - E daí? Eu adoro voar!
       Não me deem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.

Clarice Lispector

Conselho do dia de sempre

 














Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
 

Fernando Pessoa

Na ponta da Língua: há anos/a anos/ à custa de

 

















HÁ ANOS/ A ANOS

É bom lembrar: na indicação de tempo, emprega-se para indicar tempo passado (equivale a "faz").

dois anos que ele não aparece.
Ela chegou da Europa um ano.

Utiliza-se o a para indicar tempo futuro.

Daqui a dois meses ele aparecerá.
Ela voltará daqui a um ano.

À CUSTA DE

Nessa expressão a palavra custa, assim como o artigo que a precede, deve sempre está no singular.

O filho vivia à custa do pai.

Custas, no plural, só é empregada na linguagem jurídica para designar as despesas feitas em um processo.


Simples assim!

4 de abr. de 2010

Tradução pictórica, Daniele Ribeiro




















Ainda não sei exatamente como,
mas me reconheço nas sapatilhas, 
sinto a presença dos meus cachos do outro lado, 
dos olhos pequenos sonhando preguiças, 
do sorriso largo e tradutor de minh'alma. 
Coisa estranha! Nem retratos nem aromas, 
somente lembranças de mim...

"-É melhor ter calma. Não é nada disso!"

Coisa pros céticos.
Inofensivo lirismo perseguindo-me pelas manhãs, 
tirando meu sono nas noites, arrastado-me pela sala, 
cochichando ao ouvido palavras de meu ser, 
desejos remendados, laços do querer.

Platonismo, Daniele Ribeiro

 














Eu o vi. Longe de mim estava.
À distância aprendi a medir
traços, calcular acertos,
sonhar futuros.

Quem o ensinou mirar sem ver,
não desejar e levar a querer?
Mas, por mil sortes, seu olhar 
me encontrou: ai, dia de festa em mim!

Aproximei sorrindo sóis.
Julgava saber conquistar.
Sabia. O tempo desgastou a prática.
Transformou em amador o amante.
 
Fim de linha:  imaginação e romance.
Par com asas, borboleta de existência curta:
no espaço dos dias perdi o amor
que jurei, enfim, ser infinito e doçura.

2 de abr. de 2010

Porque se chamavam homens...



















Porque se chamavam homens também se chamavam sonhos e sonhos não envelhecem. Milton Nascimento

Fingimentos Meus, Daniele Ribeiro






















Eu daqui com tanta coisa pra dizer
outras muitas a esquecer de lembrar.
Inadiável é esta vida e meus pedaços
que fingem ser um só corpo e resistir.

Lá fora há uma festa gigante esperando

que eu dance a dança gasosa do ar
para divertir o trapézio dos mortais
e alegrar o coração dos deuses.

Mas aqui, no silêncio amigo do meu quarto,
desejo não ir, não me entregar.

Feitura de resistência.
Resistir é senha de achamento, segredo compartilhável.
Adianto: nunca fui boa nisso, não me ensinaram dizer não.

"-É tudo mentira! É tudo mentira!"
Grito sem voz despertando os surdos.
"-Surdez é estado de espírito", digo ao pé do ouvido
dos que não me ouvem, apesar de enxergarem.
 
Fingir: minha maneira de dizer-viver.
Finjo como Pessoa
Fingindo percebo maldades minhas
e do mundo que gira esperanças e (poucas) verdades.

29 de mar. de 2010

Melô do Quinhetismo

Antes de ir ao assunto desta postagem, preciso dizer aqui de quão preciso é para mim o blog Literarizando. Sempre dou uma passadinha no espaço da professora Bianca Campello buscando um ohar diferente do meu para os assuntos que abordo em sala. A linguagem simples e clara dela me encantam. 
A imitação aqui é pura forma de elogio, viu!

Agora, vai aí para os meus alunos um "melô" que encontrei fuçando as postagens do blog www.literarizando.wordpress.com. Muito legal! Eu amei! Espero que gostem!



Melô do Quinhetismo


Olho pra frente e vejo
Um índio pelado que vai passando
Ele é pecador ou é inocente
Eu vou me perguntando

Junto com esse índio
tem uma natureza sensacional
Que terra, que gente é
Essa estranha demais

Quinhentismo, quinhentismo
Quinhentismo, como é esse país?
Quinhentismo, quinhentismo
Quinhentismo, como é esse país?

Texto de informação é
Documento para o rei
Texto de catequese
Converte o índio
Isso eu já sei

Caminha exaltou o índio e falou
Do ouro que não achou
Anchieta com teatro e poesia
O índio mudou

Quinhentismo, quinhentismo
Quinhentismo, como é esse país?
Quinhentismo, quinhentismo
Quinhentismo, como é esse país?

24 de mar. de 2010

Renascimento e Classicismo: quando a ciência se encontra com a arte

Estando nós, neste momento, preste a dar início a nossa aventura pelo Barroco, é importante conhecer a arte à qual ele se opôs, e que representa um lapso na vivência artística em terras brasileiras: o Classicismo, a manifestação artística da Renascença.

O Renascimento, como vimos, é um complexo movimento cultural que engloba ciências, filosofia e arte. Ele se define pela prevalência do ideal do humanismo, isto é, da doutrina que valoriza o homem e a natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural. Este humanismo, assim como o movimento renascentista, observado de uma forma mais ampla, foi paulatinamente vivenciado na Europa a partir do século XIV, estendendo-se, em algumas localidades, até o século XVII. 

Sendo o Renascimento e o Classicismo essencialmente ligados ao fenômeno humano e aos fenômenos da natureza, vão se refletir nas suas manifestações uma postura racional, em que arte e ciência são encaradas como extensão, uma da outra, e em cujo trabalho se deve dispensar o mesmo rigor formal. É necessário ao artista que vai retratar o corpo humano, seja na pintura, seja na escultura, o conhecimento científico do que é o corpo humano para que haja verossimilhança. Esta perspectiva se coordena com a postura grega de que a arte deve atingir o Bom, o Belo e o Verdadeiro. Beleza é verdade; portanto, só há beleza na arte se ela se assemelha profundamente ao real; além disso, a Beleza se liga ao conceito de Bom, que está imediatamente ligado ao conceito da dignidade humana, da exaltação das boas qualidades do homem.

Para atingir este ideal de reprodução verossímil daquilo que se vê, nas artes plásticas, os grandes expoentes do Classicismo, além de serem cientistas com profundo conhecimento da constituição da natureza, em seus aspectos biológicos, também se versaram no estudo da ótica e da matemática. Só com o estudo da ótica se poderia dar às obras a noção de perspectiva e de tridimensionalidade características de corpos sólidos. Só com o estudo da matemática haveria a possibilidade de se conhecer qual a constância universal da beleza, presente em todos os elementos da natureza. No que isso resultou? Observe com atenção!

A primeira representação de Cristo, o Cristo Todo Poderoso, é uma imagem plana, em que pouco se destaca a noção de profundidade na constituição do corpo. É uma imagem produzida no período medieval, em que a representação do corpo humano com fidelidade não era uma prerrogativa para a produção de arte. Já a segunda é uma representação classicista do mesmo Cristo. Observe o uso do sombreamento em determinadas áreas do corpo (ombros, barriga, bochechas): elas dão uma noção de profundidade, de tridemensionalidade, de volume ao corpo, o que não ocorreu com a figura anterior. Além disso, o corpo desnudo permite a exploração da beleza da anatomia humana em toda sua potencialidade.

Esta técnica de sombreamento de determinadas áreas para, com o contraste, dar-se a noção de volume, recebe o nome de claro-escuro (chiaro-oscuro) e vai ser abusivamente explorada com outros intuitos na pintura barroca.
E a tal constante matemática da beleza? Essa foi uma “descoberta” do matemático Luca Pacioli e de Leonardo da Vinci, baseada numa “descoberta” anterior, da constante (ou sequência) Fibonacci. Este Fibonacci é o matemático Leonardo de Pisa (cidade italiana de Pisa) que, ao observa o crescimento de uma população de coelhos a partir de um único casal chegou a uma sequencia constante em que um número é o resultado da soma dos dois anteriores. Assim temos que 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 31, 55, etc.

O que isso tem a ver com arte? Calma que eu chego lá.

Este número Fibonacci está envolvido com o crescimento das coisas. Ele está envolvido na proporção do crescimento das populações e das partes do corpo. A razão envolvida no crescimento da sequência é de aproximadamente 1,618 (fica mais próxima dela quanto mais elementos tem a sequência). Sendo assim, quanto mais harmonioso o crescimento de um corpo, mais próxima está a razão entre suas partes de 1,618: o número perfeito na natureza. Tão perfeito que está na proporção do crescimento das coisas, no arranjo das folhas e dos caules nas árvores, nos favos de mel das abelhas, nas sementes de girassol e no número de pétalas das margaridas.

Mais louco do que dois italianos do século XVI encontrarem uma razão na descoberta de uma constante de crescimento encontrada por outro italiano do século XIII é saber que os gregos e os egípcios já usavam o número de ouro, a proporção divina de 1,618, antes de Cristo. O número de ouro tem o nome Phi (não é pi, é phi, pronuncia-se com F) em homenagem ao arquiteto grego Phidias, que construiu o Phartenon baseando-se na razão de 1,618 para equalizar suas partes. O matemático Pitágoras, também anterior a Cristo, observou o phi nos pentagramas regulares. O phi é a proporção entre as pedras que dão forma às pirâmides dos vale do Gizé. Na Ilíada e na Eneida, Homero e Virgílio construíram estrofes maiores e menores para contar a saga de seus heróis na proporção de 1,618. Seguir o número de ouro, é, então, para os classicistas não apenas uma forma de reverenciar a ciência da natureza mas também de reverenciar a arte grega, a qual tomavam como modelo.

Resultado da aplicação? Além de em Os Lusíadas Camões situar o momento central da narração (a chegada de Vasco da Gama às Índias) no momento em que a razão de 1,618 divide a obra, o número de ouro — a proporção áurea, divina, da natureza— Leonardo da Vinci imortalizou em O homem vitruviano o uso do número de ouro como método para atingir a beleza máxima do corpo humano, método este seguido por muitos outros artistas plásticos do período (caso de Sandro Botticelli, em O nascimento de Vênus e de Michelangelo, em seu David).

 Fonte: http://literarizando.wordpress.com/2009/05/19/renascimento-e-classicismo/
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